Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

As crônicas do Chefe Escoteiro. (lendas para fogo de conselho) A ardilosa Acará do riacho Vermelho.



As crônicas do Chefe Escoteiro.
(lendas para fogo de conselho)
A ardilosa Acará do riacho Vermelho.

            Podem dizer que é invenção. Podem dizer o que quiserem. Não me importo, juro pela alma do Cavalo Baio do Seu Chico das Mercês que é verdade. Afinal tenho mais três testemunhas (todas já se foram para ao grande acampamento). Quatro experientes escoteiros sendo enganados por um peixe? Fiquei deveras preocupado com o acontecido. Isto nunca aconteceu antes. Como uma simples pescaria um peixinho “mixuruca” deu um baile em quatro primeiras classes? E sem me gabar, me considerava um grande pescador. No Rio Doce pesquei todo tipo de peixe. Era “bamba” na pesca do Timburé. O peixe que não era para qualquer um pescar. Um dia até peguei um com as mãos quando mergulhava num remanso lá pelos lados de Derribadinha.
           Mas vamos contar o que aconteceu. Acredite quem quiser. Nosso Chefe era muito amigo do Seu Chico das Mercês. Ele tinha um sitiozinho lá pelos lados de Malacacheta. Assim ele dizia. Um sitiozinho, mas querem saber? A cavalo precisava de mais de cinco dias para percorrer toda sua divisa com outras fazendas. Sempre acampávamos lá. Não era longe e ele era um amigo do peito dos escoteiros. O melhor, a mata era linda e sumia de vista. Cinco córregos e ainda o Rio Vertente cruzava de norte a sul em suas terras. Um local perfeito. Nada que menos de duas horas nas nossas bicicletas não resolvesse a viagem (parece que eram duas léguas de distancia, mais ou menos doze quilômetros).
          Férias de janeiro. Grupo fechado em férias, mas alguns da Patrulha Lobo só reclamavam de não fazer nada. Porque não acampar? Melhor ainda, vamos levar só sal e óleo e lá nos viramos? Desafio era conosco. Éramos quatro primeiras classes. Experiência era o que não nos faltavam. Primeiro dia, montamos uma cabana que quebrava o galho para os quatro dormirem. Chegamos às três da tarde. Seu Chico sempre rindo. Era uma festa quando íamos. – Jantem comigo hoje, disse. Obrigado Seu Chico, mas sabe como é. Pretendemos acampar lá próximo ao Córrego Vermelho e não é perto. - Entendo ele disse. Mas cuidado. Não contem com as acarás de lá. São danadas de espertas. Todos riram. Peixe esperto? Só mesmo o seu Chico para dizer isto.
         Lá pelas quatro achei um local com muita minhoca “puladeira”. Perfeito. Era a melhor para a ocasião. Cortamos eu e o Fumanchú duas varas de bambus e em minutos tínhamos tudo preparado. Romildo e Israel ficaram no campo fazendo uma mesa. Achamos um belo remanso. Água cristalina. Lá no fundo uma bela de uma Acará. Enorme. Rabo vermelho. Só ela seria um jantar perfeito. Joguei meu anzol e aproximei de sua boca. Ela deu uma nadada para trás. Fui mais próximo e ela escondeu em uma galhada. Perdi meu anzol. Fumanchú tentou e nada. Tinha reservas. De novo ela andando de ré. Resolveu pular na água e sumia. Aparecia em outro remanso bem abaixo. Corríamos até lá e nada. A maldita sumia e aparecia em outro remanso. Já ia escurecer e não tínhamos pegado nada. Caramba! E as traíras? E os lambaris? Só aquela maldita Acará?
          Não podíamos desistir. A fome ia chegar e comer capim? Programa de índio. Foi então que resolvemos fingir que íamos embora. Voltamos rastejando pé ante pé e vimos o inusitado. Não era uma Acará, eram mais de vinte. Elas fingiam ser uma só. Impossível? Já disse, juro pela alma do Cavalo Baio do Seu Chico. Combinei com Fumanchú. Você joga a linha mais no meio e eu no inicio do remanso. Vamos nos encontrar bem devagar. Pelo menos uma vaia morder. Sabem o que elas fizeram? Uma fila indiana como se estivessem a escrever a palavra “otários” no fundo do remanso. Não acreditei. E elas então ficaram juntas e vieram até a borda da água e fizeram biquinhos como estar dando risadas.
          Voltamos sem nada. Uma noite sem comer não mata ninguém. Na volta achei um pé de banana maçã. Quebrou o galho. Nossa pescaria mudou de rumo. Agora íamos até o rio Vertente. Lá não teve problemas. Uma pescaria das boas. De vez em quando ia até o remanso e ficava olhando as Acarás. Elas sempre vinham à tona e abriam sua boquinha como a dizer: - Otários! Acho que esta foi minha melhor história. Ninguém vai acreditar, mas fazer o que? Contei isto para muitos escoteiros. Todos que foram lá foram tapeados pelas Acarás. Na tropa e nos Seniores não houve quem não tentasse. Pela primeira vez, a Patrulha Lobo foi enganada por um bando de Acarás. Um peixinho que todos dizem ser mansos e agora eu mudei de opinião.
          E quem quiser acreditar tudo bem, quem não quiser deixem a história para contar a noite em um Fogo de Conselho. Mas não se esqueçam de dizer a todos que eu juro que é verdade. Pela alma do Cavalo Baio do Seu Chico das Mercês.
Nota – O Cavalo Baio nunca existiu. Era uma lenda que Seu Chico contava e ninguém acreditava!
E quem quiser que conte outra.  

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