Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 13 de outubro de 2012

A Faca do Escoteiro.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
A Faca do Escoteiro.

                 Quase não vejo em fotos. Se tiver alguns escoteiros e ou escoteiras que portam suas facas do lado direito preso ao cinto não sei. Mas olhe, quem já usou sabe do orgulho em estar com uma e muitos jovens olhando com admiração. Claro aprendíamos que elas só podiam ser usadas para atividades mateiras, cortes simples de cordas, quem sabe descascar uma laranja, mas neste caso melhor o canivete Escoteiro. Não aquele de mil e uma utilidades. Sempre gostei dos mais simples. Nosso Chefe e eu também quando fui Chefe de Tropa e Sênior era exigente quanto a isso. Mas se o jovem tem condições e se esforçou para ter este direito porque não usar? Existe por parte de muitos a ilusão de que é uma arma. Pode influenciar no futuro. O público não vê com bons olhos. Será? Durante anos e anos eu usei, autorizei jovens a usarem e nos acampamentos, ah! Nos acampamentos. Eles andavam aqui e ali soberbos com suas facas mateiras. E olhem, nunca vi nenhum deles até hoje, já homens feitos com esta ilusão de andar armado. E o público? Muitos deste “público” me perguntam onde andam os escoteiros e sua faquinha?

                É gostoso no campo portar uma faca. Dá-nos uma sensação de segurança. Eu tinha uma mundial simples. Já vi relatos de cada uma de tirar o sono. Dizem que são lindas. Nunca vi principalmente as importadas, mas quem era eu para ter uma delas? A minha eu tratava-a com carinho. A capa de couro, ou melhor, a bainha sempre engraxada, por dentro talco de bebê para proteger a lamina e não deixar enferrujar. Usou? Primeiro limpar antes de colocar na capa. Sabíamos que faca não é para cortar madeira quiçá poderiam servir para cortar uns gravetos para o fogo. Saber carregar assim como o machado simples ou do lenhador, ou mesmo o facão mateiro era uma arte. E cerimonia de entregar a ferramenta a outro Escoteiro? Um espetáculo a parte para ser visto. Saber afiar era outra. Quando jovem tivemos um campeonato de lançamento de facas. Tínhamos facas especiais para isto. As nossas não. Não foram feitas para impacto.

              Disseram-me que o processo de fabricação de uma boa faca consiste em modelar a lâmina, através do processo de forja ou de desbaste, aplicar um tratamento químico conhecido como têmpera que confere a dureza ao fio da lâmina. Costumava proteger o cabo com um protetor plástico que esticava quando colocado e depois se firmava. Lembro-me do meu Chefe e eu mesmo dizendo aos escoteiros e seniores sobre a faca. Explicava sobre a lâmina, sobre o cabo ou empunhadura, a ponta ou ponteira, o fio ou gume, o desbaste, onde era o dorso, o ricasso, a guarda, o pomo e o cordão. Para ser sincero eu mesmo não dava muita importância às estas nomenclaturas. Para mim o mais importante sempre foi o saber conservar, limpar, usar e manusear. Feito isto que os escoteiros usassem suas facas. Acho e poderia dizer com certeza que sempre foi e pode ser uma forma de motivar os jovens na senda Escoteira. E tenho certeza. Eles até hoje sonham com isto.

                  Não vejo o porquê não deixá-lo usar nas reuniões de sede, nas atividades ao ar livre e principalmente nos acampamentos. Se ele está bem preparado, se é um bom Escoteiro, se foi adestrado suficientemente tenho certeza que ele sentirá orgulho no uso da faca. Irá olhar para os outros e dizer – Façam como eu. E um dia também usarão a sua. Mas olhe, respeito os chefes que são contra. Não vou dizer a eles que nunca usaram e, portanto não sabem a importância de uma faca presa no cinto do lado direito de um Escoteiro ou Escoteira, bem uniformizado (a). Ou mesmo junto ao pequeno cabo de cinco a dez metros que não pode faltar no uniforme. Bem enrolado a moda Escoteira. O que? Isto é passado? Amado passado! Porque não voltas novamente? – Ainda lembro na sede ou no campo das inspeções rotineiras – Escoteiro? Sim Chefe! – Me mostre sua faca! – Eu a pegava pelo cabo, deixava o Chefe ver o talco protetor, pegava com carinho no dorso e dava para ele o cabo. Ensinou-me assim. Segurança! E ali ficava a sorrir de orgulho!

                  Minha faca Escoteira. Guardada até hoje. Não a uso mais a não ser se for a um acampamento ou uma excursão. Acampamento eu? Claro meu amigo, em sonhos! Mas gostaria de ver os escoteiros e as escoteiras como outrora. Respeitosos! Disciplinados! Vigilantes! Sempre Alertas! Boas ações feitas! Sorriso no rosto! Uniforme impecável! Treinados e prontos a demonstrarem suas aptidões e suas faquinhas do lado. Sei que existem muitos por aí neste mundo de Deus que ainda usam. Mas as facas, humm! As facas estão sumindo. E atrás delas muitos jovens cujos sonhos se perderam na modernidade. Minha faca Escoteira. Hoje um acessório proibido. Ontem liberado. Hoje? Nem pensar. Precaução? Bem cada um sabe onde o calo aperta, mas se pudesse ser um Chefe Escoteiro elas voltariam. Sem sombra de dúvida! Meus amigos e amigas, que saudade da faca Escoteira!

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