Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

domingo, 21 de outubro de 2012

O sequestro da Lobinha Aninha Pata Tenra.



Lendas escoteiras.
O sequestro da Lobinha Aninha Pata Tenra.

                  Falar de Aninha era sempre motivo de diversão. Oito anos, um ano e meio na Alcatéia, com seu apelido de Pata Tenra era uma menina alegre espevitada, brincalhona e sempre animada. Em qualquer roda de lobinhos escoteiros ou chefes ela adorava conversar com todos, sempre com um sorriso nos lábios e como gostava de contar piadas. Seu repertório era formidável. Quase nunca repetia uma piada. Onde ela conseguia decorar tantas ninguém sabia. Diziam e sua mãe confirmava que ela mesma escrevia. Ficava em seu quarto até altas horas da noite escrevendo uma para o dia seguinte. Na escola uma rodinha formava em volta dela no recreio. Só para ouvir suas piadas e dar gargalhadas. No Grupo Escoteiro todos faziam o mesmo. Quando ela faltava às reuniões e todos sabiam que era por motivo de força maior o comentário era o mesmo – Aninha não veio? Uma falta grande ela fazia.

                  Sua matilha tinha verdadeira veneração por ela. Os amarelos sabiam que ela animava todas as atividades. Disse para todos que já tinha lido de cabo a rabo o Livro da Jângal. Contava histórias da Alcatéia de Sheone e sempre com uma pitada divertida. Sua mãe e seu pai sempre a alertaram para ser mais comedida principalmente com estranhos. E um dia o pior aconteceu. Aninha Pata Tenra saiu cedo de casa naquele domingo dizendo aos pais que ia ao catecismo. A igreja era perto. Sempre deixaram. Saiu as nove e as doze não tinha voltado. Sua mãe ficou preocupada. Quando deu uma hora foi atrás de Aninha. Na igreja disseram que ela tinha saído às dez e meia. Onde ela teria ido? Da igreja foi à casa de uma das melhores amiga dela. Nada. Nanda disse que não tinha visto ela no domingo. De casa em casa e ninguém sabia noticias de Aninha Pata Tenra. A cidade era pequena. Todos conheciam Aninha.

                  O delegado colocou todos os soldados a vasculharem a cidade atrás dela. Centenas de habitantes percorriam aqui e ali e até fora da cidade a sua procura. À tarde chegando e o desespero tomava conta da mãe e de muitas amigas dela na Alcatéia. A noite chegou. Um choro geral. Onde foi parar Aninha? Nunca souberam de algum “tarado” na cidade e Aninha magrinha, sem nenhuma beleza que pudesse chamar atenção poderia ter sido sequestrada? Dinheiro? Sua família não tinha. Eram humildes e lutavam pela comida do dia a dia. Alguém disse que um automóvel azul cruzou a cidade naquela manhã. – Para onde foi? Perguntou o delegado. Para a fazenda do Chico Espinhaço. Lá foi o delegado com mais de trinta automóveis atrás o seguindo.

                   Na fazenda viram o carro azul. O delegado entrou na sede e chamou o Chico. Ele saiu à porta com um estranho. O delegado o inquiriu sobre Aninha. – Nunca ouvi falar ele disse. A turba que estava próxima correu e o pegou de jeito. Se o delegado não desse uns tiros para cima eles o teriam linchado. Dois soldados o levaram para Passo Alto uma cidade próxima. Ele não poderia ficar em Rio da Prata. A cadeia não oferecia condições. Reviraram a fazenda do Chico Espinhaço. Ele ficou revoltado. Mais ainda porque gostava muito de Aninha. Afinal era diretor no Grupo Escoteiro e nunca tentaria fazer mal a ela.

                 Pela manhã ninguém tinha dormido. A procura não terminou e nem parou. A cidade em peso nas ruas. Uma revolta grande. Mandinho era Monitor dos Gaviões. Chamou a Patrulha para procurar. Um cachorro latia sem parar próximo ao Riacho do Lambari. Correram até lá e viram Aninha em cima de uma mangueira enorme. Ela chorava. Tiritava de frio. Ajudaram-na a descer. – O que ouve? Perguntou Mandinho. Ela chorando disse que foi pegar umas flores silvestres fora da cidade e deu de cara com uma onça pintada. Correu e subiu na árvore. A onça ficou quase a noite toda olhando para ela e deitada no tronco da árvore. Não dormiu. Quando o dia amanheceu viu que a onça tinha partido. Não sabia descer. Ficou com medo de cair e quando resolveu pular mesmo se machucando viu o cão latindo e voces apareceram.

                 A cidade inteira vibrou quando viu Aninha viva. O padre rezava missa por ela e quando soube agradeceu a Deus. Seus pais choravam de alegria. No sábado na reunião do Grupo Escoteiro todos queriam ouvir a sua história. Aninha como sempre animada e esperta contava aumentando tudo. Já não era uma onça, mas duas com seis filhotinhos! Dizem que “quem conta um conto aumento um ponto”. Serviu de lição para Aninha e para todos os lobinhos e escoteiros. Nunca sair sozinho. Sempre em duplas ou mais gente, e dizer sempre aonde vão. Aninha aprendeu. Nunca mais andava sozinha. O sequestro ficou na memória da cidade. Seus habitantes contavam tanto que os viajantes acreditavam. E o Senhor que foi preso esqueceram-se dele. Ficou no xilindró por quatro meses. Coitado. Dizem que chorava a mais não poder. Brasil, oh meu Brasil brasileiro. Mas quem sabe serviu também de lição para o delegado? Risos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário