Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Lendas escoteiras. A rebelião dos bichos.



Lendas escoteiras.
A rebelião dos bichos.

               Tudo aconteceu na primavera daquele ano. Foi uma surpresa, para mim e confesso que fiquei surpreso. Muito. Vi que a sede Escoteira sem ninguém saber ou ser informado, se tornou uma selva de tantos bichos, aves e peixes. Como eles respiravam não me pergunte. Vieram de todas as partes do Brasil. Claro um representante de cada espécie. Desculpe. Nada de Arca de Noé não. O motivo era outro. Em cada grupo da fauna brasileira foi escolhido o mais douto, o mais sábio e o mais educado. Afinal entre eles a ética e o respeito existe. Eles pretendiam mostrar sua civilidade aos escoteiros de todo pais. Era uma revolta surda, mas educada, ficaram calados por muito tempo, mas tinham de tomar uma providencia. Não me deixaram entrar. – Aqui humanos não entram. Tudo bem pensei. Fiquei na janela assistindo. Que organização eles tinham. Chegavam papagaios, corujas, cisnes de todas as cores, gavião-carijó, águias, sem contar as duas onças, uma pintada e a outra parda. Eram centenas deles. O salão nobre ficou lotado.

                A Coruja-buraqueira foi escolhida para presidir os trabalhos. Pedindo a palavra ela começou – Meus amigos, vocês sabem que aqui foram convidados somente às espécies da fauna brasileira. Ainda ontem o Quatipuru veio reclamar para mim que nunca o escolheram como nome de Patrulha. O mesmo aconteceu com o Tucunaré, O Sagui de tufo branco e outras centenas deles. Resolvi fazer uma pesquisa. Para mim é fácil. Sei que é difícil para os dirigentes escoteiros, mas deu para ver que os jovens hoje só querem nomes pomposos, se possíveis retirados da fauna americana ou europeia. Não vou citar aqui os nomes esquisitos em inglês que eles colocam. Até astronautas eu já vi. Um absurdo. E olhem meus amigos, tenho conhecidos nestes países e me disseram que lá ninguém liga para nossa fauna. Eles são autênticos. Uma palma estrondosa repicou no salão nobre.

               - Continuou a Coruja Buraqueira. Temos que tomar uma providencia. Afinal se os escoteiros e seniores não nos escolhem, é melhor que façamos uma revolução e quando eles forem acampar, iremos gritar infernizar a vida deles. As tais patrulhas de nomes esquisitos não terão mais nosso apoio. – Uma cobra venenosa, a Surucucu estava presente – Riu baixinho – Deixa comigo dona Coruja. Eu e a Cascavel do chocalho negro, damos umas mordidas e resolvemos logo este problema. Todos riram. – Não! Não é assim que vamos resolver. Precisamos estudar uma fórmula de mostrar o que somos, mas educadamente. Olhem, só para ter uma ideia, vou convidar para um desfile aqui no palco alguns animais, aves e peixes que nunca foram lembrados pelos escoteiros. Que façam uma fila e vão passando em minha frente dizendo seu nome:

                Começou o desfile. Ali estavam o Veado Catingueiro, o Quatipuru, a Cotia, O Touro Nelore, A raposa verde, a Jaguatirica, a Doninha amazônica, O Zorrilho, a Baleia Azul, O Golfinho, o Boto cor de Rosa, o Ouriço Preto, o Puma do Pantanal, o Macaco Prego, o Macuco, a Codorna Amarela, o Aracuã do Pantanal, o Mergulhão Caçador, o Maçarico, o peixe Tucunaré, a Traíra, O Piau, a Jacupemba, o Sagui de Tufo Branco, o Príncipe Negro, o Bugio, A Ema, a Iguana, a Garça Branca, o Boto Vermelho, o Tracajá, o Canário da Terra, o Tatu Peba, o Gaivotão, o Mutum de Penacho, o Cervo do Pantanal, o Jacaré Açu, o Mocó, o Tuiuiú, o Tucano, o Quati, O Beija Flor, o Tamanduá Bandeira, o Martim Pescador, O Lobo Guará, a Ariranha, a Arara Azul... Um desfile enorme. Todos tristes. Atrás deles tinham mais de cem animais e aves para desfilar. Uma tristeza enorme no salão.

                 Foi o Beija Flor dourado quem tomou da palavra – Amigos e Amigas pretendo nunca mais beber do caldo açucarado que eles põem para mim nos campos de patrulhas. A Coruja Buraqueira concordou e disse: Eles não me verão mais nos galhos próximos aos Fogos de Conselho. O Canário Belga falou lá no fundo do salão: - Eles nunca mais me verão cantar nas madrugadas. Era uma choradeira só. – Vamos tomar uma posição rosnou alto a Onça Pintada. Vamos dar uma surra neles quando forem acampar! – Nada disto, replicou a Coruja Buraqueira. Vamos fazer um abaixo assinado. Quando o próximo sábado chegar, entregaremos uma copia a cada Patrulha que for a reunião. Cada um de nós que tem asas fica responsável. E assim foi feito. Levaram para as patrulhas, o abaixo assinado por mais de 5.000 membros da fauna Brasileira. Lá escreveram suas insatisfações com a escolha de nomes estrangeiros para as patrulhas e porque não se lembraram deles.

                   Fui embora e eles nem notaram. Não sei no que deu. Mas acredito que daqui para frente, muitas Patrulhas novas irão pesquisar mais a Flora e a Fauna Brasileira. Elas saberão dar valor ao que é nosso, pois se não fizermos isto desde criança, ninguém lá fora vai fazer por nós. E olhe, não participaram desta reunião nossos heróis, nossos poetas, nossos homens que um dia fizeram desta nação um país hoje respeitado. Quem sabe um dia eles irão também se reunir e dizer o que pensam?          

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