Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ora, ora, Geração sem memória?



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Ora, ora, Geração sem memória? (Repeteco)

                      Sem ofensas é claro. Tenho certeza que entenderam onde quero chegar. Sei que à medida que alguns forem lendo irão aparecer diversos “Cavaleiros Andantes” a defenderem a Donzela UEB. Já publiquei em um dos meus blogs um artigo mais extenso sobre o tema. Mas porque me preocupo? Não devia. Não sou mais um participante ativo, não tenho mais direitos dizem alguns.  Afinal se todos ou quase todos estão satisfeitos com as mudanças para que insistir? Como dizem por aí “já dei o que tinha de dar ao escotismo”.  E vejam bem, estes Cavaleiros Andantes, os eternos defensores defendem a ferro e fogo sem mostrar os resultados destas mudanças. Sempre dizendo – Aguarde, o caminho é longo. Vamos percorrer sabendo onde pisar. Dez anos, vinte, trinta, quarenta anos se passaram. Que caminho danadamente difícil. Estou esperando que me mostrem os resultados. E quais são? Perguntam-me. Um escotismo forte, unido, democrático com uma boa participação ativa de todos os membros sócios da UEB. Grupos Escoteiros estruturados, com todas as sessões completas, maciça procura de jovens para participarem do escotismo, grande apoio da comunidade, políticos ex-escoteiros defendendo o nosso crescimento nos procurando e não o contrário. Grandes empresas engajadas no projeto Escoteiro e o impossível: Autoridades educacionais reconhecendo o valor do movimento Escoteiro. – Pelo amor de Deus! Não vendemos biscoitos e não somos um movimento infantil sem utilidade como dizem muitos!
  
                      São poucos os velhos escoteiros que ainda dão seu testemunho e poucos muito poucos vem à tona para tentar alterar ou mostrar que os rumos tomados estão conduzindo a um caminho sem volta. A maioria dos que discordam, preferem sair, encostar as chuteiras. Conheço vários. O escotismo com sua disciplina, suas leis, sua promessa nos envolve a tal ponto que temos receio de discordar. Aceitamos com submissão tudo que nos chega às mãos pelos nossos dirigentes, instrutores e chefes. Os nossos costumes, crenças e tradições do passado, não mais estão sendo relatados de uma geração para outra. Ainda bem que mantemos uma série de compromissos que nos traz a alegria de saber que ainda somos um movimento oriundo das ideias e valores de Baden Powell. Até quando não sei. Infelizmente alguns já dizem e o chamam de ultrapassado e cada um ao seu modo analisa suas crenças dentro de uma metodologia moderna. Um dia desses um desses novos formadores me disse que Baden Powell é oriundo de uma Inglaterra colonialista e sua formação militar pode ser considerada retrógrada hoje em dia. O que esperar dos seus alunos em cursos no futuro sobre nosso passado?

                    Não sei se existirá mais retorno. Agora é pegar o trem da história e ver até onde ele vai chegar. Neste trem acho que não serei passageiro. Não tenho mais todo o “tempo do mundo”. Até acredito na juventude Escoteira que está dentro dele tentando mudar a história que eles não fizeram, outros fizeram por eles. Existem ainda os audazes formadores de opinião. Chega a ponto de a gente dar um suspiro e pensar – O que aconteceu? Antes orgulho de um uniforme. Bem postado. Garbo. Respeito. Hoje? Qualquer coisa serve. Inventaram o traje, inventaram não. Copiaram. Vivem copiando tudo lá de fora. Alegaram ser para os meninos pobres e em contra partida cobram taxas absurdas para Acampamentos Nacionais e Regionais, sem comentar o registro que alguns estados insistem em ter uma parte. Mas eu insisto, eu insisto e vou insistir sempre. Onde estão os resultados?

                  Em um artigo li que a psicóloga norte-americana Hara E. Mannara escreveu criticando a forma frouxa como os pais daquele país estão criando os filhos, formando uma geração de cidadãos apáticos, indiferentes, alienados, e sem compromissos com nada. No Brasil, palestras e artigos acadêmicos também vêm alertando para os efeitos da educação chamada por alguns de “pós-moderna”. Educadores mais ‘à direita’ criticam os pais por criarem uma geração sem compromisso com os valores do lar, da família, da tradição cultural local e do país. Outros não poupam críticas aos efeitos da educação geradora de pessoas individualistas, consumistas, sem gosto pela leitura, sem atitude crítica, desinteressada para transformar o mundo. Poderia me aprofundar por aí, mas coloquem o escotismo nestas palavras. Será isto o que desejamos? O nosso futuro?

                  Não vou me alongar neste tema. Geração sem memória é fruto de um pequeno passado, onde os valores que acreditávamos estão aos poucos desaparecendo. Em cursos inculcaram nas mentes dos escotistas estas mudanças, a maneira de ser e de se apresentar.  No passado tínhamos nosso orgulho de só nós termos uma organização cujas nomenclaturas ninguém tinha. Era um orgulho pessoal de ser chamado de chefe (tão combatido hoje), de termos um Chefe de Grupo, afinal ele não é a figura máxima no grupo? De termos um Comissário Distrital, um Comissário Regional e um Escoteiro Chefe. Ninguém tinha. E a Equipe de Adestramento? Um orgulho em pertencer a ela. Quem é você? Sou um Adestrador. Hoje os sábios mudaram tudo. Sempre tem explicação para tudo. - Fica melhor assim disseram. Agora seremos mais conhecidos. Conhecidos? Acabaram com os nomes das classes que eram orgulho de todos que um dia tiveram uma. Uma tradição que se perdeu. A primeira estrela e a segunda no Boné do Lobo, a Segunda Classe, a Primeira Classe, as eficiências e especialidades. Os nomes mudaram. Tudo moderno agora. Por quê? Porque não mantiveram tudo e alteraram seus conteúdos dentro dos princípios modernos que acreditavam? Precisavam dar um “choque de gestão” em tudo? E a flor de lis também? Isto resolveu ou vai resolver o abandono, a falta de interesse, esta evasão enorme que assola nosso movimento?

                   Geração sem memória. Não, não me entendam como desmemoriados. Nada disto. Apenas com uma nova concepção Escoteira onde a memória do passado não mais existe no presente. Dizem por aí os dirigentes, diretores e escotistas que participam do poder que vai dar certo. Seremos grandes.  Quem viver verá. Não duvido, vai ser um novo escotismo. Diferente do que planejou Baden Powell. Aqueles que desconhecem suas ideias irão aplaudir e eles não estarão errados. Eles são a nova geração que desponta como um escotismo que irão adorar. E a do fundador um dia ficará no passado perdido do tempo. No entender de muitos é aceitar ou largar. Ou então: - “(pegar seu violão e sair por aí cantando a canção do adeus)”. – DURMA-SE COM UM BARULHO DESSES!

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