Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Cursos escoteiros, para que servem?



Crônicas Escoteiras
Cursos escoteiros, para que servem?

                    Estou ficando “gagá”. Sempre batendo na mesma tecla. Lembrei-me de um amigo no Facebook que comentou comigo sobre os cursos escoteiros. Diz ele que muitos são cancelados por falta de alunos. Brilhantemente ele diz que a evasão de jovens e adultos no movimento Escoteiro se deve aos chefes que não se adestraram suficientemente. Não estranhem por usar a palavra adestrar. Desde 1970 que os sábios da Equipe Nacional de Adestramento queriam mudar. Eles entendiam que a palavra adestrar se adequava mais ao treinamento de animais que de homens. Beleza! Então mudaram para formação. Interessante que nas forças armadas até hoje este termo é usado para adestrar os soldados, a tropa. Bem, o exercito moderniza seus arsenais adaptam tecnologias, mas não abandonam seus métodos e tradições. Diferente do que acontece conosco. Mas o tema não é este.

                   Hoje os cursos estão aí em profusão. Só não aprende quem não quer. Claro uma vez comentei sobre as taxas. Um formador me respondeu que era mais barato que um hotel cinco estrelas! Arre! Meu Deus, que comparação! Comecei na minha lide de adestrador (formador desculpe) em locais inóspitos, pois campos escolas na época era um luxo. Quando dirigi meu primeiro Insígnia, me deram uma apostila mimeografada em inglês! Em cima uma tradução mal feita e a caneta, mas que dava para fazer do curso um aproveitamento nota dez. Era uma época diferente. De vez em quando leio aqui e ali que os novos formadores se reúnem sempre para aprimorar e conhecer novas técnicas de ensino. Bom isto. Outro dia vi uma foto onde a equipe tinha mais de 14 formadores contra 12 alunos. Beleza! Sobrando formadores e faltando chefes. Lindo isto!

                  Lembro uma vez que fui convidado para colaborar em um curso fora do meu estado e o diretor chamou a equipe e disse – Aqui tem um despertador. Ele vai tocar sempre quando terminar o tempo de vocês. É sinal de parar. Deus do céu! Quase cai de costas. Já pensou? Dando uma palestra e prim, prim, prim! Não sei não. O pior foi que a ideia disseminou. Nunca gostei disto. Só uma vez éramos mais de seis formadores nos cursos sob minha responsabilidade. Sempre meu número ideal eram quatro. Hoje alegam falta de tempo e muitos só vão lá para dar uma palestra ou sessão. Também não gosto disto. Difícil desenvolver um tema sem conhecer os chefes/alunos. Também tínhamos uma maneira de baratear cursos. Nada sofisticado. Não estou agora sabendo como estão dando os cursos. Eu mesmo fiz diversos e dois deles pagamos passagens para chefes que morassem a mais de quatrocentos quilômetros do local. Hoje só vejo comentários aqui e ali. Antes conversávamos com os alunos sempre, fazíamos mais discussões em grupos que propriamente falando e falando.

                 Como os cursos eram dados em regime de acampamento, nos tempos livres (almoço e jantar) sempre íamos às patrulhas bater papo. Surgiam assim amizades entre cursantes e diretores que duravam para sempre. Não esquecendo que nossas taxas eram mínimas. Eram cursos diferentes. Um grande acampamento onde todos saiam conhecedores do método, do programa e do aprender a fazer fazendo. Os horários eram elásticos. Nada de despertador ou Chefe fazendo sinal para encerrar. Como trabalhávamos em equipe cada um sabia o tempo que precisava sem prejudicar a próxima sessão. Depois, ao final da década de setenta iniciaram uma cruzada por cursos menores, feitos em fins de semana, acantonados e surgiram ideias de cursos por correspondência. Estavam já naquela época aparecendo os modernistas. Eles são danados. Existem em todas as épocas. Afinal se um Escotista planejar um curso por ano, como nós fazíamos no passado, não sei por que desmembrar em dias, pois assim se perderia muito o Sistema de Patrulhas, a mística da Jângal, enfim discussões que sei muitos não vão concordar comigo.

                   Mas se cursos não estão sendo procurados pelos chefes é preciso pesquisar o motivo. Quem sabe pode ser a taxa, quem sabe é a abordagem dos dirigentes no convite muita vezes formal demais, quem sabe o receio de não poder sugerir e só ouvir os palestrantes. Podem ser muitos os motivos. Uma coisa é necessária. Todos os chefes sem exceção devem procurar ser portador da Insígnia de Madeira. O mínimo para que possa desenvolver com exatidão seu trabalho em suas sessões. Vejo que hoje a uma gama enorme de cursos. Não sei se isto é bom. Uma época você Chefe de lobos só fazia cursos correlatos. Depois foi se abrindo em leque. Eram dois os principais. O CAB – Curso de Adestramento Básico, e o Insígnia parte campo (II). Cada um com seu ramo. Depois surgiram cursos técnicos, mas sempre no intuito de apoio e conhecimento de temas desconhecidos pelos escotistas.
               
                   Hoje soube que existe uma infinidade deles. Mas não acredito que este seja o motivo da falta de chefes/alunos. Os motivos poderiam ser os que eu já mencionei. Só digo que o curso Escoteiro devia ser ao ar livre. Este é o método. Este é que deve assimilado. Técnicas modernas são bem vindas. Mas os cursos tem que ser diferentes daqueles quer são feitos na vida profissional dos cursantes se não será maçante e sem graça. Ficar sentado olhando um escotista membro da equipe falando e falando, não sei. Mas como sou um “sapo de fora” é melhor deixar para os formadores atuais os problemas que já não são meus.

                  Mas sabem, eu gostaria, gostaria mesmo se pudesse, se minhas pernas ajudassem voltar a dar um curso. A antiga. Quem sabe de oito dias! No campo, bem longe da civilização, em barracas, com tralhas, intendência, sapa, patrulhas vivendo escotismo ao vivo. Fazendo seu campo, suas refeições, sem correrias, se divertindo. Uma boa jornada de vinte e quatro horas. Deixar para conversar com eles sentados ou deitados na relva em uma boa sombra, jogar com eles jogos gostosos, conselhos de patrulhas discutindo temas interessantes, reuniões de tropa para finalizar. E a Corte de Honra para bater o martelo. Acordar todos às duas da manhã, ver a estrela Dalva no céu, tomar um banho frio, cantar e por os cavalos para trotar. Quem sabe fazendo um ninho de águia, uma ponte elevadiça, muitos jogos noturnos vendados, até uma caminhada pela trilha do leão. Vendo todos sorrirem, pois estão aprendendo sorrindo e fazendo. E depois de uma Conversa ao Pé do Fogo tirar um tempo, todos deitados na relva, um calorzinho de brasas adormecidas, recebendo uma brisa gostosa, um ventinho que vem do sul, olhando as estrelas e ali discutir em um fórum gostoso, as nuances de como é bom ser um Chefe Escoteiro.

                        Isto eu sei só ficará na saudade. É uma história não escrita. Não sou da equipe. Nunca aprovariam um curso destes. Mas garanto, se os amigos que tenho soubessem que eu daria um curso assim, não duvidem, eu aposto, aposto sem sombra de dúvida, centenas de flores silvestres que em menos de uma semana as inscrições seriam encerradas. Coloco estas flores para quem quiser apostar que haveria uma grande procura dos chefes e das chefes, que estão querendo aprender a fazer fazendo, de maneira diferente, sem tantas bugigangas modernas, a mostrar em telas gigantes um escotismo que não é o seu! Ei você? Quer fazer um curso deste comigo? Entrem na fila, façam suas inscrições na região do São Nunca. E sonhe quem sabe um dia aparece um curso assim? Risos.

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