Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sábado, 3 de março de 2012

“Castas” – existem mesmo no escotismo?



“Castas” – existem mesmo no escotismo?
“Castas”, em sociologia, são sistemas tradicionaishereditários ou sociais de estratificação, ao abrigo da lei ou da prática comum, com base em classificações tais como a raça, a cultura, a ocupação profissional, etc.
Sei que muitos estão achando graça, mas olhe preste atenção e vais ver que tem um bem perto de voce que se acha previlegiado. Sem perceber ele já pertence a “casta” ou assim pensa. Pode ser pelo cargo, pelo seu tempo de movimento ou mesmo pelo seu gráu de conhecimento escoteiro. Portanto pertencem a uma “casta” importante. Os novos ou ficam admirados, desejando ser igual e lutam por isso e os outros acham isso patético não dando a menor atenção a estes que se acha acima da fraternidade que tão bem nos caracteriza.
Voce não acredita? Ou voce é humilde o bastante para não ver ou é inteligente o bastante para deixar passar ao largo e não rir. Outro dia comentei com alguns amigos que um dia se continuar assim, teremos um deles dizendo – Sabem com quem está falando? Risos. Bem, sob o ponto de vista linguistico é uma frase feita. Talvez o agravante do singnificado encontra-se justamente nas circunstancias em que ela é proferida. O tom de voz, o status de querer ser. Risos. Estão rindo eim? Mas olhe ainda existe em nosso movimento esta casta.
A casta dos dirigentes, a casta dos Insignia da Madeira (me corrigiram dizendo que é de Madeira, tudo bem), de Comissários, de Diretores e para completar a casta da equipe dos formadores. Quantos lutam para mais um “taquinho”. Risos. Alô! Sem generalizar. Só alguns que ainda não se tocaram que o escotismo é uma grande fraternidade e que vivem a “jactar-se” de tudo o que somos, mas não fazem o que sempre fomos. Amigos e irmãos dos demais escoteiros. Fiquem tranquilos. Eles são menos de 0,5% do nosso efetivo adulto. Portanto uma insignificância. Mas como são chatos!
Veja bem o que comentou Fernando Pessoa, um célebre poeta – Às vezes ouço passar o vento, e só de ouvir o vento passar vale a pena ter nascido. Risos. Isso não diz nada, é apenas um poema. Melhor continuar o raciocinio dele.  – Precisar dominar os outros é precisar dos outros. O chefe é um dependente. Acho que compliquei mesmo. Melhor é voltar à casta. Só não a vê quem não quer. A uma sede de poder surda sendo praticada em diversos orgãos escoteiros. Do mais simples ao mais importante. Não sei bem quem seria o mais importante. Os lá de cima ou os aqui de baixo. Risos. Continuo complicando.
Mas seria tão bom que não houvesse a casta. Seria dificil é claro. Um dia disse para mim mesmo: Amigo, se houvesse ganhos financeiros no escotismo seria uma luta desigual. Se sem salário a sede do poder é grande e com o salário? Graças ao bom Deus estes são em número irrisorio. Mas como irritam. Não se tocaram ainda. Andam dando pulinhos, olham para você como voce fosse um “coitado”. Se por acaso encontram outro acima dele, correm para bajular. Risos. Não estão acreditando? Tentem participar onde a casta se reune. Todos sabem onde. Risos.
Pois é. A casta existe. Pelo menos para mim. Eu vivi tudo isso no passado e vejo até hoje no presente. Até aqui no facebook. Eles ou alguns dos 0,5% deles estão aqui. Não se manifestam. Falam pouco. Claro, são superiores, eles pertencem à casta dos nobres. Dos aquinhoados com o poder. Eu peço a Deus por eles. Acredito que isso é antigo. Quem sabe BP conheceu alguns antes de fazer sua viagem. Quando no passado estive em vários seminários nacionais e sul americanos e até em um jamboree, fiquei boquiaberto. A casta fazia parte de muitos paises. E o pior de alguns jovens tambem!
Cheguei a ver e tive que conter o riso de um jovem americano com uma turba atrás querendo trocar distintivos e ele não dando à mínima. E os adultos chefes então? Minha nossa! Tinha cada um que precisava fazer o sinal da cruz e passar de lado. Graças a Deus que tinham milhares que eram de uma humildade enorme. Por eles valeu a pena as centenas de dólares que gastei. 
Mas chega por hoje. Um dia tenho certeza todos irão se abraçar e dizer: - Meu amigo, a empatia é muito útil para nos escoteiros. Não seria bom se voce fosse leal, cortês, amigo e humilde? Não seria bom se falase bom dia, e dizer eu gosto de você? Não iria demonstrar que és educado e tem respeito pelos demais? O fato por voce saber mais, ter um lenço mais bonito não significa que não possa ser cordial e ajudar de maneira gentil aos seus irmãos escoteiros. Mas faça isso de uma maneira simples para que todos possam ver em voce um exemplo bom a ser seguido.
E abaixo a “casta” escoteira. Risos e risos. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

DEVERES PARA COM DEUS


                          
                                                  DEVERES PARA COM DEUS

“Sentia dores tremendas nas mãos, nos pés e no coração”. Sua visão desanuviou-se, e ele viu a coroa de espinhos, o sangue a cruz. - Os velhinhos decrépitos que o chamavam de covarde, desertor, eram de mentira. Tudo eram ilusões enviadas pelo Demônio. Seus discípulos estavam vivos e com saúde. Eles partiam em viagens pôr terra e mar, a fim de proclamar a Boa Nova. Tudo acabara como devia, louvado seja Deus!
- Então Jesus deu um grito triunfal: Está consumado!
- E foi como se tivesse dito: Tudo está começando!
Nikos Kazantzakis

O “Velho“ Escoteiro olhava-nos como a perscrutar a alma escondida dentro de nós. Eu sabia que ele não era um religioso nato, mas quando se tocava no assunto seja pôr outros ou por ele mesmo, a seriedade era a tônica da discussão. Para ele não havia meios termos. Era tudo ou nada.

 - Nossa Promessa diz que temos que cumprir nossos Deveres para com Deus, portanto ou somos ou não somos - Dizia o “Velho“ Escoteiro. O Escotismo não pode admitir “Ateus”. A Religião é essencial para a felicidade, são palavras de Baden Powell (BP).

A filha do “Velho“ Escoteiro participava do nosso “tete a tete“. Ela, já na meia idade, formara-se em Engenharia Civil e era a Presidente da empresa onde o “Velho“ Escoteiro dedicou toda sua vida profissional.

- Olhe papai – Ela dizia. Nosso mundo hoje nos dá uma visão nova da religião. Cada um imagina o seu “próprio Deus”. Desde que sejamos retos em nossos ideais iremos alcançar o que todos esperam após a morte. - É possível filha, é possível - quem falava era a Vovó. Mas como podemos preparar nossos filhos sem o exemplo? - Deixá-los escolher quando forem adultos não é uma maneira correta. Dizer para eles como é o seu “Deus” também é muito difícil. Só quando pequenos podemos formar e ensinar de onde viemos e para onde vamos.

- Correto mamãe, mas obrigá-los a frequentar uma atividade religiosa não é pedagógico. A criança deve ser orientada e não obrigada a acreditar e agir de uma determinada forma. - Filha (era o “Velho” Escoteiro quem falava) a orientação é à base da formação. Exigir e cobrar também. Veja você se nós deixássemos ao seu critério quando criança, escolher se deveria ou não ir à escola, fazer as refeições quando quisesse e outras responsabilidades que fazem parte da iniciação, aprendizado e obrigação do adolescente.

- Olhe Papai, acredito nisto, mas chega uma hora que temos que escolher nosso próprio destino. - Em termos, filha - Dizia a Vovó. Você pôde escolher, pois teve uma família cristã, boa educação e o mundo lhe foi apresentado de outra forma. Não seria a mesma coisa no seio de outra família cujos filhos não tiveram a mesma oportunidade.

 - A filha do “Velho” Escoteiro retrucou - Tenho lá minhas duvidas.  A Senhora lembra quando participei do movimento Bandeirante. O Distrito era num Colégio de Freiras e nossas coordenadoras exigiam que participássemos de todas as atividades religiosas. Seria esta ação educacional? - E não foi uma forma de você conhecer mais a filosofia de uma determinada religião? - Falou a Vovó. Tenho certeza de que irá concordar que não foi prejudicial. Isso lhe deu uma boa base e olhe bem, você participou com vontade e de uma maneira espontânea sem pensar que era obrigada a fazê-lo. - Mas ainda continuo me questionando se não foi uma forma de “chantagem“ para que eu fosse imbuída na mentalidade espiritual de uma determinada religião! - falou a filha do “Velho” Escoteiro.

 - É possível - disse o “Velho“ Escoteiro. Muitas vezes chantageamos os nossos filhos em troca de alguma coisa que acreditamos ser boa para eles. E é muito difícil analisarmos o que é ou não chantagem neste caso, pois sempre estamos preparando e visando uma formação cristã. Não podemos deixar a formação de lado. Cada minuto é importante.

- Será Correto exigirmos dos nossos escoteiros frequentar sua religião, ou melhor, a dos pais mesmo contra sua vontade? - falei. Vejam bem. O jovem adora o Escotismo, as atividades ao ar livre e a amizade existente. No entanto quando vamos solicitar sua presença em uma atividade religiosa eles mudam sua personalidade e a presença nestes dias diminui sensivelmente. Para que participem somos obrigados a “chantageá-los” de forma diferente é claro, seja para alertá-los de sua formação da Lei e Promessa ou do “Espirito Escoteiro”.
 
- Não acredito - falou a Vovó - Estamos deixando que o mal se sobreponha ao bem, só porque não queremos exigir pensando que estamos chantageando. Temos responsabilidades com nossos filhos e vocês educadores também com os jovens. Os princípios do Escotismo é colaborar na formação, - continuou - ajudando os pais na escola e na Igreja. O objetivo não será alcançado sem os requisitos básicos. Primeiro o exemplo pessoal. Segundo acreditando no que faz e terceiro tendo certeza do que está fazendo. O escotismo é um movimento sério. Mudar isso é tapear toda uma organização que tem princípios e métodos definidos.
 
- Tenho me questionado no que estou fazendo junto aos meus filhos - falou a filha do “Velho” Escoteiro. Eu mesmo deixei de ir a atividades religiosas há muito tempo. Não tenho levado eles a nada. Claro, toda hora não deixo de falar do assunto. Eles não se interessam pelo Movimento Escoteiro e só querem atividades “fortes” tipo judô, luta livre e outras que nada fazem para ajudar na formação espiritual. Não sei nada do que se passa no Colégio. Eles têm um sistema definido, considerado aberto e dirigido conforme a pedagogia moderna.  Até que ponto não vou me arrepender no futuro?

- Não adianta você se questionar sem ter certeza. - Falou o “Velho” Escoteiro. Já conversamos muito sobre este assunto. Nunca quis forçá-la a nada. Mas são meus netos e os amo tanto como você. Todos os pais tem a obrigação de estar junto aos filhos. Saber de suas dificuldades dos seus problemas e até do seu sucesso. A religiosidade faz parte da educação familiar. É difícil falar em fé se temos dúvida. Não devemos nunca duvidar do “Criador”. Nos todos seja você ou os Escotistas tem nas mãos um manancial enorme e a responsabilidade é grande.

- A lei é imutável. - continuou - Ela não foi escrita como uma forma filosófica conforme os Mandamentos cristãos e do Escotismo. Tem que ser cumprida e não de forma razoável. Temos que nos amadurecer nesse sentido para também amadurecermos os jovens. Posso até lembrar as palavras de BP sobre Deus e a natureza no Caminho para o Sucesso - Se não concordarmos estaremos falhando naquilo que é o mais importante e também temos que repensar o que somos e o que devemos fazer.

Estava pensando em tudo que tinha sido dito. Poderia questionar muitas coisas, mas como?  Ainda não tinha filhos, e nem sabia o que seria o futuro. Como podemos dizer o que é melhor e o que é pior. Realmente é muito difícil ser Chefe Escoteiro. Quantos se gabam de o ser sem nenhuma base de formação espiritual. Os direitos são inalienáveis e os deveres também. Estes não são questionáveis. As palavras da Lei Escoteira têm de ser a mesma para todos. Deveres para com Deus. Nossa conduta nos destinos dos jovens algum dia será cobrada. Seja aqui ou em outro lugar! Ou somos ou não somos!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Você sabe dizer: Muito Obrigado?




VOCÊ SABE DIZER: MUITO OBRIGADO?

                Pretendia escrever outro artigo. Até coloquei um nome para ele. “E os bons ventos estão voltando”. O que seria? Uma luz no fim do túnel. Uma tênue mudança na estrutura da UEB. Pequena mesmo. Ela aos poucos está procurando agora interagir com todos do movimento escoteiro. Claro, um pequeno passo. Muito tímido. Nada do que disse Neil Armstrong ao pisar na lua. “Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a Humanidade”.

                Mas não é este o meu tema. É outro. Acho que é a chave do sucesso para nós escoteiros. Não acreditam? Pois saiba que saber dizer Muito Obrigado é o segredo do sucesso! Simples não? Poderão dizer - Claro que sempre agradecemos. Não sei. Dizem que o escoteiro é Cortez e acredito nisto. Dizem que tem muitos esperando e não sabem seguir aquela máxima – Dar sem receber. Muitos estão esperando elogios. Mas será que estão fazendo isso com o próximo? Falam muito em voluntariado. Falam muito no Escotista e sempre dizem que é um abnegado.


              Vou confessar para vocês, o que eu penso de tudo isso. Não somos Deus! Desculpe. Alguns falam tanto que até parece que somos onipotentes. Pode ser que nós chefes somos tudo isto que descrevem, mas cá entre nós, estamos aqui porque gostamos. Porque nos sentimos bem. Porque faz parte das nossas vidas. Porque no final de tudo o escotismo se tornou importante e parte de nós. Mas isto está nos colocando uma espécie de “amnésia” do que acontece em nossa volta.

              Não vou entrar agora nessas questões. O objetivo aqui é simples. Saber dizer a palavra “Muito Obrigado”. Sim sei que os que me lêem estão rindo. Mas olhe, eu digo e afirmo, a palavra muito obrigado está sendo esquecida em nosso meio. Vou dar uns exemplos, pois já disse antes que todos gostam de um agradecimento. Mas estamos nós fazendo isso, dando o exemplo? Não sei. Acredito mesmo que se mudássemos o nosso comportamento, muitos dos que saem do movimento, não importam as idades ainda poderiam estar participando conosco.

             Já viram por acaso um chefe ou uma chefe chegar à sede, no dia de reunião e apertar a mão um por um de todos seus escoteiros ou lobinhos individualmente? E dizer a eles – Bem vindos estou orgulhoso de ver vocês aqui! Que bom que você é meu amigo (a)! Eu pergunto ainda se voces já viram seus graduados, primos ou monitores dizendo aos seus comandados individualmente - ”Sejam bem vindos!” A patrulha/matilha está orgulhosa em ter você. Difícil? Claro que não. Tudo é questão de hábito de comportamento. Basta ensinar. Claro seria bons também vocês fazerem isso com seus assistentes, pais, colaboradores e todos que estão ajudando o movimento Escoteiro.

             Olhem, que bom seria se todos nós soubéssemos agradecer. Infelizmente no escotismo ainda temos os tais “medalhões” que só querem receber e esquecem-se de dar. Você olha para um e ele transmite no olhar um espírito orgulhoso como se a dizer: “Estou me sacrificando muito”. E fica sempre esperando um elogio. Se vocês tem um Diretor Técnico que quando chega às reuniões ele vem com aquele sorriso e diz – Bem vindo! Sinto-me orgulhoso em saber que você é um dos nossos! Você se desmancha todo. Utopia? Se for tem algum errado.

             Mas vamos subir mais um pouco a hierarquia. O Distrital quando te vê abre aquele sorriso e lhe dá um grande abraço e um aperto de mão. “Bem vindo meu amigo” ele diz. Muito obrigado por pertencer e ajudar o distrito! Não? Isto não acontece? E nas reuniões regionais os dirigentes máximos do estado sempre sorrindo, e dizendo – “Muito obrigado, nós dirigentes estamos orgulhosos de vocês!”. Vocês são a razão de ser do movimento. Claro, eu sei que acontece pouco e se formos mais acima, nem sei não.

          Já pensou ver todos se abraçando e o Presidente, o Vice e todos sejam da ENA ou do CAN ou da Equipe de Formação, dizerem a você: - Meu amigo, muito obrigado por pertencer a União dos Escoteiros do Brasil. Estamos orgulhosos de ter você em nosso meio! E isto é claro, com todos, não importando se é um dirigente regional, um Diretor Técnico um Escotista ou um pai novato que ali foi com um sorriso nos lábios. Pena que sei de alguns que dirigem cursos e ficam a espera de elogio. Esses poucos acham que eles são a razão da existência do movimento. Alô! Estou falando do simples. Nada de medalhas de agradecimento.

             Precisamos manter como norma agradecer sempre. Agradecer muito. Isto faz bem. Melhor ainda quem recebe o agradecimento. Shakespeare dizia que o ouvido humano é surdo aos conselhos e agudo aos elogios. Uma verdade sem sombra de dúvida. Quando entramos como voluntários no movimento escoteiro, esperamos é claro que haja algum tipo de agradecimento. Sempre chegamos com um sorriso e nem sempre obtemos outro de volta. Claro, os jovens estão sempre sorrindo e isto é uma paga enorme. Aquele “tapinha” de leve a dizer – Muito bom o seu trabalho! O Grupo Escoteiro se orgulha em ter você conosco faz uma tremenda falta!

         Nossa lei é clara – “O escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais” E a cortesia? Ela não diz que tal pessoa é especial. Nada disso. Dê o seu abraço. Diga que está feliz, e olhe se notarem aquele lobinho, ou lobinha, escoteiro ou escoteira, sênior e guia pioneiro ou pioneira ou escotistas de cara amarrada, vá até ele. Aposto que espantado com seu abraço com suas palavras ele vai dar um belo sorriso!
               Agora é mãos a obra. Ainda que haja noite no seu coração, vale à pena sorrir, abraçar, dizer muito obrigado. Abusem meus amigos do “Muito obrigado” “Grato gratíssimo” “Seja bem vindo” “Estamos orgulhosos de você”. Como é bom ver alguém sorrir. Sorria, o seu sorriso é contagiante. Faça do seu grupo uma alegria constante! Espere e vais ver que sua colheita vai ser abundante e eterna. O sorriso da felicidade e do sucesso irá trazer grandes benefícios.
Alô! Meus parabéns! Quero que saiba que mesmo sem o conhecer, eu gosto de você! E olhe, estou agora dando um enorme sorriso!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O MEU ÚLTLIMO VERÃO, OU MELHOR, EU DORMI SOB AS ESTRELAS!



O meu último verão, ou melhor, eu dormi sob as estrelas!

Não existe o último verão, queira ou não ele volta sempre. Sei que alguns gostam mais da primavera e poucos do inverno. Eu gosto do inverno. Gosto da chuva fina, do capote sobre os ombros, da manta protegendo minhas pernas, da varanda de minha casa, vendo a chuva molhar o asfalto, ouvindo música suave e esperar o entardecer. Falando nestes termos me lembrei de um pequeno poema de Cássia Vicente:

NUANCES DO ENTARDECER
Venha! Venha depressa! Veja o céu multicolor, envolvendo as nuvens, desenhando o entardecer!

Não, não é isto que pretendia escrever. Hoje pensei diferente. Na palavra nuance. Usada muito por nós para definir o belo no escotismo. Mas pensei com meus botões, e os jovens? Eles estão fazendo acontecer para quando crescerem terem belas lembranças das suas nuances do passado? Bem pensando assim, quem sabe posso sugerir aos chefes de sessões escoteiras uma atividade para ser lembrada por toda a vida? Não sei se me meto em seara alheia. Sempre tem alguém a dizer – "Chefe" isso não se usa mais, é antigo. Hoje fazemos diferente. Bem que seja, mas como sou um "Velho" teimoso, comento uma linda atividade que por várias vezes fiz no passado.

DORMIR SOB AS ESTRELAS! Você já dormiu? E os seus jovens? Já dormiram? Olá, não é dormir sob barracas. Não e não. E deitar, colocar os braços sobre a cabeça e olhar o céu. Sentir as estrelas se aproximando de você. Ver uma estrela cadente passar e fazer um pedido! Sentir o ir e vir dos satélites brilhantes! Conquistar em seus sonhos as Três Marias, a beleza de Andrômeda, ver bem pequenininha a Cassiopéia, o Cruzeiro do Sul, o Centauro, ah! Como é belo o nosso céu. E ver a noite passar sem nada ter passado. Sentir lá no fundo do coração a beleza de viver.

Um dia, faz tempo muito tempo, eu tive a felicidade de ver rostos vermelhos, sorridentes a fazer tudo isso. Vinte e seis meninas sonhadoras, em seus uniformes laceados por sonhos. Uma atividade aventureira! Isso mesmo! Planejamos tudo. Eu, um pai, um "Chefe" Escoteiro e três chefes femininas. Iriamos sair da sede às oito da noite. Ônibus, uma hora de viagem e entrar em uma mata de eucaliptos. Mata fechada. Todos levavam no bornal lanche para a manhã do dia seguinte e o almoço.

Ao descer do ônibus, a felicidade era completa, em cada olhar o sonho da aventura. Vinte e seis mocinhas cheias de esperanças em busca de uma atividade aventureira que marcasse para sempre. Embrenhamos na mata. (eucalipto), uma trilha fechada. Muitas vezes precisava-se do facão. Elas, ainda amadoras na arte do corte, se divertiam. Chefes não iam à frente. A atividade era delas. Mas nossos olhos estavam atentos. Como estava tudo programado a cada um quilometro percorrido um "Chefe" Escoteiro sem ninguém ver se embrenhava na mata e fazia um ruído diferente, na escuridão da noite. Elas paravam. Olhavam, perscrutavam o horizonte, nada, o que seria? E a jornada continuava.

Sabíamos imitar um macaco-aranha, Um besouro cinzento acasalando, a cigarra cantando, uma onça pintada procurando uma caça, ou mesmo um grito da coruja no limiar da noite. Uma batida em uma árvore como se fosse um código de espiões do mar, o balançar forte de um galho e para terminar, dizíamos, “Estamos perdidos” não sei mais onde é o caminho. Elas se divertiam. Algumas com medo, mas juntas naquela fila indiana em uma floresta incrível, elas imaginavam ser uma Bandeira a procura das pedras verdes de Fernão Dias Paes e assim o medo desaparecia.

Cansadas, algumas com sono, procurávamos uma clareira e ali, com lonas (as pretas, baratas, 4x4 duas para cada Patrulha), forrávamos o chão, cada uma agarrada à outra, jogavam a outra lona por cima e olhavam o céu estrelado! Nunca menos de seis quilômetros de jornada. Quem não tinha cantil levava uma garrafinha plástica com água. Tudo bem planejado. Cada uma sabia quando beber, quanto comer.

Na escuridão da noite (lanterna só quatro com a chefia) o piar de um pássaro noturno, um "Chefe" Escoteiro contava maravilhas do universo estrelado. Logo estavam todas dormindo! E o alvorecer! Lindo! Maravilhoso! A passarada cantando e ao longe um barulho do vento nas árvores frondosas. Uma nesga de sol aparece entre as flores e folhas verdes daquela floresta inimaginável, cuja lembrança ficaria marcada para sempre. Para o resto da vida. Um café preparado pela chefia o lanche no bornal e pé na taboa que atrás vem gente.

Mais alguns quilômetros um lindo riacho cantava sem parar, levando suas águas límpidas e serenas para um rio que saudosamente se desaguaria no mar azul do infinito. Refrescar os pés, quem sabe um banho um almoço gostoso tipo Pic Nic (todos juntam suas rações em uma só) e partir novamente. Em um entroncamento da estrada, lá estavam os pais ansiosos, já previamente combinados, para levar a todos a sede onde a aventura seria contada por sábados e sábados inesquecíveis.

Uma jornada noturna. Bem preparada. Planejada. É uma atividade que marca profundamente nossos corações. Faça uma, planeje, não faça por fazer. Pense nos jovens, o que eles gostam, procure ideias, treine outros chefes, mas olhe, meu conselho é fazer com poucos. Só uma tropa. Seja mista ou não. Não coloque seniores/guias com escoteiro-escoteiras. São idades diferentes. Aventuras diferentes. E por favor, não é uma atividade para lobinhos!

E boa jornada! Que fique marcada para sempre e que cada um dos participantes possam contar para seus filhos o dia que mundo mudou. Que as nuances aconteceram, que o escotismo marcou sua vidas. E você sabe a cada ano a maneira de contar vai aumentando. Tanto que muitas vezes duvidamos se aconteceu tudo aquilo que narramos! Risos. E como o jogo do “buchicho” onde no circulo o primeiro dizia – Lá ao longe, pegamos o trem e ele nos levou para o horizonte azul! E chegará no último – Lá no inferno o trem se danou! Risos.

E boas atividades aventureiras! Que todos possam dizer com orgulho – EU DORMI SOB AS ESTRELAS!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A PATRULHA DE MONITORES



A patrulha dos Monitores

Todos nós, que fomos ou somos Escotistas de tropa escoteira, seja masculina ou feminina, temos um carinho especial pelos nossos monitores. Claro eles são a razão do sucesso da tropa. Eles são diferentes, mais adestrados, mais experientes. Muitas vezes estão mais próximos a nós. Afinal é com eles que falamos no desenvolvimento na tropa, dos jogos, dos avisos, dos acampamentos enfim, são eles os nossos olhos e ouvidos junto aos demais escoteiros.

Isso não cabe nenhuma dúvida. E são mesmos os responsáveis diretos para o adestramento da sua patrulha e claro com a ajuda dos subs. Todos os chefes que assim agem sabem das vantagens de ter bons monitores e isso faz com que o crescimento progressivo não perca solução de continuidade. O monitor e o sub estão mais próximos, podem colaborar nas etapas e fazer com cada um de sua Patrulha conquiste as etapas com mais facilidade.

O Escotista e os assistentes de uma tropa escoteira tem sempre um bom relacionamento com eles e considera a Patrulha de Monitores a maneira ideal do desenvolvimento da sua tropa. Essa patrulha é formada por todos os monitores e submonitores. Nesta patrulha o chefe e o monitor dos seus monitores. É uma patrulha organizada somente para o adestramento e formação dos monitores. Costumam ter (sem caráter de obrigação) a mesma organização de uma patrulha na tropa. Nome, grito, Bastão totem, materiais de campo e sede, livro de ata, e divisão de encargos na patrulha. O Chefe deve ter a preocupação de que o companheirismo é a única forma do crescimento individual e coletivo.

Quando temos uma patrulha de monitores funcionando (devem-se incluir os submonitores) ativa e com tradições o desenvolvimento da tropa sempre será o adiante do esperado. É nesta hora que o chefe tem pleno potencial de desenvolver suas aptidões, e inclusive tendo a oportunidade de aprender juntamente com eles uma série de técnicas escoteiras que poderão ser úteis no adestramento de todos os patrulheiros.

As reuniões desta patrulha devem ser mensais ou em caso de necessidade a qualquer momento. Lembramos que não é uma Corte de Honra nem Conselho de Monitores. Nunca deve coincidir com as reuniões normais da Tropa Escoteira e atividades afins. Uma boa programação anual deve ser feita, contendo datas, atividades ao ar livre, aventureiras e com fins e objetivos determinados, mas sem prejudicar o tempo deles já que existe uma programação da tropa que eles se dedicam mais.

Quando Escotista de tropa costumava dizer quando em reuniões com eles, chamadas durante as reuniões para avisos, conhecimentos gerais, não importando o numero, dávamos o grito de patrulha e sempre todos diziam – Patrulha Esquilo em reunião!

Atividades sociais devem ser incrementadas. Uma ida a um cinema, um passeio em um parque, a outros grupos escoteiros, visita a museus e lugares históricos. Tudo isto além de conhecimentos adquiridos, vai mostrar a comunidade que somos um movimento de jovens responsáveis. O marketing nesse caso é benéfico não só ao movimento como também o fator cidadania. É importante que todos saibam de suas responsabilidades, pois estão sendo vistos por centenas de pessoas que irão ter agora uma melhor ideia do que é o escotismo. A uniformização é parte importante da ação. Todos devem estar bem uniformizados inclusive o Escotista presente.

Os assistentes também participam como irmãos mais velhos na patrulha. Podem e devem substituir o chefe da tropa. A divisão do trabalho facilita a todos. É necessário que devam dar a maior liberdade possível aos monitores e subs, sem interferir na programação a não ser para prováveis tomadas de rumo dentro de um programa pré-determinado.

Pensem e imaginem uma atividade de domingo, passeando pela cidade com fins objetivos, vendo a perplexidade e admiração dos transeuntes e ou fim de semana, em um local próximo, com boas condições de treinamento e adestramento de barracas, uso de material de sapa, cordas, acrescentando isto com uma pitada de treinamento de pistas, nós, sinalização (semáforas e Morse).

Seria realizado em um fim de semana ou um dia inteiro esta atividade; Daria sem sombra de dúvida um conhecimento maior das etapas de classe, sem falar no companheirismo e confraternização entre eles. Ficará, portanto muito mais fácil eles os monitores adestrarem suas patrulhas, pois sempre estarão à frente no conhecimento técnico e teórico que foi passado pelo chefe escoteiro.

 Prevejam também como seria um acampamento só de monitores, com um ótimo programa a ser desenvolvido, principalmente de pioneiras, cozinha e atividades aventureiras. Poder ensinar a eles os pontos importantes que devem ser observados em um acampamento, a inspeção matinal, os cerimoniais de bandeira, conservação da natureza, fossas, pioneirias básicas, uso da lona, toldos e tantos outros que serão criados pelo Escotista encarregado da atividade. Com isso a tropa dará um salto quantitativo e qualitativo na sua formação e desenvolvimento. 

O mais importante de tudo é o zelo realizado pelo Escotista para que não haja solução de continuidade. O chefe e os assistentes são responsáveis para o prosseguimento e das atividades afins, aprendendo a conhecer os lideres da patrulha, seus anseios. Muito importante é mostrar a eles a responsabilidade de seus comandados dentro e fora da sede. Boletins escolares, deveres para com Deus, obediência aos pais, Lei Escoteira são objetivos que não devem ser esquecidos.

É com esta patrulha especial que os escotistas iram ver o crescimento de suas tropas. Escoteira ou sênior/guias. A programação é extensa. Não vamos especificar aqui todos os itens importantes para um programa agradável e ao mesmo tempo aventureiro com a Patrulha de Monitores. Acredito que todos os escotistas participantes sabem bem das necessidades de todos.

Ao se pensar nas responsabilidades do Escotista dentro desta premissa e o tempo a ser absorvido, lembramos que temos assistentes, e a distribuição de tarefas é parte importante no desenvolvimento da programação.

Se ainda não tem, formem logo sua patrulha de monitores. Vão ver o ânimo que eles terão. Uma amizade maior que irão adquirir. Não posso acreditar em uma tropa e no seu desenvolvimento sem ter bons monitores na liderança. Claro, será um trabalho árduo constante.

Bons monitores, boas tropas, boas tropas sucesso garantido na formação escoteira!

A DANÇA DA MORTE



Histórias de Fogo de Conselho. (só aconselho para seniores/guias)

A dança da morte

Desde que nasceu Nando ouvia falar em Deus. Sua mãe o obrigava a rezar, o padre a confessar, na escola professoras enchendo sua cabeça de Deus. Sempre quis falar com ele, mas ele nunca o atendeu. Entrava em igrejas, em templos em busca de Deus. Nada. Ficou cinco dias no monte Caparal olhando as estrelas procurando um sinal. Nada. Resolveu ficar jejuando para ver o que Deus faria. Não fez nada. Nando desistiu. Esse Deus não existia.

Se Deus não existe e o diabo? O demônio? O capeta? Ia provar que ele também não existia. Mas para isso teria que fazer a invocação com a Dança da Morte. O que iria fazer seria horrível, mas valeria a pena provar que o inferno não existia. Nando era magrinho, cara de “fuinha” na escola o chamavam de “porquinho da índia”. Alugou um sitio próximo a cidade. Avisou seus pais que iria fazer uma viagem de um mês para não se preocuparem.

Ele conhecia Safira, uma menina magrinha, com treze anos, muda e que morava com a avó próximo a sua casa. Safira quase nunca saia de casa. Olhos pequenos boca grande, cabelos escorridos, não tinha nada de belo em sua aparência. Nando a raptou quando ela ia a padaria comprar pão. Fazia isso toda a manhã. Colocou em seu fusquinha e partiu para o sitio. Tinha comprado éter e com ele embebido em um lenço viu que Safira tinha desmaiado.

Ao chegar ao sitio, tirou a roupa de Safira, deixou-a nua. Pequena, magra, apenas treze anos não possui nenhum atrativo sexual. Levou-a ao quintal, colocou-a dentro de um tanque de agua fria, amarrou seus braços abertos em duas estacas fincadas ao lado do tanque com cordas finas. Ela não tinha como levantar e teria que ficar dentro da água só com a cabeça para fora. Safira quando acordou estava horrorizada. Abria a boca e só saia grunhidos. Seus olhinhos saltavam como se fosse fugir. A dor era incrível.

Um horror enorme saia de seus olhos quando Nando se aproximava. Ele cortou com canivete varias lascas finas de bambu. A cada hora enfiava uma lasca em uma parte do corpo de Safira. Sempre ria quando o sangue se misturava a água do tanque. No segundo dia a água já estava vermelha. Com um pequeno alicate, arrancou a força duas unhas de sua mão direita. E duas do pé esquerdo. A pobre da Safira gemia horrorizada tentava gritar um grito que não saia. Desmaiava e acordava. Uma dor tremenda. Não entendia nada do que estava acontecendo.

À noite Nando tirou sua roupa. Pintou-se de preto. Matou um galo que tinha comprado. Espalhou as penas e o sangue em cima de Safira que agora estava desmaiada. Daquele jeito Safira iria morrer no dia seguinte. Não aguentava mais de tanta dor. Nando começou a gritar a meia noite em ponto. Gritava e dançava, cacarejava e pedia – Apareça demônio! Mostre sua força! Mostre que você existe! Onde está você demônio dos infernos! E dava grandes gargalhadas e gritos. Dançou por muito tempo a Dança da Morte.

Estonio acordou assustado. Dois dias como o mesmo pesadelo. Estonio era investigador de polícia e também "Chefe" Escoteiro. Adorava sua profissão e ria quando os meninos e meninas da tropa pediam para ele contar historias de bandidos em acampamentos ou mesmo na sede. Considerava-se um bom policial. Nunca abusou e nunca deixou de cumprir suas obrigações dentro da lei.

Sempre o mesmo sitio que ele não conhecia. Uma menina indefesa na mão de um maníaco. Teria que ser verdade. Isso só podia ser um sinal de Deus. Teria que descobrir onde era o tal sítio. Sem querer comentou com os monitores seu sonho. Estava preocupado. Afinal era casado também e tinha dois filhos homens. Ainda crianças com dois e três anos. Rildo um dos monitores lembrou que seu pai alugou um sitio para um homem e que ele tinha comentado que o tal queria só por um mês.

Junto ao pai de Rildo ele foi ao sitio. O que viram um verdadeiro terror. Nunca imaginaria algum parecido e olhe, ele era um policial. Tinha visto muitas coisas na sua profissão. Ainda encontraram Safira com vida. Desmaiada. Toda machucada, mas respirava. Em volta pedaços de corpo de um homem todo queimado. Tinha sido esquartejado. Seus membros fedia. Acharam sua cabeça fincada em um bambu. Sua língua para fora mostrando que morrera gritando e horrorizado. Em todos os membros cortados, lascas de bambus pontiagudos. Nas duas mãos e nos dois pés nenhuma unha. Foram todas arrancadas a alicate.

Nando ficou estarrecido. Depois que a ambulância levou Safira, ele olhou e viu em uma porteira próxima fumaça como se ela estivesse queimando. Foi até lá. Viu escrito a fogo nas taboas e o que leu gelou suas veias. Estarrecido imaginou o que poderia ter acontecido ali. Dizia: – “Não se preocupem. Ele queria me ver, duvidava de mim. Ele agora vai morar comigo. Lá no meio dos infernos e vai queimar comigo para sempre” assinado o “Demônio”.

Risos. Contei essa historia uma vez. Quase no final do Fogo de Conselho. Todos adoraram, mas dormiram daquele jeito. Muitos até hoje ainda me perguntam se foi verdade. Risos. E acredite quem quiser! 

domingo, 26 de fevereiro de 2012

VERBORRAGIA ESCOTEIRA



Verborragia Escoteira

(Verborragia – Vem do Latim Verbum. Escorrer, fluir, pessoas quando abre a boca parecem dar escoamento a um infinito rio de palavras. São os donos da verdade. Não aceitam qualquer tentativa de resposta de parte do interlocutor.).

Interessante. O que o Chefe de Campo de Gilwell, John Thurman (falecido) escreveu em 1950 permanece vivo até hoje. Disse ele que o escotismo é um movimento sério, mas que uma de suas melhores coisas seria a alegria em participar. Completou dizendo que isso serviria tanto para os dirigentes como para os jovens. E complementava: - Cuidado com o perigo de se pensar em termos educacionais ou psicológicos, pois isto nos faz perder nossas condições de amadores. E fechou suas palavras assim: - Como amadores nos somos bons, mas como profissionais somos péssimos.

Não é interessante? Vejam, de trinta anos para cá, começamos a ter uma revolução na educação Escoteira. Tudo antes era simples, muito. Lembro que um Chefe Escoteiro conhecia facilmente o “adestramento” que deveria existir na sua sessão. Pata-tenra, primeira estrela, segunda e cruzeiro do sul e depois vinha o noviço, segunda e primeira classe. E nos seniores, algumas eficiências e o Escoteiro da Pátria. Nos primórdios só um livrinho. ”Para ser Escoteiro”. Depois insistiram com o Chefe Floriano para desmembrar em noviço, segunda e primeira classe. Mas era tudo muito simples.

Nos lobinhos um pequeno manual e a orientação para que os chefes não deixassem de ler o Livro da Jângal de Kipling. Uma beleza! Tudo na moleza como se diz. Afinal sempre fomos amadores.  Aí começou a chegar os doutores. Os pedagogos, psicólogos. Altos professores e dirigentes eméritos. Começaram as mudanças. Arrumaram tantos programas para lobinhos que quando dirigia cursos correlatos tinha de me cercar de doutores e doutoras “lobísticas” para não me perder. Risos.

E a “coisa” não parava. Fizeram da ficha modelo 120 um emaranhado de datas. O pode e não pode (risos). Era uma ficha famosa. Acho que ainda existe. Até aí tudo bem. Mas com a chegada dos profissionais da educação Escoteira, tudo passou a ter uma data específica. Tanto para a especialidade tal, tanto para a segunda classe tanto para a primeira e assim também os cordões de eficiência e o adestramento Sênior. Se o jovem quisesse tal especialidade só se já tivesse a outra tal e tantos meses e anos.

 Nunca me intrometi nisso. Quem sabe eles teriam razão? Sabia que quando o jovem estava pronto para receber seu Liz de Ouro ou Escoteiro da Pátria, havia nos grupos “doutores” em preparar o processo. Tinha de ser assim se não era devolvido. Conheci vários casos de devoluções em cascata. Jovens que choraram por não receber e outros que com a idade acima não se interessavam mais. Não sei hoje ainda tem muitos insatisfeitos.

O programa Escoteiro que era aplicado de maneira simples, gostosa, aventureira, sem aquelas complicações de programas a curto médio e longo prazo nas reuniões de sede, começou então a ter uma sequência que sem muita preparação, poucos conseguiriam atingir. Já não era mais para amadores. Agora tínhamos de nos transformar em profissionais. Nossos dirigentes, sempre que apareciam novos na cúpula, tinham ideias miraculosas. Sem consultar a base iam mudando. Chegou afinal a um programa que agora vejo muitos dizendo que não deu certo, mas o que vai ser aplicado é de primeira qualidade. (?)

A biblioteca Escoteira cresceu. A lista da loja Escoteira é enorme. Haja condição financeira para ter todos. E ler então? Outro dia me assustei. Alardearam que agora os chefes de lobinhos estavam com a faca e o queijo na mão. Cinco manuais a disposição. Cinco! E para as sessões subsequentes? E aí vieram os cursos. De adestramento simples do passado agora se chama formação. Tem cada coisa que até me arrepio. Acho que são válidas, mas se eu voltasse atrás iria correr disto tudo.

Se Baden Powell conforme diz nosso amigo John Thurman conseguiu criar uma das mais formidáveis ideias e práticas que levam os rapazes a segui-la com entusiasmo, e nos métodos, e modo simples de manejar e guiar os jovens, agora tudo mudou. O que adianta dizer que devíamos manter como antes, um clima de simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou. Ainda copiando o John, os únicos que são capazes de por tudo a perder pela austeridade demasiada são os próprios dirigentes. E isto está acontecendo.

O escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, ainda existem milhares de pobres que aspiram fazer escotismo como naquela época. Mas quando se toca no assunto, como continua a dizer o John (já falecido) muitos se tornam arrogantes, complacentes e se fazendo passar demasiadamente autossuficientes e com isto podem até arruinar o movimento. Peço a Deus que não.

Não estaria na hora de mudar e quem sabe uma volta ao passado? Estamos com muitos novos em nossas lideranças que não viveram a simplicidade do escotismo de outrora. Os que passaram pela vereda Escoteira como jovens não sei por que se mantém ao largo. Acho que também pensam que tudo está indo para melhor. Mas eu digo que não.

Lembro que o escotismo sempre foi uma atividade de fim de semana, duas ou três horas. Mais um pequeno tempo em uma atividade aventureira. Complicar em fazer do "Chefe" Escoteiro um profissional é fazer com que não caminhe para o sucesso da formação Escoteira. Nosso tempo restrito, corrido em nossas vidas profissionais, sociais e familiares não pode ser tomado com a austeridade de uma profissionalização. Se nos considerarem amadores, nos derem um programa para amadores como no passado, então o escotismo irá florescer.

Mas não sei se minhas palavras escritas significaram alguma coisa. Pelo menos eu luto pelo que acredito. O futuro se for coberto de sucesso pelo que estão fazendo vai merecer meu aplauso, mas se for para alguém dizer como dizem hoje que não acertaram então o caminho não foi frutífero, eu se ainda estiver aqui direi - O tempo passou, perdeu-se tudo. Vão recomeçar de novo? Ainda vai dar tempo?