Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 7 de julho de 2012

A lenda da Escoteirinha e Árvore da Vida.



A lenda da Escoteirinha e Árvore da Vida.

       Conta uma lenda muito antiga, que existia em uma pequenina cidade, uma linda árvore que foi plantada em frente ao coreto da praça, e que ela sempre atendia aos pedidos dos meninos e meninas que ali se dirigiam. Ninguém sabia se era um abacateiro, ameixeira, ou mesmo uma árvore comum. Interessante. Nunca deu flores. Nunca floriu na vida. Talvez esta tenha sido sua maior tristeza. Não atendia aos adultos. Apesar de ser uma velha árvore ela sempre se sentiu como uma jovem e sabia que na mente dos jovens existia a pureza, os sonhos eram mais azuis e a vida era mais bela. Nem sempre os jovens lhe pediam o que ela poderia oferecer. Ficava triste com isto e a sua maneira tentava ajudar.
      Em uma tarde alegre, onde o sol ainda não havia se escondido atrás das montanhas, e quando os pardais procuravam nela seu ninho, fazendo uma algazarra que a divertia, viu pela primeira vez uma menina, pequena, miúda, rostinho simples, e com um lindo uniforme de Escoteira. Interessante que todos os sábados a menina, ou melhor, a Escoteirinha ia ter com ela, e ficava até o escurecer. Não pedia nada, só a olhava e sorria. A Árvore da Vida perguntava sempre a si própria - Será que ela não tem sonhos? Gostaria de saber e ajudar. A Árvore da Vida ficava encantada quando a escoteirinha aparecia. Foi então que viu na mente da escoteirinha que ela se preocupava com a Árvore da Vida. Você não tem flores? Não tem fruto? Á Árvore da Vida se emocionou. Ninguém nunca se preocupou com ela e aquela escoteirinha se preocupava. Foi então que há escoteirinha um dia passou a levar uma sacola de esterco e em uma das mãos uma pequena lata com água, e colocava aos pés da Árvore da Vida. Á Árvore da Vida chorava de alegria. A escoteirinha disse – Árvore, vou lhe chamar de Árvore da Vida. Você vai reviver. Você terá flores e será a única Árvore da Vida no mundo que vai dar todas as espécies de frutos.
        A Árvore da Vida chorava de emoção. – Como? Pensava. Ninguém nunca ninguém se preocupou se ela era uma árvore comum, se era uma árvore que pensava e nunca ninguém falou com ela a não ser para pedir. Ela atendia os sonhos da meninada. Ela sabia que a cidade inteira um dia descansou nas suas sombras e agora uma simples escoteirinha se preocupava com ela? – Mas um dia cinzento triste ela viu a escoteirinha sentar-se e encostar a cabeça em seu tronco e a Árvore da Vida viu que ela chorava. A Árvore da Vida ficou triste. Muito triste. Viu que a Escoteirinha em seus pensamentos chorava, pois não iria a um grande encontro que os escoteiros faziam e que chamavam Jamboree. Seus pais não podiam pagar. O quer fazer? Como ela podia ajudar a escoteirinha? Á Árvore da Vida soprou em sua fronte, uma brisa fresca, perfumada de suas folhas verdes e a escoteirinha dormiu.
          A escoteirinha acordou em um lugar lindo, com arco íris de todas as cores. Azuis, amarelos, verdes, uma relva cheia de flores silvestres e ela viu ao longe um enorme acampamento. Muitas barracas e milhares de escoteiros e escoteiras de todo o mundo. Assustou, pois ao seu lado a Arvore da Vida estava segurando suas mãos e dizia – Vamos minha amiga. Você vai participar do primeiro Jamboree Escoteiro no mundo! Vai conhecer seu fundador. E a Escoteirinha sorria. Um sorriso que poucas escoteiras sabem dar. Eram milhares de jovens, todos segurando sua mão e dizendo “Sempre Alerta” linda Escoteirinha! Era a maior felicidade que ela podia alcançar. Viu alguém batendo em suas costas se voltou e viu que era o fundador do escotismo. Abraçou-a e disse - Minha jovem escoteirinha, acredite, você é quem faz seus sonhos e os transforma em realidade. Nem todos podem ter o que querem, mas devem lutar para ter. Acredito em você. E você deve acreditar na sua promessa!
          Quem passou ali no coreto naquela tarde de um lindo por de sol, assustou-se. Em pouco tempo centenas de habitantes da cidade se aglomeraram, pois deitada encostada no trono de uma árvore simples daquela praça, que ninguém nunca deu valor, uma Escoteirinha sorria, em volta dela lindas borboletas de todas as cores sobrevoavam sobre sua cabeça, pássaros mil faziam seus cantos nos galhos da árvore e a Árvore da Vida? Florida! Linda! Cheia de frutos. Incrível! Nunca viram nada parecido. Uma brisa gostosa soprava trazendo perfumes de flores silvestres, e um papagaio verde e amarelo pousou em seu ombro e cantava – “Ela foi para o Jamboree, ela foi para o Jamboree!”.
          A história chega ao fim.  Ela sonhou.  E que sonho meu Deus! Não foi naquele Jamboree, mas sabia que um dia iria em outro. Seu sonho não ia morrer nunca. Ela iria crescer trabalhar e fazer seu sonho virar realidade. E a Escoteirinha foi para sua casa sorrindo e cantando – “De BP trago o espírito, sempre na mente, sempre na mente e no meu coração estará!” E a Árvore da Vida que existiu em seus sonhos nunca mais a abandonou. As pessoas sempre tem aquilo que desejam. E ela a escoteirinha sabia que um dia teria seu desejo realizado. Sonhe, sonhe muito! Acredite em seus sonhos. Alguém não disse que o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos?    

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A mixórdia me pegou desfilando e que lambança meu Deus!



A mixórdia me pegou desfilando e que lambança meu Deus!

                 Uma mixórdia, ou melhor, uma verdadeira lambança. Ainda bem que nos meus artigos poucos me mandam queimar no fundo dos infernos! Risos. Quem sabe mereço? Mas o que fazer? Uma vez aqui quase houve um bate boca devido a escoteiros desfilarem. Assisti a tudo dando gargalhadas. Voces sabem, eu gosto de rir e já me disseram que o riso é uma homenagem que os idiotas prestam ao gênio. Risos. Não sei se é verdade. Adoro os politicamente corretos. A turma nova aprendeu que não se desfila, me disseram que tá lá no POR. Ainda não vi. Só tenho o antigo e agora vai mudar. Vamos aguardar.  Dizem que devemos andar garbosos, olhando para frente, mas sem marchar. Haja paciência! Um saco isto sim! (desculpe o termo ante Escoteiro)
                 Como marchei na minha vida. Adorava marchar. Tínhamos todos nós escoteiros um porte pseudo militar. Proibido hoje. Esqueceram-se de ver a maioria das fotos de BP e alguns dos seus relatos sobre o tema. Lá está ele sempre fazendo inspeção e os jovens perfilados. E quantas marchas para homenageá-lo. Mas hoje não. Isto já era. Hoje os tempos são outros. Dizem que existem motivos. Bah! Para os motivos. Gostava de marchar. Nossa tropa era perita. Mas olhe só fazíamos isto uma vez por semana à noite. Fim de semana nem pensar. Reuniões e atividades ao ar livre. Aos montões. Bem vamos à mixórdia que me levou a relatar estes fatos. – Eu estava com treze anos. Fazia parte da nossa banda, tocando um tarol fino que hoje quase não vejo mais. Tínhamos orgulho da nossa banda. Dizíamos que era a melhor da cidade. O Munir era o nosso maestro. Magro, parecia mais um palito uniformizado. Claro, os treinos eram de uniforme. Em um campo de várzea perto da sede para não incomodar, mas mesmo assim o campo se enchia dos vizinhos e amigos.
                 Na cidade havia três comemorações por ano que desfilávamos. Dia da cidade, dia da bandeira e o Sete de Setembro. Havia uma disputa entre nós e os dois colégios masculinos e um feminino. O Tiro de Guerra e a policia militar tinham uma banda de musica. Eram, portanto três bandas de jovens que se digladiavam nestes desfiles. Nos dias de desfiles, lá estávamos todos os membros do grupo Escoteiro de luvas cinza, de luvas brancas só a turma do cerimonial. Também usávamos as mochilas e uma vez sim outra não montávamos um campo de Patrulha na carroceria de um caminhão. Era uma festa. Claro, na sede o Chefe fazia uma inspeção que não perdoava ninguém. Orelhas, mãos, unhas, sapatos engraxados, meias com listras retas, quatro dedos de dobra do meião, chapéu com abas retas, lobos idem com seus bonés.
                Todos aguardavam até formarem-se e partir para o ponto de encontro. Que orgulho! A cidade em peso lá. Todos batiam palmas para nós. Quando chegávamos ao destino gostávamos de ver os “inimigos e suas bandas” o pior é que muitos dos inimigos tinham escoteiros em seus colégios. Risos. Mas o Berica, o Berica não era mole. Todo ano querendo ganhar da gente com a banda deles. A gente tinha até uma cantiga que dizia – “Arreda grupo que o ginásio vem, que catinga de macaco que o Berica tem!”. Mas a lambança foi outra. A mixórdia também. Apareceu ninguém sabe de onde, uma banda marcial. Depois soubemos que era de Colatina e foi convidada pelo prefeito. Que banda! Enorme. Correu o boato que eram treinados pela banda dos Fuzileiros Navais. Muito famosa na época. E agora José?
                Agora era enfrentar. Mas o Munir não sabia perder. Bem fardado, um esqueleto humano, com sua varinha mágica, nos levou no centro da banda marcial. Ela linda, 20 bombos, 30 tambores, não sei quantas caixas claras, tarois mil e dezenas de cornetas e clarins. Entramos no meio dela. Uma bagunça. Eles batendo e nós também. Ele meteram as varetas nas nossas cabeças. Revidamos. Uma briga geral. A escoteirada dando soco em tudo que encontrava pela frente. O Chefe João apitando feito um coitado. A policia militar interveio. Conseguiu separar. Chefe João ofegante! Isto é escotismo? Onde aprenderam? A cidade inteira deu risadas por muito tempo. Ainda bem que não tínhamos ainda o tal Conselho de Ética. Se não ao grupo tinha sido fechado e eu não estaria aqui contando esta mixórdia. Esta lambança. Como castigo ficamos sem participar de dois desfiles aquele ano. Aproveitamos e fomos acampar na serra do Caparaó, com lindos picos em sua volta. Um belo de um acampamento. Ufa! Que castigo eim?
                  Enfim, eu marchei muito. Muito mesmo e dei meus tapas também. Não sou santinho, sou Escoteiro sim. Minhas boas ações sempre existiram. Quando Escotista dei exemplo. Mas se marchar é errado que o céu me condene. Ou melhor, que a UEB me condene! Risos. Se pudesse, se algum dia fosse voltar a um grupo eu marcharia de novo. Mas olhem, faríamos belos acampamentos, faríamos lindas atividades aventureiras, nossas reuniões seriam dos monitores e dos jovens e não dos chefes. Continuaria a abraçar a todos. Meninas e meninos e sempre a dizer – Bem vindos! Adoro voces! Aceite meu aperto de mão sincero! E no sete de setembro lá estaria o grupo, com uma boa banda (claro que teríamos) a marchar orgulhosos usando as luvas cinza, brancas, e a turma do pavilhão da bandeira orgulhosa, um carro com um campo de Patrulha montado e lembrando... Arreda grupo, que o ginásio vem, que catinga de macaco, que o Berica tem!  

Tradições? Esqueçam, os tempos são outros!



Tradições? Esqueçam, os tempos são outros!

Didaticamente, definimos tradição tudo aquilo que foi incorporado ao estilo de vida de um grupo especifico de pessoas e que foi mantido e repetido através dos tempos conferindo-lhe um aspecto cultural. Entendemos a tradição como o conjunto de hábitos e tendências que procuram manter uma sociedade no equilíbrio das forças que lhe deram origem.
Sou frequentemente chamado de tradicionalista. Acho que sou mesmo. Talvez por ter entrado no movimento há muito tempo, quando ainda lobinho. Por ter passado por muitas e muitas situações no Movimento Escoteiro. Tenho dificuldades em aceitar mudanças que apesar de tudo, podem e devem acontecer. Desde que não vão de encontro às tradições e foram arduamente discutidas com todos os interessados. Quem são? Os escotistas de todos os Grupos Escoteiros do país e quem sabe com todos os jovens. Sei que não podemos ficar parados no tempo por isso aceito modificações. Modificações que podem gerar ganhos, apresentação e crescimento individual.
Mas fico pensando se valeu as mudanças de parte do método e nomenclaturas existentes no passado, do uniforme e de tantas outras coisas que julgava importante. Eu as considerava como uma tradição do nosso movimento. Era tão bom lembrar como eram e me soa estranho algumas expressões e assuntos que são discutidos hoje pelos nossos escotistas. Fico pensando naquele antigo escoteiro, que depois de muitos anos volta à sede para rever amigos e seu passado e encontra tudo mudado. É um estranho no ninho.  
Ainda me lembro com saudades de certos aspectos que de certa forma, nos identificava, pois nosso movimento era único a usar e ter em seu seio, nomes que também ajudavam a nos identificar. Apesar de não pretender reverter o passado, pois o que mudou não volta atrás (deveria voltar), não deixo de lamentar o que sinto a respeito. Através de amigos e leitura de normas da UEB fui tomando conhecimento de algumas alterações que foram feitas. Todos que assim o fizeram acreditaram que precisávamos mudar. Seria para melhor. E foi? Vejamos algumas mudanças:
 – Chefe do Grupo, Comissões Executivas, escoteiro noviço, segunda classe, primeira classe, eficiência I e II etc. especialidades, comissário distrital, comissário regional, escoteiro chefe, Cursos com siglas de CAB – Adestramento básico – CIM – insígnia de madeira – Diretores de cursos. Equipe Nacional de Adestramento. Adestramento. Esse é interessante. Sempre criticado. Nos treinamentos das nossas forças armadas ele é usado. No escotismo não. Agora é formação. Mais atual. Do uniforme nem comento mais. Espero que as mudanças sejam boas. Chega de ver situações difíceis de entender.  Agora vem outro aí. Atualíssimo! Todos vão gostar muito. Quem quiser saber melhor vá ao site da UEB e veja a ultima ata publicada. Mas a lista não para por aí, de conselhos, passamos para congressos, assembleias etc.; vejam bem, não estou criticando, só achei que para mim, isso nos identificava. O escotismo era conhecido pela sua tradição e era um orgulho saber que éramos únicos. Lembro que se conhecia um escoteiro pela fivela do cinto.
 Enfim, tem muito mudanças e acredito que fiquei um pouco desatualizado. Será que valeu a pena, será que isto trouxe uma situação melhor para o nosso movimento? Seja de crescimento e apresentação junto à sociedade brasileira? – Não sei não, tenho minhas dúvidas. Iniciaram as mudanças em fins de 80 e até hoje nosso efetivo não cresceu nada. Ficamos ali entre 60.000 a 70.000. As novas gerações irão aplaudir. Afinal é delas o escotismo de hoje. Mas olhem, um dia vou partir. Irei com saudades do meu chapéu. Do meu penacho, do meu distintivo de patrulha, da moeda da boa ação, do nó no lenço para a boa ação diária. Irei lembrar-me dos Conselhos, do garbo do uniforme, do orgulho quando se vestia olhando-se ao espelho se estava tudo em seus lugares.
Vou lembrar também da minha patrulha, do orgulho em ficarmos juntos por anos a fio, (isso existe hoje?) do nosso chefe, um sujeito cujo uniforme era um exemplo. Nunca vou esquecer as inspeções, mesmo com quatro cinco dias de acampamento. Vou rir quando me lembrar de uma noite, que ficamos até duas da manhã, num desafio interminável do Quebra-coco. (será que existe ainda?) Nunca vou esquecer que sabia na ponta da língua a Promessa, a Lei Escoteira e cantava o Ra-ta-plã, o Hino Nacional, o Hino da Bandeira sem erro. Ainda vou lembrar também do meu Chefe de Grupo, do Comissário Distrital, do Comissário Regional e da lembrança quando me disseram – Olhe lá! Aquele é o Escoteiro Chefe do Brasil. Morro de inveja do Escoteiro Chefe Inglês. Sempre presente. Abraçando lobinhos, escoteiros, a Rainha enfim todos o conhecem por fotos. Se seu congênere Brasileiro? Melhor não insistir. Estão lá, distantes, sempre procurados.
Tradições, uma palavra que mostra a força de uma organização. Será que estamos perdendo esta força? Estamos nos tornando um movimento comum? Será que foi melhor usar a nomenclatura que todos usam hoje? Não sei. Muitos não irão concordar comigo. Acredito que estamos sepultando nosso passado. Vamos esquecer nossa história. Nossa identidade será outra. Assimilada pelos novos e olhadas com saudades pelos antigos que irão desaparecer nas nuvens do futuro.
Um dirigente nacional já disse que nossa Promessa diz no final que devemos “Servir” a União dos Escoteiros do Brasil. Portanto devemos calar a boca, fechar os olhos e bater palmas por tudo que fazem. Estamos dormindo no tempo e acreditando que ventos novos irão soprar. Torço por isto. Podem amigos me chamar de ultrapassado. Voces agora lutam por um lugar ao sol do movimento Escoteiro e tem este direito. Mas por favor, respeitem o meu direito de discordar, de escrever o que penso, de achar que muitas de nossas tradições não deviam ter sido enterradas. E por favor, também, não me digam que temos um fórum próprio para mostrar nosso desagravo – Os Congressos e Assembleias. Você realmente acredita nisto?

"A tradição não é dada por direito de herança, e, se a quiser, é preciso muito trabalho para obtê-la." (T. S. Eliot).

terça-feira, 3 de julho de 2012

Jav e Jov, dois escoteiros da pesada.



Jav e Jov, dois escoteiros da pesada.

                Jav e Jov eram irmãos. Gêmeos. Isto mesmo. Irmãos gêmeos. Sua mãe fazia questão que vestissem iguais e tivessem penteados iguais. Quem via o Jav não sabia se era o Jov e quem via o Jov não sabia quem era o Jav. Risos. Cresceram assim. Muito unidos. Unha e carne como se diz.  Aos quatro anos aprenderam a se divertir. Quem é você? Sou o Jav e você? Sou o Jov. Nem a mãe deles sabia direito quem era um e outro. Não tinham marcas que os identificassem. Resolveram infernizar a vida de todos. Começou na escola. Agora com cinco anos. Jov puxou o cabelo de Melita. Melita gritou. Jov se escondeu. Jav estava em outra sala. Onde está o Jov? Gritou a professora – Aqui professorai sou o Jov disse. E o Jav onde anda? Já tinha dado tempo para o Jav subir em um pé de jaca e dar boas risadas.
                O tempo foi passando, Jov e Jav aprontando. – Moço me dá um sorvete de baunilha e chocolate. O sorveteiro conversando com uma moça preparou um e deu ao Jav e o Jov que estava atrás dele tomou a frente enquanto o Jav correu e se escondeu. O sorveteiro parou de conversar e disse – um real – O que? Você não me deu nenhum sorvete. Dá-me um sorvete de chocolate só. O sorveteiro não entendeu. Não dava tempo para ele tomar o sorvete e no chão não tinha sinal que tinha caído. Eles fizeram sete anos. Os pais não sabiam mais o que fazer para acabar com suas diabruras. Na escola já tinham sido expulsos de duas. Agora estavam em uma particular. Mais exigente. Quem é você? Sou o Jav. O inspetor de disciplina tenta marcar o Jav olhando fixo. E você? Sou o Jov. Nada. Difícil de marcar. Mandou chamar a mãe. Se deixar eu carimbo a cada um. Mando fazer um carimbo do Jov e outro do Jav. A mãe deixou. Jav e Jov fizeram um carimbo igual. Carimbavam-se como Jav e Jov. O Inspetor ficou louco!
                 O Colégio tinha um psicólogo. Ele pediu para ver um de cada vez. Falou com Jov. Depois mandou sair e entrar o jav. Os dois juntos se misturaram. O Jov entrou de novo. Você então é o Jav? Perguntou? Sim. Respondeu o Jov. Não adiantava. Os dois não tinham jeito. Mas aprenderam a lidar com os dois. Se for assim que queriam que assim fosse. O diretor disse – Vou chamar voces de Jovejav. Não importa quem seja. Na mesma sala. Sentados juntos e devem andar juntos. E riu com gosto. Eles não gostaram. Não dava para aprontar.
                 Um dia sua mãe viu um lobinho passando em frente sua casa. Porque não colocar os filhos no Escoteiro? Pensou. E assim o fizeram. O Chefe não entendeu nada. Achou os dois iguais e vestindo a mesma roupa. Não seria fácil diferenciá-los. A Akelá Francisca quando os viu riu para si e disse – Sejam bem vindos. Eles riram. Um manancial para aprontar pensaram. Jov ficou na matilha Amarela, Jav na verde. Todo sábado um ia para a matilha do outro. Foi fácil fazer outros distintivos de matilha. Conheceram todos das duas matilhas. Ritinha desconfiou. Ela tinha um sexto sentido. Chefe, quem está aqui é o Jav e não o Jov! E agora? Você é o Jav? Sou o Jov. Danou-se. Chamou o Diretor Técnico. Acho que estão brincando com a gente. O Diretor Técnico gritou! Já para a sede. Os dois foram. Mas fazer o que?
                 Eles ficaram nos escoteiros por muitos anos. Não conseguiram mais enganar a todos. Ritinha ficou responsável. Ela sabia quem era o Jav e quem era o Jov. O escotismo mudou muito Jav e Jov.  Havia uma lei, uma promessa. Jav e Jov fizeram no mesmo dia. Uma dúvida. Prometer? Assim vai acabar nossa diversão. Não teve jeito. Quando Jav viu o Jov prometer, não podia ficar atrás. Cresceram. Ambos se formaram em medicina. Todos os dois escolheram cardiologia. Porque não sei. Em um hospital público enquanto Jav ia ao cinema Jov dava plantão. Depois Jov voltava e Jav ia. O pior aconteceu. Jov conheceu uma bela moça. Apaixonou. Jav queria ficar ao lado dela. Brigaram. Ficaram cinco anos sem conversar. Jov casou. Jav solteiro. Jov um dia acidentou-se. Enquanto recuperava Jav ficava com a esposa a conversar. Ela sabia que ele era o Jav. Gostava dele. Gostava dos dois. De Jov e Jav.
                 Jav apaixonou por Mercedes, esposa do Jov. Resolveu ir para longe. Manaus. Jov chorou com a partida de Jav. Foi melhor assim. Viveram por muitos anos afastados um do outro. Jav envelheceu mais que o Jov.  Ambos morreram no mesmo dia. Foram enterrados juntos. O epitáfio dizia: - Aqui jaz Jov e aqui ao seu lado Jav. Bem ninguém sabia se era isto mesmo. E assim termina a historia de Jav e Jov. Dois gêmeos escoteiros da pesada. 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O meu amado e astuto lenço verde e amarelo



O meu amado e astuto lenço verde e amarelo

             Todos do movimento Escoteiro têm um. Sempre o recebem quando da promessa e o usam por toda a vida. Cada grupo cada escoteiro tem orgulho do seu lenço, alguns fazem bordados lindos e outros escolhem cores bombásticas. Quando você encontra vários irmãos em grandes atividades um belo colorido se faz presente onde cada um diz – Sou do grupo tal. E o dizem com orgulho. E ele, sempre ele é o responsável pela identificação. Eu também tenho o meu. Desde criança quando o recebi fazendo a promessa de lobo. Coitado, hoje está "Velho", desbotado e quando olha para mim finge que vai chorar de tristeza. É um pândego este meu lenço. Já o conheço de longa data.
              Claro que ele fala comigo. Risos. Não acreditam? O Escoteiro não tem uma só palavra? Mas é verdade! A mais pura verdade. Conversei muito com um chapéu bem velhinho de três bicos, fui amigo de um bastão da Patrulha Pantera, conversava muito com o meu Lampião Vermelho encantado. Mas o meu lenço verde e amarelo é quem me dava mais trabalho. Sempre choroso. Sempre reclamando. – Calma, me dobre devagar, assim ficarei velho e não posso representar o grupo! – Ei, saia da chuva! Assim eu vou desbotar mais rápido! – Cuidado com espinhos na árvore, eles podem me rasgar! E por aí ele seguia com suas lamúrias.
             Quando passei para Escoteiro é que ele sofreu mais. No meu pescoço chorava lágrimas e lágrimas de crocodilo. Um dia quando estava perdido no Espinhaço da Canastra, ele não parava de dizer – Me tire do pescoço. Não faça de mim um bode expiatório da sua “lerdeza” em não prestar atenção ao caminho! Claro, nos safamos fácil. Um bom SOS com um sinal de fumaça e logo o Chefe chegou. Cheguei em casa e o chamei (o lenço). – Olhe, ou você muda ou vai para o fundo do baú! Já estou cheio de suas choradeiras. Vou comprar outro no grupo e você vai ficar sozinho pelo resto da sua vida. Olhou-me com aqueles olhos suplicantes e pela primeira vez me pediu desculpas.
              Mas no fundo eu gostava dele muito. Afinal foi minha mãe quem fez e olhe com duas bandas para ficar mais cheio, mais gordo e dar um ar especial quando o colocava no uniforme. As marcas de guerra ficaram gravadas nele para sempre. Muitas vezes teve que ser cerzido. Enfrentou comigo borrascas, vendavais leves, chuvas intermitentes, sol de rachar, travessias em rios, florestas e ele sempre soube que não teria boa vida. Ficou no meu pescoço por muitos anos. Até quando tive de mudar de cidade e no grupo que entrei era outro lenço. Então uma briga. O Vermelho e Branco que passei a usar era um gozador irreverente. Sempre pegando no pé do meu Verde e Amarelo que ficou protegido por um plástico colocado em uma parede do meu quarto.
            Hoje lá estão os cinco que um dia tive a honra de usar. Todos na parece do meu quarto e agora do escritório. O Verde e Amarelo ficou amigo do Vermelho e Branco, do Vermelho e Preto, do Azul e grená e do Branco e cinza. Grupos por onde passei e que me deixaram saudades. Quando lá estou só com eles, um gostoso bate papo entre mim e eles se desenrolam como se fosse uma conversa ao pé do fogo, onde relembramos com saudades dos tempos aventureiros em que passamos juntos. Cada um sempre tinha uma história que julgava mais importante que os demais. Mas eu gostava de ouvi-los. Era divertido. O Verde e Amarelo pela sua idade falava grosso, querendo ser o pai de todos. Mas no fundo eram grandes amigos. Devem conversar o dia todo mesmo quando não estou presente.
             Saudades dos Grupos Escoteiros que passei. Bons amigos eu lá deixei. Ainda bem que os lenços hoje estão comigo para me fazer reviver as histórias e as epopeias que lá aconteceram. Valeu. Mas não sei por que, tenho uma preferencia pelo meu Verde e Amarelo. Ele sabe disto. Sorri para mim como a dizer – Eu sou o melhor! – Metido ele não? Mas para dizer a verdade eu amo todos. Fazem parte de mim, fazem parte da minha vida Escoteira.
              E você? Trata bem o seu lenço? Joga-o em qualquer lugar quando chega de atividades escoteiras? Não o deixa já pronto em um cabide para ele se manter no formato? Claro que sim. Escoteiro que é escoteiro cuida sempre do seu lenço, do seu chapéu ou boné, do seu bastão e do seu uniforme. Afinal faz parte da sua educação escoteira e ela nunca será esquecida!      

domingo, 1 de julho de 2012

O custo para ser escotista vale à pena?



O  custo para ser escotista vale à pena?
Para o chefe ou a chefe escoteira meditar...

         Não é um tema interessante? Não sei. Pode ser que não. Mas eu lhe pergunto quanto você gasta para ser Chefe Escoteiro? Ou uma Chefe Escoteira? Muito pouco? Razoável? Além do que pode gastar? Os amigos devem estar estranhando porque entrei nesse tema. Por quê? Olhem, tenho tentado defender por todos os meios o que os dirigentes de Regiões, distritos ou a própria UEB fazem. Contam-me cada uma. Não vou repetir aqui todas aqui, mas as principais se referem à tecnocracia de alguns dirigentes, ou mesmo a “arrogância de outros” “ou o profissionalismo de muitos” pensando que os gastos são absorvidos com facilidade pelos chefes escoteiros. Acho que os únicos voluntários que gastam do seu próprio bolso para ajudar e colaborar estão no escotismo. E como gastam.
         Verdade. Para alguns pode não ser muito. Para outros, que no fim do mês olham as contas de água, luz, telefone, gás, internet, prestação A, B e C, colégio ou material didático dos filhos ficam deveras assustados. E o salário? Sumindo! E agora vem aquele curso, aquele Jamboree, e o acampamento, aquela atividade linda programada pelo Distrito. Como fazer? - Grupos Escoteiros devem estar estruturados para isso. São eles que arcam com essas despesas, dizem. Verdade mesmo? Vocês acreditam nisso? Eu não. Pode ser que uma porcentagem pequena o faça, mas a grande maioria não.
         Se a esposa, ou a família não participa, sempre existe aquele ressentimento. Você devia pagar isso, comprar aquilo e não ficar gastando com o escotismo. Mas o menino não tinha condições! Tinha de ajudá-lo. E o curso? Precisava fazer. E assim vai. - Família! Eu acho que eu vou ao Jamboree. São apenas uns oitocentos reais. Se calcularem bem não é caro. Ele esqueceu-se das despesas de transporte, alimentação ida e volta e tantas outras. E o curso? A diária é mínima. Já me disseram que é menor do que uma diária de um hotel cinco estrelas! Afinal preciso “tirar” minha Insígnia da Madeira. Será que ele não está enganando a si próprio? Sabe que irá gastar logo no inicio do ano, onde tantas contas para pagar estão sobre a mesa e mesmo assim acha que dá para fazer o tal curso ou ir naquela atividade escoteira?
           Depois ele chega lá, e vê tantos figurões, gente linda, bem uniformizada, (?) de lenço da Insígnia, e diz para si próprio – Agora sim, vou aprender tudo! Desculpem a brincadeira. Sem ofensas aos bravos membros formadores da UEB. Bravos sim. Sei do trabalho insano que fazem para ajudar o Escotismo Brasileiro. Eu fui um deles no passado. Sofri como eles. E claro, gastei do meu bolso como eles! Recompensa? Ver o sorriso, o abraço de alunos e dizer para sí próprio: - “Foi um lindo curso”. Dou risadas é na avaliação final. Poucos discordam. Claro, ainda não receberam o certificado de aprovação. Vá discordar para ver. Risos. 
          Sem criticas. Sou “danado” para criticar. Risos. Não estou lá agora. Nem sei como é. Mas sei como era. Lutava para baratear a taxa. Brigava mesmo por isso. O regional fora de série. Pensava como eu. Tinha um executivo. Ele andava. Visitava supermercados. De uniforme, ganhava muita coisa do cardápio. Eu mesmo convidava pais ou outros chefes para ajudar na cozinha. O pau de toda obra era a Patrulha de Serviço. Jovens de grupos que nos ajudavam. Grandes jovens. Devíamos muito a eles na época. A região não nadava em dinheiro (agora sei que também não), mas as taxas sempre ela cobria uma parte. No final todos podiam pagar sem prejudicar suas finanças pessoais. Fazíamos um escotismo sem pretensão de sobrar valores da taxa para a região. (e com uma prestação de contas perfeita).
          Estão rindo? Outra época? Deve ser. Hoje os profissionais substituíram os amadores do passado. Acho que eu era um amador. Podem dizer assim, eu gostava mesmo de ser um amador. De conseguir auxilio em todos os lugares para ajudar aos jovens a participar de atividades regionais, ou mesmo distritais. Foram diversas. Uma taxa “pequenina, pequeninita”, infinitamente pequena. Com orgulho lá estavam patrulhas de toda a região ou do distrito. Muitos que abandonam o escotismo sempre reclamam do alto custo. Todos já disseram e eu repito, quando Baden Powell fundou o escotismo, era para os jovens humildes e pobres. Hoje ele caminha para a elite.
           Perguntem aos chefes escoteiros do Brasil. Perguntem aos que se foram. Principalmente a muitos Insígnias da Madeira que não mais estão na ativa.  Não perguntem a mim. São eles que comentam sempre. Das dificuldades de um Escotista hoje ser um participante ativo em todas as atividades nacionais, regionais e distritais. (sem considerar a de grupo). Claro que muitos vão dizer – Eu amo o escotismo, trabalho por ele e acredito que posso ajudar. Portanto não reclamo em gastar! Certo. Cada um faz o que gosta e eu aceito.
         Ei! Será que não dá para diminuir um pouco estas taxas? Não? Vocês as acham pequenas? Um aqui do meu estado disse que são menores que diárias de hotéis. Risos. Hotéis? Só para quem não conhece como é. Mas bateria palma sim para quando me convencerem que tudo agora é de graça. Risos. Beleza!  Parodiando minha Avó, “quem pode, pode, quem não pode se sacode”! Enquanto isto encha os bolsos se quiser ser um voluntário e colaborar para a formação de nossa juventude Escoteira.

Eu não sou pobre, apenas um rico em dificuldade...