Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 15 de setembro de 2012

O grande amor da escoteira Nadya Romanov.



Lendas escoteiras.
O grande amor da escoteira Nadya Romanov.

            Nadya Romanov era Escoteira. Tinha quatorze anos e faria quinze no final do mês. Nadya Romanov era linda. Alta para sua idade, corpo bem feito, cabelos encaracolados de um castanho avermelhado. Sua pele alva e sua face rosada, olhos verdes como se fossem duas turmalinas, completavam a beleza que irradiava para todos seus amigos ou não. Nadya Romanov amava o escotismo. Com paixão. Só falava nele em todos os lugares aonde ia. Nadya Romanov era excelente aluna. Sempre a primeira da classe. Sua Chefe Marlúcia Javiere tinha uma afinidade grande com ela. Quem sabe pelo seu esforço pessoal, pois era de família humilde e seu pai e sua mãe faleceram quando nasceu. Foi criada pela Avó Dona Cataryna Romanov, cuja pensão do marido era mínima.
           
           Nadya Romanov foi à primeira Escoteira a conseguir o Lis de Ouro em sua tropa. Fora lobinha Cruzeiro do Sul e há um ano eleita monitora da Patrulha Touro. Suas patrulheiras tinham grande simpatia por Nadya Romanov. Todos diziam que um dia ela seria uma das melhores chefes que o Grupo Já teve. Nos acampamentos e excursões estava sempre se movimentando ou ajudando onde sentia que podia completar a tarefa. Mas este mundo não é feito só de alegrias. Dizem que nada é para sempre. As coisas acontecem com qualquer um e Nadya Romanov não escapou das teias do destino que devia fazer parte da sua vida.

          Nadya Romanov estava apaixonada. Nunca pensou que pudesse acontecer. Um amor louco, uma paixão enorme por alguém mais velho que ela. Andrey Kobilya vinte anos. Aconteceu ao acaso. Andrey Cobilya vinha a toda pela rua em seu conversível amarelo ouro quando Nadya Romanov atravessou a rua. O sinal aberto para ela. Quase foi atropelada. Ele desceu do carro e queria levá-la ao hospital. Andrey Cobilya era um cavalheiro. Impressionava todas as mulheres pelo seu porte, seu rosto de Tom Cruise e seu sorriso encantador. A levou até sua casa, Nadya Romanov estava muda. Não conseguia falar. Seu coração não parava de bater. Seu corpo tremia Esqueceu-se de convidá-lo para entrar, mas ele a levou até a sala. Sua Avó ficou fã de Andrey Cobilya. Nadya Romanov esqueceu do escotismo.

          Saíram diversas vezes. O primeiro beijo aconteceu em uma noite de luar, próximo a praia da Areia dos Sonhos. Foi um beijo delicioso. Mexeu com tudo em seu corpo. Seus olhos fecharam e abriram novamente nas nuvens brancas do espaço sideral. Como se fosse uma carruagem puxada por dois cavalos brancos com crinas esvoaçantes ela e seu amor cumprimentaram a lua, um cometa que passou e as estrelas cintilantes no céu. No entanto, Andrey Cobilya era filho de um Capo da “Cosa Nostra”, para dizer a verdade ele era o “Capo di tutti capi”, ou seja, o Chefe dos chefes dentro da Máfia. O Senhor Nicolau Cobilya era conhecido. Dono de estradas de ferro, fábricas e diziam a boca pequena que era o maior chefão que a Máfia conhecera. Andrey Cobilya a levou a visitar seu pai. Ele beijou suas mãos. Elogiou. Falava rouco. Mexia com as mãos. Atrás dele sempre dois brutamontes que deviam ser seus capangas. Nadya Romanov teve medo. Já não frequentava mais os escoteiros. Seu coração pendeu para o outro lado.
 
           Seus irmãos escoteiros sentiram sua falta. A Chefe Marlúcia Javiere chorou muito ao saber da decisão de Nadya Romanov. Uma tarde um tiroteio em uma boate pôs fim à vida de Andrey Kobilya. Nadya Romanov tinha o coração partido. Mesmo sabendo que as dificuldades são enfrentadas pelo Escoteiro era difícil aguentar. Não sabia o que fazer. Só vivia em seu quarto. Chorando, pedindo a Deus que a levasse para junto do seu amor. O pior aconteceu. Nadya Romanov aos quinze anos estava grávida. Não sentiu pavor nem medo. Andrey Kobilya deixou para ela uma parte de sí. Iria amar seu filho para sempre. O Senhor Nicolau Cobilya queria levá-la para sua casa. Afinal era seu neto. O primeiro. Nadya Romanov não aceitou. Sua Avó apoiava em tudo. Voltou para o escotismo. Uma alegria geral de todos. Contou a cada um sua vida. Apoio total. Ivan Romanov Kobilya nasceu em 19 de novembro. Dia da Bandeira. Ivan Romanov Kobilya não perdia uma reunião da tropa Sênior/guia. Era amado por todos.

               Ela acostumou com os dois homens que dia e noite a protegiam e ao seu filho. Sabia que de uma forma ou outra estava ligada a Máfia. Não tinha jeito. Mas gostava sim de seu sogro. O Senhor Nicolau Cobilya era todo amor com o neto. Dava tudo que ele pedia. Foi com ela e ele percorrer o mundo. Ficaram muito tempo na Cicília, principalmente em Palermo. Ela conheceu muitos “padrinhos” que faziam parte de sua família.  Dizem que muitos anos depois, muitos anos mesmo Ivan Romanov Kobilya se tornou capo com a morte do Avô. Não sei bem o final da história. Sei que até hoje Nadya Romanov é Chefe Escoteira. Insígnia de Madeira. Seu filho cresceu como lobinho, foi Escoteiro Sênior e Pioneiro. Aqui a história termina. A máfia dominou o grupo? Não sei. Acho que não. Nadya Romanov já é Diretora Técnica e ama o escotismo mais que tudo. Sem imposições e sem donos. O distrito e a região tinham o maior respeito com ela. Pudera! Risos. Seu filho agora era o Capo dos “Capos”. Melhor calar e ir acampar. Com esta turma é melhor distância. Mochila as costas, bornal no pescoço, bandeiras ao vento e lá vamos nós! Xau capo dos capos! Risos.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Nas terras bravias do Lago Dourado.



Nas terras bravias do Lago Dourado.

          Foi uma noite calma. As estrelas não cintilavam no céu como no dia anterior. Algumas nuvens brancas as cobriam como se fossem um manto protetor. A lua se fora há tempos. Achei que ia chover. Não choveu. Meus olhos estavam fechados. Dormitava pela madrugada fria. Um pequeno tronco me serviu como travesseiro. Coisas de um "Velho" mateiro acostumado. Um pequeno fogo ao lado agora só brasas com pequenas fagulhas que se inibiam ao subir aos céus me davam um pouquinho de calor. Pela aba do meu chapéu de três bicos eu podia ver a escuridão da noite. Gostava dela. À noite. Era minha amiga de muitas e muitas jornadas.

       Não ansiava pela madrugada. Que ela chegasse de mansinho. Não era um arbusto e quem sabe seria um pequeno arvoredo que encontrei perdido naquele vale dos sonhos era onde dormia. Serviu-me de manto para a noite gostosa daquele inverno que não fora tão rigoroso como os anteriores. Minha mochila ao lado era minha companheira de anos e anos de caminhada. Sempre fora. Dentro dela com carinho estavam minhas “bugigangas” de mais uma jornada. Meu bornal pendurado no galho guardava minha “matutagem” caso tivesse fome. Abri um olho de mansinho. Avistei uma cigarra azul que cantava baixinho seus cantos noturnos. Gosto das cigarras. Fazem-se de pródigas e só aparecem uma vez ao ano. E como são lindas. Amo-as! Muito!

         Senti uma brisa leve no rosto. Soprava gostosamente. Gostosa mesmo. Afagante. A brisa. Sempre perdida por aí. Nas montanhas, nos vales nos rios caudalosos ou no pequeno riacho de aguas turvas. Uma amiga. Não se esquece da gente. Os anos passam e lá está ela.  A madrugada não iria demorar. Grilos falantes pareciam fantasminhas na escuridão noturna. Melhor tentar dormir. Fora um dia e tanto. Uma grande jornada de um "Velho" Escoteiro sonhador. Um vagalume pousou no meu ombro. Sorri para ele. Enrosquei-me na Manta Negra que um dia a muitos e muitos anos meu Vô me deu com carinho. Não sentia frio. O corpo curtido pela idade já não era aquele de um passado que se foi.

         Um pequeno lusco fusco. Sinal que ela a madrugada ia chegar. Eu gostava das madrugadas. Eram lindas. Não importava se com sol ou com chuva. Adorava as madrugadas nos campos perdidos deste mundo de Deus. O cheiro da relva, das flores silvestres. O cheiro da terra. Ah! Maravilhoso! Tive madrugadas que marcaram. Com brumas a cobrir o campo verdejante, com brumas sobre os lagos azuis, cinzentos e vermelhos com o sol cobrindo-os. As brumas. Ah! Adoro-as. São lindas, querem cobrir meus olhos. Não querem que você veja ninguém só elas. Mas choram. Choram porque o sol irá chegar e elas terão que ir para longe, aonde ele o “Senhor Sol” ainda não chegou.

          Lá no horizonte um pequeno brilho. Pequeno mesmo. O sol. Ele estava chegando. Gostava de anunciar sua chegada. Era o rei. Não era um astro qualquer. Não aparecia assim do nada. Anunciava que se preparassem todos. Uma pequena claridade, um pequeno vermelho desbotado, raios brancos tingidos de amarelo ouro e eis que ele aparece. A montanha o reverencia. O dia nasceu. Eu estou acordado. Uma hora sagrada. Sempre gosto de ver o nascer do dia. É como se fosse uma criança chegando ao mundo. As brumas cinzentas me disseram adeus. O orvalho se escondeu. A última gota d’água caiu de uma folha adormecida. A brisa insistente continuava lá a me acariciar o rosto. Não se afastava. Uma amiga de épocas e épocas passadas.

          Hora de partir. Não disse adeus para todos eles que me acompanharam a noite e no lusco fusco da manhã. Não precisava. Eles sabiam que não era mais que um até logo, não era mais que um breve adeus. Eu voltaria. O "Velho" Escoteiro não para. Em sonhos ou pisante nos meus pés hoje cansados. Ajeitei meu lenço, arrumei meu meião. Calcei meu velho coturno de guerra. Mochila as costas, pendurei meu bornal no ombro. Minha forquilha de anos e anos e agradeci o arbusto que me serviu de lar e parti. Meu rumo? O mesmo de sempre. A busca da aventura. Sabia que em algum lugar iria encontrar o Lago Dourado. Diziam que não tinha peixes. Que uma bruma cinza o cobria por todo o tempo. Isto eu iria ver quando chegasse.

            O sol a pino. Gosto disto. Os primeiros pingos do suor caem e somem na estrada da vida que leva a rumos impossíveis. Meu chapéu de abas largas me protege. A forquilha me ajuda a andar e achar o caminho. Uma montanha verde, cheia de arvores lindas e floridas avisto ao longe. Deve estar perto a minha busca incessante. Quem sabe na virada da curva da Raposa que Chora eu encontro o Lago Dourado. Acordo. Era um sonho. Sempre sonho com este lago. Um dia irei encontrar. A cada dia em meus sonhos mais me aproximo. Levanto. Dou um sorriso. Um novo dia. Na janela o sol. Não há brumas. Até o lusco fusco da manhã se foi. A brisa está ali de leve de mansinho nunca deixou de me acariciar o rosto. Mais um dia iniciando. Ele vai passar como tantos que passaram. E quando a noite chegar vou dormir, vou sonhar e quem sabe um dia eu vou encontrar o Lago Dourado. Não vou desistir dos meus sonhos. Eles fazem parte de mim. A cada dia eu digo, não desista "Velho" Escoteiro. Digo sempre – “Eu voltarei”. Quem sabe um dia eu poderei dizer que encontrei o meu querido Lago Dourado? 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

SAPS? Humm!



Uma pequena crônica pela manhã

SAPS? Humm!

     Alguns amigos estão em dúvida quanto a um comentário meu feito aqui no passado quando comentei o porquê não gosto da sigla SAPS. Por quê? Me perguntam sempre. Passei longo tempo meditando e vendo minha resposta anterior. Fui duas vezes ao meu retiro espiritual na varanda de minha casa e ali meditei por longo tempo. Não satisfeito pedi meu filho para me levar até o Pico do Jaraguá, e sem entrar na área do publico, fui por trás onde à mata avança até a estrada. É outro retiro especial. Se pudesse iria parar no Campo Escola do Jaraguá, mas acho que não deixarão entrar lá. Voltando ao pico, quando vou ali me sinto “acampado”. Fiquei duas horas lá sentado meditando. Será que BP disse SAPS alguma vez?

Mesmo não lembrando de tudo que disse antes, forcei minha memória para dar uma explicação razoável aos “perguntantes”. Eureka! Lembrei! (Eureka, uma famosa exclamação atribuída a Arquimedes, significa efeito à realização e súbita e inesperada solução para um problema). Acho que foi por volta da década de 70 ou 80 sem lá, que um “iluminado” da direção nacional (tem tantos lá) criou a sigla SAPS. Devia estar escrevendo para algum órgão Escoteiro ou até quem sabe uma autoridade e querendo impressionar escreveu SAPS. Mas pode também ser que era um preguiçoso na escrita datilográfica e escrever Sempre Alerta para Servir achou melhor colocar a sigla. Ou então admirado com tantas siglas surgidas na UEB (Uai! aí está uma delas) porque não fazer mais uma?

E então, a façanha atingiu a todos. Era gostoso dizer SAPS. De norte a sul só se escrevia SAPS. Era SAPS aqui, SAPS ali uma profusão de SAPS que fiquei “sapeado” com tudo isto. A preguiça tomou conta. Em vez de escrever agora também se pronunciava SAPS. Ainda não vi mas deve ter muitos chefes chegando à sede e gritando: - SAPS turma! E lá se foi o Sempre Alerta!, O Servir do Pioneiro. Ainda bem que manteve-se o Melhor Possível do lobo. Tenho medo que amanhã apareça outro “iluminado” (tem tantos por aí!) e resolver acrescentar MPSAPS! Aí danou-se!

Mas Cacilda!, Isto é tudo que tenho a dizer? Risos. Esqueçam. Sou um "Velho" Escoteiro “gagá” que lembra com carinho o Sempre Alerta, o Melhor Possível, o Servir, feito de maneira elegante, em posição de sentido, cascos juntos, um sorriso nos lábios e uma voz cantante ao dizer aos meus amigos que encontrava. Gosto de receber uma correspondência, um e-mail e até um comprimento sem esta efêmera e famigerada palavra (para mim é claro). Outro dia uma lobinha me mandou um e-mail. No final disse SAPS! Deus do céu! Esqueceu até do Melhor Possível. Onde vamos parar?

E ao diabo com SAPS. (apelando Chefe?) e para voces meu abraço e meu querido S E M P R E A L E R T A! (e não se preocupem, deleitem-se com o tal de SAPS, sei que nunca deixarão de usá-lo e escrever)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Chefe Pata Tenra, Os escoteiros chorões, o tatú-bola e a cascavel.



Lambanças. Quem não as tem?
O Chefe Pata Tenra, Os escoteiros chorões, o tatú-bola e a cascavel.

                 Lambanças fazem parte da vida. Ninguém passa pela vida sem passar por elas. Acontecem com qualquer um. Tive muitas lambanças na vida. Gosto de lembrar-me delas. São divertidas. Fazem-me bem. Cada passo cada jornada seja escoteiramente ou então na lida diária lá estão elas. Prontas para nos tirar do sério. Já contei aqui várias. Mais duas para ficarem na lembrança como verdade ou mentira. Acreditem se quiserem. Estas são duas simples. Nada espantoso. Risos. Não importa. Vamos lá:

- Primeira - 1979 - Acampamento de três tropas, grupos diferentes. Não era distrital. Chefes amigos acampando. Cinco dias. Local excelente. Seis chefes. Todas as tropas com quatro patrulhas completas, ou melhor, algumas com sete. Chegamos cedo. Dez horas. Combinado lanche para o almoço para dar tempo de montagem do campo. Dizem que é tipo Giwell, não sei. Me parece tipo Net. Não gosto. Acho que a Net debocha. Para não atrapalhar, não fizemos a inspeção da tarde. Cinco e meia já no lusco fusco chamada dos intendentes. Viveres para o jantar. Todos vieram. Simples. Um arroz, linguiça frita, batatas cozidas com chuchu. Seis e meia ouvimos as primeiras patrulhas dando o grito. Jantar pronto. Monitores nos procurando no campo de chefia nos convidando e dizendo que o jantar estava pronto. Claro, agradecemos. Fizemos nosso próprio jantar.

Oito horas da noite. Faltavam ainda quatro patrulhas. Todas de um só grupo. Melhor ir lá ver. Em cada campo só barracas montadas e muito mal armadas. Fogão? Necas! Escoteiros? Todos chorando em um canto de fome e medo e pedindo mamãe. Eureka! Só jovenzinhos de dez/onze anos. – Montei a tropa agora, disse o Chefe deles. Resolvemos nivelar a idade, assim todos teriam as mesmas condições. Não preparou os Monitores? - Eles me garantiram que dariam conta. Humm! Se tivéssemos celular naquela época o acampamento estaria cheio de mães para buscar os filhos. Eu e outro Chefe de outra tropa chamamos nossos Monitores. Ajudem. Façam o que puderem. Passem o comando para o submonitor. Tempo livre. Fazer atividade noturna só com todos. Os pata tenras não iriam aguentar. Em nenhum momento os chefes interferiram.

Dez e meia, os chorões jantando. Vieram todos de todas as patrulhas, abraços, ajuda, ensinando pioneiras. Montando campo. Onze e meia. Todos dormindo. Dia seguinte, um belo de um acampamento. Uma amizade sem fim. Os Pata Tenras sorrindo. Adorando o acampamento. Ultimo dia, abraços, apertos de mão, choro, mas desta vez de saudades. O Chefe aprendeu. Virou IM. Anos depois foi dirigente da Região onde eu estava. Pois é. A vida nos ensina e dá muitas voltas. Quem o viu antes! Coisas da vida.

- Segunda – 1954 – Acampamento em Aguas Turvas. Dois dias. Só os Raposas. Chegamos sábado bem cedo. Nada de novo. Sabíamos o que fazer. Sete escoteiros. Três Primeira Classe e três segunda. Só eu de Pata Tenra. Duas horas da tarde. Tãozinho correndo – Vi um Tatu-Bola. Fumanchú vibrou. Daria um ótimo ensopado com batatas. Fumanchú era o máximo. O melhor cozinheiro que já vi. Lá fui eu o Romildo Monitor, o Israel Sub e o Tãozinho. Não era fácil pegar um tatu. Eles já pegaram antes. Buraco fundo. Enfiar a mão? Nunca como dizem pode ter uma cascavel. Vamos usar o truque da fumaça. Galhos secos na porta, fogo muitas folhas verdes molhadas. Uma fumaceira do inferno. É só fecha a porta do buraco. O tatu sai correndo. Dez minutos nada. Vinte. Chocalho de Cascavel. E agora? O tatu se enroscou. A cascavel não podia morder. Só vi o buraco sendo aberto pela cascavel.

Pernas para quem vos quer. Não estávamos preparados. Deixe para amanhã. Voltamos, matamos a cascavel e pegamos o tatu. O danado não escapa! Dormimos. Um bom Fogo de Conselho. Dei risadas, mas de vez em quando ouvia chocalho de cascavel. Os patrulheiros também ouviram. Melhor fazer um fogo alto em frente às duas barracas de duas lonas. Dormimos. Dia seguinte espreguiçando, saí da barraca. Putz Grila! Oito Cascavéis em volta. Dormiram ali esperando a gente acordar. Todos levantaram assustados. Romildo gritou! Por aqui. Corram o que puderem. Fomos para o lago. Ficamos lá até duas da tarde. Voltamos. Campo vazio. Desmontar acampamento. Vamos para a fazenda do Linhares.  Em fila partimos, chocalhos na mata atrás de nós. Saímos na Rio Bahia. Avistamos quatro delas na beira da estrada a nos espiar. Uma carona em um caminhão caçamba.

Nunca mais voltamos em Aguas Turvas. Não gosto de cascavéis até hoje. Sempre que vejo uma me dá arrepio. Uma mordida, quatro horas para morrer. Dependendo dela nem soro resolve. E naquela época soro? Melhor uma Surucucu. Não corre. Para e enfrenta. Se vai ela fica. Cascavel não. Corre atrás da gente. Enfim, quem já acampou já viu cobras. Sempre correndo da gente. Fazer barulho no mato e elas vat. Vup! Mas não confiem nunca em cascavéis! 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A volta dos que não foram.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
A volta dos que não foram.

                      - Bom tarde! Sempre Alerta! – Ele me olhou como se eu não fosse ninguém e disse – Bom tarde. – Olhe eu já fui Escoteiro, passei e vi voces. Resolvi visitar. – De novo aquele olhar obscuro como se eu fosse um intruso ou de outro planeta. – Tudo bem, fique a vontade disse. Eram duas patrulhas, uma com cinco e outra com três. Quatro mocinhas e três rapazes. – São Seniores? – Ele me olhou como se eu fosse um cego ou uma “besta” e disse – São sim. – Tropa pequena eim? De novo aquele olhar gélido. – Seniorismo é só para macho! Poucos topam! – Não entendi! As meninas são machos também? Ele me fulminou com um olhar. – Não entendeu? Muitos não ficam. Preferem outros programas. Prefiro assim, ficar com os que gostam. – É, compreendo. Mas vejo você falando muito com todos. Não conversa com Monitores? – Olha, estou ocupado. Falamos outra hora ok? Posso fazer a ultima pergunta? Só vi a resposta fulminante em seus olhos. – Bem é que vi o distintivo do Jamboree em você. Todos foram? – Não, fui eu o Diretor Técnico, uma guia e um membro da diretoria. Representamos o grupo. – Mas porque os outros não foram? - Não tinham condição de pagar! Pensei comigo – Um por todos e todos por um! Bah!
                   
                        Vi que ele não falaria mais. Procurei a Akelá. Uns doze lobinhos e lobinhas. – Olá! Melhor Possível! Um sorriso amarelo como resposta. – Já fui lobinho. – Ah! Já foi? Hoje mudou muito – Notei que nenhum tem mais os distintivos de estrelas no boné. – O que é isto? Nunca ouvi falar. – Melhor mudar de assunto. – São suas assistentes? – O mesmo olhar do Chefe Sênior. – Sim. Ajudam-me. – Mas não as vejo fazer nada! – Farão quando eu mandar. – É seu programa? – sim, respondeu. – Não vejo o nome delas! – Não precisa, quando preciso as chamo. – Poucos lobinhos, só uns quatro com um ano e um com dois anos de atividade, por quê? – Eles acham que aqui é jardim de infância, chegam ficam dois ou três meses e vão embora. Melhor assim. Aqui tem que ter sangue! – Sangue? Não entendi! Tem alguém sem sangue nas veias? – Ela gritou com uma – Magda, corra até o almoxarifado e veja se tem papel e lápis, vamos fazer um jogo da “Velha”! – Mas você não tinha outro jogo aí no seu programa? Perguntei – Me deu as costas e se foi.
                   
                        Em fila vi que os escoteiros estavam chegando à sede. Rostos nada apreciáveis. Alguns com lenços tortos e outros com camisas soltas. Um Monitor arrastando no chão seu bastão totem da Águia Dourada. Não sei o porquê dourada, tudo bem.  – Bom dia! Sempre Alerta! – O Chefe me olhou, novo ainda não mais que vinte e seis anos. Idade ideal para chefia Escoteira. – Boa tarde ele respondeu. Sorri, esqueci que era de tarde! - Três patrulhas? – Sim, por quê? Notei que duas das meninas são monitoras e só uma um menino é. – Claro, elas são mais dedicadas. – Ah é? Não sabia! – O Chefe Sênior o chamou. Falaram por alguns minutos. Ele voltou – Olhe vou dar um jogo e não tenho tempo. Desculpe. Chamou todo mundo e gritando explicou como era o jogo. Os Monitores ali e na tropa Sênior serviam para ficar na frente com o bastão. Risos.
                       
                         Vi dois chefes se aproximando. – Olá, sou o Diretor Técnico. Você quer alguma coisa? – Não senhor, só visitando. Lembrando os velhos tempos! – Olhe, hoje estamos muito ocupados. Eu mesmo vou receber a visita do Assistente distrital. – Ah é! Posso ficar? Gostaria de conhecê-lo. - Posso perguntar? – Sim, ele disse. – Voces não tem lista de espera? – Me olhou com aquela cara de que comeu e não gostou – Não precisa. Os que aparecem é porque querem ser homens de verdade! – Não entendi! E as moças? – Ficou fulo. Olhe somos um grupo antigo, temos orgulho do que somos. – O outro me olhou e disse – Eu sou um assessor de muitos chefes. Não sou pata tenra! Tenho muitos cursos e oito anos de escotismo – Prazer! Bom saber disto! – O outro Insígnia (esqueci-me de dizer) me disse – Eu sei como fazer. Entendo de escotismo tá entendendo? Não nasci ontem! Sou Chefe aqui desde que o grupo iniciou! – Sim senhor, sim senhor meu coronel! Ficou puto! Me matou com seu olhar! Tal pai tal filho. Agora entendia a postura dos chefes no Grupo Escoteiro.

                        Chegou o Assistente distrital. Novo, uns vinte e cinco anos. Insígnia. Carreirista. Conheço o tipo. Que pose meu Deus! Abraços apertados. Olhou-me – Prazer Doutor Comissário! Falei juntando as botas em sinal de respeito.  Acho que não gostou. Não sou Doutor. Quem é você? Apresentei-me. – Um simples Escoteiro do passado. – Olhe, disse. Os tempos mudaram. Estamos mudando tudo. Para melhor – Notei disse, só de olhar já entendi. Você um comissário está de bermuda branca, camiseta rolê, lenço da insígnia, um tênis branco e gostei do seu chapéu eurasiano! – Foi à conta. – Você não me conhece. Estou sendo preparado para ser um formador. Já fiz diversos cursos! Mais um ou dois anos serei DCIM! Mais respeito! Você não sabe com quem está falando! Putz! O homem ficou bravo! Falar o que?

                       Ri por dentro. Se desse risadas poderia levar uns sopapos. Melhor ir embora. Se continuasse ali iria virar farinha de mandioca! Ainda bem que na semana anterior tinha visitado outro Grupo Escoteiro. Gente boa, sorridente, todos amigos, fui muito bem recebido. Abraços, endereços, Monitores em ação, Alcatéia lotada e uma enorme lista de espera. Disseram-me que o distrital e o Assistente quase nunca vão lá. Entendi. Ainda restam esperanças. Este escotismo é maravilhoso. Tem altos e baixos, mas não desiste. Disseram-me que é sangue Escoteiro. Sangue? Deve ser tipo O positivo. Rarará! E como dizem por aí, não se preocupe, os bons ventos voltaram. Confirme. A Terra do Nunca existe? Não sei, dizem que nunca é uma palavra que não existe. Melhor ir ao meio do oceano, quem sabe é só “poeira em alto mar?”.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

De Volta para o Futuro – parte I



As crônicas de um Chefe Escoteiro.
De Volta para o Futuro – parte I
(Bach to the Future)

         Uma volta ao passado, diferente do que fez Robert Zemeckis na sua trilogia De Volta para o Futuro. Quisera eu ser tão inteligente como o Dr. Emmett L. ‘Doc’, o Doutor amigo de Marty McFly que em três deliciosos episódios voltam no tempo precisamente em 1955, no DeLorean, um automóvel que se transforma em uma máquina do tempo. Quem me dera ter este carro para viajar no tempo. Assim sou obrigado a conviver com minhas memórias, cujos chips estão em fase de desgaste natural pela idade. Neste retorno no tempo, procuro fazer analogias do passado com o presente. Difícil, comparativamente é quase impossível, mas vamos lá.

        Um grupo simples. Nada de coisas maravilhosas. Mal e mal cinco cadeiras uma mesa, uma pequena escrivaria, daquelas antigas, cujo tampo se fecha ao terminar a jornada. Uma salinha onde cabiam todos os nossos sacos com quatro alças de intendência, quatro carrocinhas, inclusive também usadas pelos seniores, e uma saleta pequena para os lobinhos. Um pátio de uns seiscentos metros quadrados e se chovesse corríamos para a rua onde havia uma serraria e lá nos escondíamos. Nosso Chefe de Grupo, um Sargento da Polícia Militar gente boníssima ia ao grupo quinzenalmente. Nosso Chefe Jessé, um bom camarada. Não participava de todas as reuniões. Fora Escoteiro e Sênior, mas casou e conseguiu se empregar na Cia. Vale do Rio Doce. Um serviço que o levava em viagens sem fins.

         Nas reuniões chamava o Romildo, o mais velho dos monitores, o qual todos chamavam de guia da Tropa. Entregava a ele uns rabiscos para as reuniões futuras. Ele chamava os monitores, conversavam e as reuniões saiam. Em quase todas sempre uma ou outra Patrulha ia acampar. Nossa vida Escoteira era mais ao ar livre que dentro da sede. Atividades externas? Procurávamos o Chefe Jessé no seu trabalho ou em casa e avisávamos aonde íamos horário de saída e retorno. Mais nada. Nosso treinamento era feito por nós mesmos. Sem ser presunçoso, sabíamos de olhos fechados técnicas que hoje poucos sabem. Nosso Chefe do Grupo entrava em contatos com mais três grupos em cidades próximas. Sempre nos levava a acampar com eles. O trem e a bicicleta eram nossos meio de transporte. As carrocinhas serviam para acampamentos mais próximos a nossa cidade. Era lindo ver as quatro patrulhas uniformizadas, vários segunda e primeira classes, mostrando que a maioria tinha três, quatro ou cinco anos de atividade.

          Hoje? Dificilmente. Tudo mudou. Nada poderia ser como antes. As grandes cidades não oferecem condições mínimas de segurança. Mas olhem pegando carona no DeLorean, eu vou a 1961, 1975 e 1980 e 1990. Vários grupos. O último que participei muito do que fiz eu fiz com eles também. Nossa evasão não ultrapassava cinco por cento. Começamos com dois e quando saí tinha 180 membros do grupo. Na época um Grupo dos que mais tinham Liz de Ouro e Escoteiro da Pátria no estado. Concordo inteiramente que haja novos critérios, novas normas, pois agora precisa-se disciplinar toda a organização. Mas voltemos a 1961. Ainda uma época das antigas. Um grupo, em uma igreja. Começamos com oito. Quando saímos de lá tinha cento e quarenta membros. Tínhamos duas tropas como filiais. Risos. Em uma cidade bem próxima.

          Volto de novo em meu DeLorean a 1955. A técnica se sobrepunha a teoria. Nada de grandes relatórios sobre isto ou aquilo. Tudo muito simples. Se um dia puderem ver como eram as etapas para se conseguir as estrelas, ou as classes de segunda e primeira poderão ter uma ideia melhor. Não eram tão simples assim. Você olhava um Escoteiro, seu uniforme, sua postura, sua disciplina e principalmente sua ética e honestidade junto aos amigos da patrulha para se orgulhar. Nada que difere hoje. Muitos também são assim. Já dizia nosso Mestre BP que se conhece o Escoteiro pelo seu uniforme. Será? Hoje dizem que não. Dizem que o uniforme não faz o Escoteiro. Bem, cada um entenda como quiser.

          São épocas. Cada um que viveu a sua tem boas lembranças. Mas aqueles do passado se orgulham muito do tempo que ficavam no escotismo. As patrulhas eram completas, todos uniformizados, poucos novatos. Se tinha interessados, melhor abrir uma segunda tropa. Mas chega de lembranças. Me lembra o Dr. Emmett L. ‘Doc’ que o DeLorean precisa voltar ao presente. Saudades sim, mas tristezas não. Vamos embarcar neste carro mágico. Não quero ir para o futuro distante. Tenho medo. Não sei o que vou encontrar lá. Hoje encontro bom escotismo ainda. Bons chefes dedicados. Pena que não temos mais aquele gostinho da aventura do passado. Mas o passado se foi não? Bom mesmo foi o Marty McFly. Foi no passado, no futuro, em outra dimensão do presente e se deu bem. Bach to the Future, vamos lá de volta para o futuro parte II proximamente.

domingo, 9 de setembro de 2012

As exéquias do Bagre Limoeiro.



Saudades não tem idade.
As exéquias do Bagre Limoeiro.

        Sempre gostei de acampar sozinho. Estar lá em plena floresta ou um vale qualquer, sem barulho, sem conversas e claro sem desmerecer as inúmeras companhias de milhares de amigos em acampamentos por anos e anos, para mim sempre foi motivo de doce deleite. Quem já teve o privilegio de acampar sozinho deve saber como é. Ter a companhia dos pássaros, aprender com eles seu gorjear, ver suas moradas e sem barulho quando estão em bandos, seguir a pista de um quati, de um Tatu Canastra, fazer amizade com um Lobo Guará, e deitar próximo a uma cascata de um pequeno riacho para ouvir o som inigualável das águas borbulhantes, é simplesmente inesquecível. E a noite? Um espetáculo a parte. O som da floresta, dos noturnos habitantes com seu cantar alegre, quem sabe uma coruja de olhos grandes a olhar você como a dizer - O que vem fazer aqui no meu lar? E as estrelas. Ah! As estrelas. Ficar horas e horas vendo o movimento delas, ser surpreendido com um cometa azul que passa riscando os céus ou mesmo com o delicioso cair do orvalho, a molhar seu rosto de uma forma carinhosa e simpática.  

      Desde Sênior que fazia isto. Hoje não mais. Minhas pernas resolveram aposentar e minhas forças costumam me dar um adeus sem horas para voltar. Mas fiz muitos. Sempre a cada três ou quatro meses lá ia eu para os meus “cantos” de laser. Acho que o último deve ter sido há uns quatro anos atrás. Eu tinha ou acho que ainda tenho quatro locais lindos. Os meus preferidos. Achava melhor que ir desbravar locais inóspitos a não ser em boa companhia de bons acampadores. A Represa do Gavião era ideal. Uma bela mata, um bom gramado, muitos pés de bambus e peixes e o melhor de difícil acesso. E como tinha peixes meu Deus! Bastava levar um quilo de sal, uma meia lata de óleo, açúcar, café, um ou dois Bombril, um facão, uma faca (a minha que tenho desde os doze anos), uma machadinha, uma manta uma muda de roupa e mais nada. Se fizesse frio nada que um Fogo Espelho não resolvesse. E se chovesse deixe a chuva cair que faz bem e o cheiro da terra molhada é de deixar qualquer um inebriado. Aonde ia a comida era farta. Goiabas, jabuticabas, mamões verdes ou maduros, maxixes, maracujás, pés de taioba, de mandioca, batata doce e peixe. Uma quantidade imensa. Precisava de mais?

       Precisava voltar a Represa do Gavião. Na ultima vez que lá estive, pesquei um enorme bagre cinzento. Grande mesmo. Demorou para tirar do anzol. Foi então que ele olhou para mim e como a dizer o que ninguém entenderia, me pediu com aqueles olhos chorosos a devolvê-lo as águas da represa. Só faltou dizer que tinha mulher e filhos. Não sei, mas ele teve seu intento aceito de bom grado. Já tinha pego uma traíra que nada me pediu a não ser tentar dar uma mordida em minhas mãos. Ao colocar o bagre na água, ele sumiu no remanso escuro da noite. No dia seguinte à tarde fui pescar uns lambaris para a janta. Seria sopa de maxixe, mandioca e batata doce com pedaços suculentos de lambaris fritos. E não é que o danado do Bagre estava lá, a nadar e pular como a dizer: Obrigado, muito obrigado. Agora você é meu amigo. Estava com seis limões que tinha achado um pouco acima da represa próximo a cascata do Arco Iris e o apelidei de Bagre Limoeiro.

         No dia seguinte fui lá para cumprimentar o meu amigo Limoeiro. Ou melhor, o Bagre. Estava na beirada da represa, preso entre ramos e morto. Incrível! Ontem estava bem e hoje assim? O peguei e ele piscou os olhos pela última vez. Pensei que iria sentir falta dele quando ali voltasse. Resolvi enterrá-lo na beira da represa. Deixar para que outros peixes o comessem não seria certo. Um pequeno buraco, folhas diversas e o coloquei lá dizendo adeus. Fiquei triste e preocupado. Será que fui o culpado? Ele não tinha ficado tanto tempo fora da água. Mas fazer o que? À tardinha voltei ao meu local favorito de pesca e não é que lá estavam um enorme bagre e mais seis bagrinhos? Esposa e filhos do Bagre Limoeiro? Não sei, mas brincavam sem medo de mim na superfície da água.

         Eu sinto falta de muitas coisas que fiz no passado. Muitas mesmo. Falta dos bons acampamentos, dos bons desfiles, de minha corneta favorita, do meu bastão de guia, dos grandiosos Fogo de Conselho em varias partes do Brasil e algumas no exterior. Falta dos amigos que se foram, das caminhadas, das incríveis jornadas ciclísticas, dos deliciosos momentos de deleite quando ribombavam trovões e raios em um acampamento. Eram meus momentos favoritos. Adoro a chuva. Mas saudades mesmo eu sinto dos meus acampamentos a Escoteira (aquele que anda só). Dizem que saudades não tem idade e não são apenas lembranças. É como se estivéssemos lá fazendo tudo de novo. E eu com minhas saudades na minha cadeira favorita na varanda do meu lar, vendo o entardecer de um sol que já se foi só tenho a agradecer a Deus pelos momentos felizes que passei no Movimento Escoteiro. Belos momentos a sós junto à natureza. Acho que valeu e se valeu eim?