Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 6 de outubro de 2012

O Monitor.



Conversa ao pé do fogo.
O Monitor.

           Interessante. Em minha vida Escoteira fui Monitor por apenas seis meses. Como Sênior nem sub fui. Isto não impediu que tivesse um grande amor pela Patrulha. Uma convivência diferente talvez pela proximidade, cidade pequena, onde nós patrulheiros estávamos sempre juntos nos horários fora das reuniões. Lembro que nos seniores quando um ia ver a namorada os outros iam atrás. Elas não gostavam é claro. Eu mesmo quando me enamorei de uma, ia lá com mais doze seniores. Ela assustou é claro. Mas era uma época. Mesmo assim aprendi muito sobre o Monitor. Baden Powell dizia que o mais "Velho" e mais forte mesmo não tendo boa liderança deveria ser o Monitor. Como foi uma época que ainda não tinha os seniores, os rapazes de quinze, dezesseis e dezessete anos atuavam na monitoria. Hoje não. Existe toda uma preparação para eles. Muitos se preocupam em demasia com sua liderança isto é muito bom. Ouve tempos que se discutiu muito sobre o tema. O líder já nasce líder ou podemos formar um líder?

           Se o escotismo alem de suas necessidades e pensando no método Escoteiro que ele também é uma escola de formação de liderança é claro que temos que confiar a monitoria a um Escoteiro mesmo que este não seja líder nato. Isto, no entanto é responsabilidade do Chefe. Vejo dois lados da questão. O primeiro aquele que o Chefe escolhe seu Monitor. O segundo o que foi escolhido pela Patrulha. Qual o melhor? Tem correntes fortes para um e correntes fortes para o outro. Eu fico com o segundo. Acho que a eleição é a melhor maneira para nomear um Monitor. Poderia ficar horas e horas comentando sobre o Monitor, mas hoje dei uma lida rápida do livro de Roland E. Philllipps, o Sistema de Patrulhas. Antiguíssimo. Mas super valioso. Pode ser adaptado sem sombra de duvida aos dias atuais. (Tenho outro em PDF e quem quiser é só pedir via meu e-mail).

            Já escrevi vários artigos sobre os Monitores sendo o último com o titulo A Patrulha de Monitores. (vejam nos meus blogs). Posso garantir que nenhum Chefe Escoteiro(a) conseguirá desenvolver o Sistema de Patrulhas sem bons Monitores. Nos cursos atuais acredito que é um tema muito falado, mas da teoria a prática a um longo caminho. Vejamos algumas observações sobre como deveria ser um bom Monitor:

Guia - um exemplo a seguir;
Companheiro - um amigo que dá ajuda e conselhos, compreensivo;
Comunicativo - diz as suas ideias;
Leal - de confiança, preocupa-se muito com o que faz;
Democrático - respeita todas as opiniões da mesma maneira;
Humilde - não mostra a toda à gente as capacidades que tem e dá valor às dos outros;
Trabalhador - aplica-se nas suas tarefas;
Responsável - faz sempre as suas tarefas; 
Assíduo e pontual - chega na hora e não falta;
Participativo - ajuda em tudo o que é preciso, está sempre pronto.
Não esquecer ainda a velha máxima de um Chefe Escoteiro que disse: “O Monitor não manda, o Monitor orienta!”. BP também disse que o Monitor não empurra a Patrulha. Providencia para que ela vá ao seu lado.

            E para encerrar, porque não lembrar também que o Monitor não é e nem deve ser:
- O sabichão, saber tudo ou ter a mania que sabe;
- O mandão, mandar em todos ou ser mandado;
- O mauzão, zangar-se quando as coisas estão mal; 
- O patrão, delegar tarefas e não fazer nada; 
- A carne para canhão, assumir sozinho as responsabilidades de uma situação de patrulha; 

            Para os que estão tendo a felicidade de acertar meus parabéns. Bons Monitores sempre são sinais de tropas excelentes. Parodiando o livro Monitores, transcrevo o que lá está escrito - Já ouvi um Chefe Escoteiro dizer que “Designei meus Monitores tal como B-P. desejava, mas eles não são capazes de dirigir suas Patrulhas em coisa nenhuma. Na prática eu é que tenho de assumir a chefia”.
A resposta para esse queixa é a seguinte:
A principal função do Chefe Escoteiro no Movimento é fazer com que seus Monitores sejam capazes de dirigir as suas Patrulhas.

            Leiam muito. Conversem muito. Ouçam muito. Verão que em pouco tempo suas patrulhas estarão sem sombra de dúvida no Caminho para o Sucesso.

CARTA AOS MEUS AMIGOS DO ESCOTISMO.



CARTA AOS MEUS AMIGOS DO ESCOTISMO.

Caros amigos e amigas escotistas.

Sempre Alerta!

                  No mês anterior mandei uma carta para o céu, endereçado ao Senhor Baden Powell, amigo de todos nós. Claro uma carta imaginária e hipotética. Quem sabe muitos puderam ler nas entrelinhas o que lá estava escrito. Escrevi como sempre o faço criando situações análogas, típicas dos meus contos, pois assim me sinto melhor quando escrevo. Para ser sincero tenho aversão dos politicamente corretos com seus palavreados cheios de pretensão de saber, de superioridade enfim, daqueles que hoje se acham acima do bem e do mal e claro sem desmerecer a qualquer um destes. Eles são honestos consigo próprio e acreditam no que fazem.

                Em outras publicações tentei ao meu modo mostrar meu ponto de vista do escotismo atual. Recebi comentários por todos os lados, alguns concordando, outros aceitando parte e discordando de outras. Tem aqueles que não concordam com nada. Alguns até acharam que tenho mágoas passadas e tento aqui expor situações que para eles são ridículas e despretensiosas. É possível. Meu passado Escoteiro junto aos jovens foram os momentos mais felizes de minha vida, mas junto aos dirigentes nem tanto mar nem tanto terra. Mágoas? Não. Decepção talvez. Assim como muitos aqui eu também me julguei dono da verdade um dia. De maneira diferente, pois andava por todo um estado buscando conhecimentos, ouvindo e fazendo amigos. Foram dezenas de cidades. Tentei ao meu modo modificar o que pensava de errado. Não sei se consegui. Acho que valeu por aumentar o meu aprendizado Escoteiro.

                Mas afinal o que eu desejo e o que pretendo? O mesmo que todos há muitas e muitas décadas. Um escotismo forte, para que os jovens que passaram pelas suas fileiras tenham tido o melhor do método idealizado por BP. Assim quando crescerem irão acreditar que o escotismo pode sem sombra de dúvida modificar e dar a todos os jovens uma parte do seu método tão espetacular. Se o escotismo fosse participante da vida do país, enraizado na sociedade e esta retribuindo e acreditando que quanto mais oferecer aos jovens o programa Escoteiro mais teríamos o fortalecimento das raízes escoteiras, seria muito bom. Mas afinal não é isto que está sendo feito? Sim dizem muitos, não outros dizem. O caminho não foi frutífero.

                Eu penso e posso estar enganado que existem oligarquias nas direções escoteiras, uma espécie de capitanias hereditárias às avessas. Quem está dentro não sai e quem está fora não tem condições de entrar nunca. Mas isto não é bom? Claro que não. Quando acontecem eleições para as diretorias e escolhas de cargos entre outros, estes passam de amigos para amigos e dificilmente aqueles que não pertencem a esta oligarquia terão condição de serem eleitos ou participar. Claro existem exceções. Será isto correto? Um Escotista me garantiu que sim. Explicou em palavras simples que é o melhor para o escotismo, pois muitas organizações assim o fazem e dá certo. Alguns me disseram que tínhamos vinte e poucos mil a quarenta anos atrás e hoje temos setenta mil. Acho que se esqueceram de ver a densidade populacional naquela época e hoje. Também a facilidade dos meios de comunicação, locomoção, pois se assim o fizessem veriam que não ouve aumento e sim decréscimo. Outro tentou a seu modo ver uma oligarquia no passado de alguns estados e com uma grande união deles (os contra na época acho eu) esta acabou. Será? Ou quem sabe ela mudou de direção e se encastelou em outro lugar?

             Não sou contra, nada disto. Se estivéssemos dando passadas largas para o nosso crescimento falar o que? Eu pergunto a cada um de voces se algum dia receberam a visita de um dirigente preocupado com nosso crescimento e solicitando que o grupo fizesse um grande debate a respeito. Ou mesmo que sugerissem aos órgãos superiores um programa que pudesse dar aos jovens a motivação para continuarem na senda Escoteira. Alguns justificam nosso pequeno crescimento em dizer que nem todos nasceram para o escotismo. Será? Se for verdade não seria melhor termos um exame psicotécnico para saber quem serve e quem não serve? Acredito que um bom número dos escotistas atuais tem menos de dez anos de atividade. Portanto a não ser por estudos ou informações de terceiros não podem lembrar como era o programa no passado. Vamos esquecer esta confusão que fazem com Escotismo Tradicional. Alguns se escoram a favor e contra nestas palavras que nada trazem de útil para nosso crescimento.

              No passado era comum ver patrulhas e matilhas completas por anos a fio. Não teria sido melhor que tivessem sido mantidos as tradições das etapas modificando o que fosse necessário? Não foi feito assim. Uns poucos decidiram o que devia ser bom e mudaram tudo da água para o vinho. Implantaram sem nenhuma consulta as bases. Hoje vejo por todo o país muitos reclamando, mas é claro que vários outros aplaudem o novo programa. Agora estão tentando fazer uma frente parlamentar. Uma excelente ideia. Mas vamos conseguir? Será que um dia poderemos ter um Mr. Smith, que no Filme A Mulher faz o homem, (Mr. Smith goes to Washington) mostra um chefe Escoteiro, puro nos seus pensamentos e atos, Escoteiro de coração e alma, cuja vida em um Grupo Escoteiro por anos e anos sem perceber é guindado a senador dos Estados Unidos e agora precisa enfrentar as raposas que lá estão? O filme é uma epopeia, vale a pena ser visto. Mas dificilmente encontraremos políticos assim. Mas vale a pena tentar. Não vou contradizer.

           Eu acredito mais nos jovens que receberam um bom escotismo, nos princípios éticos, onde se acredita na honra e na palavra dada. Estes sim no futuro seriam o esteio do movimento Escoteiro nos meios empresariais, políticos e claro englobariam toda a sociedade. Isto foi feito em diversas nações. Já pensou se o nosso Ministro da Educação e secretários conhecessem profundamente o escotismo? Saber seu valor na formação do jovem e reconhecer que ele pode contribuir para a formação de uma nação? E as autoridades estaduais e municipais? Isto é claro, só com um trabalho a longo prazo visando manter nas fileiras escoteiras por maior tempo possível os jovens de hoje. Agora não. Somos considerados um movimento excessivamente infantil, ineficaz e nos acham uma forma de servir com tarefas que nada trazem de proveito ao nosso reconhecimento. Para estes somos uma diversão à parte. Quando comentei que a responsabilidade para isto acontecer era de nossos dirigentes nacionais o mundo veio abaixo. Não são eles? Então quem são? Os chefes? Coitados. Sempre dizem que eles são culpados. Não dão o programa corretamente, não atingem o que o jovem deseja e por aí vão. Não acredito nisto. Esta plêiade que luta para fazer um escotismo bom e honesto campeia em todos os estados brasileiros. Deveriam sim dar a cada um uma medalha de gratidão pelos serviços prestados. Infelizmente muitos estão desistindo por não terem o respaldo que deveriam ter.

                Sempre perguntei e pergunto o porquê temas importantes como programas, uniformes, normas estatutárias entre outros não são motivo de uma consulta a nível nacional. Difícil? Não precisa? Por quê? Os chefes são incompetentes? Claro tem aqueles que dizem que temos o fórum próprio. Todos podem participar. Brincadeira. Só para quem não sabe como funciona. Um até me disse que todos podem opinar e dão exemplo das modificações do POR. Nem sabemos quais e quantas ideias serão aproveitadas. Por toda a vida foi dado aos dirigentes uma carta assinada em branco. Claro dirão alguns. Os estatutos, o Regimento Interno e outras normas são claros quando a isto. Mas vejam, estas normas foram criadas, escritas e decididas por eles, menos de 0,5% do nosso efetivo nacional.

              BP foi enfático em dizer que o importante são os resultados. E os resultados quais são? Meu amigo Escotista. Pode não ser o seu caso, mas você por acaso sabe que um bom número dos grupos no Brasil tem menos de cinquenta membros registrados e que a procura dos jovens para participar é mínima? Sabe que lista de espera praticamente não existe? Será que você sabe que a nossa evasão é uma das maiores do mundo? Que isto implica em muito a formação Escoteira, pois dificilmente um jovem ou uma jovem que ficou menos de um ano nas fileiras escoteiras poderão ter o conhecimentos que se espera para uma formação de Espírito Escoteiro. Poderia dizer que temos dezenas de países bem menores populacionalmente e com um PIB muito menor que o nosso e tem um efetivo superior ao brasileiro. Aqui mesmo na América do Sul. Tem explicação? Claro. Sempre tem.

          Muitos me dizem que ser voluntário hoje no escotismo não é fácil. Gastam do próprio bolso, pagam todas as despesas e chegam ao desplante de muitos pagarem as mensalidades nos grupos e a anual da UEB. Claro sei que poderei ser contestado, mas pagar para ser voluntario? Cursos? Temos vários. Muitos excelentes. Mas porque não estão atingindo o objetivo? Porque a saída de adultos ainda é grande? E os preços? Não sei e não posso afirmar, mas alguém comentou que as taxas de cursos hoje em dia fazem parte do caixa que cada órgão Escoteiro necessita. Acrescente a isto o numero de atividades regionais, os custos das peças, materiais, literatura dentre muitos itens que cada participante precisa. Dizem eu não sei que os preços não são acessíveis a todos. Disseram-me que as lojas escoteiras se transformaram em um negócio rentável e até de difícil acesso por parte de grupos longínquos. Usar cartões ou outra forma de pagamento só se for registrado no SIGUE. Venda fechada. 

        Não vou me alongar mais. Lembrem-se não desmereço a nenhum dirigente. A nenhum diretor. Sei do amor que eles tem pelo escotismo, pela sua formação e espírito Escoteiro. Tem muitos novos que estão lutando para mudar. Mas nem todos abdicaram do poder e da tomada de decisões entre eles. Ouvir o que outros tem a dizer sempre foi uma frase filosofal. Pouco usada na UEB. Nossa democracia é ténue. Poucos se arriscam a discordar. Eu sei de centenas que foram admoestados e hoje seguem a cartilha da obediência cega. Aqueles que podem sugerir ou discordar são considerados “persona non grata”. Eu mesmo se estivesse em um órgão Escoteiro e com registro em dia e agindo como estou agora claro que seria admoestado. Sem sombra de dúvida.
            
          Não vou insistir na velha tese que o jovem ainda sonha em ser um herói. Atividades aventureiras. Vida ao ar livre. Dar a ele um pouco de aventura e oportunidade de crescer por si mesmo. Mas sempre quando digo isto alguns contestam que o novo programa permite e se não o fazem é porque não entenderam bem como ele é. Ou seja, em outras palavras acham que um bom número dos chefes são incompetentes. Não sei. Sei que muitos reclamam e o pior, o número de jovens saindo do movimento continua no mesmo rumo, na mesma jornada sem futuro. Poderia dizer que esta luta em colocar o escotismo como uma formação moderna é querer substituir a escola que faz isto todos os dias, no próprio lar e junto aos amigos do dia a dia. Dar a ele algum diferente seria o caminho. Existe um sonho que não é só meu, sei de muitos que pensam assim. Uma grande união nacional para fazer com que todos sem exceções tenham direito a voz e voto. Nunca canso de lembrar-me que o seu direito termina onde começa o meu. Ah! Democracia. Que falta ela faz!

Recebam meu abraço, e meu Sempre Alerta.

Do Amigo
Osvaldo Ferraz

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Histórias de escoteiros. Noêmia, a feia.



Histórias de escoteiros.
Noêmia, a feia.

             Noêmia era feia. Muito feia. Sua mãe reclamou com Deus porque lhe dera uma filha tão feia. Afinal ela apesar dos seus trinta anos ainda era bonita e quando mais jovem considerada a mais linda da cidade. Mas Noêmia não. Olhar para ela era desagradável. Seu nariz amassado, sua boca com um corte desproporcional e seus olhos estrábicos davam asco para alguns e pena para outros. Nascera assim. A principio Nair sua mãe se revoltou, mas depois sentiu um amor por ela tão grande que achava ela a menina mais linda que conhecera. Entretanto quando fizera dois anos uma surpresa. Sua inteligência. Leu seu primeiro livro com dois anos. Aos três frequentava a biblioteca da cidade onde lia dez livros por mês. Se ficasse mais tempo lá leria outros tantos. Fazia contas como se fosse uma matemática cientista.

              Na escola não pode continuar. Ensinava para as professoras com cinco anos. Ninguém a queria na classe. Nair mal assinava o nome. Era diarista e nos fins de semana passava roupa para a vizinhança. Era assim que sobreviviam. Não entendia nada de crianças superdotadas e muito menos a quem procurar para ajudar. Aos seis Noêmia não tinha mais nada para ler. Achou no fundo do baú da biblioteca dois livros, um de Rudyard Kipling outro de um general chamado Baden Powell. Encantou-se com os lobinhos e com os escoteiros. Procurou tudo que falava nos escoteiros. Tudo gravado na mente. Tornou-se uma expert em escotismo.

              Um Dia viu passando umas meninas de uniforme. Foi atrás delas e descobriu onde era sua sede. Noêmia quase não andava na rua. Usava um boné em cima dos olhos tapando o rosto para evitar que a vissem. Sabia da expressão das pessoas quando olhava para ela. Ficou de longe observando as meninas. Viu logo que era uma tropa feminina. Sabia como era, pois escotismo para ela não era segredo. Todo o sábado lá ia Noêmia assistir as reuniões. Um sorriso torto brotava em seu rosto. Que vontade de participar! Mas como? Sabia que todos iriam olhar para ela apalermados e com medo. Se fossem acampar ninguém iria querer ficar com ela na barraca.

             Foi Marisa quem lhe dirigiu a palavra pela primeira vez. Marisa era monitora da Patrulha Onça pintada. – Olá! Porque não vem participar conosco? Precisamos de seis, pois estamos com cinco e as bases que serão aplicadas não dá para fazer com cinco! – Noêmia assustou. Levantou seu boné para que Marisa pudesse ver como ela era. Marisa nem aí. Pegou em sua mão e a levou até a Patrulha. Apresentou a todas. Noêmia não cabia de felicidade. Nas bases sabia tudo. Mais de trinta nós. A rosa dos ventos fazia com olhos fechados. Orientação era fichinha para ela. Leitura de mapas então! Toda a Patrulha ria a mais não poder. Um verdadeiro banho nas outras patrulhas.

             A Chefe Valquíria assustou com aquela menina feia. Feia mesmo. Mas como sabia de escotismo. - Onde aprendeu? -  Chefe, eu li nos livros da biblioteca. – Leu? – Sim Chefe. Foi então que a Chefe Valquíria viu que estava diante de uma superdotada. Após a reunião a levou em casa. Conversou com sua mãe. Disse que era diretora do Colégio Estadual. Podia conseguir uma escola própria para Noêmia. O que é o destino. Tudo mudou na vida de Noêmia. Uma recepção que nunca tinha pensado receber com os escoteiros.

             Noêmia aonde ia conquistava amigos. Os escoteiros do distrito tinham por ela um grande respeito. Um dia um escoteirinho chamado Noel lhe disse – Noêmia, você tem o coração mais lindo que já vi. Ele tem uma chama amarela que solta nuvens de amor. Noêmia chorou aquele dia. Incrível como o escotismo deu a Noêmia um novo sentido da vida. Ajudava a diretoria, ajudava aos chefes com sugestões de reuniões, com jogos, e olhe ninguém nunca reclamou. Noêmia cresceu. Já não era a menina feia que todos achavam. A cidade aprendeu a amar aquela jovem e hoje eu sei que ela se formou em direito e diz que vai ser juíza. Muito bem. Viva a Noêmia a feia que mostrou que o amor, o conhecimento e a vontade de ajudar é maior que tudo!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Lendas escoteiras Quando o Acampamento falou



Lendas escoteiras
Quando o Acampamento falou

                     O acampamento estava calado. Era humilde. Nunca se revoltou. Agora mais triste se sentia, pois só falavam em novos tempos. Sabia que Olhos Azuis Profundos não era Escoteira. Pensou em nada dizer. Mas ele sabia de sua importância. Pediu se podia falar. A Internet, a Televisão e o Celular riram bastante. O que uma barraquinha “mixuruca” tem a dizer? O acampamento era educado. Não gostava de jactar-se. Nunca fez isso. Sabia de sua importância para quem o conhecia.

                  - Eu meus amigos, poderia oferecer a ela o perfume das flores silvestres. Poderia mostrar a ela a mais bela e misteriosa flor da floresta, o desabrochar de Orquídea branca lá em cima da montanha no carvalho centenário. Ela iria ver os olhos brilhantes como os dela na Coruja Buraqueira da noite escura.  Poderia mostrar a ela a beleza do Balé dos Beija Flores na primavera. Ensinar a ela a seguir as estrelas brilhantes no firmamento. Quem sabe um passeio de sonhos na Via Láctea? Iria ensinar a ela a reconhecer as estrelas, que sabe a Alfa-Centauro? Já pensou ela ver a chuva caindo na mata? Leve, calma como se fosse uma linda sinfonia imperdível aos ouvidos de um mateiro. E a noite iria cantar com ela em volta do fogo junto a tantas amigas que lá estarão.

                  - E continuou – Ela iria sorrir com o nascer do sol, e maravilhar-se com o por do sol, iria jogar, passear, fazer jornadas, ter uma fome tal que comeria um elefante o que não faz agora. Iria tenho certeza maravilhar-se na piracema, a ver os peixes saltitantes na cascata da nevoa branca, tentando alcançar o inatingível.  Ela meus amigos iria sentir orgulho de sí mesma. Não seria mais dependente, pois ali iria aprender junto à natureza uma vida de aventuras. Ela iria colocar uma mochila e partir para um mundo de sonhos, onde nada estava previsto. A descoberta seria dela. Ela iria aprender a fazer fazendo e depois meus amigos quando retornasse, ela saberia que o escotismo e eu poderemos lhe oferecer muito mais.

                     - O Acampamento com tristeza disse para terminar – Nossa jovem meus amigos se continuar com um celular, a internet e uma TV em breve terá as pernas e os braços atrofiados. Ela não andará mais. Ela agora viaja com voces vendo outros fazerem e ela nada fazer. Sua mente irá desaparecer na loucura do tempo. Nunca irá ver Deus em plena natureza, na cascata do riacho, nas campinas verdejantes, na noite e no amanhecer de um novo dia. Eu fico triste por ela. Triste porque só ela pode dizer sim ou não e voces e eu somos meros coadjuvantes! E sabem? Fico triste por voces, pois se a luz faltar e a bateria acabar voces desaparecem como o vento na tempestade. Eu? Nunca vou desparecer, com chuva ou não, tendo eletricidade ou não. Eu sou a mão de Deus aqui na terra!

domingo, 30 de setembro de 2012

Finalidades de uma Organização.


Finalidades de uma Organização.
Um pequeno desabado de um velhote Escoteiro. Risos.

            De vez em quando sou atropelado por formadores de opinião ou mesmo escotistas quanto as minhas ideias que muitos julgam estapafúrdia, aboletas e desrespeitosas. Acredito que boa parte ainda não me conhece pessoalmente e fazem julgamentos apressados ao meu respeito. Já disse aqui que não tenho registro na UEB simplesmente para poder dar vazão as minhas razões e argumentos visando única e exclusivamente à expansão do escotismo brasileiro. Só assim ele terá o respeito que merece e terá o apoio por parte da nossa sociedade de uma maneira geral. Em tempo algum o escotismo aceitou uma forma de oposição mesmo que sadia e carregada de princípios éticos. Colocam nossa organização como intocável, sem defeitos, e até uns acham que ela é nosso pai e como tal somos uma família e que família contesta seus pais?

           Li uma vez uma definição sobre a palavra Organização. Trata-se do escritor Aldous Huxler, vejamos:

“Uma organização não é consciente nem viva”. Seu valor é instrumental e derivado. Não é boa em si; É boa apenas na medida em que promoveu o bem dos indivíduos que são partes do todo. Dar primazia às organizações sobre as pessoas é subordinar os fins aos meios.
Tudo estaria a salvo se toda a população fosse capaz de ler e se permitisse que toda espécie de opiniões fosse dirigida aos homens, pela palavra ou pela escrita, e se pelo voto, os homens pudessem eleger um legislativo que representasse às opiniões que tivessem adotado!

          Aldous não é o dono da verdade, mas suas palavras para mim trazem um fundo inspiracional. Se não houver contestações, divergências ou oposições sadias seria isto o que deseja Baden Powell quando organizou e criou o escotismo no mundo? Vejam abaixo um comentário seu sobre democracia:                                        

“A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar em linha reta”. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Eles não querem pensar, desejam apenas ir para frente, seguindo a ponta do nariz através da vida. E geralmente, estes, alguém os guia puxando-os pelo nariz!
- Saia da sua estreita rotina se quer alargar sua mente.

         Claro, em ambos os casos estamos sujeitos a interpretações. Isto é válido e democrático. Mas será válida uma organização que por anos a fio dirigiu, alterou, modificou e apesar de acertos não teve o escotismo um crescimento significativo como se espera dentro das premissas do crescimento populacional? Não podemos contestar? Discordar? Criamos uma forma de obediência que nos obriga a aceitar tudo que vem determinado pelos dirigentes e sem poder discordar? Não me venham dizer que somos obedientes e disciplinados e que juramos servir a União dos Escoteiros do Brasil. Se não houvesse disciplina seria o caos. Mas isto não nos tira o direito de mostrar mesmo que erroneamente o caminho que acreditamos poder atingir o sucesso esperado.

         Eu poderia dizer que se tudo que foi feito tivesse sido feito democraticamente, com a participação de pelo menos boa parte dos nossos membros adultos, poderia sem sombra de duvida concordar e dizer que o caminho percorrido valeu ou não valeu, pois houve consenso de todos. Mas não é isto que acontece. As normas, estatutos, RI e muitas outras decisões foram feitas e aprovadas por menos de 0,5% do nosso efetivo adulto Escoteiro. Nunca houve consenso nacional. Nunca todos os grupos escoteiros foram consultados e só uma pequena minoria participou. Os novos que estão chegando não sabem do passado, e quando são informados são dados incompletos cheios de interesses pessoais e que dá uma impressão errônea da verdade.

         Não sou de outra organização e nem serei. Nasci na UEB e vou morrer nela. Mas nunca deixarei de lutar pelas minhas ideias. Podem dizer que guardo mágoas do passado, mas quem me conhece pessoalmente sabe como sou. Nunca fugi da luta. Não aceito estes feudos que se formaram na Direção Nacional, nas regiões, distritos e até em muitos grupos escoteiros.  Se aqueles que se sentem satisfeitos com o estado atual, se eles vivem me dizendo que nossa meta é o jovem, se acham que devem dizer amem a tudo que vem de cima, nada posso fazer. Isto também é democrático. Mas precisamos mesmo de coragem. Não para desmerecer tudo, não para ficar só criticando, mas temos que pensar se podemos melhorar. Para isto enquanto não se fizer uma mudança geral em todas as normas estatutárias, enquanto não chegarem à conclusão que a participação e decisões devem ser motivadas por uma ampla pesquisa nacional, seremos este movimento que não tem respaldo na sociedade e nem ocupa o lugar que merece nos meios educacionais em nosso país.

             O escotismo não pertence a alguns privilegiados que se encastelaram no poder. Ele é de todos. O dia em que não pudermos mais discordar, sugerir e brigar pelas nossas ideias então acabou por completo o sonho da democracia. Aí se verá que a ditadura está implantada. Calam-se todos. As vozes não mais se levantarão. O desejo de muitos políticos que hoje querem calar a imprensa para mandarem e desmandarem será uma realidade Escoteira. Não podemos aceitar isto. A UEB tem homens de valor. Muitos. Merecem nossos aplausos pelo sacrifício, mas que respeitem uma oposição sadia. Esta história de Comissão de Ética para os revoltosos se acontecer como já aconteceu no passado não pode ser aceita. Que as opiniões de norte a sul sejam respeitadas. Claro dentro do principio legal, e da nossa Lei Escoteira!

PS. Quero deixar claro que não sou candidato a nada. Não consigo andar direito, tenho problemas pulmonares e não posso sair de casa por mais de duas horas. Risos. Portanto se não pudesse expor minhas ideias enquanto vivo não mereceria ser chamado de Osvaldo, um Escoteiro!