Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 24 de novembro de 2012

A árvore das folhas rosa.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
A árvore das folhas rosa.

                   Era uma visão incrível. Apareceu assim do nada. Se fez presente para sempre em nossas vidas. Dizem por aí que só os escoteiros têm o privilegio de ver e ouvir coisas, pois eles têm o dom de enxergar de outra maneira a natureza hoje perseguida de maneira implacável pelos homens. Acredito piamente que isto é real. Estava eu em uma pequena trilha, mais quatro amigos escoteiros, todos em fila indiana, tentando cortar caminho para chegar ao Tanque dos Afogados. Desculpem, não morreu ninguém lá e nem é um tanque. Uma represa pequena, dócil, rasa, de águas cristalinas que por duas vezes ali estivemos acampando. Sempre passamos pelo caminho do Marquês mais de doze quilômetros. Não lembro quem deu a ideia de cortar caminho em um vale entre duas montanhas. Nem sempre as boas ideias prevalecem. Passava da uma da tarde. Um sol a pico e queimando. Quase quatro horas de caminhada. O suor escorrendo pelo rosto, os olhos vermelhos e o chapelão de três bicos faziam às vezes de um protetor carinhoso, mas que pouco ajudava.

                  Um local descampado, sem árvores, quem sabe para pasto do gado que ao longe pastava calmamente. Pensei em parar, mas sempre um animando dizia: - Vamos chegar! Vamos chegar! É só encontrar o vale das Vertentes. E esse não chegava nunca. Uma fome brava. Nem um biscoitinho a solta. Já respirava com dificuldade quando avistei o paraíso. Uma árvore. Não uma árvore qualquer. Era enorme. Incrivelmente linda! Nunca tinha visto uma cerejeira igual. Florida, folhas e flores rosa destoando da natureza ao seu redor. Só ela, ali, imponente e ao seu lado um pequeno riacho de águas claras. Visão maravilhosa. Um oásis dos deuses do paraíso naquele campo seco. Incrivelmente maravilhosa. Molhei o rosto calmamente. A sombra da cerejeira nos dava uma sensação de calma silenciosa e gostosa. Uma brisa fresca soprava de este para oeste. Sentamos embaixo próximo ao tronco. Pés levantados. Dizem ser bom para a circulação. Dez minutos, quinze, vinte. Uma hora. Ninguém animava em partir. Estavam todos no mundo dos sonhos coloridos que só os escoteiros possuem.

                 A tarde chegou mansamente. O sol estava se despedindo e prometendo voltar amanhã. Vermelho atrás das montanhas verdejantes. Ainda de olhos fechados lembrei que tinha lido não sei onde – “A flor de cerejeira cai da árvore na primeira brisa mais forte, mas não dizemos que ela nunca viveu. Uma flor que só dura um dia, não é menos bonita por isso”. Não queria abrir os olhos. Não queria partir. Eu tinha encontrado o paraíso. Não disseram que o tempo é relativo? Que a flor da cerejeira, por exemplo, dura apenas uma semana e mesmo se durasse mil anos ainda seria efêmera? Flor tão bela como ela não merecia durar eternamente? E o que é eterno se não o que dura com tamanha intensidade? Dormi. Não queira acordar. Agora a cerejeira não dava mais sombra. Não precisava, a noite chegou escura, mas logo o clarão das estrelas no céu dava o seu espetáculo a parte.

                Reunião de Patrulha. Partir? Cinco a zero para ficar. Um foguinho. Uma sopa, um café na brasa. Cantando baixinho a Árvore da Montanha. O céu estrelado ainda dando seu espetáculo maravilhoso. Um cometa passou correndo deixando um rastro brilhante. Fiz um pedido. Que a cerejeira em flor durasse para sempre! Aos poucos alguns dormiam. A cerejeira das folhas rosa era nossa barraca. O tempo passou. Ao lado algum anjo velava o sono dos escoteiros. Abri os olhos mansamente, uma réstia de luz aportava lá por trás das montanhas distantes. Era a madrugada chegando. O novo dia chegava sem fazer alarde. O orvalho caia de mansinho. A brisa eterna amiga não nos deixou. Um acalanto para nos dar um novo vigor no dia que chegava sem fazer ruído. O riacho ao lado parecia cantar canções de ninar. Pequenos peixinhos nadavam como a nos dizer bom dia!  Mochila as costas. Olhares e sorrisos entre nós. Escoteiros avante! Pé na estrada, pois o sol agora já estava firme no horizonte. Nosso destino? O Tanque dos Afogados. E lá fomos nós, em marcha de estrada sorrindo, mas saibam que nunca mais, em tempo algum, nós nos esquecemos da árvore das folhas rosa. Cerejeira em flor. Um amor, uma lembrança que ficou marcada para sempre!

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
 (Deste já tão longo andar!) 

E talvez de meu repouso...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

As aventuras de Maria Alice, da Patrulha Morcego e o misterioso povo cigano do Rajastão.



Lendas Escoteiras.
As aventuras de Maria Alice, da Patrulha Morcego e o misterioso povo cigano do Rajastão.

                         Maria Alice era uma Escoteira sonhadora. Adorava ler e viver os personagens em sua mente infantil e criativa. Um dia ela leu um belo conto em um livro sobre como viviam os ciganos. Seus amores, suas viagens sem nenhum destino. E onde havia um céu eram suas moradas. Ela ficava imaginando como devia ser suas vidas, pois não tinham endereço fixo, documentos, contas em banco, carteira assinada e nem história. Ela sabia que poucas pessoas tinham respeito por eles. Muitos tinham preconceitos e ignorância, alguns medo e fascínio. Sabia que muitas injustiças tinham sido cometidas e que mesmo assim eles se sentiam felizes e alegres ao logo de suas intermináveis jornadas. Naquela quinta estavam em reunião de Patrulha na casa de Mirian a submonitora. Sempre faziam uma vez por semana.

                       Estavam a discutir o acampamento de verão. Seria de cinco dias. A Chefe Marilda pediu sugestões. Iriam todas as três patrulhas e próximo onde ficariam ia acampar também a tropa Escoteira. Eles também estavam em três patrulhas. Muitas atividades em conjunto estavam programadas, mas elas teriam liberdade para que fizessem as suas sem interferências. Onde estava Maria Alice? Nunca aconteceu isto. Ela não faltava nunca, pois era a escriba e não poderia faltar com seu livro de atas. Ligaram para sua casa e nada. Sua mãe não sabia onde estava. Tiveram que fazer a reunião sem sua presença. No sábado, dois dias depois a cidade em polvorosa. Onde estaria Maria Alice? Ninguém sabia. Procuraram em todo o lugar e nada. Todas as patrulhas, todos as matilhas, chefes e pais estavam a procurar e vasculhar em cada canto da cidade.

                       Alguém tinha dito para Maria Alice que viu no alto da Aldeia do Cão, um acampamento de ciganos. Não deu outra. Mesmo já escurecendo ela pegou sua bicicleta e sozinha foi até lá. Quando avistou se escondeu atrás de um tronco de uma seringueira. Ficou admirava com tudo. Duas grandes barracas coloridas, duas carroças grandes com toldo fechado e adultos e crianças andando para lá e para cá. Maria Alice se esqueceu da Reunião de Patrulha. Estava hipnotizada com o que via. Lembrava-se de tudo que leu sobre eles. Claro que muitos diziam que o que falavam deles eram suposições. Como não havia documentos nada se poderias provar. Os ciganos nunca deixaram nenhum registro que pudesse explicar suas origens. Quando morrem em suas jornadas pela terra, eliminam os pertences dos falecidos dificultando o trabalho de pesquisa ou lembrança. Maria Alice estava absorta e não viu alguém sorrateiramente chegando atrás dela. Sentiu o lenço e o cheiro forte. Desmaiou na hora.

                       A Patrulha Morcego não esmorecia nas buscas. Tavinha lembrou que tinha dito a Maria Alice do Acampamento dos Ciganos na Aldeia do Cão. Pegaram suas bicicletas e correram para lá. De longe avistaram o movimento. Era noite alta. Eles cantavam e dançavam em redor de uma fogueira. Incrível, Maria Alice estava com eles. Dançava também. Sorria, batia palmas. Meu Deus pensaram. O que fizeram com ela? Escondidas e se camuflando com barro e folhas (tinham este tipo de treinamento) foram pé ante pé e quando chegaram atrás de uma barraca fizeram sinal a Maria Alice. Ela tentou ir até elas, mas o Maryo filho do Chefe dos Ciganos viu e não deixou. Fora ele quem raptou Maria Alice. Ele tinha dezesseis anos e a achou muito bonita. Queria fazer dela sua esposa. Mas Maria Alice era esperta. Saiu correndo e junto com as amigas da patrulha alcançaram as bicicletas e conseguiram fugir.

                      Foram diretos chamar o delegado. Ele com mais dez soldados foram ao acampamento dos ciganos. Não tinha mais ninguém. Tinham fugido. O delegado Lourenço ficou pensativo. Eles não eram assim. Ele conhecia o lema do Povo Cigano. – “O céu é meu teto; A terra é minha pátria e a liberdade é minha religião”. Sempre os tratou com respeito. Mas devia ter sido um motivo forte. Conversou longamente com Maria Alice. Eles não fizeram nada com ela. Podia ter fugido, mas queria aprender. Ela queria saber como era o espírito viajante deles. Como as mulheres sabiam ler a sorte, e eles faziam lindos tachos de cobre. De onde tiravam isto?

                     A cidade voltou ao normal. Não ouviram falar mais nos ciganos. Maria Alice teve que contar a todos varias vezes como foi sua vida lá. Ela aprendeu uma lição. Nunca sair sozinha e sempre andar com mais pessoas. Dizem eu não sei só me contaram por aí que quando ela cresceu reconheceu o Maryo em uma festa numa cidade vizinha, se apaixonou e se casou com ele. Foi morar em um acampamento cigano e hoje correm estradas no sul da França. Espero que Maria Alice tenha sido muito feliz. Ela foi uma grande Escoteira e merece. Não sei se não organizou os ciganos em patrulha. Risos. Não sei. Se assim o fez, que ela seja feliz para sempre! 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tudo tem uma razão de ser.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Tudo tem uma razão de ser.

             Eu estou vivendo em um mundo que não é meu. Ei! Por favor! Não estou revoltado não. “Bissolutamente”. Estou até tentando me acostumar, mas é difícil. Dizem que quando se fica "Velho" é melhor ir jogar dama na praça, ou então ficar de papo com a “velharia” falando de doenças, de dores e do Corinthians (nem morto). Internet? Facebook? Google? Você está doido meu amigo. Saia de lá rápido. Aquilo enlouquece a qualquer um! Afinal você já vai fazer setenta e dois anos, vá viver a dinâmica da gostosa vida na praça e leve uns tostões para apostar. Lá sim que é gostoso. Truco! Já viu o grito? Seu corpo vibra! Vai se juntar a nós o quanto antes! Risos. Sempre me falam isto, mas eu sou Escoteiro. Ou melhor, hoje um aposentado que acha que ainda tem aquele espírito juvenil. Ainda acredito no sonho Escoteiro. Afinal todos não acreditam em seus sonhos? Sonhar não custa nada. Umas das poucas coisas gostosas que são gratuitas.

              Interessante. Já era para eu ter encostado as chuteiras há muito tempo. Nas andanças do mundo com minha mochila e minha bandeira eu já encostei, mas a danada da mente não quer aceitar. – Meu amigo, dizem-me, hoje o mundo é outro! Alguns chefes são modernos. Você é das antigas. Sapo de fora! E quanto aos jovens os aceite como eles são. Se ele fala gírias, se ele veste o que quer e se amarra em um lenço no pescoço, se anda com a camisa do lado de fora ou se está sem camisa, se seu boné está virado, se ele não dá bola para os adultos, se ele aqui enfrenta o mundo virtual como gosta então se toque. “vá plantar batatas’”! – Certo isto? Acho que sim. Volta a Giwell Park, terra boa, vou voltar lá e plantar batatas. Plantei muitas em minha vida. Batatas lindas, os pés altos, e as batatas doces? Uma doçura nos acampamentos. Outro dia um jovem me perguntou: Chefe Osvaldo, como faço para tirar o Chefe dele da tropa. Mandar ele para as “conchinchinas”. Ele era o Monitor e o Chefe não sabia fazer nada! Só dificultava. Moderno isto não? Falar o que para o jovem? O jeito foi enviar para ele um livreto sobre como deve proceder o Monitor, conforme escreveu Roland E. Phillipps em seu livro o Sistema de Patrulhas. Uns dias depois ele me agradeceu e disse que ia mudar! Se ele mudou eu não sei. Se fosse mais moderno diria a ele para pesquisar na internet e procurar o tema – “como enterrar um Chefe Escoteiro em um campo escola qualquer”. Risos.

              Sempre que escrevo um artigo sobre temas escoteiros vejo que tem muitos que se mantem apegado às mudanças, as novas metodologias, ao novo sistema de ensino e ao seu modo explicam que o que Baden Powell escreveu já ficou no passado. Dissecam suas palavras com maestria. Eles têm o dom da palavra que eu não tenho. Fico calado e nunca respondo. Fiz um artigo que publiquei em meu blog com o seguinte título “Quem sabe fazer a massa, sabe fazer o pão”. Deixo que cada um se manifeste com suas ideias, pois isto é democrático. Eles devem ter profundas experiências e conseguiram excelentes resultados. Eu só pergunto para mim se isto é verdadeiro e se é o melhor caminho. Tem frutos? Os resultados são bons? Alguns dizem que sim. Não é o que eu vejo. Já li que a evasão de jovens e adultos fica entre dez e vinte por cento, outros dizem que em cada cinco meninos que entram no primeiro ano saem três. Já teve até um Escotista DCIM dizendo que são mais. Dados se existem a UEB não diz. Com o registro anual ela devia saber melhor onde isto acontece quais os estados mais prejudicados e quais as providencias que está tomando para tentar sanar o problema.

             Nosso crescimento sofre o “efeito sanfona” de décadas em décadas. Francamente, se procurarmos nos meios educacionais educadores que conhecem e valorizam o escotismo pode se contar a dedo. Este talvez seja o nosso maior problema. Marketing. Uma profusão de mudanças do programa do uniforme, do método, e sempre achando que o culpado é um só. O Chefe. Será? Não concordo. Onde está a responsabilidade do Distrital? Do Diretor Regional? Da UEB? Explicações temos em profusões. Planos e planos. Resultados? Vamos ver. Vamos esperar mais uma década. Não sei se estarei lá para ver, mas lá onde estiver darei quantos aplausos forem necessários se tudo que fizeram em mudanças dar certo. Sou otimista. Continuo acreditando. Acreditei sempre afinal fazem mais de trinta anos que estão mudando!

            Que expliquem tudo que os jovens fazem e querem hoje. Que justifiquem tudo em nome dos novos tempos. Seus linguajares, estas atividades nacionais e regionais patrocinadas (em tese) pelos nossos dirigentes que visam lucro (sem ofensas). Peço desculpas aqueles que estão fazendo o contrário. Podem acreditar que não escrevo para eles. Sei que mostram aos jovens os verdadeiros ideais que Baden Powell nos deixou. Estes sim na minha humilde opinião ainda estão no caminho certo. Pena que sejam poucos. Patrulhas em ação, bons monitores, Corte de Honra, Conselhos em todos os níveis das tropas, do grupo, respeito, mil atividades ao ar livre, aprender a fazer fazendo (xô chefes! Risos) postura na apresentação, disciplina, garbo e boa ordem e finalmente democracia. Isto sim vai dar frutos. Se você está fazendo isto, parabéns mesmo. Este é o Caminho para o Sucesso!

              E para terminar, quantas patrulhas conheceram ou conhecem onde todos os jovens dela permaneceram juntos até a idade de Sênior ou guias?

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Um Chefe Escoteiro no Mundo maravilhoso dos remédios!


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Um Chefe Escoteiro no Mundo maravilhoso dos remédios!

                Você vai falar de remédios? Bah! Dirão alguns. Eu não. Adoro-os. Não sei viver sem eles. Calma, quem sabe você é novo e ainda não experimentou viver neste mundo maravilhoso dos remédios. Pergunte aos mais velhos. Eles irão dizer maravilhas. Um dia se é que já não chegou lá você vai chegar. Tudo começa pontualmente quando uma linda e deliciosa dor aparece em nosso corpo. Neste dia sensacional que nunca mais vai esquecer você vai visitar a um amigo dileto. O seu médico. Bem se você depende da linda ajuda do governo, tem de marcar uma consulta. Mas isto não preocupa. Esperar sempre fez parte dos brasileiros. Você conversa com parentes, amigos, vizinhos e todos eles tem um remédio para você. Três ou quatro meses depois o grande dia chega. Você espera calmamente sentado na sala de espera, ar condicionado, com poltronas reclináveis e jogando. O que? Sim, jogando, pois é costume deles fazer um jogo do Kim para você ver quem está lá, o que está nas paredes e você vai vendo, lendo, um soninho e pluf! Quatro ou cinco horas depois finalmente você é chamado.

                Este é um momento mágico e maravilhoso. Sublime. Inesquecível! Ele claro não vai olhar para você. Alguns convidam para sentar outros não. Ele mexe na mesa, olha no computador. Com muito custo pergunta – O que você tem? Que linda voz ele possui. Você pensa que gostaria de ter uma assim. Você fica magnetizado! Depois de intermináveis dois ou três minutos termina o seu espetacular colóquio com seu lindo médico. Se for médica melhor. Você fica a admirar sua feição severa, ar de quem trabalha muito e você pensa até em ajudá-lo. Afinal ele é médico. Um Doutor. Seu erro foi o de não ter chegado e dito para ele de joelhos – “Louvado seja nosso Senhor Doutor medico”! E então começa um momento mágico. Ele escreve lindamente! E com uma voz de Sansão lhe dá uma receita e diz, compre estes remédios e faça um exame de sangue. Claro ele não fala para voltar, mas você já sabe que é assim. Quando sai você fica maravilhado. Agora tem uma farmacinha ali. De graça? Sim! Sim! Você sorri. Nunca tem todos, mas pelo menos dos cinco da receita eles têm um!  Obrigado governo. Obrigado! Você ajoelha e agradece a Deus e a presidente Dilma. Ops, obrigado Também Doutor Geraldo Alckmin.

                  No dia marcado você vai fazer exame de sangue. Uma agulhinha doce e suave, você vê seu sangue saindo aos borbotões, que coisa linda pensa você. Enchem vinte ou trinta vidrinhos e mandam você voltar dez dias depois. Dão-lhe dois frasquinhos e dizem – Encha na frente e atrás! Gente, como diz esta turma por aí – Galerinha! Que beleza! Chegou minha vez! Ai você já sabe, entrou no maravilhoso mundo dos remédios. Agora você pertence ao clube dos que exaltam suas doenças. É maravilhoso isto. Eles riem e ficam horas falando o que sentem. Existem coisa melhor que entrar na roda dos felizes faladores de doença? Eu? Eu tenho dor nas costas, uso o remédio tal. E eu? Eu sou diabético. Tomo tais e tais remédios. Que lindo! Melhor que falar do Corinthians. Deus me livre. Enfim, os remédios chegam. Um, dois, três, cinco, oito ou quinze. Tem alguns que usam mais. Tome cinco pela manhã, quatro no almoço e o resto à noite. E lá está você adorando a nova vida da turma dos “remedianos”.

                  Aí você que é Chefe Escoteiro começa a aprender a viver com eles. Cada dia mais feliz. Lá está você chamando – Lobo, Lobo, Lobo! E a lobada forma em circulo, hora do Grande Uivo, você levanta os braços vê as horas e dá um pause. Hoje isto é fácil. Sempre tem um laptop a mão. Hora de dois ou cinco remédios. Corre toma e volta para o Grande Uivo. Lindo isto! Já pensou? Em um belo acampamento, um lindo jogo noturno – Os caras pintadas contra os Selvagens do lago Negro. Lá esta o jogo andando, todos vibrando, e você olha no relógio, hora dos remédios. Pause de novo. Sai correndo e toma oito de uma vez! Melhor, você está dirigindo o Cerimonial, chega o distrital – Chefe vim lhe entregar a Insígnia de Madeira! Você ri, pula de alegria, olha no relógio. Dá um pause sai correndo e toma seus remédios e volta. Quer vida melhor para um Chefe Escoteiro?

                Eu adoro. Todos os dias olho para minha farmacinha. Vejo as bulas. Eu amo as bulas. Meio difícil de ler e entender, mas é um amor o que elas dizem. Celia me diz – Marido! Amanhã pegue as vinte receitas e vá ao postinho buscar os remédios! Se não for só no mês que vem! Que beleza! Que alegria! De novo lá, ver aquela turma deliciosa que lá trabalha sem rir, sem falar e de vez em quando levantam os olhos como a dizer: Meu Senhor, posso lhe ajudar? Claro elas não falam, mas seus semblantes são assim formidáveis. Olhem eu não preciso mais de ler as receitas. Já sei de todos os horários e quais são. Entrei para a faculdade farmacológica para tentar decorar tudo. Hoje orgulhoso eu digo – Consegui! Sei quais horas tomo os meus vinte e cinco remédios!

              Aguardo ansioso você chegar à minha idade. Terei mais um para conversar onde dói, o remédio que toma e me receitar milhares. Você vai ser muito bem vindo. Vou lhe dar um vigoroso flácido aperto de mão, um abraço ofegante, uma tosse gostosa e convidar para sentar, pois de pé não dá. E vamos ficar ali conversando, conversando e eu aprendendo que o sal misturado com alho é bom para isto, que a folha de manga cozida é bom para aquilo. Que a batatinha frita com peixe seco sara na hora! Isto é que é vida! Sou feliz e não sabia! Remédios? Ame-os ou deixe-os!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Qual o valor de um Acampamento de Escoteiros?



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Qual o valor de um Acampamento de Escoteiros?

                Desculpem. Não estou falando de quanto custa fazer um acampamento Escoteiro. Aqui a ideia seria analisar o valor de um bom acampamento Escoteiro para a formação do jovem. Lembro que no passado isto era uma preocupação enorme. Fazer bons acampamentos para que trouxessem frutos no futuro. Já Dizia Baden Powell que – “O acampamento é de longe a melhor escola para dar às crianças as qualidades de caráter." Nada substitui no movimento Escoteiro bons acampamentos. Eu achava interessante sempre quando colaborava em cursos no passado, tirar um pequeno tempo da programação para fazer debates do tema. Achava eu naquela época que nunca poderíamos atingir nossos objetivos sem saber como fazer bons acampamentos. Os resultados de tais debates eram maravilhosos. Eu ficava maravilhado com os alunos-chefes com todas as sugestões que apresentavam.

                O acampamento para o jovem não tem valor nominal. Seu valor é incalculável.  Ele vale pela formação do jovem para a vida, para a afirmação do seu caráter, para imbuir em sua mente o trabalho em equipe. É impossível deixar de citar nosso fundador sobre o tema - "Os homens se tornam cavalheiros pelo contato com a natureza." - "Os escoteiros aprendem a se fortalecer ao ar livre. Como exploradores, realizam os seus próprios fardos e 'Remam sua própria canoa.". Nada de maneira alguma pode substituir o bom e velho acampamento Escoteiro. Principalmente nos moldes de Giwell. Acho que existem muitas tropa fazendo ainda tais acampamentos. Uma vez há muitos anos atrás, sem toda esta modernidade de hoje, começaram a surgir os Acampamentos de Férias. Na minha cidade a ideia de um surgiu por um executivo – Curumim Catu campo de férias. Fizemos lá um belo acampamento regional. Vários outros estados compareceram. Época do Bambu. Época de cada tropa ter sua intendência, época de cada Patrulha ter o seu campo. Época onde os desafios seniores eram mesmo desafios. Ninguém ia para estes acampamentos sem pelo menos ter boa parte de sua patrulha presente.

               Eles hoje se sofisticaram. A modernidade chegou! Ah! Esta modernidade infernal. Alí o companheirismo de uma Patrulha é feita na hora. Ninguém conhece ninguém a não ser quando ali estão. O jovem é massacrado por uma serie de atividades, “preparadas” por adultos e ele entra com sua vontade de jogar e brincar. Não existe a criatividade. Ele é simplesmente um robô que está ali para fazer o que os outros decidiram por ele. Alguma diferença das Atividades Nacionais que surgem aos montes por aí? Claro, eles adoram me dizem. Adoram sim. Não são mais criativos, não sabem mais opinar, seguem a corrente e esta lhe mostra a vida de alguém que não tem vontade própria. Ele simplesmente arma sua barraca, espera ver a programação, escolher aonde vai “brincar” ou “jogar” e seguir a onda até ela acabar. Refeições? Uma fila indica onde comer. Vai sentir saudades? Vai sim. Eu conheci um Chefe que um dia me disse que se você desse para um jovem uma vara de pescar lambaris e dissesse a ele para pescar um dourado ele iria acreditar.

              Vejo por aí falarem de programas nestas atividades que fico pensando. Será que vai ter frutos? São tantas coisas que um Chefe desconhecido programou, pois ele acredita que isto fará os jovens adorarem que fico pensando onde está o valor disto tudo? Outro dia alguém me disse – Chefe estou inscrita em uma atividade regional e lá vai ter uma festa “Rave”. (Rave é um tipo de festa que acontece em sítios (longe dos centros urbanos) ou galpões, com música eletrônica. É um evento de longa duração, normalmente acima de 12 horas, onde DJs e artistas plásticos, visuais e performáticos apresentam seus trabalhos, interagindo, dessa forma, com o público). Claro, acho que não será tanto assim e afinal será frequentado por escoteiros. Mas isto é um acampamento ou uma atividade escoteira?

              Meus amigos, o bom e velho acampamento nunca será substituído por estes tipos de atividades. Alí são atividades mateiras, grandes jogos e já pensou em estar em um? Onde você junto a sua Patrulha ficam a bandeirola e dizem – Aqui vai ser nosso campo! Onde era mato e se transforma em sua casa? Barracas, sua nova morada, um fogão suspenso coberto, mesas, bancos e quem sabe boas cadeiras mateiras, fossas, quem sabe um lindo pórtico e as atividades? Tomar um banho no regato, aguardar o toque do intendente e correr para receber os víveres do jantar, ficar ali a olhar o cozinheiro, com a barriga doendo de fome, a ver a fumaça subindo e quando chegar a hora, uma boa oração e comer um almoço ou jantar que nunca irão esquecer? São tantas coisas que tornam um acampamento de Giwell único. – Grandes jogos pelos campos com sua Patrulha e pode até ter a noite um belo jogo de Guerra, ou uma bela competição de sinalização a de Morse. Já pensou? Alí na montanha só você e sua Patrulha com lanternas, transmitindo Morse ou outro tipo de sinal? E no último dia um belo de um Fogo de Conselho? Lá em uma clareira da mata, olhos miúdos sonhadores a rir e brincar com seus amigos?

              O valor de um Acampamento Escoteiro está aí. Nada substitui isto. Quando a gente chega à idade adulta, aprendeu tantas coisas que tem aqueles que me perguntam: Vais morar no mato? Vai se perder na floresta? Eles não entendem nada. Não sabem que o objetivo foi fazer com que eu pudesse tomar minha decisões sem erros, escolhesse a vida que fosse levar sem reclamar, aprendesse a ser honesto, a ver a lei Escoteira com clareza, a respeitar o próximo, a saber, dar valor as pequenas coisas, a ter certeza da beleza criada por Deus na natureza. E afinal o que dizer do Caráter? Da Honra? Da ética? Do respeito? Isto tem preço?

              Não seria bom que em todos os programas de tropa tivessem pelo menos três acampamentos por ano? Pelo menos quatro excursões? Pelo menos uma atividade aventureira a pé ou de bicicleta? Caro isto? Não. Não é. Um bom Chefe Escoteiro irá fazer tudo sem gastar muito. Se tiver uma boa diretoria, se a tropa tiver uma boa comissão de pais, os acampamentos terão taxas irrisórias. Mas enfim sempre tem aqueles que são mais ricos e podem pagar taxas enormes e ir para estes acampamentos caça-níqueis que muitos estados estão fazendo cujo objetivo é arrecadar fundos, divertir sem o aprender a fazer fazendo.

             E lembrem-se, o acampamento Escoteiro é outra vida. Diferente. Esquecer a rotina da cidade. Deixar para trás a internet, o celular, tudo que pode lembrar-se de algum que não vai interferir com a vida mateira que está por vir.

             BOM CAMPO E BOAS ATIVIDADES É MEU DESEJO!      

Pensamentos de Baden Powell Religião




Pensamentos de Baden Powell

Religião

Relacionada muito próximo com a educação, temos a importante questão da religião. Resumidamente não apoiamos qualquer uma das formas de professar a fé mais que outras, procuramos um caminho para colocar este princípio em prática como fazemos em outros ramos da educação, ou seja, colocamos os jovens em contato com seu objetivo de fazer seu dever para com Deus por intermédio de seu dever para com o próximo. Ajudando os outros fazendo diariamente uma boa ação, salvando alguém do perigo, adquire-se a coragem, autodisciplina, cavalheirismo, que se tornam rapidamente parte de seu caráter.

Esses atributos, juntamente com o correto estudo da Natureza, devem inevitavelmente ajudar a conduzir a alma do jovem mais próximo à espiritualidade com Deus. Pessoalmente tenho minhas próprias opiniões quanto ao valor relativo do ensino das Escrituras às crianças nas escolas dominicais, e o valor do estudo da natureza e da prática da religião ao ar livre, mas não vou impor minhas opiniões pessoais aos outros.

Prefiro ser guiado pela opinião coletiva de homens experientes, e aqui uma notável promessa está diante de nós. O Escotismo tem sido descrito por diversas pessoas de respeitável reputação como uma “nova religião” – três vezes li isto nesta semana. Não é, naturalmente, uma “nova religião”, é simplesmente a aplicação na religião de princípios agora aprovados por secular tradição – aquele que dá um objetivo definido e coloca a criança para aprender e praticar para si própria – o qual, imagino que de todas as experiências que terá, será o único treinamento que realmente manterá a pessoa no bem, e finalmente fará parte de seu caráter.

Janeiro de 1912

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A lobinha Dorothy e a Cigarra Azul do Lago Dourado. Lá, muito além do arco-íris.



Lendas Escoteiras.
A lobinha Dorothy e a Cigarra Azul do Lago Dourado. Lá, muito além do arco-íris.

                       Era apenas uma cigarra azul. Nunca ninguém ligou para ela. No mês que todas cantavam para arrumar um namorado, ela simplesmente se calava. Gostava de ficar no tronco da frondosa figueira próximo de sua morada no Lago Dourado do Arco-íris. Era o mês das flores, das abelhas procurando mel, dos beija-flores coloridos a procura do néctar para sobreviver. Suas amigas estavam espalhadas pelo bosque, cantando, pois este era o destino de todas. Era como se fosse na Jângal, na época da Embriagues da Primavera, onde todos ficavam contentes, corriam pelos campos sorriam e cantavam. Isto não acontecia com a Cigarra Azul. Não ela. Nunca foi feliz. Não sabia por que todas as cigarras eram cinza esverdeadas e ela azul. Não podia entender. Na brisa fresca da manhã, ouviu uma vozinha doce e suave a lhe dizer – Canta minha linda cigarra. Porque você não canta? A cigarra Azul olhou espantada. Viu uma menina vestida de azul, com um lenço verde e amarelo e um bonezinho azul sorrindo para ela. – Quem é você? Perguntou a Cigarra Azul – Eu? Eu sou a Dorothy, da matilha azul como você. Sou uma lobinha minha amiga Cigarra Azul. Ela ficou a pensar como podia conversar com aquela menininha tão magrinha, com uns olhos fundos e tristes, que mal conseguia ficar de pé.

                    - Eu não posso cantar! Respondeu. Porque não pode? – Porque sou azul e todas são cinza esverdeada. Sou diferente. Nunca terei uma família. Nunca serei ninguém! Dorothy pediu de novo, desta vez quase chorando: Cigarra Azul cante para mim. Prometo que cantarei com você. Irei aprender a letra e a melodia e ambas cantaremos juntas. A cigarra ficou pensando porque aquela menina insistia tanto para ela cantar. Dorothy então disse a ela – Sabe Cigarra Azul, eu também estou muito triste. Eu tenho uma doença que me acompanha desde que nasci. Meus pulmões sempre me dão falta de ar, tenho dificuldades para respirar e sinto um aperto no peito e tenho tosse. Sou lobinha, mas sou uma lobinha triste. Quero brincar e correr como todo mundo, mas a minha Aquelá não deixa. Diz que não posso ficar no sol, à noite não posso ver o céu, e nem ver o amanhecer do dia, pois não posso também pegar o orvalho que cai. Veja! Ando sempre com esta bombinha. Ela me dá certo alívio.

                     A Cigarra Azul ficou triste mais ainda. Viu que a menina dos olhos cinzentos era mais triste que ela. Resolveu cantar e sorriu para a Dorothy. - Você sabe cantar música Muito alem do arco-íris? Não sei, respondeu Dorothy. Mas cante que vou aprender. A Cigarra Azul tinha uma linda voz. Encantou logo a menina Dorothy. Assim ela começou:
 - Além do arco-íris, pode ser que alguém, veja em meus olhos, o que eu não posso ver.
- Além do arco-iris, só eu sei que o amor poderá me dar tudo que eu sonhei...
                   Nesta hora Cigarra Azul parou de cantar. Sentiu que uma pedra atingira suas asinhas. Caiu no chão desmaiada. Dorothy não podia acreditar. Olhou e viu Pedrinho um lobinho com várias pedras na mão. Chorou e gritou com ele – Você matou a Cigarra Azul! Pedrinho ria. A Aquelá veio correndo e viu o que aconteceu. Durante toda o Acantonamento Dorothy chorou. Não se conformava. No dia seguinte após o cerimonial de bandeira, Dorothy deu mais ultima olhada para o tronco da figueira. Sabia que não ia ver nada, não custava olhar. Pedrinho a procurou chorando. Pedindo desculpas, pedindo perdão. Dorothy não sabia o que dizer. Afinal ele matou a Cigarra Azul! E então, surgindo no final do bosque eis que surge ela, a linda Cigarra azul, acompanhada de outra cigarra verde garrafa.

                  A lobinha Dorothy não cabia em si de contente. Ria, e até começou a cantar. A Cigarra Azul sorria. – Dorothy, a cigarra dizia – Este é meu namorado. Ele me socorreu. Levou-me até onde esta o Arco-íris. O homem que mora lá, um velhinho de asas azuis me colocou as asas de volta. Agora estou feliz. A Aquelá chamou todos para embarcar. Dorothy não queria ir. Vá – disse a Cigarra Azul. Volte no ano que vem. Estarei aqui para cantamos e sorrirmos muito. Quando chegou a sua casa, contou tudo para sua mãe e seu pai. Eles sorriram. Viram que ela tinha mudado. Já não usava a “bombinha”. Achavam que Deus lhe deram um presente. A saúde de Dorothy.

                   A noite de domingo seu pai disse que tinha alugado um filme para ela. Um lindo filme que ele tinha assistido quando criança. O Mágico de Óz. Era o filme mais lindo que ela tinha assistido. A menina também se chamava Dorothy e a musica era igualzinha a que a Cigarra Azul cantou para ela:

- Um dia a estrela vai brilhar, e o sonho vai virar realidade.
- E leve o tempo que levar, eu sei que eu encontrarei a felicidade,
- Além do arco-íris, um lugar que eu guardo em segredo e,
Que só eu sei chegar...  
 - Me fez ver que o amor dos meus sonhos tinha de ser você...
                   Todos os anos Dorothy ia sempre acantonar com sua Alcatéia no Lago Dourado. Lá ela encontrava a Cigarra Azul, seu namorado e agora eles tinham quatro filhos, duas lindas Cigarras verde garrafa e duas outras lindas cigarras azuis! Ei! Deixe-me contar. Pedrinho virou ao avesso. Transformou-se no mais disciplinado lobinho da Alcatéia. E assim termina a lenda e quem sabe a real história de Dorothy e a Cigarra Azul que morava lá, no Lago Dourado muito além do Arco-íris. 

domingo, 18 de novembro de 2012

O maravilhoso mundo dos escoteiros.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O maravilhoso mundo dos escoteiros.

                 Exalta-se por todos os lados, em todas as nações onde o escotismo é praticado que ter a alegria de por um lenço, fazer uma promessa, sair por aí enfrentando o vento, olhando o céu azul, amigos juntos, são particularidades de nós escoteiros que praticamos o escotismo. É mesmo um movimento maravilhoso e único. Perguntem aos Florestais. Perguntem aos meninos da FET ou perguntem aos jovens da AEBP. Perguntem aos Desbravadores. E finalmente aos jovens da UEB. Eles não se importam de onde são, pois assim como todos tiveram um dia a ventura de acordar em uma montanha, ou em uma campina e verem o nascer do sol, de poder ver à tardinha em um acampamento, a fome chegando a fumaça da lenha queimando no fogão o olhar faminto, mas contente de um dia que se foi. Isto meus amigos não é privilegio de ninguém. É de todos que abraçaram os ensinamentos de Baden Powell.

                 Francamente eu não entendo apesar de que têm muitas explicações o porquê desta animosidade por aqueles que abraçaram a causa Escoteira em outra organização. Caramba! Afinal não dizem que somos todos irmãos? Que adianta dizer que o Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros? Ninguém é dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Meu passado Escoteiro hoje está vendo uma luta surda que nunca presenciei na minha vida escoteira. Porque antes éramos um só, em volta de uma organização que nos preenchia tudo que esperávamos do escotismo. Mas ela também é sujeita a erros, não é onipotente. Se alguns quiseram abraçar e fazer outra escolha, outra organização é um direito deles. Se eles estão fazendo o escotismo conforme nossa Lei e Promessa deixaram de serem nossos irmãos?

                 Convidem a todos os jovens de todas as organizações, os coloquem em um grande acampamento e verão como são irmãos. Verão como irão sorrir e se abraçar mutuamente. Não ficarão lá dizendo que minha organização é melhor que a sua. Que eu sou certo e você errado. Que vocês fazem isto e isto. Eles são puros nas suas maneiras, nas suas palavras e nas suas ações. Quem fica implicando e batendo no peito que eu estou no lugar certo e vocês no lugar errado são os adultos. Não todos adultos, pois em todas estas organizações tem chefes escoteiros maravilhosos.

                 Se um dia pudessem mais de perto ver aquele Chefe Escoteiro, seja em que organização for, lutando pela formação dos jovens, dentro dos padrões e métodos escoteiros iriam ver quanta beleza existe no coração de cada um, seja homem ou mulher que orgulhosamente vestem seu uniforme. Quando eles sacrificam suas horas de lazer, quando sacrificam seu trabalho profissional, quando eles deixam de dar a alguém próximo de sua família para doar seu amor ao escotismo, existem diferenças entre uma e outra organização? Afinal temos ou não o direito de escolha? Eles escolheram seu caminho, agora continuam fazendo escotismo e nossa obrigação é aplaudir. Continuamos sendo irmãos escoteiros. O futuro daqueles meninos que vestiram um uniforme fizeram uma promessa, correram pelas campinas em busca de aventuras será diferente dos demais?

                Acho que devemos pensar um pouco. Quem se acha dono dos seus direitos esquece que o direito de um termina onde começa o do outro. Parodiando Paulo Miranda, ele diz que somente com a legítima liberdade de expressão, pluralidade de informação, respeito à cidadania, e permanente vigilância contra as tentativas de cercear o Estado democrático de direito, é que podemos pensar em transformar regimes de força, em regimes de direito. Diderot também dizia que existe apenas um dever, o de sermos felizes!

                A UEB não é onipotente. Não tem o direito de cercear através de uma maciça lavagem cerebral de muitos chefes, esta luta contra as outras organizações que fazem o escotismo. Ela deveria olhar melhor para dentro de sí.  Deveria ter como exemplo o respeito, a boa convivência e o amor que existem em muitos países europeus. Lá como aqui também tem aqueles que resolveram escolher outro caminho, mas como mesmo objetivo da chegada – Formar bons cidadãos com o nobre princípio da Lei e da Promessa. Sei que minhas palavras podem não ser entendidas por muitos. Mas está crescendo esta luta. Antes que ela se transforme em uma bola de nove, devíamos pensar melhor e aceitar a todos como irmãos escoteiros. Não importa onde estão! Uma vez comentei aqui em um artigo que me senti pressionado várias vezes a acatar ideias que não eram de meu agrado. Poderia ter saído do escotismo como fizeram e estão fazendo hoje milhares de escotistas e até jovens insatisfeitos com o que estão vendo e sentido nos seus superiores hierárquicos. Eu continuei, mas fazendo minha cruzada pessoal. Sou da UEB mesmo sem registro. Mas não aceito sua maneira autocrática e muitas vezes ditatorial.

                  Ninguém é dono do escotismo. Ele é de todos que abraçam as ideias de Baden Powell. Tiro meu chapéu para todos os chefes e as chefes que lutam por um escotismo melhor. Que ele seja dos Florestais, que ele seja da AEBP, que ele seja da FET ou da UEB e de tantas outras que estão surgindo. Sei que palavras são palavras e muitas vezes elas são levadas como vento. Mas vendo aquele Chefe ou aquela Chefe sorrindo junto aos seus meninos e meninas, se sacrificando, dando tudo de sí para a juventude, me levanto e grito bem alto: - Aplausos gente! Grande Palma Escoteira para eles. Nesta hora estão fazendo escotismo e muitas vezes com o sacrifício pessoal que merece nosso abraço e o nosso Sempre Alerta!   

                  E para terminar eu digo aos meus amigos e amigas, eu não quero saber se o Pedro se chama João ou se o Antonio se chama Joaquim. Os motivos de cada um não importa. Importa sim o que fazem e como me sinto orgulhoso em ter amigos em todos eles. Amo o escotismo. E vejo nele uma maneira de se alcançar a felicidade plena. Deixem que todos façam isto. Deixem que eles possam ser nossos irmãos. E os motivos porque escolheram outro caminho não me importa. Importa é o que estão fazendo e vão fazer pela juventude de nosso país!                  

As belas terras de São Lourenço. Saudades



Jogando conversa ao vento, quem sabe ele nos trás de volta o passado?
As belas terras de São Lourenço. Saudades

Um dia fiz uma letra homenageando um local onde acampávamos, e que eu chamava de Belas Terras de São Lourenço. A música retirei do filme Rio Bravo dirigido por Howard Hawks e estrelado por John Wayne, Dean Martin e Ricky Nelson. Menos de sessenta quilômetros do centro de São Paulo.
 Era realmente um local maravilhoso. Uma lagoa cujas cores seriam como o céu, ou o sol dependo as cores do dia. À noite os sapos cantantes, mais perto uma mata fenomenal que nos trazia uma brisa gostosa de sentir a qualquer hora, e uma bica de águas cristalinas que nos matavam a sede quando precisávamos. Bem afastado da rodovia e da estrada carroçável. Bem lá no fundo era onde os seniores ficavam. Quase dentro da mata. Era gostoso acampar ali. Foi lá que fiz amizade com uma Coruja buraqueira que as noites sempre estava conosco. Foi lá que conhecemos o gavião malvado que não deixavam os pássaros quietos, e foi lá que tínhamos um espetáculo maravilhoso da linda floresta de borboletas de todas as cores. Não havia bambus, mas o "Assa-Peixe" um arvoredo que quando você cortava nascia mais três pés nos servia perfeitamente para pioneirias. Faz quase 30 anos que não volto lá. Estou ouvindo a musica e sonhando com São Lourenço.  Será que ainda é o que deixei? Não sei. Hoje discutem muito locais de acampamentos. Lembro que a cada três meses saíamos por aí a "vaguear" e sempre encontrávamos lindos locais.

Eu ainda acredito que não faltam bons locais de acampamento, quem sabe falta descobrir estes locais.

E para voces que já possuem estes belos locais, aproveitem e não deixem de fazer lindos acampamentos.

Mas enfim, saudades como dizem não tem idade. E meu Deus! Que saudades das belas terras de São Lourenço!