Conversa ao Pé do Fogo.
Sistemas de Patrulhas.
Falar aqui sobre o Sistema
de Patrulhas é como falar para o presidente de um banco e ensiná-lo como ganhar
dinheiro. Nem pensar. Impossível imaginar que alguém no escotismo não saiba o que
significa. Mas vejamos, será que todo
tem consciência da importância de uma patrulha completa na tropa? Por anos e
anos com os mesmos patrulheiros? Seja masculina ou feminina? Ou mesmo em
matilhas na Alcatéia? Como manter a unidade?
Quando fiz meus primeiros cursos no inicio
da década de 60, senti na pele o que era conhecer e manter a unidade na
patrulha. Vi a diferença do que vivi em uma Patrulha quando jovem e com
desconhecidos pela primeira vez. Em um dos cursos ficamos oito dias juntos
acampados. Interessante, no primeiro dia todos com um cavalheirismo e com uma
cortesia sem par. – Ei! Deixa para mim, eu faço. Quem? Claro pode contar
comigo, serei o lavador de panelas. Claro irei correndo buscar na intendência!
Lenha? Sou perito. Lavar roupa de todos? Sem problema, minha mãe me ensinou. Todos
rindo. Todos irmãos. Beleza! Como dizem os jovens hoje.
Três dias depois começávamos
a nos conhecer. Cada um com seu dom de analista, dom que todos possuem, analisavam
agora tudo diferente. O numero um, um preguiçoso. O numero dois um mandão. O
numero três um dorminhoco. O numero quatro um bobão. O numero cinco o puxa-saco
da chefia. O numero seis metido a sabe tudo. O numero sete sempre dizendo que
doía aqui e ali. Só eu era perfeito! E assim o curso prosseguia. Aquela amizade
inicial ia se desmoronando. Mas no sexto dia, tudo mudava, sentíamos diferente.
Mais humanos mais escoteiros. Já admirávamos a todos pela sua maneira de ser.
Uma união se formava. Aprendemos a respeitar a individualidade do outro.
E no último dia, este era
especial. Um amor enorme na Patrulha. Um orgulho de ser um Touro, ou um
Morcego, ou um Lobo, enfim, uma união que achamos que ia durar para sempre. Foi
assim que vi de forma diferente, o meu tempo de patrulheiro. Diferente porque
fazíamos escotismo todos os dias, estávamos sempre juntos, decidíamos na casa
de um e outro. Claro que a sede era o ponto de encontro.
Atuando em Grupos
Escoteiros, vi que muitas vezes os jovens eram advindos de comunidades
diferentes. Normas de condutas diferentes. Formação individual diferente. Não
se conheciam. Claro, aquelas características em que vi no curso deviam existir
entre eles e acredito que de forma diferente também faziam suas análises. E
infelizmente por falta de atenção da chefia abandonavam a tropa. Encontrei
algumas patrulhas que davam pena. Serviam apenas para jogos, para alegria do
chefe em ver um grito de patrulha e a sua satisfação em receber uma
apresentação dos meninos.
Patrulha? Não. Nenhuma
delas tinham entre si jovens que permaneceram por muitos anos. Contava-se a
dedo aqueles que participaram de vários acampamentos na mesma patrulha. E
tropas novas? Sempre desmanchando as patrulhas para formar outras. Jogos? Os
touros tem três? Tira dois da lobo. Por quê? Por quê? Para que viviam em uma
patrulha? Para serem jogados aqui e ali? Melhor sair da tropa. O programa na
minha rua é melhor. Lá meus amigos me respeitam.
- Olhem, dizia o chefe.
Sábado como sabem iremos para um acampamento. Como a Lobo e Pantera estão com
poucos elementos (elementos? Pensei que eram escoteiros) vamos dar uma mexida e
tirar uns daqui, outros dali e assim teremos três patrulhas completas! –
Formidável! Perfeito! Encontrou o ovo de Colombo! Um novo BP! Um sistema de
patrulhas que devíamos orgulhar!
Porque não analisar a saída de
alguns, o motivo, ouvir o próprio jovem ou a jovem, e ver onde está o erro?
Dele? Dela? Seu? Do monitor? Reuniões ruins? Você já foi a casa deles e
procurou saber os motivos reais? – Meu
jovem, o que houve? Qual o motivo? Depois, sim depois mudar se necessário. Claro,
você está ali para eles não para sua satisfação pessoal. Eu digo sempre. Tropa
com patrulhas de três ou quatro significa que não estão gostando. Pode ser também
culpa dos Monitores apesar de que seu treinamento e formação cabe ao chefe.
Sempre achei que é melhor prevenir que remediar. Enfim, uma série de fatores
que só mesmo os dirigentes da tropa podem saber e analisar.
Se isso acontece com
você é hora de mudar. Mudar rápido. Como? Ponha seus conhecimentos a funcionar.
Você não fez cursos? Não tem uma biblioteca escoteira em sua casa? E afinal não
conhece um bom assessor que possa lhe ajudar? Mas desculpem, estou falando para poucos. A
grande maioria dos que me lêem sabem como fazer e fazem certo. Acreditem, não
tenho a última palavra, sempre digo e afirmo e repito o que BP disse – Os
resultados é que são importantes e se o que está fazendo faz com que sua sessão
ande sempre completa, que os jovens estão ficando por mais de dois anos então
parabéns. Você está no caminho certo.
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