Lembrando Patropi. Um grande poeta.
Será que vale a pena, meu?
A
última vez que coloquei o pé na estrada com uma tropa de escoteiros foi há
muito tempo. Depois o os anos passaram, aqui e ali um curso que foi rareando,
uma palestra uma vez ou outra e pluft! Vi-me aposentado e sem poder sentir
minha mochila, meu cantil, minha faca, meu chapéu de três bicos e sem sentir
mais o cheiro da terra, o nascer e o por do sol em uma montanha qualquer.
Guardei na lembrança o escotismo que fiz quando criança e quando adulto. Os
ultimos lobos e escoteiros que tive contato hoje são homens feitos. Pais de
família. Cidadãos viventes em suas comunidades.
Ainda
sinto uma ponta de nostalgia, mas diferente dos muitos que só lamentam o passado
e de outros que acham saber fazer o presente e não sabem que não fizeram um
passado para lembrar. Eu sei que no escotismo temos diversos tipos de pessoas.
Afinal somos seres humanos. Apesar de transmitirmos uma filosofia de vida
belíssima nem todos assimilam as benesses de uma vida pura, honesta, alegre e esquecendo-se
de ver em cada passo a beleza inconteste do escotismo. Tem muitos ainda que
procuram fazer do escotismo uma maneira de vida. Fazem o que sabem e não o que
o escotismo é. Dizem que em todo ser humano existe um sonho de comandar. De
ditar ordens. Alguns vão mais longe e sonham em fazer dos seus comandados uma
sequência de suas vidas, do que são e do que foram.
Outros que
galgaram postos de comando levam a sisudez de suas empresas, de suas maneiras e
tratos com os colaboradores para o escotismo. Um manancial aberto e ali se
sentem realizados. A profissionalização
é feita sem salário, mas com exigências. Não sei se estou certo. Acho que não.
Vejo o escotismo de outra maneira. Vejo como um jogo para ser jogado com
alegria e vontade de dar e servir. Vejo sempre um sorriso, uma palavra amiga,
um incentivo a mais. Vejo uma fraternidade em muitos casos maior que irmãos
viventes no mesmo lar. Vejo uma aceitação sem invenção. Vejo uma percepção do
escotismo no seu natural. De vez em quando olho para mim mesmo e lembro as
palavras do Comediante Patropi:
- Pô meu, cê parece que num sei! - Meu, do fundo do meu coração,
você prá mim, é problema seu! - É o seguinte, quer dizer, eu também não sei,
mas supondo que soubesse, eu diria, sei lá entende!
Pois é,
parece mesmo que num sei! Alguns me escrevem ou deixam comentários que mesmo se
entendesse eu diria, sei lá entende! Falar o que? Responder o que? O que dizem
não foi e nunca será o meu escotismo. Alegre, sorridente, amigo, sem
interesses, respeito, sendo o primeiro a sorrir para o jovem. Mas não. Dizem
que sou um contador de historias nada mais que isto. E histórias são historias.
Outro dia cheguei a pensar em mudar o rumo dos meus contos. Escrever para outro
público que não o Escoteiro. Queria plantar uma muda para mudar o modo de
pensar de muitos, mas no fundo do meu coração, acho que não vou conseguir. Até
penso e me lembro dele dizendo: - “Meu, daria para me incluir fora dessa?”, e
“olhe, para compensar que cheguei atrasado, vou sair mais cedo!”.
Escrever
dizem-me que é uma arte. Eu ainda não sou arteiro. Como o velho poeta Patropi
dizia, “Às vezes a mentira é melhor que a verdade, quer ver? O que é tudo, e o
que é nada? Nada é a ausência de tudo, e tudo a ausência de nada”. Para dizer a
verdade eu não sabia que você sabia que ela sabia... E até parece que não sei.
Caramba! Derrubei com o pé o sustentáculo principal da moradia campeira. Chutei
o pau da barraca meu!
Acho que
fora da realidade do meu saber tem um mundo maravilhoso que não vejo. Tem um
escotismo feito do jeito que sempre quis. Quem sabe ele sim vai dar uma nova
vida um novo rumo ao que eu penso ao que tu pensas, e o que os outros pensam?
Risos. Até parece que não sei. Parece mesmo. Pois é meus amigos escoteiros com
minha cultura, será que perdi alguma coisa? Não sou eu quem diz as coisas para
vós? Não tá vendo como a comunicação é tudo meu? Claro, nunca serei politico,
não sei mentir. Estou mentindo? Pô, e ninguém me avisa? Tudo bem, pá daqui, pá
de lá, agora fui quando devia estar voltando.
-: ”Rosa
(rosa), nega (nega) Nega rosa Rosa nega”. Mais tem rosa que é rosa porque é
rosa mais não é a minha rosa porque a minha rosa é rosa, mas, a minha rosa é
nega Minha rosa Rosa nega...
Que loucura meu! Plies! Sem crise! Bicho.
Fuiiii!
Obs. Orival
Pessini o Patropi (seis de agosto de 1944) é um humorista de
televisão;
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