Conversa ao pé do fogo.
Utopia – Parte II
(Continuação)
Os seniores e sua boa ação mensal
- Naquela quinta feira, eu estava nervoso (era responsável por
um hospital de subúrbio, pequeno (e que fazia questão de manter em bom nível)
devido a um numero maior de pacientes que adentraram pela manhã a procura de
ajuda). Procurava colaborar sempre nestas
horas, mas os demais médicos e enfermeiras, assim como outros colaboradores não
procuravam manter à calma que tanto eram necessárias nestas horas. E para
surpresa minha, eis que seis jovens aparentando 15 a 17 anos adentraram em
minha sala, sorrindo, bem uniformizados e educadamente me pediram um minuto do
meu tempo. Claro que o daria, tinha eu sido escoteiro em minha juventude e
guardava boas lembranças daquele tempo. Dizia um deles, auxiliado pelos demais,
- Estavam à procura de uma boa ação coletiva, e esta seria realizada por um ano
inteiro.
Tinham a intenção de
colaborar dentro do possível com os jovens internados, conversando, brincando,
cantando e transmitindo otimismo a todos aqueles que sofriam e precisavam de
ajuda. Claro que seria em horário e dia determinado e estariam dispostos a
obedecer pontualmente todas as normas e regras impostas ou que já existiam para
visitantes naquele hospital. Junto ao comercio local, tinham conseguido uma
quantidade razoável de brinquedos, para diversas idades e pretendiam presentear
aos que ali permaneciam internados. Fiquei surpreso com tudo e voltando ao
passado quando também era como eles, de pronto autorizei a atividade por eles
solicitada. Pedi que alguém da patrulha passasse no dia posterior, onde iria
entregar por escrito às normas do hospital e que na primeira vez, uma
enfermeira capacitada ia acompanhá-los para evitar que alguém pudesse sofrer
alguma consequência principalmente os jovens internados. Alguns meses depois,
com alegria, ouvia os comentários dos funcionários e médicos, sobre a atividade
dos seniores, uma das poucas coisas boas que nosso hospital agora se orgulhava
em ter.
O banco de sangue e o grupo escoteiro
- Minha esposa chegou a casa naquela noite, bastante atrasada e
eufórica. Perguntei o que tinha acontecido e ela me contou entre surpresa e
motivada o que aconteceu. Ela era a enfermeira chefe de um banco de sangue na
cidade, que atravessava uma grande dificuldade devido o número de doadores
estar escasseando a cada dia. O diretor já havia tentando fazer uma campanha de
marketing na cidade, e mesmo com a imprensa falada e escrita pouco tinha
conseguido. Hoje para minha surpresa adentrou um senhor com uniforme escoteiro,
sorridente e perguntando se tínhamos condições de atender 50 adultos que
estavam lá fora, prontos a fazer uma doação de sangue e se todos eles seriam
atendidos ainda naquela tarde, pois muitos estavam em horário de trabalho e
outros tinham comercio próprio.
Claro que sim disse e ao mesmo tempo chamei outras enfermeiras e
funcionários para tomar todas às providencias
necessárias. Eis que fui conhecer o grupo, pais e chefes escoteiros, alegres,
conversando educadamente entre si, sem algazarra, sorrindo para mim e alguns
contando o porquê estavam ali. Fiquei sabendo que no mês anterior, durante um
Conselho (Congresso) do Grupo, um pai que era médico, perguntou se só os jovens
faziam boas ações e porque os pais e os chefes não faziam o mesmo.
Foi uma surpresa geral, pois ninguém esperava que o assunto
daqueles fosse ali comentado. Mas a discussão foi frutífera e ali mesmo, com a
sugestão do pai/médico, a boa ação fora marcada com dia e hora. Seria ponto de
honra para o Grupo a participação de todos. Não haveria uma comunicação previa
ao banco de sangue, pois não queriam uma publicidade anterior pelo fato da
preocupação de haver muitas faltas e o número presente seria quem sabe
irrisório. Mas isto não aconteceu. A participação foi geral. Eu mesmo informei
ao diretor, que comunicou a imprensa e o fato foi muito comentado na semana de
como os escoteiros adultos fazem suas boas ações junto à comunidade.
Proximamente – Utopia Parte III
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