Conversa ao pé do fogo.
Cursos Técnicos. Vale a pena?
“A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar
pôr si mesmo e não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como
aprendeu a andar em linha reta”. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais
será salva enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Eles
não querem pensar, desejam apenas ir para frente, seguindo a ponta do nariz
através da vida. E geralmente, estes, alguém os guia puxando-os pelo nariz!
- Saia da sua estreita rotina se quer alargar sua mente.
Baden Powell.
Outro dia vi um comentário de uma Chefe sobre
um curso técnico de Arte Mateira que fez e mostrando as fotos. Senti sem estar
junto a ela o seu sorriso estampado no rosto. Pensei comigo, que falta fazem
estes cursos hoje em dia. Deviam ter uma procura imensa por parte dos nossos
Escotistas. Quando vemos tropas em atividade ao livre fazendo tais atividades
sinto que ali está a verdadeira essência do escotismo. Infelizmente não é isto
que vemos sempre. Fico triste quando vejo uma tropa tentando passar em uma
Falsa Baiana feita pelo Chefe, ali junto ao jovem como a pensar que ele pode
cair. Um por um. Os demais fazem o que? Sistema de Patrulhas? Não seria melhor
dar uma corda para cada Patrulha e dizer – Façam vocês mesmo. Depois um jogo
com todas tentando atravessar? Que façam
mal feito. Não é isto que diz nosso método? Por isto acho válido os cursos
técnicos.
Sempre ouço dizer que nosso movimento pretende a formação e o
adestramento de lideres. Não só dos chefes como dos jovens. Fazendo isto iremos
fornecer não só a boa cidadania, iniciativa e desenvolvimento de suas
potencialidades físicas mentais e espirituais. Se as atividades ao ar livre
fosse como pensou BP a procura seria grande e a evasão iria diminuir. Infelizmente
sem querer ofender a quem quer que seja, temos uma grande maioria de
Escotistas-não-formados atuando como amadores. Esquecem que nosso Movimento é
uma fraternidade livremente aceita, não tem caráter de obrigação e aí vem à
parte mais importante. – O adulto só atua com supervisão. Se Isto é feito, se o
jovem participa de uma sequencia de atividades adaptadas a sua idade,
exercitadas é claro ao ar livre, e assim ajudando uns aos outros, não se
esquecendo de confiar-lhes responsabilidades temos certeza que seu caráter será
modificado. Bons programas para o jovem faz com que ele aprenda a cooperar e
liderar.
Chamam-nos de saudosistas, mas vejam que a rápida expansão do
Movimento Escoteiro durante os primeiros anos, foi devido ao método novo de
educação, que se apresentava de uma maneira simples e que atraia os jovens pela
sua simplicidade. Recorria a uma linguagem fácil, muito afastada dos termos
técnicos utilizados no mundo pedagógico e sociológico de hoje. Dizem alguns e
eu confirmo que talvez seja esse um dos motivos para não citarem Baden Powell
ou o Escotismo como fonte originária dessas ideias e técnicas. Nosso movimento
tem uma finalidade tão séria que exige em alguns casos uma abordagem de
qualidade profissional.
Acredito que vocês sabem que nos países avançados, a prática da
demonstração e a da descoberta, às atividades ao ar livre, a aprendizagem em
pequenos grupos de fazer para aprender, são técnicas escoteiras que conhecemos
de outra maneira. Por nossa culpa e pela repetição pura e simples destas
técnicas, dos jogos e até a ausência do método nas atividades praticas da
tropa, trouxe aos olhos do público um desinteresse e em alguns casos alguns
educadores nos consideram um Movimento excessivamente infantil e nos domínios
da educação somos vistos como atrasados e ineficaz.
Como isto acontece e as
autoridades educativas não tem levado a sério o Escotismo e não nos considera
como um importante meio para completar a educação. Precisamos com urgência
concentrar nossos esforços não só na seleção e formação dos chefes. Não se
nasce líder, mas é possível formar e adestrar um líder. Isto leva mais que
algumas semanas para ingerir informações e conhecimentos. Meses para
desenvolver a competência e anos para que esta competência se torne um hábito
de comportamento. Acredito e sei que é evidente que o homem tem necessidade de
direção e orientação, mas não é porque tem nos faltados recursos e sim
imaginação.
- Quando BP reuniu em 1907 na ilha de
Brownsea na Inglaterra 20 jovens de diferentes meios socioeconômicos e
educativos, ele trouxe uma enorme contribuição educacional que, na época estava
estagnado. Assim o Escotismo veio dar uma visão mais abrangente às escolas e
estas é que estão tirando partido das técnicas escoteiras de demonstração,
observação e dedução, aplicando-as às suas classes. Às técnicas de aprender
fazendo e tentar fazer sem saber, até descobrir o certo através do erro, sempre
foram partes do método Escoteiro. Confiar no rapaz para que ele próprio seja responsável
pela sua auto-educação e disciplina sempre fez parte do Escotismo. Dar
liberdade ao espírito de competição e da aventura, através de jogos,
acampamentos e excursões. Este é o Programa Escoteiro e que bem realizado se
mantém na liderança das técnicas até hoje empregadas.
Tudo isto se resume em aprender, se adestrar, conhecer e claro,
fazer um escotismo gostoso, divertido e com simplicidade. Se cada um se conscientizar
de sua responsabilidade e tentando aprender nestes cursos técnicos, procurando
junto aos seus monitores aprenderem mais mutuamente, dando eles liberdade de ação então é claro que
nossos objetivos poderão ser alcançados. Vamos então aprender e deixar que os
jovens remem sua própria canoa. Nosso papel é de orientação e mais nada. Pensem
sobre isto!
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