Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quinta-feira, 21 de março de 2013

O assombroso Fantasma da sede do Grupo Escoteiro Tapajós. (baseado em um fato real)



Histórias escoteiras.
O assombroso Fantasma da sede do Grupo Escoteiro Tapajós.
(baseado em um fato real)

           Esta historia aconteceu há muito tempo. Lá pelos idos de 1961. Recém-admitido como funcionário da Usiminas conheci mais dois amigos que eram escoteiros em sua cidade de Origem. Carlos e Odair. O primeiro foi Escoteiro da Pátria em Juiz de Fora do Grupo Escoteiro Aimorés do meu grande amigo e falecido Chefe Darcy Malta. O segundo Escoteiro em Muriaé. Tornamo-nos amigos inseparáveis. O escotismo fazia falta. Porque não organizar um grupo? – Surgiu de surpresa. Um amigo de nome Raimundo morava em Senador Melo Viana, na época um distrito de Coronel Fabriciano e acho que ainda é até hoje nos convidou para almoçar em sua casa. Para surpresa o Pároco da Matriz também estava presente. Durante o almoço surgiu à ideia de montar um grupo ali. O Pároco se dispôs a ver as necessidades e providenciar.

             Seis meses depois o Grupo Escoteiro ia de vento em popa. Infelizmente um contratempo aconteceu. O Chefe Odair veio a óbito. Morávamos todos em uma casinha espécie de republica. Uma epopeia levar o falecido em sua cidade. Mas esta é outra historia. Perdemos alem de um grande amigo um excelente corneteiro. Ainda bem que o Grupo Escoteiro cresceu. Tínhamos mais de doze escotistas atuantes e a maiorias já DCBs.  Nossa sede era atrás do cemitério do distrito. Eram três barracões enormes, cujas janelas de fundo davam para toda a área do cemitério. Os três barrocões eram divididos entre as sessões. Um para os lobinhos, um para a tropa e outro para a diretoria e almoxarifado.

             Uma semana após o passamento do Odair o Zé Pontes da diretoria me procurou para avisar que reclamaram com ele da algazarra tremenda que faziam a noite e sempre após a meia noite na sede escoteira. Tocam corneta, bumbos, tambores e taróis Pensei comigo. Só quatro de nós tinham as chaves. Quem seria? – Melhor ir lá para ver. Ir sozinho? Sei que era um homem, durão, Chefe Escoteiro, mas nunca me dei bem com fantasma. Ir lá à meia noite, atravessar uma lateral do cemitério, abrir a porta e entrar e esperar até meia noite para ver a banda tocar estava fora de cogitação. – Carlos vamos nós dois. – Nem pensar, Chame o Zé Pontes, o Nonô ou então o Pároco. Ninguém quis ir. Cada um deu uma desculpa.

            A banda uma ou duas vezes por semana continuava tocando. Escoteiros e lobinhos evitando entrar na sede mesmo durante o dia. A “coisa” estava tomando proporções que poderia prejudicar mesmo a frequência dos meninos. Tinha que ir lá e desmascarar o tal fantasma. Quinta feira, armado de uma boa lanterna esperei dar onze e meia e lá fui. Confesso que tremia um pouco. Ao passar pelo cemitério criei na minha imaginação centenas de fantasmas a me observarem. Onze e cinquenta lá estava eu na porta do almoxarifado. Um silêncio de morte. Juntei todas as minhas formas e entrei. Um “besta” que sou fechei a porta comigo dentro. Porque fiz isto? Não sei. Sentei em uma cadeira em volta de uma escrivania. O silencio era total. Já estava respirando melhor. Acho que não tinha nada. O povo inventa!

               Levantei, acendi a lanterna e passeei com o facho de luz por toda a sala. Maldita sala! Uma corneta estava suspensa no ar. Outra tocou a toda no meu ouvido. Um berro da corneta e um meu. Larguei a lanterna e corri para a porta. Um custo para abrir. Bombo, tambor e corneta tocavam no meu ouvido. Gritava e berrava como um louco. A porta abriu. Sai correndo em desabalada carreira. As calças toda molhada. Senti algum mais que não vou dizer aqui. Fui direto ao Pároco. Ele dormia. O acordei. – O Senhor vai comigo – Chefe Osvaldo é impressão sua. – Vamos lá, não é o homem de Deus? – Lá fomos eu e ele. Vi que ele sorria, queria mostrar uma força que não tinha. Entramos, silencio. Ele me olhou – Tá vendo? Não tem nada. Uma corneta berrou alto no seu ouvido. – Ele gritou – Louvado meu Senhor Jesus Cristo. Me socorre.  Nem me olhou sumiu na porta na minha frente.

                No dia seguinte ele e mais diversos coroinhas e todas as Filhas de Maria, sem contar os Vicentinos lá estavam na sede para exorcizar ou sei lá o que ele fazia. Rezaram, cantaram e foram embora. Acho que deu certo. Os barulhos sumiram. Joguei a calça que usei naquele dia fora. Não dava nem para lavar. Até hoje não sei se foi o espírito do Odair. Ele nunca me disse nada. Uma semana depois fui pegar um guarda chuva em cima do guarda roupa na república que morávamos. Chovia a cântaros. Trovejava. Relâmpagos no céu. Carlos trabalhando de zero hora. (turnos alternados). Estava sozinho em casa. Subi em uma cadeira. Meu Deus! A dentadura do Odair aberta como se estivesse rindo para mim! (ele tinha dentadura). Cai da cadeira estatelado no chão. De novo correndo até o bar do Zaqueu. Melhor ficar ali até as madrugadas tomando umas e outra. Voltar para a casa? Vai ser difícil.

Final: - Um ano depois a convite montamos uma Tropa Escoteira na Paróquia de Coronel Fabriciano a convite do padre local. Hoje Bispo. Don Lara. Grade Chefe! – Sai da Usiminas, passei anos sem voltar lá. Hoje o Tapajós existe em Coronel Fabriciano. Um grande grupo. Orgulho da cidade.
Afinal são histórias. Acreditem se quiserem. Ainda guardo lembranças do Carlos do Odair e de tantos outros. Valeu uma época. Valeu uma vida!

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