Conversa ao pé do fogo.
Acampar, um sonho
escoteiro.
Parte I
Falamos muito em
acampamentos. Claro escotismo sem ele está fora da realidade. Quando os jovens
ficam sabendo que no programa anual vão ter vários acampamentos eles vibram. Eles
adoram. Entraram no escotismo por causa deles. Mas se o último acampamento que
foram decepcionou e não conseguiu despertar neles o sonho aventureiro, aí meu
amigo é preciso consertar e já. Ou então é melhor não ir mais. Não adianta o
melhor Fogo de Conselho do Mundo. Pode dar a eles o que quiserem, mas lembre-se
você não pode falhar. Você Escotista é responsável para que os sonhos deles se
tornem realidade. Quando você deu a eles as delicias de uma vida mateira,
quando deixou que eles fizessem a fazer fazendo sem sua ajuda, quando o tempo
foi bem distribuído e ele pode vivenciar o que disseram para ele antes de ir,
então, e então o sucesso é garantido e absoluto.
Costumo dizer que existem
acampamentos e acampamentos. Vejamos o que o Google diz sobre ele – “Acampamento (do inglês, camping) é um local onde se estabelecem barracas ou
tendas, geralmente com a proximidade à natureza onde toda a infraestrutura é
levada pelos campistas, tal prática é conhecida por campismo”. - Mas será isto
mesmo? É isto que os escoteiros fazem? Não, não é. Isto aí é Camping.
Escoteiros acampam e não fazem camping. Eu costumo dizer que a preparação e a
organização é a “alma do negocio”. Se a preparação foi perfeita e a organização
idem então o sucesso será garantido. Não pretendo ensinar aos chefes escoteiros
que leem este artigo. Sei que a maioria sabe melhor que eu como fazer. Seria
presunção dizer que mudem e façam o que eu digo. Nada disto. Aqui simplesmente
dou sugestões para os mais novos. Eles sim precisam de colaboração.
Vamos dentro do possível
especificar alguns detalhes importantes. Antes de qualquer coisa estamos aqui
falando em acampamentos escoteiros dentro dos padrões de Giwell. Todos sabem
que Giwell é o centro de adestramento escoteiro no mundo. Quando dizemos a moda
Gilwell é que ali se pratica conforme Baden Pawell especificou e fez no seu primeiro
acampamento em Browsea. No mundo inteiro os acampamentos são realizados com os
padrões de Giwell Park. A liberdade da Patrulha é absoluta. Cada uma tem seu campo de Patrulha pelo menos a quarenta
metros de distancia uma da outra. É como se fosse uma casa, um lar da Patrulha.
Estranhos só entram se convidados ou se ao pedir permissão são autorizados. A
Patrulha tem seu próprio material de campo, sua intendência e dentro do
possível farão as pioneiras necessárias para que a comodidade, a higiene e o
conforto possa dar o conforto que se espera em uma Patrulha.
Importante é a escolha
do local. Hoje nem sempre encontramos nas cidades maiores bons locais. Tenho
visto em algumas cidades locais que alugam. Quem diria. Mas não é difícil
conseguir bons locais e de graça. Coloque um uniforme, chame um ou dois chefes
e tentem aos domingos passear em estradas secundárias. Conversem com os nativos
sobre o que estão procurando. Encontrando procurem o proprietário. Digam o que
é o escotismo. Peçam autorização. Lembrem-se que não vão acampar ali somente
uma vez. Assim o proprietário deve sempre ser convidado para uma bandeira e
quem sabe entregar a ele um lenço do grupo em solenidade especial. Eu disse
entregar e não promessar. Conheço chefes que em São Paulo tem sempre a mão
quatro ou cinco bons locais. Um telefonema a cada dois meses para manter a
amizade, um parabéns de aniversário, um convite para uma pizza e você vai ter a
amizade do proprietário para sempre.
Se quiseres criar o
espírito de aventura nos escoteiros o local não deve nunca ser perto de
residências, postes de luz nada que mostre ou lembre-se da civilização. Até os
veículos que irão transportar devem
ficar distantes das patrulhas. Entretanto, costumo sempre dizer que - Quem vai ao mar avia-se em terra; Você vai acampar. Nada pode faltar.
Chefes Pata Tenras são aqueles que ficam saindo do campo toda hora para buscar
o que esqueceram ou o que faltou. Um dos princípios básicos de um bom
acampamento é que a Patrulha tenha todo o seu material necessário. Barracas,
vasilhame, material de sapa tudo muito bem acondicionado em um saco, que a
própria Patrulha pode fazer. Estes sacos tem em suas laterais alças para que
com dois bastões quatro ou dois escoteiros possam transportá-los a longa
distancia (se for o caso).
Eu sempre digo que se a
tropa não foi preparada com antecedência para o acampamento tem tudo para dar
errado. Claro, a não ser patrulhas que acampam juntas há anos e tem grande
experiência de campo. Nenhuma Patrulha terá êxito se não tiver um bom
almoxarife, um bom intendente, um bom aguadeiro, um bom socorrista, um bom cozinheiro e claro um bom Monitor. Monitor
que faz tudo não tem Patrulha. Tem ele. Vai sempre reclamar de todo mundo. Se
não confia nos seus patrulheiros é porque não os adestrou bem e então a falha é
sua. Duas boas excursões em dois domingos com programa simples de aprender a
armar barracas (olhos vendados), uso e como transportar a machadinha, o facão,
aprender a usar o sisal, aprender pelo
menos cinco nós básicos, uma amarra, uma costura de arremate e saber montar
pioneiras simples trarão o sucesso esperado. Claro, primeiro só com Monitores e
subs. Depois com a tropa liderada pelo Monitor. Aí sim todos estarão preparados
para um excelente acampamento.
O Almoxarife deve
conhecer seu material, ter uma relação e ninguém seja na sede ou no campo
apanha algum sem falar com ele. Não esqueçam, ninguém anda sozinho no campo.
Sempre em dupla, com o Monitor ciente aonde vão e em distancias curtas. Duas
semanas antes do campo o material deve ser revisado e se o Almoxarife for bom às
barracas já foram uma vez por mês colocadas ao sol para não mofar. Claro que
as ferramentas de corte foram afiadas e
bem oleadas para não enferrujarem. É importante que o tempo no campo para
desenvolver o programa não deva ser corrido. Só de estar lá, na sua Patrulha,
lutando lado a lado, construindo, rindo, calos nas mãos, sol quente e dando
bravo quando a refeição está pronta já valeu o acampamento. Jogos, atividades
técnicas como comando Crow, Falsa Baiana entre outros se forem realizados devem
ser feitas pelas patrulhas e nunca pelo Chefe.
E o Chefe? Claro, sem ele
não haveria o acampamento. Foi ele quem adestrou os Monitores, ouviu suas
ideias, fez um cardápio simples (nada de nutricionista) são escoteiros e
cozinheiros com simplicidade. Em noventa e nove por cento das residências dos
escoteiros não existem nutricionistas para elaborarem os cardápios do dia. Se
no campo é a extensão de suas casas que seja tudo muito simples, mas que seja
uma alimentação forte. O Chefe juntamente com dois ou três pais são responsáveis
pela lista de supermercado. É comum no campo da chefia (ela tem campo separado)
ter uma barraca de intendência e se o acampamento for longo, um dos chefes será
o intendente geral. Ele separa o cardápio do dia por Patrulha, chama os
intendentes na hora determinada para dar inicio as refeições. Cuidados não só
na Patrulha como na intendência geral com chuvas, animais peçonhentos, insetos,
bichos que costumam invadir.
É um tema longo. Não dá
para em um só post falar dele no total. Voltarei à carga novamente. Breve,
muito breve. Precisamos de bons acampamentos para que nossos jovens mais e mais
pratiquem um escotismo sadio e dentro dos princípios e métodos que Baden Powell
nos deixou. Se o Chefe Escoteiro tem noção de como se faz e como se age no
acampamento é claro que ele estará no caminho para o sucesso. Uma Patrulha é
autônoma. Ela não é dependente. É uma equipe. Cada um deve agir como diziam os
três mosqueteiros, “Um por todos, todos por um”. O Chefe deve dar liberdade.
Lembrar-se que o campo de Patrulha é a casa deles e ele como bom orientador só
vai lá quando chamado ou claro em casos especiais.
Quem já viveu a experiência em um
acampamento do porte dos que são feitos em Giwell já tem meio caminho andado.
Estamos aqui para formar cidadãos. Compenetrados no desenvolvimento da ética e
do caráter. E dar a eles todas as condições para aprender a fazer fazendo. Só
assim estaremos cumprindo nosso dever de escotistas. Se conseguirmos manter uma
tropa por alguns anos sem evasão ou reclamações estaremos é claro no caminho
certo para o sucesso. Eles estão aprendendo a agir sem os pais. Estão dando o
primeiro passo para um dia, quando crescerem saber qual o caminho que irão
tomar. A eles serão lembrados do livre arbítrio, mas se eles conseguirem fazer
as escolhas certas então podemos nos considerar vencedores. Aguardem a parte
II, claro se a Parte I foi interessante.
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