Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

terça-feira, 30 de abril de 2013

Acampar, um sonho escoteiro.



Conversa ao pé do fogo.
Acampar, um  sonho escoteiro.

 Parte I
                   Falamos muito em acampamentos. Claro escotismo sem ele está fora da realidade. Quando os jovens ficam sabendo que no programa anual vão ter vários acampamentos eles vibram. Eles adoram. Entraram no escotismo por causa deles. Mas se o último acampamento que foram decepcionou e não conseguiu despertar neles o sonho aventureiro, aí meu amigo é preciso consertar e já. Ou então é melhor não ir mais. Não adianta o melhor Fogo de Conselho do Mundo. Pode dar a eles o que quiserem, mas lembre-se você não pode falhar. Você Escotista é responsável para que os sonhos deles se tornem realidade. Quando você deu a eles as delicias de uma vida mateira, quando deixou que eles fizessem a fazer fazendo sem sua ajuda, quando o tempo foi bem distribuído e ele pode vivenciar o que disseram para ele antes de ir, então, e então o sucesso é garantido e absoluto.  

                    Costumo dizer que existem acampamentos e acampamentos. Vejamos o que o Google diz sobre ele – “Acampamento (do inglês, camping) é um local onde se estabelecem barracas ou tendas, geralmente com a proximidade à natureza onde toda a infraestrutura é levada pelos campistas, tal prática é conhecida por campismo”. - Mas será isto mesmo? É isto que os escoteiros fazem? Não, não é. Isto aí é Camping. Escoteiros acampam e não fazem camping. Eu costumo dizer que a preparação e a organização é a “alma do negocio”. Se a preparação foi perfeita e a organização idem então o sucesso será garantido. Não pretendo ensinar aos chefes escoteiros que leem este artigo. Sei que a maioria sabe melhor que eu como fazer. Seria presunção dizer que mudem e façam o que eu digo. Nada disto. Aqui simplesmente dou sugestões para os mais novos. Eles sim precisam de colaboração.

                     Vamos dentro do possível especificar alguns detalhes importantes. Antes de qualquer coisa estamos aqui falando em acampamentos escoteiros dentro dos padrões de Giwell. Todos sabem que Giwell é o centro de adestramento escoteiro no mundo. Quando dizemos a moda Gilwell é que ali se pratica conforme Baden Pawell especificou e fez no seu primeiro acampamento em Browsea. No mundo inteiro os acampamentos são realizados com os padrões de Giwell Park. A liberdade da Patrulha é absoluta. Cada uma  tem seu campo de Patrulha pelo menos a quarenta metros de distancia uma da outra. É como se fosse uma casa, um lar da Patrulha. Estranhos só entram se convidados ou se ao pedir permissão são autorizados. A Patrulha tem seu próprio material de campo, sua intendência e dentro do possível farão as pioneiras necessárias para que a comodidade, a higiene e o conforto possa dar o conforto que se espera em uma Patrulha.

                       Importante é a escolha do local. Hoje nem sempre encontramos nas cidades maiores bons locais. Tenho visto em algumas cidades locais que alugam. Quem diria. Mas não é difícil conseguir bons locais e de graça. Coloque um uniforme, chame um ou dois chefes e tentem aos domingos passear em estradas secundárias. Conversem com os nativos sobre o que estão procurando. Encontrando procurem o proprietário. Digam o que é o escotismo. Peçam autorização. Lembrem-se que não vão acampar ali somente uma vez. Assim o proprietário deve sempre ser convidado para uma bandeira e quem sabe entregar a ele um lenço do grupo em solenidade especial. Eu disse entregar e não promessar. Conheço chefes que em São Paulo tem sempre a mão quatro ou cinco bons locais. Um telefonema a cada dois meses para manter a amizade, um parabéns de aniversário, um convite para uma pizza e você vai ter a amizade do proprietário para sempre.

                        Se quiseres criar o espírito de aventura nos escoteiros o local não deve nunca ser perto de residências, postes de luz nada que mostre ou lembre-se da civilização. Até os veículos que irão transportar devem  ficar distantes das patrulhas. Entretanto, costumo sempre dizer que - Quem vai ao mar avia-se em terra; Você vai acampar. Nada pode faltar. Chefes Pata Tenras são aqueles que ficam saindo do campo toda hora para buscar o que esqueceram ou o que faltou. Um dos princípios básicos de um bom acampamento é que a Patrulha tenha todo o seu material necessário. Barracas, vasilhame, material de sapa tudo muito bem acondicionado em um saco, que a própria Patrulha pode fazer. Estes sacos tem em suas laterais alças para que com dois bastões quatro ou dois escoteiros possam transportá-los a longa distancia (se for o caso).

                       Eu sempre digo que se a tropa não foi preparada com antecedência para o acampamento tem tudo para dar errado. Claro, a não ser patrulhas que acampam juntas há anos e tem grande experiência de campo. Nenhuma Patrulha terá êxito se não tiver um bom almoxarife, um bom intendente, um bom aguadeiro, um bom socorrista, um bom cozinheiro e claro um bom Monitor. Monitor que faz tudo não tem Patrulha. Tem ele. Vai sempre reclamar de todo mundo. Se não confia nos seus patrulheiros é porque não os adestrou bem e então a falha é sua. Duas boas excursões em dois domingos com programa simples de aprender a armar barracas (olhos vendados), uso e como transportar a machadinha, o facão, aprender a usar o sisal, aprender  pelo menos cinco nós básicos, uma amarra, uma costura de arremate e saber montar pioneiras simples trarão o sucesso esperado. Claro, primeiro só com Monitores e subs. Depois com a tropa liderada pelo Monitor. Aí sim todos estarão preparados para um excelente acampamento.

                     O Almoxarife deve conhecer seu material, ter uma relação e ninguém seja na sede ou no campo apanha algum sem falar com ele. Não esqueçam, ninguém anda sozinho no campo. Sempre em dupla, com o Monitor ciente aonde vão e em distancias curtas. Duas semanas antes do campo o material deve ser revisado e se o Almoxarife for bom às barracas já foram uma vez por mês colocadas ao sol para não mofar. Claro que as  ferramentas de corte foram afiadas e bem oleadas para não enferrujarem. É importante que o tempo no campo para desenvolver o programa não deva ser corrido. Só de estar lá, na sua Patrulha, lutando lado a lado, construindo, rindo, calos nas mãos, sol quente e dando bravo quando a refeição está pronta já valeu o acampamento. Jogos, atividades técnicas como comando Crow, Falsa Baiana entre outros se forem realizados devem ser feitas pelas patrulhas e nunca pelo Chefe.

                     E o Chefe? Claro, sem ele não haveria o acampamento. Foi ele quem adestrou os Monitores, ouviu suas ideias, fez um cardápio simples (nada de nutricionista) são escoteiros e cozinheiros com simplicidade. Em noventa e nove por cento das residências dos escoteiros não existem nutricionistas para elaborarem os cardápios do dia. Se no campo é a extensão de suas casas que seja tudo muito simples, mas que seja uma alimentação forte. O Chefe juntamente com dois ou três pais são responsáveis pela lista de supermercado. É comum no campo da chefia (ela tem campo separado) ter uma barraca de intendência e se o acampamento for longo, um dos chefes será o intendente geral. Ele separa o cardápio do dia por Patrulha, chama os intendentes na hora determinada para dar inicio as refeições. Cuidados não só na Patrulha como na intendência geral com chuvas, animais peçonhentos, insetos, bichos que costumam invadir.

                       É um tema longo. Não dá para em um só post falar dele no total. Voltarei à carga novamente. Breve, muito breve. Precisamos de bons acampamentos para que nossos jovens mais e mais pratiquem um escotismo sadio e dentro dos princípios e métodos que Baden Powell nos deixou. Se o Chefe Escoteiro tem noção de como se faz e como se age no acampamento é claro que ele estará no caminho para o sucesso. Uma Patrulha é autônoma. Ela não é dependente. É uma equipe. Cada um deve agir como diziam os três mosqueteiros, “Um por todos, todos por um”. O Chefe deve dar liberdade. Lembrar-se que o campo de Patrulha é a casa deles e ele como bom orientador só vai lá quando chamado ou claro em casos especiais.

                    Quem já viveu a experiência em um acampamento do porte dos que são feitos em Giwell já tem meio caminho andado. Estamos aqui para formar cidadãos. Compenetrados no desenvolvimento da ética e do caráter. E dar a eles todas as condições para aprender a fazer fazendo. Só assim estaremos cumprindo nosso dever de escotistas. Se conseguirmos manter uma tropa por alguns anos sem evasão ou reclamações estaremos é claro no caminho certo para o sucesso. Eles estão aprendendo a agir sem os pais. Estão dando o primeiro passo para um dia, quando crescerem saber qual o caminho que irão tomar. A eles serão lembrados do livre arbítrio, mas se eles conseguirem fazer as escolhas certas então podemos nos considerar vencedores. Aguardem a parte II, claro se a Parte I foi interessante.  

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