Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Conversa ao pé do fogo. O belo do escotismo está em sua simplicidade.



Conversa ao pé do fogo.
O belo do escotismo está em sua simplicidade.

                     Faça escotismo não faça a guerra. Uma metáfora interessante. Hoje me questionei sobre muitas coisas. – Quanto tempo nós escotistas ficamos com nossos jovens? – Duas horas por semana? Três? Poderíamos somar as atividades extra sede, mas sei que na maioria dos grupos elas não são tanto assim. Nestas horas procuro ver se nosso caminho percorrido foi ou está sendo realmente frutífero. Gosto muito de ver o vídeo de Ian Hislops, detalhando o Escotismo para Rapazes de Baden Powell. (Youtube Escotismo para Rapazes segundo Ian Hislops-Ficheiro único(pt-pt)). Claro ele faz uma analise subjetiva do escotismo de BP. Disseca de uma forma simples e deliciosa o livro Escotismo para rapazes. Pergunto-me se o passado e o presente não podiam andar na mesma trilha. Muitos acham que não e dão centenas de exemplos. Então me pergunto novamente – Quanto tempo ficamos com os jovens por semana? Porque a pergunta?

                          Estamos hoje com uma preocupação constante com o Escotista. Seja na Alcatéia seja na tropa. Desenvolveu-se uma parafernália de cursos, visando aprimorar e qualificar o adulto para que possa desenvolver bem suas funções de líder Escoteiro. São centenas de formadores por todo o Brasil dando todo apoio aos chefes na sua labuta na Alcatéia e na tropa. Mas eu me pergunto. Será isso excencial? Tantas informações, técnicas, para apenas duas ou três horas por semana? É necessário mesmo? Convenhamos que se olharmos um simples professor de uma escola secundária ele não recebe tantas informações assim para desenvolver sua atividade. Bem não cabe aqui comparar, mas vejam onde quero chegar. Nos primórdios do escotismo BP sentiu que não poderia deixar os jovens ao “Deus dará”, sem ter pessoal qualificado para ajudá-los no seu novo sonho aventureiro. Nos bosques, matas via-se meninos a correrem como se estivessem fazendo tudo àquilo que leram nos fascículos que ele escrevia. Ansiavam aventuras. Viver na natureza. Fazer o que ele descreveu tão bem de atividades aventureiras.

                           Para testar as habilidades e conhecimentos BP fez acontecer o primeiro acampamento Escoteiro em Browsea. As bases para deixá-los fazer fazendo foram assentadas. O tempo foi passando. Até alguns anos atrás (acredito até a década de oitenta) tínhamos três cursos básicos para que o adulto pudesse adquirir conhecimentos e chegar a Insígnia de Madeira, sem esquecer uns três ou quatro técnicos. Nestes cursos ele vivenciava muito a vida ao ar livre, os acampamentos, vida em equipe, e com isto o método e o programa foram mantidos na formula que BP acreditava. Aconteceu que muitos jovens começaram a abandonar o escotismo. Não por este motivo, outros que irem especificar oportunamente. Os adultos começaram a mudar para atraí-los. Não era mais uma continuidade nas tropas chefes advindo da própria tropa. Começou-se a criar uma estrutura burocrática que sem perceber dominou todo o movimento escoteiro. Os cursos foram alterados. Experiências e experiências foram feitas. Muitas sem esperar os resultados e implantadas como fato consumado.

                            Criamos sem perceber uma oligarquia que decide em nome dos jovens, fala pelo jovem e acredita piamente o que eles os jovens desejam e sonham. Claro, não esqueceram as belas coisas do método Escoteiro. Mas sem querer alienaram o jovem. É comum escotistas exaltarem seus feitos dizendo que a atividade foi linda! Que isto foi ótimo, que “meus” escoteiros adoraram. Esqueceram-se de perguntar os interessados e muitas vezes até perguntaram, no entanto a maneira usada para a pesquisa não deixa dúvida que o jovem vai dizer que gostou. Difícil dizer se é verdade ou não. De noventa para cá a saída foi enorme. A procura aos poucos foi desaparecendo. Vejam o uniforme. Muitos escotistas dizendo o que o jovem vai ou não dizer a respeito dele. Outros até comentam que agora a procura será bem maior com o novo uniforme. Alguns chegaram a afirmar que fizeram pesquisas (?) e muitos jovens não entravam por achavam o uniforme “feio”! Pelo que sinto o novo uniforme ou traje vai atrair centenas de jovens de volta ao movimento. Acreditam nisto? Os que vierem foram “comprados” por uma vestimenta?

                             Não sei, posso estar enganado, mas estão a cada dia complicando mais a estrutura Escoteira. Esqueceram que não somos profissionais, somos voluntários, temos nossas obrigações familiares e profissionais e o escotismo devia ser uma atividade que não assoberbasse tanto nosso tempo. Tentam toda sorte de dar conhecimentos nos cursos de formação. Para que? Duas ou três horas por semana? Não vou me iludir, sei que a responsabilidade é grande, mas o objetivo é um só. Formar jovens com ética, amor, fraternidade, honra respeito tudo isto vivenciado na Lei e na Promessa Escoteira. Mas afirmo se não estivéssemos complicando, se pensarmos como BP pensou, em deixar que o jovem aprenda a fazer fazendo, que lá na Patrulha ele vivencie sua turma de amigos e amigas, que eles pudessem fazer seu próprio programa baseado na orientação do adulto conforme prescreveu Baden Powell, quem sabe a participação não seria mais efetiva?

                          São duas ou três horas por semana. Só. O que precisamos? Simples. Motivar ao jovem participar espontaneamente, sentir que ele gosta de sua “turma”, que ele foi lá em uma tarde de sábado sabendo que ele seria mais um. Que ele poderia dar opinião, que ele fizesse o que gostaria de fazer. O Sistema de Patrulhas é simples. Na escola e em seu bairro ele vivenciou outras atividades, agora gostaria de encontrar outras. Muitas vezes nós mesmo complicamos tudo. O jovem na sede quer ver e sentir tudo aquilo que não vivencia fora de lá. Ficar em forma por mais de quinze minutos com alguém falando para ele, com alguém pegando em sua mão para ensinar, com Monitores brigões, com exigências descabidas, com ameaças gerais que costumam acontecer ele logo, logo vai desistir.

                         Ainda acho que dois ou três cursos de formação seriam suficiente. Estamos enchendo os fins de semana com cursos e cursos e os resultados ainda não foram animadores. Escotismo não tem segredo. Qualquer um que entenda os objetivos do método e do programa, do fazer fazendo, do Sistema de Patrulha vai sem nenhum problema atingir o sucesso esperado. Já disseram e eu torno a repetir alguns temas que  John Thurman (antigo Chefe de campo de Giwell Park) disse em seu artigo os sete perigos: (os que não leram podem pedir o artigo completo).


2. Centralização. Acampamentos Nacionais, Regionais e Jamborees são muito bons, mas quando muito frequentes, podem ser desastrosos. Devemos dar ao Escotista a maior oportunidade possível para trabalhar com a sua Tropa e infundir-lhe os bons princípios e não juntar os rapazes em grandes massas para um grande espetáculo. Às vezes existe tal número de atividades organizadas pelo Distrito ou Região que praticamente não resta tempo ao Escotista para trabalhar com as Patrulhas ou Alcateias;

4. Seriedade Demasiada. O Escotismo é algo sério, contudo, uma das grandes coisas é a alegria de participar dele, isso tanto para os dirigentes como para os rapazes. Em alguns países, há o perigo de se pensar em termos educacionais ou psicológicos e, enquanto fazemos isso, perdemos muito da nossa condição de "amadores". E vocês todos sabem que como amadores somos bons, mas como profissionais somos péssimos. Somos uma parte complementar na vida do rapaz; complementar na escola, dos pais, da igreja, e, mais tarde, do trabalho.

6. Austeridade demasiada. Acho que tendemos a nos fazer demasiado respeitáveis e a nos converter em um movimento para apenas os rapazes bons, em vez de levar o Movimento para os rapazes que dele necessitam. O Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se economicamente os rapazes melhoraram desde então, por outro lado moral e espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, que necessitam do Escotismo.

7. Trabalhar para fazer super escoteiros. Devemos estar conscientes, no que diz respeito a adestramento, de não tratar de começar um curso a partir de onde deixamos o anterior, sem pensar que necessitamos começar e recomeçar sempre pelas bases e os princípios para progredir a partir destes.

Para terminar, recordemo-nos que Baden-Powell, em 1938, proclamava com orgulho e alegria o número de três milhões e meio de Escoteiros no mundo. Agora podemos ver um movimento que ultrapassou os oito milhões, (1957) devido justamente à sua simplicidade e ao prazer dos rapazes que tem sido contínuo.

Sem dúvida, Baden-Powell tocou o dedo em algumas das mais formidáveis ideias e práticas que levam os rapazes a segui-las com entusiasmo, e nos métodos, e modo de manejar e guiar os rapazes. É por isso que devemos nos manter o mais possível dentro da simplicidade, da alegria e do entusiasmo que ele inspirou.

OS ÚNICOS CAPAZES E POSSÍVEIS DE PÔR O ESCOTISMO A PERDER SÃO OS PRÓPRIOS CHEFES E DIRIGENTES.

Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e a nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes, então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento.

Feliz palavra de John Thurman. O mundo está mudando, e a mudança que o escotismo tem feito não está dando certo. Muitos rapazes e moças estão saindo. Reclamam das atividades. Precisamos meditar. 

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