Crônicas
escoteiras.
Você
tem valor no seu Grupo Escoteiro?
Entrei no assunto que estava na minha mente a semana toda. Conversava com o
"Velho" Escoteiro. Dizia a ele – Estive lá no Grupo Escoteiro do meu
amigo. Aquele que lhe falei. Não gostei do que vi. Para não ser severo com
tudo, voltei lá mais duas vezes. Não adiantou. A primeira impressão ficou.
Notei lá "Velho" Escoteiro, que os chefes estão desamparados. O
Diretor Técnico mesmo sendo um bom homem não tem condições de liderança, não
sabe arregimentar. Os chefes que ainda ficaram estão à deriva. Tentam de tudo.
Não existe apoio.
O "Velho" Escoteiro me olhou de soslaio e como aquele olhar peculiar
ficou pensativo não sabendo na hora o que responder. Passaram-se minutos. Não
disse nada. Era o "Velho" Escoteiro que conhecia. Alguns minutos
depois ele falou devagar, baixo, e tive que prestar uma enorme atenção ao que
ele dizia. – Sempre achei meu amigo - disse – E sempre afirmei que não é
possível desenvolver nenhuma programação com os jovens quando o Chefe da Sessão
responsável não tem o aval de todo o Grupo Escoteiro. Não se pode fazer nada se
o Diretor Técnico não for competente na sua área.
Continuou - Ele hoje responde por todo o grupo e também pela sua diretoria. Faz
a ligação e orienta os escotistas na sua lida semanal. Um bom Grupo Escoteiro
se desenvolve quando aqueles que são responsáveis pelos escotistas do grupo,
dão a eles condição de desenvolver seu trabalho, provê-los dos meios
necessários e estar ao lado deles sem influir em seu trabalho. Um bom Diretor
Técnico tem de ter carisma. Não digo que é um dom nato. Mas pode ser adquirido.
Continuou o "Velho" Escoteiro – Se os Escotistas não estiverem bem
assessorados, tanto na parte material, nos cursos de formação (obrigação do
Grupo Escoteiro arcar com as despesas, inclusive de transporte) e sempre
receber um sorriso e um muito obrigado do Diretor Técnico, poucos, mas muito
poucos iram querer assumir como voluntários no Grupo Escoteiro. O Diretor
Técnico tem de saber da sua responsabilidade. Ele não deve esperar elogios. Ele
tem é a obrigação de elogiar seus escotistas. Assim como os chefes devem
elogiar seus assistentes.
Uma das maiores decepções de um chefe é saber que não tem nenhum apoio por
parte daqueles que o dirigem. Todos precisam deste apoio. Eles são necessários
para que exista uma diretriz e um trabalho harmônico. É necessário ver que os
escotistas de sessões esperam sempre um incentivo, pois só assim irão saber que
são importantes no trabalho que realizam.
Se isso não acontece não vale à pena continuar a jornada. O Diretor Técnico é o
único responsável pelo abandono e desistência por parte dos voluntários do
grupo. Nos cursos de formação ele deve na medida do possível participar de
todos. Precisa conhecer o terreno onde está pisando. Procure ver os Grupos
Escoteiros mais bem organizados e estruturados, com efetivo acima da media, um
bom número de escotistas participantes e vais ver que ali tem um Diretor Técnico
que agrada a todos e faz seu trabalho com perfeição, abnegação e altruismo.
Os Grupos Escoteiros que sentem dificuldade no seu crescimento, que não
conseguem manter um corpo de Escotistas para seu desenvolvimento quantitativo e
qualitativo, a responsabilidade única é do Diretor Técnico. Se for ele quem
espera elogios o caminho está errado. Shakespeare dizia que o ouvido humano é
surdo aos conselhos e agudo aos elogios. Uma verdade sem sombra de dúvida.
Quando entramos como voluntários no movimento escoteiro, esperamos que haja
algum tipo de agradecimento. Este agradecimento tem muitas formas e meios para
ser efetuado. No sorriso de um jovem, num “tapinha” nas costas, e o melhor, o
sorriso do nosso líder acompanhado do famoso “muito obrigado”. “Muito bom o seu
trabalho”. “O Grupo Escoteiro se orgulha em contar com sua colaboração!” Já
pensou nisto? E claro você iria retribuir dizendo, obrigado, se não fosse você
eu não faria nada!
É muito importante o Diretor Técnico chegar e elogiar e abraçar seus chefes. Um
distrital chegar ao Grupo Escoteiro e elogiar o Diretor Técnico. O dirigente
regional fazer o mesmo com seus distritais. E os dirigentes nacionais elogiando
os regionais. Afinal quem não gosta de um elogio?
Se além
dos elogios viessem acompanhadas de merecimentos aí sim, o objetivo vai ser
alcançado facilmente. Vejam o caso das condecorações. Muitos pensam que se
trata de um privilegio e não um direito. Ora, se você fez sete anos, quinze ou
vinte e cinco, tem o direito na medalha de bons serviços. E isso não se
discute. Agora se você se sacrifica e ninguém lembra que seu trabalho é
importante, então não justifica continuar no sacrifício. Isso mesmo.
Sacrifício. Tudo dará certo quando dissermos que o Grupo Escoteiro é uma grande
família. É como se fosse uma empresa. Sem um bom diretor ela nunca vai dar os
frutos que se espera.
O "Velho" parou de falar, ouvimos vozes. A Vovó e sua filha chegando.
Hora de ir embora. Quarta feira gorda. Amanhã é outro dia. Pela rua quase
deserta eu como sempre ruminava tudo o que o "Velho" disse.
Concordava. Não tinha como ser contrário. Um carro passou por mim buzinando. O
orvalho da madrugada molhava as flores que brotavam em todos os jardins. A lua
era quarto crescente. Um vento sul leve agitava meus cabelos e acariciava meu
rosto. Ah! Que sono. "Velho" Escoteiro, você sempre me trás
conhecimentos. Obrigado "Velho".
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