Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A fabulosa odisseia da Matilha cinzenta.


Lendas escoteiras
A fabulosa odisseia da Matilha cinzenta.

((Os personagens - Tiquinha (Lucilene Bastos), Patropi (Paulo Fernando), Mister Mosca (Joel Silveira), Neka (Antonia Farisson), Grilo (Jorge Assunção) e Professor (Pedro Sales))).

                       - Tiquinha, quando vai terminar as férias? – demora ainda Patropi demora muito, semana passada você já tinha perguntado. Mister Mosca era o único que estava plugado na Internet. Neka e Grilo jogavam paciência e o Professor era o único que estava a escrever em um caderno. – Todos as terças eles se reuniam em casa de um dos participantes da Matilha Cinzenta. A alcateia estava em férias. Sempre fora assim em julho. – Precisamos mudar isto, não dá sem reuniões só porque alguns chefes vão viajar, disse Neka – Eu concordo com você, sem uma reunião uma excursão ou um acantonamento e sem escola o tempo não passa! Disse o Grilo. – Olhem, não somos uma matilha? Afinal na jângal os lobos não se viravam sozinhos? Disse o Professor. Todos olharam para ele. Fale mais Professor. – Bem acho que podemos fazer uma atividade de um dia só para nós. Não estamos em férias?

                         Todos eles pertenciam a Matilha Cinzenta. Estavam juntos a mais de dois anos exceto a Tiquinha e o Grilo com um ano. Eram grandes amigos. Sempre as terças se reuniam em casa de um deles. Hoje estavam na casa do Professor. Dona Filó sua mãe sempre dava uma olhada no quarto para ver o que estavam fazendo. Agora estava na cozinha preparando um lanche para eles. Ela gostava de todos da Matilha. Eram seis e grandes amigos e muito educados. Jovens naquela idade não costumava ser assim. Mas Dona Filó nunca imaginou o que eles naquele instante estavam planejando. Se soubesse não estava sorrindo e sim chorando. Não só ela, mas como todas as mães e pais dos seis loucos e sonhadores lobos da Matilha Cinzenta.

                           Ficaram ate às sete da noite quando os demais pais foram buscá-los. O local foi escolhido pela internet. Um lugarejo antigo, onde existia um trem que aos sábados e domingos fazia o trecho explorado turisticamente. Na internet viram as fotos. Lindas, maravilhosas. E a nevoa que encobria com uma bruma cinzenta a cidadela? E aquela estradinha que levava a riachos de pequenas cascatas com águas cristalinas? Era demais. Poderiam achar a Pedra do Conselho. Quem sabe o Lobo Gris estaria lá? Todos estavam com a adrenalina à flor da pele. Discutiram a hora de saída, hora de chegada, o que deviam levar apetrechos com uma bússola (não entendiam nada dela) e lanterna. Um lanche extra no caso de demora de retorno. Como iriam ficar fora o dia inteiro teriam de mentir. Detestavam isto, mas não tinha saída. - Não dizem que somos todos viajantes do tempo, estagiando nesta odisseia de uma longa viagem cheia de aventuras, peripécias e eventos inesperados? Disse o Professor. Concordaram com ele.

                          Em um gravador com a voz dentro de um latão de cem litros imitaram a voz do Balu. Ele dizia que estavam chamando os lobos para uma reunião especial que ia durar o dia inteiro no sábado. Os pais deviam trazê-los pela manhã e busca-los à tardinha. Levar um lanche reforçado. Ao receberem o telefonema os pais não duvidaram. Quando ficaram sós na sede, pois os pais confiavam e os deixavam na porta indo embora em seguida eles partiram para o ponto de ônibus. – Acho que estou com medo – disse Neka. – Calma, vais ver que será tão divertido que o sorriso ficará sempre presente em você e todos nós – disse Patropi. O ônibus os deixaram na Estação Ferroviária. O trem não demorou. Os passageiros sorriam com aqueles seis jovens de mochila e uniformizados de azul. A maioria sabia que eram lobinhos e lobinhas. Ninguém se perguntou onde estavam os chefes.

                          Quase duas horas de viagem. Chegaram. A estação era bem antiga. Desceram e subiram uma grande escada de ferro. Logo em uma passarela enorme tiveram uma bela visão. A cidade aos seus pés e a bruma cinzenta em volta. O Professor sabia onde deviam ir. Pesquisou muito. Atravessaram a cidade e ninguém estranhou aqueles jovenzinhos de azul boné estiloso e mochila as costas sem um adulto. Ninguém se perguntou. Logo avistaram a estradinha. Linda. Em volta um arvoredo cheio de pássaros e beija flores coloridos. Estavam em êxtase. Maravilha tudo aquilo. A estrada diminuiu. Agora era uma trilha. Ninguém queria parar. Cada um se sentia em plena Jângal. A mente buscava a Akelá ou quem sabe o Balu atrás de alguma árvore. Nem pensavam em voltar. Todos sonhavam em chegar à Pedra do Conselho. Sabiam que lá estaria o lobo Gris e seus irmãos. Foi Patropi que disse estar com fome. Pararam para um lanche. Conversavam entre si cada um fazendo perguntas que o outro não sabia responder.

                         Eram duas e meia da tarde, hora de voltar. Mas e o riacho com cascatas de águas cristalinas? E a Pedra do Conselho? – Neka que tinha um relógio marcou o tempo. Seguiriam por meia hora. Se nada encontrassem meia volta. Viram o riacho. Lindo, nada mais que um banho, pois não foram ali para isto? – Um banho lindo e formidável. Brincavam, gritavam, riam cada um olhando para o outro e mostrando a alegria de estarem ali. Esqueceram-se das horas. O sol sumiu. Assustaram-se. Tiquinha pensava como voltar. – E agora? Perguntou. – Calma, disse o Professor. Todos nós devemos agir com calma. Vamos aproveitar antes de escurecer e voltar para vermos se achamos a estrada. O dia se foi. Não enxergavam nada. Tiraram as lanternas. Mesmo assim não viam nenhuma estrada. Outra trilha e a noite chegou sem lua. Nem as estrelas eles viam. – Que burrice fizemos? Disse o Mister Mosca – Não devíamos ter vindo – disse o grilo. Só Patropi e o Professor mantinham a calma. Eram uma da manhã de domingo. O Professor achou por bem parar. Seguiriam no dia seguinte. O que os pais iriam dizer ficaria para depois. Agora era dormir um pouco. A Tiquinha descobriu um isqueiro em sua mochila. Com lanternas juntaram uns gravetos. A fogueira esquentou a cada um. Os olhos fixos nas chamas que subiam aos céus.

                       Acordaram pela manhã com um Canário Belga cantando e um Bem Ti Vi procurando com seu cantar sua companheira. Olharam em volta, nenhuma trilha. Tiquinha começou a chorar. Neka também. Patropi soluçava. Mister Mosca e Professor de olhos fechados não sabiam o que fazer. Só o Grilo ainda sorria. De que ninguém sabia. – Na sede os pais desesperados. Policia, bombeiros, O Diretor Técnico, a Akelá, o Balu e vários Escoteiros falavam ao mesmo tempo. - Onde foram? Ninguém sabia. Fizeram varias equipes para perguntar na redondeza. Ninguém viu. – Capelão um bêbado do bairro disse que eles pegaram o ônibus da estação ferroviária. Ninguém acreditou nele. – Farofa era Monitor da Falcão. Chamou a patrulha. Só vieram cinco. Os demais estavam de férias viajando. – Vamos achá-los disse. Faremos duplas, uma delas pegue o ônibus da estação. Tendo alguma noticia ligue para os outros.

                   O domingo se foi. Nada da Matilha Cinzenta. À noite ninguém podia fazer nada. Na mata a Matilha não tinha saído do lugar. Sabiam que estavam sendo procurados. Dividiram os lanches para dois dias. Muitos saquinhos de biscoitos, batatas palhas e balas. O choro agora era de todos. Neka segurou na mão de Tiquinha, que pegou na mão de Patropi e assim todos deram as mãos. Resolveram rezar. – Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o teu nome... Se alguém pudesse ver aqueles seis lobinhos rezando em plena mata escura também iria chorar junto a eles. Mais um noite em que dormiram juntos e abraçados. Uma fogueira cujas fagulhas subiam aos céus, iluminando uma coruja astuta que olhava para eles sem saber o que estava acontecendo. Dormiram e sonharam com Deus, com Jesus sorrindo para eles e dando esperanças.  Acordaram na segunda feira. Ninguém apareceu.

                    Farofa não desistia. Ele mesmo foi até a estação. Ficou lá mais de quatro horas conversando com um e outro. Os patrulheiros insistiam em voltar. – Farofa, não adianta, ninguém viu e ninguém sabe, disse Lumpaza. Mas Farofa não desistia. Risoleta trabalhava na banca de jornal. Viu os Escoteiros perguntando. Lembrou-se dos lobinhos. – Foram no trem de sábado para Paranapiacaba. Não vi eles voltarem, pelo menos no horário que trabalho aqui. – Pronto. Uma pista. Farofa ligou para o Chefe Trovão. Sabia que ele daria noticia a todos. Sabia que em pouco tempo Paranapiacaba estaria cheia de bombeiros, policias, a turma de sobrevivência na selva e helicópteros. – Eu vou no próximo trem disse – Toda a patrulha disse que agora era questão de honra eles serem os primeiros a encontrarem os cinzentos. Em Paranapiacaba só um guarda civil lembrou deles. – Pegaram a estradinha da serra do mar. Farofa conhecia tudo ali com a palma da mão.


                    No final da estradinha duas trilhas. Japirú era bom em pistas. Logo viu as pegadas deles. Fácil de seguir. A Trilha acabou. Matos quebrados. Seguiram em frente. Mais meia hora e lá estavam eles abraçados e chorando. A fome apertava. Quando viram os Escoteiros foi um grito de esperança. Um mês depois eles contaram na Alcateia tudo que aconteceu com eles. Mas não com orgulho e sim como um “mea culpa”. Ninguém nunca deveria agir como eles. Não leva a nada. Mentiram para os pais, para os chefes. O lobinho não diz sempre a verdade? E eles não sabiam como agir. Se adultos se perdem e muitos morrem, eles nunca poderiam ter feito o que fizeram. Seus pais choraram tanto de alegria que nem brigaram. Mas ficaram de castigos em casa por três meses. Queira ou não os seis lobos cinzentos da grande odisseia nunca foram esquecidos. Todos os lobos falavam deles para todo mundo. Uma fama se criou e até hoje naquele Grupo Escoteiro as historias contadas não condizem com a realidade. Mas todos tem seus heróis aventureiros. Se fosse para o bem que seja. Não faria mal a ninguém. Seja sim ou não, que a Matilha cinzenta aprenda com seus erros. 

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