Lendas
escoteiras.
Guinevere, uma
Guia Escoteira na Corte do Rei Arthur.
Meu nome é Guinevere. Porque meus
pais me deram este nome ainda não entendi bem. Eles juraram que não foi baseado
na lenda do Rei Arthur onde a rainha Guinevere nutriu uma secreta paixão por
Sir Lancelot. Sei que a lealdade e o respeito que nutriam pelo Rei e o respeito
pelo misterioso Merlin esta traição quase não foi consumada. Isto que aconteceu
com os dois amantes nem se compara ao ódio que a feiticeira Morgana, meia irmã
de Arthur sente por eles. Mas não é isto que quero contar. Minha vida era
agradável, eu não tinha o que reclamar, pois o meu colégio era um dos melhores,
meus pais classe media alta, tinham uma vida razoavelmente boa. No meu colégio
tinha muitas amigas e duas em especial. Juntas íamos ao shopping, cinema e ate
escondida ia me encontrar com Tony a quem eu dizia nutrir um amor que nunca
existiu igual. Hoje quando me lembro acredito que tinha uma vida fútil sem
graça e sem sentido na vida.
Tem dois anos que entrei no Movimento
Escoteiro. Liv uma nova amiga que conheci em uma atividade fora da escola foi
quem me disse o que era o escotismo. A princípio não me interessei muito.
Afinal tinha uma rotina de vida. Colégio, shopping, internet e ficar nos braços
do meu amor. Mas ela com seu jeitinho aventureiro me convenceu a conhecer a
Patrulha Aconcágua. Eram cinco e em Conselho de Patrulhas resolveram abrir vaga
para mais duas, pois Ned o Monitor iria para os pioneiros. Havia muitas meninas
interessadas, mas Liv me garantiu que a vaga seria minha se eu fosse com ela na
reunião de sábado. Francielli e Ravy minhas duas amigas do colégio deram
risadas quando contei para elas o que iria fazer no sábado – Babaquice
Guinevere, uma tremenda babaquice. Não desisti. Tinha assumido um compromisso
com Liv e não iria desmarcar.
Nunca na minha vida tinha
visto jovens tão sérios e responsáveis. Muito diferente dos que conhecia. Max,
Ned, Liv, Leo, Jan e Junior eram diferentes muito diferentes de todos os meus
amigos. Um respeito enorme com todos fazia com que eles se orgulhassem da Patrulha.
Diziam que quem estava ali tinha honra, o respeito e a ética acima de tudo.
Fiquei com eles até a noitinha quando minha mãe ligou preocupada. Fiquei de encontrá-los
novamente na quarta onde iriam fazer uma reunião de Patrulha para decidir uma
atividade aventureira. Não deu outra. Aceita entrei para a Patrulha. Nunca me
arrependi. Fizemos juntos aventuras incríveis. Eu ria quando eles diziam para
todos que eram os “Cinco Magníficos”. Fui a lugares que nunca pensei em ir.
Passei a acreditar no impossível e para escrever tudo que passei levaria dias e
dias. Mas minha promessa ficou marcada em minha vida. Um ritual que nunca mais
esqueci.
Minha promessa
foi feita a noite. Fomos para o alto do morro da Carmana, próximo à cidade. A
patrulha toda vestida com uma bata negra e por baixo o uniforme. Eu também usava
a bata. Fui apresentada pelo Ned e iniciaram o ritual do Santo Graal como eles
chamavam. A frente uma mesinha, forrada com a da Tropa e a do Brasil dobrada. Em
cima o cálice sagrado e uma pequena espada de metal. Lembrei-me das Lendas
Arturianas, e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Tudo aquilo tinha muito a ver
comigo. Elas se aproximaram e Ned gritou alto: - Quem vem lá?
-
Apresento Guinevere ela quer ser mais uma dos Aconcágua! – Leo respondeu –
Aproxime-se! A patrulha fechou o circulo e todos disseram juntos com as mãos
sobre os ombros um do outro o juramento da patrulha – “Que todos saibam, hoje e
sempre, que prometo por tudo que é sagrado, amar, aceitar e respeitar os meus
amigos da patrulha, honrar sua história, morrer se preciso para que seu nome
seja conhecido pela coragem e abnegação. Farei prevalecer à verdade, hoje e
sempre! Podem saber que serei forte como os deuses que habitam o lago azul da
vida. Que os ventos do Norte, que os ventos do Sul, que os Ventos do Leste e
que os ventos do Oeste tragam a chama da liberdade, da honra e da palavra ao
meu coração.”.
Nunca esqueço. Sempre me emociono quando lembro e lá estava emocionada quando dizia
essa promessa. Em seguida ajoelhei-me e todos colocaram uma mascara vermelha. O
Leo colocou a espada na minha cabeça e nos meus ombros dizendo – Seja bem
vinda. Agora pertence à Patrulha Aconcágua. Honre seu nome por toda a vida! “Vamos
beber na fonte dos deuses o sonho que nunca vai terminar, vamos juntos jurar
fidelidade e amor entre nós, nada e nem nunca irão separar”! – Com o cálice,
bebemos essa água sagrada, colhida na fonte dos amigos inseparáveis! Eu chorava
de emoção. Incrível. Em seguida Leo e Jan abriram a Bandeira Nacional. Eu já
sabia, era a hora da promessa escoteira. Disse em alto e bom som – Prometo
fazer o melhor possível para, cumprir o meu dever para com Deus e minha Pátria
e obedecer à lei do Escoteiro. Meus amigos, não deu para aguentar. A emoção foi
demais.
Ainda
bem que vieram todos me abraçar. Não antes do Chefe Anselmo convidado para a
cerimonia me colocar o distintivo de promessa e o Ned Monitor me colocar lenço
do grupo. Uma emoção que nunca senti em minha vida. Acho que esta promessa me
marcou para sempre em minha vida. Assim começou minha saga na Patrulha
Aconcágua. Agora não eram mais os Cinco Magníficos. Éramos agora os Seis
Magníficos. As atividades aventureiras se multiplicaram. Eu vibrava com todas
elas. Grandes acampamentos, até que um dia Jan nos trouxe um manuscrito. Pediu
que todos dessem uma olhada. Deduzi que estava escrito em latim. Entendia
pouco. O Max me deu a tradução. – Dizia – “Lá, onde o vento sopra forte, onde a
Estrela Negra mora, encontrarão a felicidade nos seus sete desejos”. Todos
estavam calados. Mas o que significava isto? Porque ir até a Serra da Estrela
negra? Onde descobriram que ela existia? Perguntas. Respondida de pronto pelo
Jan, o intelectual, o pesquisador da internet.
Não
vou entrar em detalhes. Seriam páginas e paginas para escrever uma das maiores
aventuras que participei. Tudo na Patrulha era assim. Uma ideia, um plano e
ação. Ninguem tinha medo. Dois anos com a Patrulha. Disseram-me que no próximo
ano terei que passar para o Clã pioneiro. Não gosto da ideia. Não fui lobinha e
nem escoteira. Amo a Tropa Sênior e se pudesse nunca sairia dali. Mas a idade
vem e não podemos fugir. Que assim seja. Hoje ser Guia para mim é um novo rumo
em minha vida. Posso agora dizer a todos que o escotismo está em minha mente,
em meu espírito e em meu coração. Se você ainda não é porque não vem conhecer?
Procure um grupo Escoteiro e seja mais um. Tenho certeza que não vais arrepender-se.
Ah! Esqueci de dizer, Tony o meu amor disse – Ou eu ou o escotismo. Coitado,
dançou! Até uma próxima vez!
Nenhum comentário:
Postar um comentário