Jogando conversa fora são artigos em série onde quatro chefes discutem
temas que no dia a dia vemos em nossas atividades escoteiras. Eles simplesmente
levantam o problema que deixa para os leitores chegarem as suas próprias
conclusões. Este é o sexto série. Os anteriores já foram publicados aqui. Se ainda
não leu e quiser ler, peça pelo meu e-mail. Em PDF. elioso@terra.com.br
Conversa
ao pé do fogo. Parte VI.
Jogando
conversa fora. Como Contar Histórias.
- É mesmo uma contradição, para
desligar o computador clica-se no menu iniciar – Risos. – Vou lhe dizer
francamente, todos os dias o computador me ensina algum. – Ensina a todos nós
disse a Akelá. – Matheus já tinha servido os quatro. Desta vez o petisco era um
frango a passarinho no ponto! – Digam-me, vocês contam histórias na tropa? –
Claro que sim. Mas diferente eu acho de vocês lobinhos – Um Fogo de Conselho
não pode ficar sem uma história. - Principalmente as de terror! Disse o Chefe
Sênior – Eles adoram. Já soube de muitos que tremeram para voltar as suas
barracas – Dizem que existem técnicas para isto é verdade? – Não sei. Já
conheci muitos bons contadores de histórias. – Mas e então, como contar? Como
atrair a atenção e quanto tempo deve durar a história? – Olhe, acho que tudo
isto depende da história, depende do programa que vocês estão desenvolvendo.
- Algum de vocês sabem onde se
origina a palavra Shope? – risos gerais – Eu sei, Chopp vem do Schopp e é uma
medida de volume. Equivale a 300 ml. Com o tempo a palavra passou a designar a
bebida. – "Dê-me uma mulher que ame a
cerveja e eu conquistarei o mundo." Sabe
tudo este Chefe. Em breve vai ser um chefão lá nas cortes dos chefões. – A
Pizzaria está vazia hoje – Matheus! O que houve? Sábado e vazio? – Não, hoje é
carnaval, meus clientes gostam do bloco que fizeram e vão se divertir cantando
e pulando – Eu conheci um Chefe que contava historias improvisando – Ele virava
para a turma e dizia: - Me deem o tema e lhe darei uma boa história – Outro que
conheci fechava os olhos, abria, imaginava onde estava e “pumba” saia outra
história espetacular. – Eu sei como é – disse a Akelá – Outro dia contei uma
nova parte da História de Mowgly – Eles gostaram? – Nada disto, um gritou –
Akelá não tem uma de terror?
- Matheus sem fazer nada viu
que os copos estavam vazios e logo trouxe outra rodada. Trouxe da cozinha
especialmente para eles um bolinho de carne que deixou todos encantados
querendo mais. – Um dia eu li que para cada sessão, para cada ocasião existe um
tipo de história – Não sei não, mas não deve ser contada por mais de dez ou
quinze minutos. – Se vocês notarem alguém abrir a boca ou olhar para o lado é
hora de encerrar, insistir é fazer perder o interesse para uma próxima vez. – Eu
já vi uma Chefe contar uma história de um criador de gado – tirou assim do ar e
contou – A meninada não despregava os olhos dela. Ficou até meia noite contando
– Claro se a narrativa, os gestos a impostação da voz estiver no contexto da
história todos irão gostar. – Quer saber de uma coisa? – A perfeição não pode
ser concebida só por uma boa história. Ela tem que ter alem da personagem uma
boa dose de cerveja – E riu a vontade. – Mudando o tema da cerveja, eu nunca
esqueço que as minhas historias são memorizadas, pois ainda não tenho o
traquejo de criar e inventar na hora.
- Me disseram que vivenciar
a história é o passo mais importante – Pode até ser e já vi alguns
envolverem-se com ela de tal maneira que era como se todos nós ali presentes
estivéssemos juntos junto às personagens – Mas já vi outro que se envolveu
tanto com seus gestos e traquejos que a historia serviu para virar uma grande
piada – Matheus! A saideira! – Já? Falta dez para as onze. – Estou com sono –
Hoje vou dormir e contar uma história para mim – Mas esqueci de perguntar, é
válido quando existe entre o Contador de História e os participantes dar espaço
para duvidas, perguntas ou quem sabe pedir para mudar a história? – Sei lá! –
Acho que pode sim. Como chamam hoje nos programas de TV? – Interagir! – Isto
mesmo. Muitas vezes a falta de entusiasmo e do teor da história muitos passam a
querer interagir e é uma hora perigosa. – Muitos falando e comentando jogam
todo o trabalho organizado por terra.
- Despesas dividas iam
saindo quando um disse – Sabem, existe uma coisa que me afeta profundamente. Os
homens que não acreditam em seus lideres e contadores de história e aqueles
outros que não gostam de uma boa cerveja! – Gargalhas gerais – Akelá não quer
dividir o taxi? Não. O ônibus é barato, minha casa não é longe e tenho o passe
livre – Viva a Akelá! E salta uma cerveja estupidamente gelada prú batalhão...
E vamos botar água no feijão!
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