Pontualidade é a arte de não desperdiçar o tempo
alheio.
Anônimo
PONTUALIDADE, UMA QUESTÃO DE HONRA PARA NÓS
ESCOTEIROS.
(Este artigo já foi publicado aqui. A pedidos estou
fazendo um repeteco).
Eu não sei por que resolvi escrever sobre pontualidade. Não é um assunto de
adestramento, de técnica, de programas, mas acredito ser da formação escoteira
e de formação moral. Não sei se será bem recebido pelos meus amigos leitores.
Vejamos bem, somos exemplos, somos vistos como perfeitos, muitas vezes pela
comunidade, pelos pais, pelos membros juvenis e estamos a toda hora lançando a
semente da responsabilidade, da amizade e confraternização e do respeito. Na
Lei Escoteira incentivamos as atividades religiosas, escolares e de cidadania.
Portanto, somos responsáveis pela formação de nossos jovens nestes aspectos sem
sombra de dúvida.
No entanto a falta de pontualidade é sempre um sinal de desrespeito pelo
próximo e pela organização social e está presente em nosso meio. Ela está
presente nas rotinas, nas tarefas que desempenhamos, nos desafios e nos
objetivos que nos propormos realizar. De todos os recursos a que temos acesso,
o tempo é um dos mais relevantes pela sua natureza volátil e, para muitos de
nós, perdermos horas à espera de outros, significa desperdiçar um precioso bem.
Também é importante que devemos perceber e assumir que a forma como lidamos com
o relógio, diz muito sobre a nossa educação e temperamento. Numa sociedade
tão exigente e complexa como a nossa, é uma questão de procurarmos definir
prioridades, sabendo de antemão que nunca iremos ter tempo para fazermos tudo o
que precisamos ou gostaríamos de fazer. Ninguém gosta de ficar à espera. Se nos
pusermos no lugar do outro poderemos vir a constatar que esta atitude não é um
pormenor sem importância, mas constitui de fato uma falta de civismo e
respeito. Vejamos algumas situações no dia a dia das reuniões de seções ou
acampamentos:
- O horário de inicio da reunião é 14h30min
(hipotético) alguns pais trazem os filhos nos horários, outros não. Será que é
devido às falhas anteriores por parte dos escotistas responsáveis?
- O tempo de duração da cerimônia de bandeira
(hipotético) é de 10 minutos, mas foram gastos mais de 20 minutos. Nestes casos
os programas feitos pelas seções não terão a continuidade esperada.
- A inspeção, ou o Grande Uivo era de 10 minutos,
mas se gastou 15 ou mais.
- O jogo inicial era de 10 minutos, mas se gastou
muito mais.
- O adestramento de base ou de patrulha/matilha era
de 15 minutos, mas se gastou muito mais.
- Diversas outras atividades programadas tiveram que
ser canceladas ou substituídas por falta de tempo, já que ele foi gasto em
outras atividades.
- E finalmente, o encerramento atrasou e os pais que
estavam à espera ficaram inconformados, pois muitos deles tinham outros
compromissos
.
Agora, vejam bem, foi feito um programa, distribuído
tarefas junto aos assistentes, preparou-se material para isto e boa parte foi
perdida. Esticar o horário, mudar à hora de encerramento? E os pais? É importante
esclarecer que temos praticamente uma atividade por semana, com tempo
determinado e muitas vezes perdemos um programa por não sabermos como
utilizá-lo. - Eu pergunto como fica a motivação dos assistentes quando sua
atividade é cancelada? – Como fica o programa de progressividade nas etapas e
provas? – Não seria o caso de quem sabe, perdendo boa parte do programa, com
consequente atraso no progresso do jovem este é induzido a sair do
movimento?
Eu posso dizer que vivi muito tal situação. Alem das atividades escoteiras nos
grupos, também atividades distritais, regionais ou nacionais não começavam no
horário. Os jogos e atividades programadas se extrapolaram. Chegamos a tal
ponto, que diversos cursos de adestramento que dirigi, tinha alunos que
chegavam atrasados. Mandá-los de volta, recusá-los? Como disse acima, é uma
falta de respeito para com aqueles que chegaram no horário. Isto não pode fazer
parte do dia a dia de nossas atividades escoteiras. Nós adultos somos o
exemplo. Temos que manter nossa fleuma de uma pontualidade “britânica” para
mostrar que os outros podem contar conosco. Nos Grupos Escoteiros que
participei, havia flexibilidade para um pequeno atraso, mas que não
extrapolasse o essencial.
Tenho certeza que a maioria de vocês que me leem, aconteceu um pequeno ou um
grande atraso na chegada de um acampamento, de uma excursão, de um bivaque ou
mesmo acantonamento. Coloquem-se no lugar dos pais que estão à espera, sem
nenhuma notícia. (hoje com o celular é mais fácil) Acredito inclusive que a
decepção pode em alguns casos ser superior à alegria e motivação do jovem no
seu retorno. E na saída então, esperamos este, aquele e no final, saímos com
total desrespeito com aqueles que chegaram no horário, prejudicando todo o
programa que havia sido feito. Conheci um executivo escoteiro profissional, que
conseguiu ser recebido por um presidente de uma multinacional e cujo intuito
era de conseguir meios e locais para alojar em sede própria um Grupo Escoteiro
da comunidade. Ele se prontificou em receber e ouvir e até quem sabe ajudar.
Infelizmente ouve um atraso de 30 minutos e a reunião foi cancelada. Que belo
exemplo ele deu. Acredito que daí para frente aquele Presidente olharia com
desconfiança para o Movimento Escoteiro.
Temos diversas situações de escotistas que divergem de tal situação, chegando
mesmo a pedir demissão pela falta dos responsáveis do Grupo Escoteiro em não
tomar providencias. Como sempre, é mais uma cisão e mais outro grupo sendo
organizado e quem sabe pode não haver frutos do que existe e no que está
começando. Não é preciso dizer, que muitos de vocês leitores não se coadunam
com o que aqui escrevi. Conheço uma centena ou mais de Grupos Escoteiros
responsáveis e acredito que todos lutam para que fatos como este não aconteçam.
Infelizmente, pela minha experiência pessoal passei e ainda passo por
convites de escotistas que ainda não se espelham com os dizeres sagrados da
pontualidade. (e francamente, detesto ficar esperando!).
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