Leia vale a pena. Um
conto de um grande Escoteiro e um dos maiores jogadores de futebol! Não acreditam?
Risos.
Lendas escoteiras.
A difícil decisão do
Escoteiro Andrezinho.
Não o conheci pessoalmente e olhe daria tudo
para ter conhecido. Tornou-se uma lenda não só pelo seu passado Escoteiro como
pela escolha que um dia teve de fazer. Contaram-me que ele morava na Rua Santo
Antonio bem lá no fim da rua. Família simples, pai carroceiro trabalhava de sol
a sol levando areia do Rio Mimoso para as construções na cidade. Sua mãe fazia
faxina em casas de madame todos os dias. Ele chegava da escola e só à noite
eles chegavam. Sei que eram uma família unida. Um amor enorme entre eles.
Andrezinho nunca exigiu nada. Chorava calado quando precisava de alguma coisa e
sabia que não poderiam comprar. Ainda bem que Andrezinho tinha um grande amor
em sua vida. Ou melhor, dois. Os Escoteiros. Amava sua patrulha. Quando lobinho
seu problema maior não apareceu. Idade pequena, poucos observadores e ele
passou incólumes os três anos que ficou lá. Tudo complicou quando passou para
os Escoteiros.
Andrezinho
era considerado como uns dos fundadores do Grupo Escoteiro. Entrou como lobo
quando a Alcateia Flor Vermelha estava iniciando. Com o tempo foi amando mais e
mais aquela turma que ele considerava irmãos. Mas nem tudo é como a gente quer.
Claro, Andrezinho era um grande Escoteiro, mas também era um grande jogador de
futebol. Era considerado o canhotinha de ouro e onde colocava o olho ele
colocava uma bola. Seu Trancoso técnico do Clube Jardim de Alá foi quem notou
que ali estava surgindo um dos maiores mitos do futebol. Quem sabe superior a
Pelé. Quando ele olhava Andrezinho jogando seus olhos saltavam e ele via não só
um grande jogador, mas também o seu benfeitor. Iria ganhar rios de dinheiro com
ele. A principio era muito novo e ele deixou o tempo passar. Belizário o
técnico dos meninos se encantava com Andrezinho. Seu pupilo quando jogava ai do
time contrário. Não perdiam, ou melhor, eram considerado o melhor time infantil
da região.
Ele não
gostava de perder as reuniões escoteiras. Disse para seu Belizário. Este não
gostou. Tentou demovê-lo e não adiantou. Pensou em colocar ele na parede e
dizer – Ou os Escoteiros ou o futebol, mas achou que não estava na hora.
Procurou o pai e a mãe de Andrezinho. – Explicou tim tim por tim tim e a resposta
deles foi à mesma quando esteve lá na última vez – Seu Belizário, a escolha é
dele. – Mas veja – Belizário dizia – Ele tem tudo para ganhar um bom dinheiro.
Vocês iriam para a capital e quem sabe um time do exterior iria contratá-lo? –
Nem assim. – Quem decide é ele repetiu o pai de Andrezinho. Soube que quando
Andrezinho ficava sabendo das investidas do seu Belizário ele ficava triste.
Tinha noites que chorava em seu quarto porque sempre sonhou em ser alguém e dar
aos pais o que eles mereciam.
Procurou o Chefe Lanfon. –
Chefe o que eu devo fazer? – O Chefe olhava para ele e não sabia o que dizer.
De um lado um futuro enorme e financeiramente o sonho de todo jovem do outro
lado um escotismo puro, sincero, amigo, honrado e cheio de aventuras, mas que
dariam a ele uma formação de vida de alguém que pudesse confiar. Claro ele
poderia estudar, arrumar um bom emprego e ser alguém de outra forma. Mas dizer
isto para Andrezinho? Afinal ele não amava a seu modo o futebol? Resolveu
procurar o seu Belizário para trocarem ideias. Quem sabe não chegariam a um
meio termo? Nem tanto mar nem tanto terra. Mas arrependeu-se. Seu Belizário não
era um homem compreensivo. Só enxergava seus problemas seus sonhos e o dos
outros que se dane. Chegou a declarar na cara do Chefe Lanfon que Andrezinho
era seus ovos de ouro. Ele não iria repartir nunca com ninguém.
Para
piorar as coisas seu Belizário começou a fazer treinos sábados a tarde. Eram
realizados sempre as terças e quintas e domingos os jogos. Seu Belizário ficava
possesso quando ele não ia a um jogo aos domingos. Não era sempre, mas
Andrezinho não perdia um acampamento, uma excursão ou uma atividade
aventureira. Isto não ele dizia. Seu Belizário ameaçou cortá-lo do time.
Andrezinho abaixou a cabeça e falando baixinho quase chorando disse – Escotismo
é minha vida. Nunca vou deixá-lo. Mas as flores que brotam na primavera não
escondem o medo que elas tem do outono. Claro que a ameaça do seu Belizário
nunca cumpriu, mas o time sem Andrezinho ficou em quarto lugar na tabela. O
povo gritava o nome dele e ele não aparecia. Estaca acampando. Um a um, dois a
um e cinco a um. Foi à gota. Perder de cinco para o Odeon da cidade de Pedra
Branca era duro de engolir.
Uma
comissão da diretoria do clube foi à casa do seu pai. Outra vez a mesma
resposta. Ameaçaram de não comprar nada dele dali em diante se ele não
obrigasse o filho a cumprir suas responsabilidades no time. E agora? Como
explicar para Andrezinho? O Chefe Lanfon não sabia o que fazer e dizer. Ninguém
sabia. Quem devia decidir era Andrezinho e pronto. Mas uma responsabilidade
desta para um menino de treze anos? – No jogo da semana seguinte na cidade de
Pedra Branca era uma festa só. O povo gritando – cinco a um, cinco a um! O time
da cidade de Mimoso quando chegou foi vaiado. O povo quer sangue pensou o
técnico e o Presidente do clube. - Andrezinho veio? Não! – Maldito moleque.
Escoteiro sem honra. Sabia que precisava defender sua cidade. Inicio do jogo os
dois times entram em campo. Andrezinho chega correndo espavorido. O Chefe
Lanfon o levou no seu Velho Jipe willys até Pedra Branca. Estavam acampados a
cem quilômetros dali. O jogo terminou em sete a três para Mimoso. Carregaram
Andrezinho por todo o campo. Ele havia marcado seis gols do sete.
Quer
saber? Nem sei o que aconteceu daí para frente. Lembrei-me de Andrezinho, pois
soube que o Cruzeiro Esporte Clube, meu time do coração tinha contrato a maior
revelação de todos os tempos. No primeiro jogo contra o Corinthians ele fez
cinco gols. (risos). Mas sabe como é o time querendo fazer caixa o vendeu para
o Roma da Itália. Precisavam ver a mansão que mora. Seus pais estão junto com
eles e quando vi as fotos assustei – No patio gramado da mansão uma Tropa Escoteira
formada para a bandeira. Grande Andrezinho. Seu amor ao escotismo não foi
perdido. Li na página de esportes do jornal o Corriere dela Sera que os
Escoteiros Italianos o idolatram. Estava escrito também que ele sempre que
possível ia acampar com os Escoteiros de lá. E você já ouviu falar no maior
jogador de todos os tempos, um Escoteiro que marcou para sempre a cidade de
Mimoso e hoje mora em uma mansão em Roma? É Andrezinho soube escolher bem. Em
suas andanças nas folgas não esquece nunca sua cidade. O Grupo Escoteiro
Redenção tem tudo que um grupo precisa. E quando ele aparece é festa na certa!
Sempre Alerta Andrezinho. Que os sonhos que teve e se realizaram
façam de você um dos maiores Escoteiros de todos os tempos!
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