Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O Rei morreu (uniforme caqui). Viva o novo Rei (uniforme novo).



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
O Rei morreu (uniforme caqui). Viva o novo Rei (uniforme novo).

         Ei vocês aí, por favor, não me joguem pedras. Sei que sou um Velho Escoteiro cheio de manias e tradições, e que alguns novos me disseram não ajudar em nada com esta conversa de “antigamente era assim”. Por favor, deixem-me falar afinal será por pouco tempo. Acho que dificilmente chegarei aos cento e dez anos, portanto não liguem para o que eu digo. Mesmo contrariado com muito do está acontecendo hoje eu aceito. Amigos dizem para mim que isto é democrático. Aceitar e saber divergir. O que? Divergir como? Meia dúzia decide mudar uma tradição de anos, um hábito de comportamento, um uniforme conhecido do Oiapoque ao Chuí e não consulta ninguém? (ela diz que sim eu digo que não) Deixa que os associados tomem conhecimento em uma apoteótica festa com modelos e tudo e eu vou ficar calado? Never! Sei que minhas palavras não ajudam em nada. É como o vento que chega faz charminho e se vai sem despedir. E me divirto com muitos que insistem em me dizer: - Que os jovens decidem o que querem. Agora? Primeiro ninguém perguntou a eles quando mudaram e agora eles decidem? Coitados. Bois de piranha isto sim. A modernidade gritada aos quatro ventos por muitos irão fazer a maioria aceitar esta imposição. Estão acostumado a só serem consultados quando o arroz queimou na panela daquele acampamento gostoso.

           Há tempos não colocava meu uniforme completo. Pensei comigo – “Chefinho”, porque não faz como muitos aí? Que gritam aos quatro ventos que o novo chegou para ficar e a maioria dos chefes batem palmas por ele? Vixe! Os adultos falam pelos jovens e dizem que eles são consultados? Depois de sacramentado o que eles irão dizer? Claro a modernidade está aí. Bem vamos continuar a saga dos meus escritos. Chefe Osvaldo vista o seu caqui e vá passear aos sábados em Grupos Escoteiros amigos. Faça seu marketing mesmo sabendo que será em vão. Meu pensamento é danado. Obriga-me a coisas difíceis de realizar. Experimentei o caqui que fiz em oitenta e dois. Ele e minha barriga entraram em choque. Difícil de apaziguar. A barriga não posso aposentar e ela precisa de mim. O melhor é aposentar o velho. Fiz para ele uma homenagem linda. Secreta. Não vou contar. O novo chegou. Um caqui lindo. Mostra sem vergonha a protuberância de um barrigudo teimoso. No topo do Terraço Itália fiz as honras de praxe. Para marcar para sempre. Deixei que o novo desse um abraço no antigo. Lágrimas rolaram. Bandeiras foram içadas, saudações mil. Choramos muito eu o Velho uniforme e o novo impaciente para ser investido no dono do meu corpinho jovem. Paciência com os velhos, como disse um amigo outro dia aqui o que é passado deve ser enterrado. Moço inteligente.

           Testei o uniforme. Chapéu novo olhei no espelho. Barriga danada! Fazer o que? Agora uma sessão de fotos e esperar convites de amigos para visitarem seus grupos. Não pode ser longe, pois minha matutagem e meu farnel de remédios me garantem por máximo de cinco horas e claro dependo de caronas ida e volta. Sentei na poltrona da sala e nem prestei atenção ao filme. O céu que me condene. Nome de filme “sacripanta”. Já fui condenado tantas vezes por dirigentes e ainda vou assistir a um filme deste? Nem pensar. Never! Vou tentar andar por novos caminhos. Muitos irão se decepcionar, pois ninguém esperava uma figura como a minha hoje. Velho, carcomido com o tempo, encurvado, falando baixo, tossindo, e com uma proeminente barriga a andar em passos trôpegos parecendo que vai cair. Risos. Não sei se será uma boa pedida. Mas que seja. Não quero morrer sem levantar minha bandeira. Não levarei a mochila e nem a barraca mesmo que o céu tenha sido minha lona, e meu farnel da comidinha e os lanches gostosos hoje não existe mais, ele vai se contentar com a bruxuleante maquininha de respirar, remédios, bombinhas suspirantes e o escambal.


            Rataplã do arrebol, escoteiros vede a luz! É... Aquela foto do caderno Avante de outrora irá desaparecer no tempo. Aqueles sonhos de meninos com a Bandeira Nacional de caqui e chapelão a correr pelas montanhas será coisa do passado. Sonhos de muitos meninos que um dia sonharam em ser Escoteiros. E qual criança daquela época que não sonhou ser um deles? Ratibum, pum, pum! Agora o tema é outro. Não existe volta. Não adianta reclamar. É fato consumado. Melhor é fechar os olhos e deixar que os sonhos percorram os caminhos de uma vida plena e cheia de felicidade. No amanhã ou no porvir dos novos meninos Escoteiros eles também terão seus sonhos, irão viver seu passado lembrando-se das coisas boas que fizeram. Irão ver novas mudanças e quem sabe eles irão conseguir o que eu não consegui. Uma democracia plena autentica cheia de transparência onde eles estarão naquela montanha do caderno Avante, com seus novos uniformes, alegres e benfazejos, marchando ao sabor do vento e a cantar o Rataplã!

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