Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

domingo, 22 de dezembro de 2013

Milagres existem, é só acreditar.


Contos de Natal.
Milagres existem, é só acreditar.

♫ “Rataplã do arrebol, Escoteiros vede a luz”!
Rataplã olhai o sol, do Brasil que nos conduz” ♫

               Liminha não pensou duas vezes, se tinha de pular não ia discutir com o Monitor. Tomou distância e correu, pulou e quase alcançou a margem do outro lado. Não conseguiu, caiu por uns bons cinco metros e sentiu a pancada nas costas. Foi a primeira vez que sentiu uma dor enorme. Foi também que descobriram que ele estava com leucemia. Não foi assim tão rápido. Começou quando após a queda sentia uma dor de cabeça que não passava. Uma fraqueza e cansaço tremendo. Viu manchas arroxeadas na pele e sentia dor nos ossos e articulações. Apareceram outros sintomas, mas os médicos diagnosticaram facilmente. Liminha nunca pensou que podia ter esta doença. Era um Escoteiro alegre, Corredor, valente nas atividades e sempre se sobressaindo em tudo. Quando seus pais souberam acharam que o escotismo era o culpado. A dor é muito forte e achar a culpa de alguém é mais fácil para enfrentar o desespero que passavam. Liminha nunca chorou na presença dos seus amigos de patrulha. Aceitou e muitos estranharam por vê-lo sempre sorrindo.

♫ “Alerta, ó Escoteiros do Brasil, alerta!
Erguei para o ideal os corações e flor!
A mocidade ao sol da Pátria já desperta
A Pátria consagrai o vosso eterno amor” ♫.

               Seus pais não mediram esforços para tentar uma cura. A leucemia era uma doença cruel. Primeiro os medicamentos e a poliquimioterapia. Era demais para ele. Mas com três meses começou a se sentir melhor. Exigiu voltar para sua patrulha. Não pediu e disse aos seus pais que sem o escotismo ele iria morrer logo. Na primeira reunião de patrulha disse para todos o que tinha, mas não queria compaixão – Vocês tem que me considerar como um igual. Se acharem que estou doente nunca mais eu conseguirei melhorar! O escotismo era um balsamo para Liminha. Não perdia um acampamento e com tristeza não pode participar de um bivaque. Seria muitos quilômetros e o próprio Chefe o aconselhou a não ir. Foi a primeira vez que Liminha o viu. Tinha quase sua idade e sem nenhum fio de cabelo, mas com um belo sorriso. Ficaram amigos e seus pais ficaram mais ainda preocupados. Liminha apresentou seu amigo, mas ninguém via ninguém. Um amigo que foi tirado da sua imaginação, todos pensaram. A contra gosto aceitaram. Se isto o fazia feliz porque não? Liminha o chamava de Tércio. Passavam horas conversando.  

♫ “Por entre os densos bosques e vergéis floridos,
Ecoem nossas vozes de alegria intensa!
E pelos campos fora em cânticos sentidos
Ressoe um hino avante à nossa Pátria imensa”! ♫.

           Quatro meses depois Liminha teve outra recaída e desta vez passou meses internado no hospital. – Só um transplante de medula óssea poderia resolver, aconselharam. Mas e como achar um doador perfeito? Vários membros da família se revezaram nos exames, mas nenhum serviu. Liminha se tornou um exemplo para os internos do hospital. Vivia sempre sorrindo e contava longas histórias para os meninos internados no mesmo quarto que ele. Todos aprenderam a reconhecer quando Tércio estava com ele. Tércio sabia tantas histórias e mesmo não o vendo eles se divertiam. Até mesmo os Escoteiros da sua patrulha e da tropa gostavam de ir ao hospital para não só visitá-lo, mas para mandar um abraço a Tércio. Um Tércio que só Liminha conseguia ver. Liminha não melhorava. Pediu aos seus pais que trouxessem o seu uniforme. Gostaria que quando houvesse visita ele estivesse com ele. Era contra as normas do hospital, mas os médicos autorizaram. Quinze dias antes do natal Liminha piorou. Quase não falava. Os médicos comunicaram aos seus pais que não havia retorno. A vida de Liminha era uma questão de dias.

♫ “Unindo o passo firme à trilha do dever,
Tendo um Brasil feliz por nosso escopo e norte
Façamos ao futuro, em flores antever
A nova geração jovial confiante e forte”! ♫.

            Liminha pediu e foi autorizado que fizessem uma reunião de tropa em uma área ajardinada do hospital. Era o dia 24 de dezembro. Ele foi em uma cadeira de rodas. O Chefe Escoteiro emocionado fazia tudo para que Liminha participasse sem notar que o programa tinha sido feito para sua participação. Liminha ria a valer nos jogos e gritava a mais não poder para Tércio seu amigo imaginário. No final da reunião na cerimonia de encerramento antes da bandeira Liminha pediu ao Chefe se seu Amigo Tércio poderia fazer a promessa. O Chefe Escoteiro não sabia o que dizer ou fazer. Os pais de Liminha em um canto choravam lágrimas doídas. – Deus oh Deus porque tudo isto? Dizia sua mãe em prantos. Liminha na cadeira de rodas foi até o centro da ferradura e apresentou seu amigo Tércio a tropa. Quando assustado o Chefe Escoteiro tomava a promessa uma forte luz azul se fez presente. Ninguém entendia nada, mas todos viram em uma névoa branca um menino de branco, com a meia saudação a dizer: - Eu prometo, pela minha honra, fazer o melhor possível para: Cumprir o meu dever para com Deus e a Pátria, ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião e obedecer à lei do Escoteiro.

♫ “E se algum dia acaso a Pátria estremecida,
De súbito bradar: Alerta aos Escoteiros,
Alerta respondendo, à Pátria a nossa vida
E as almas entregar iremos prazenteiros!
Alerta! Alerta! Sempre Alerta”!
       A emoção foi demais. Lágrimas foram derramadas por todos. Liminha assustou todo mundo quando ficou de pé e corria rindo em volta do arvoredo do pátio do hospital. Ele gritava: Não vá embora Tércio. Não me deixes! Quero ir com você! Todos viram um redemoinho que se elevava aos céus. Alguns juram que ouviram Tércio dizer que voltaria. Seria por pouco tempo. Liminha chorava e andando normalmente pediu aos seus pais que o levassem para casa. Os médicos sem saber o que fazer concordaram. No outro dia ele voltaria ao hospital. Liminha voltou, mas para surpresa de todo mundo ele estava curado. Não sentia mais nada. Um milagre. Um milagre de Natal. Tércio no céu sorria. Liminha na terra sorria. O mundo Escoteiro voltou a pensar que no escotismo tudo pode acontecer. Foi o próprio Liminha quem disse ao seu pai e sua mãe:
♫ “Não é mais que um até logo,

Não é mais que um breve adeus” ♫. 

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