Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Você já ouviu os sons da natureza?



Conversa ao pé do fogo.
Você já ouviu os sons da natureza?

A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas.

           Hoje não vou contar uma história. Não vou escrever um artigo. Vou apenas lembrar quando comecei a aprender e sonhar com os sons da natureza. Isto ainda existe? Ainda tem escoteiros sonhadores? Aqueles que olham o céu e pensam estar viajando pelas estrelas? Faz tempo. Muito tempo. A primeira vez estava com dezessete anos. Ia fazer dezoito. Tinha muitos problemas. Ainda não sabia do valor do silencio. Resolvi fazer meu primeiro acampamento sozinho. Sem ninguém. Precisava pensar. Porque não? Quem sabe iria descobrir em mim mesmo de onde vim e para onde vou! Mochila nas costas lá fui eu. Era um pico famoso em frente à cidade que morava. Fui lá muitas vezes com a Patrulha, com a tropa. Subida difícil. Umas cinco horas para atingir o cume.

          Foi uma experiência fantástica. Nunca tive medo no campo. Não sou corajoso, mas amava o campo. Afinal se você o ama não pode ter medo. Fui em um sábado à tarde para voltar no domingo. Era fantástica a vista noturna. As luzes piscando por toda a cidade. Pequenos faróis furando ruas e ruas e o rio serpenteando como uma enorme serpente querendo devorar a cidade. Acomodei-me sem barracas. Tinha uma grande cruz no alto, serviu como escora para minha mochila. Foi a primeira vez que senti e ouvi o vento. O vento soprava. Eu não o via, mas sentia. O som era como se eu o tivesse descoberto pela primeira vez. Dormi. Época que ainda dormia a noite inteira. Acordei no lusco fusco da manhã com o rosto molhado pelo orvalho. Ouvi os pássaros. Cantavam diferentes.  Ainda não os identificava, pois não estavam por perto.

         Demorou mais cinco anos para o próximo. Meu local preferido. Serra da Piedade. Uma viagem de trem, saltar com o trem em movimento em uma subida antes do túnel da Viúva. Fui lá antes várias vezes com amigos escoteiros. Mas precisava ficar só. Sem vozes, sem cantoria, sem gritos sem farfalhar sobre os galhos soltos por aí.  Quatro quilômetros de subida. Outra vista maravilhosa. Quatro cidades no horizonte. Aprendi ali a identificar os grilos, as cigarras, os pássaros noturnos e pela primeira vez vi de perto um lobo guará. Quieto. Olhando-me. Tirei uma linguiça da mochila. Joguei para ele. Comeu com gosto. Nas outras vezes que voltei foi meu companheiro em quase todas as horas que ali estive. Foi lá que passei a admirar o som da chuva. Não importa se torrencial ou não. Quem sabe ouvindo se perde o medo. Até os raios tinham os ruídos da noite assim como os trovões. Em cada época do ano, o vento soprava diferente.

         Fui em outros lugares. Fiz destas atividades a “Escoteira” (aquele que anda só) um programa anual. Nem sempre pude cumprir. Cada lugar que estava um problema diferente. Mas não passava mais de três ou quatro anos para retornar aos sons da natureza. Acampei sozinho em florestas virgens. Podia sentar em uma árvore centenária e ouvir o seu som quando ela rangia com seus galhos enormes e conversava com o vento. Ouvia os pássaros invisíveis nos seus galhos, via o brilho do sol tentando escalar sua sombra em aberturas pequenas nas suas folhas. Nas grandes florestas a chuva tem um som diferente. Os animais em festa, os insetos apressados, você sente no corpo um frescor diferente. Parece que a natureza quer falar com você. Já tinha feito vários destes acampamentos a Escoteira. Não tenho certeza, mas foi aqui em São Paulo, me parece que no Parque anhanguera. Não na área do público. Outra que só nós escoteiros podíamos entrar. Uma imensa mata de eucalipto já sendo engolida pela mata Atlântica. Como sempre só. Choveu. Barraca armada. Acordei ainda sem ter o sol despontando. O cheiro me bateu em cheio. O cheiro da terra. Um acampador, um mateiro e pela primeira vez sentia o verdadeiro cheiro da terra. Maravilhoso! Voltei lá muitas vezes.

          Nunca acampei sozinho em uma praia deserta. Que sons maravilhosos deve se ouvir pelas madrugadas. Quem sabe um Albatroz. O bater de asas de uma gaivota, um trinta-réis ou um atobás. Quem sabe os tesourões gritando no espaço a procura dos seus cardumes desaparecidos. E a onda batendo uma nas outras? E o som imperdível dela chegando e voltando com a mare alta? Já ouvi e vi tudo isto, mas não sozinho. No passado escalei montanhas. Senti lá no alto a paz que procurava. Amei as tempestades e as folhas assustadas que caiam como se fosse no outono. São coisas que deixei para trás. Hoje não posso mais. Mas como eu meus sonhos eu volto sempre a Giwell eu também viajo pelo meu passado com as lembranças dos sons da natureza que aprendi a amar e admirar.

          Não há como esquecer o som do regato, dos peixinhos que pulam a procura de um inseto, no coaxar de um sapinho, do lindo som de uma cachoeira gigante, do bater de asas de papagaios coloridos.  Os sons das abelhas e dos beija flores a procura do néctar nas flores, de olhar uma campina verdejante e ver o vento tocar as folhas do capim, das flores silvestres e elas como se fosse uma onda vão e vem no horizonte. São tantos os sons da natureza que é impossível dizer que Deus não está ali. Sons e sons. Da noite do dia. Do nascer e do por do sol. Sons da chuva, da terra molhada, do riacho manso que corre para o mar. Sons das ondas, das gaivotas, dos falcões, dos macacos guinchando nos galhos como se estivessem a rir de nós. Sons das estrelas, da lua, do sol. Sons imperdíveis da nevoa da madrugada. Quantas saudades daqueles dias que o som da natureza me invadia e tomava conta do meu ser. Um som como se estivesse ouvindo melodias nunca antes tocadas por nenhuma orquestra deste mundo. Sons da natureza!

Por entre junco e hera verdejante
Correm nascentes de água límpida,
Junta-se à sede da minha alma ímpia
Esta cascata pura e refrescante

Já são audíveis os sons da cachoeira
Num simulacro à magia da natureza
Insetos e pássaros voam na certeza
Que Deus existe e a fé é verdadeira··.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Primeira Classe, o sonho de Lord Jim.


Lendas escoteiras.
Primeira Classe, o sonho de Lord Jim.

              Lord Jim era um sonhador. Desde que entrou para os escoteiros ele sonhava. Sonhava com acampamentos, com excursões, com a Patrulha, com as viagens enfim, Lord Jim gostava mesmo de sonhar. Havia uma diferença em Lord Jim, ele sonhava com os pés no chão. Emocionou-se no dia de sua promessa. A tropa em posição de Alerta!  Mino o Monitor ao seu lado, o Chefe Maílson o olhando nos olhos e ele dizendo a Promessa Escoteira sem errar.  Lembrou ali na ferradura quando entrou na tropa. O abraço do Chefe, do Monitor e de todos os patrulheiros da Gavião. Era novo para ele estas provas de amizade. Nunca tinha visto. Diziam que os escoteiros são fraternos. No primeiro acampamento ele sentiu a verdadeira felicidade de viver como um herói das selvas. Aprendeu rápido. Até como cozinheiro ele uma vez ajudou.

                 Quando começou na Patrulha Gavião o batizaram como Lord Jim. Seu nome era Stefano. Gostou do apelido. Quando leu que Baden Powell também foi Lord seu orgulho mudou para melhor. Agora seu sonho era outro. A Segunda Classe. Não foi difícil. Em um ano e meio conseguiu. Melhor ainda a recebeu em uma noite de lua cheia, no Acampamento das Vertentes, ascendendo o fogo do conselho com um palito e pulando as chamas três vezes para receber seu nome de guerra. Apesar de que a tradição rezava ser um nome indígena ele pediu para continuar sendo Lord Jim. Seu Monitor o abraçou. Todos deram um enorme grito de guerra da tropa. – Viva Lord Jim! O Chefe Maílson entregou a Segunda Classe e ele se derreteu todo. Não perdia um acampamento, nenhuma excursão. Era um dos primeiros a chegar à sede para as reuniões. Não tinha sonhos de ser Monitor, seu sonho agora era ser um Primeira Classe. Os cordões claro estavam vivos nestes sonhos.

                 As provas foram feitas paulatinamente. Recebeu do seu Monitor como deveria ser e as datas. Ele mesmo procurou o Capitão Lamartine dos bombeiros para que aprendesse a prova das especialidades de Bombeiro e Socorrista. Acampador tirou facilmente. Em dois anos na tropa já tinha mais de trinta noites de acampamento. Comprou um caderno de duzentas folhas e ali anotava tudo. Datas, onde, quando, tempo e as partes importantes que lá aconteceram. Agora estava se preparando para a jornada. Era a apoteose. Todos que fizeram eram respeitados e até endeusados na tropa. Todos queriam ouvir os contos aventureiros da jornada. Aprendeu a ler mapas, tirava de letra os pontos cardeais, colaterais e sub. colaterais, sabia o que era azimute, graus, aprendeu com facilidade a fazer um esboço de Giwell e seu passo Escoteiro e passo duplo eram perfeitos. Nunca em tempo algum ele errou no seu passo duplo. A quilometragem não tinha erros.  

               O dia da jornada chegou. Ele e Levegildo que ele mesmo convidou partiram rumo ao Vale do Roncador. Não conhecia, nunca tinha ido lá. O Chefe e o Assistente distrital Escoteiro tinham conversado antes. Um ônibus o levou até a estradinha do Sitio do Marcondes. Sua mochila estava perfeita. Nada de mais nada de menos. O farnel o de sempre. Um macarrão, uma batata, um arroz, sal, alho e um vidrinho de gordura. Sabão e mais nada. Não estava pesada. Queria levar a velha Silva de guerra, mas os seniores estavam com ela. Sobrou uma Prismática. Tudo bem. Ele a dominava com perfeição. Na porteira abriram o mapa. Na mosca. Era ali mesmo. Ele contava os passos e Levegildo anotava o que via por ali. Dois pintassilgos, um Anu do Brejo, beija flores voando longe, dois macaquinhos pregos no pé de Jaca.

                Às seis e meia da tarde chegaram ao sitio do Marcondes. Não havia duvida. Duvida ouve na senhora que os recebeu. Parecia que não sabia o que eles queriam, mas disse que eles poderiam usar o riacho e acampar a vontade. Uma sopa deliciosa, lavar vasilhame, limpar bem a barraca para evitar animais peçonhentos, e após uma vista no relatório e uma oração foram dormir. Levantaram cedo. Um café, biscoitos nova arrumação e pé na taboa. Agradeceram à senhora e partiram. Sabiam que deviam atravessar a Mata do Canarinho, mas disseram que não eram mais de quatro quilômetros dentro dela.  Engano. Meio dia, uma hora e não saiam de dentro da mata. Voltaram. Foram até o sitio. Perguntaram. O mapa não ajudava. A senhora disse que eles erraram, se voltassem pela serra eles veriam o caminho.

              Duas da tarde. Combinaram de chegar à sede às cinco da tarde. Isto se o ônibus não atrasasse. Agora sim o caminho estava correto. O mapa voltou a funcionar. Só às sete da noite chegaram ao ponto de ônibus. Demorou. Chegaram à sede as onze da noite. O Chefe Maílson preocupado. O Assistente distrital não quis esperar. Foi embora. Disse que não daria a prova. Se não tem responsabilidade com horários não merecem a Primeira Classe, disse. Dito e feito. Foram reprovados. Lord Jim não chorou e nem desistiu. Ele tinha têmpera de escoteiro. Seis meses depois repetiu a jornada. Desta vez conseguiu fazer tudo no horário. Lord Jim fez do seu sonho realidade. Pediu ao Chefe Maílson para que o distintivo fosse entregue também no Fogo de Conselho. Claro que sim o Chefe disse.

             Noite escura, trovões, o fogo aceso. O Chefe queria voltar para o campo. Começou a cair uma chuva torrencial. Lord Jim chorou. Preciso receber agora Chefe! Não posso esperar outro acampamento. Terei feito quinze anos e serei Sênior! A chuva caia aos borbotões. A tropa ficou de pé. Em posição de sentido. Trovões ribombavam pelo ar. Lord Jim ali em pé em frente ao Chefe. Era mesmo um vendaval dos bons. O vento soprava forte. Mino o Monitor colocou a mão no seu ombro. - Você está pronto Lord Jim? Sim ele disse. O Chefe entregou o distintivo de Primeira Classe. Refez a promessa. Deu um enorme sorriso. Um raio assustador atravessou os céus. A luz que ele produziu mostraram um rosto de um Escoteiro orgulhoso e valente. Agora era um Primeira Classe! Agora tinha muitas histórias para contar! Com ribombos e assombros da chuva que caia intermitente, a tropa ainda em posição de sentido cantou o Rataplã. Todo o hino. A selva recebia com orgulho aquela chuva intermitente e o cantarolar dos escoteiros! Ah! Sonhos! Como é bom sonhar e os ver realizados. Viva Lord Jim. O Escoteiro Primeira Classe!  

domingo, 20 de janeiro de 2013

Condecorações & Recompensas.



Conversa ao pé do fogo.
Condecorações & Recompensas.

             Um tema que por diversas vezes abordei em meus blogs. Espinhoso. Muitos desistiram em algum dia receber pelo menos uma medalha que tem direito. Isto acontece por diversos motivos. Pode ser que ele por ser o líder do seu grupo e como não sabe como agir em causa própria e como o distrito não toma nenhuma atitude, ele vê o tempo passar e nada recebe. Sete anos, quinze, vinte e por aí vai. Fica triste e pensando, ora, ora, vou a uma assembleia e lá estão vários sendo condecorados. Principalmente os dirigentes distritais e regionais. Melhor dizer por aí que não tenho interesse. Estou no escotismo porque gosto dele e não ando atrás de medalhas. Certo isto? De quem é a culpa? Afinal hoje a UEB tem um sistema que acho perfeito no cadastro de todos os seus associados. Ter uma listagem dos escotistas e até escoteiros de quem fez sete anos ou mais é tão fácil como mandar um e-mail. Mas porque não se toma uma providencia?

            Interessante. Eu claro tenho conhecimento de como devemos agir no Grupo Escoteiro, mas tem muitos que não. Se isto hoje é ensinado nos cursos de formação não sei. Se sim acho que falta ainda detalhes mais profundos da ficha técnica. Realmente fazer a pergunta quem é mais importante um dirigente ou um humilde Chefe Escoteiro se ele quer receber seria um paradoxo. Lembro-me de uma passagem em nosso evangelho - “A César o que é de César é começo de uma frase atribuída a Jesus nos evangelhos sinóticos, onde se lê «Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Como? Afinal para que foram criadas a condecorações? Não seria uma forma de motivar e premiar o Escotista? Afinal ele está lá todos os sábados tentando ao seu modo colaborar na formação dos jovens, sacrifica seu tempo, família, amigos e vê outros que só porque são da liderança receberem e ele nada?

           Tente explicar para ele que existe norma, existe um processo, é necessário ter diversas assinaturas confirmando seu merecimento e ele vai pensar o que? Que seus anos de escotismo, seu trabalho tem o valor de um papel com firma reconhecida? Difícil pensar assim. Enquanto isto vamos perdendo em um “turnover” enorme, escotistas que poderiam estar participando e não sendo substituídos por novos. Estes é claro quando estiverem como ele também farão o mesmo. Agora se me perguntarem como resolver eu digo – Compete aos órgãos superiores preencher um simples questionário, via internet para os órgãos responsáveis e sem burocracia fazer a entrega daquele que conquistou o direito e o merecimento em receber. Um direito dele. Um direito que não deve ser postergado.

              Há tempos um dirigente me disse que é muito fácil fazer um processo. Fácil? Tem os caminhos certos para percorrer? E porque a maioria dos escotistas em nosso país com sete, quinze ou mais anos até hoje não foram agraciados? Interessante que estes dirigentes tem várias condecorações. Eu mesmo quando assumi uma região e depois uma Equipe de Adestramento Regional recebi várias. Claro eu tinha amizades na cúpula e um pequeno toque lá estava eu recebendo uma. Depois que deixei de pertencer à liderança regional e fiquei somente no Grupo Escoteiro nunca mais. Já não era merecedor. Ou seja, meu trabalho antes era mais importante que aquele junto aos jovens.

              Tem hora que desanimo em ver dirigentes recebendo as mais altas condecorações e outros que fizeram um trabalho muito mais dignificante em seu Grupo Escoteiro sem nada receber. Dizer que seria fácil mudar este estado de coisas seria quem sabe uma verdade que ninguém quer ouvir. Mas garanto se estas condecorações fossem entregues a quem de direito, sem burocracia, pois não é verdade que temos uma só palavra? Precisamos provar? Se alguém por um motivo ou outro não for merecedor mais a maioria o for acho que é meio caminho andado. Não conheço nenhum Escotista de sessão, com mais de quinze ou vinte anos de movimento com uma alta condecoração Escoteira. Mas conheço dirigentes com muito menos portando orgulhosamente.

               Garanto e ponho a mão em cima, que, os escotistas ficariam bem mais motivados, outros se sacrificariam mais para também ter este direito e com isto o movimento Escoteiro só teria a ganhar. Não falo somente em uma de bons serviços. Nada disto. Todas. A assistente de lobinhos que deixa seu lar para ficar em atividade em um grupo sacrifica um tempo que não tem para mim tem o mesmo valor que um dirigente dos órgãos superiores. Não basta um certificado, não basta um sorriso, todos nós gostamos de um elogio e se ele vier em forma de premiação que “existe” na UEB melhor. Afinal não foi este o objetivo para que foram criadas? Só digo que mais da metade dos grupos escoteiros no Brasil não tem estrutura necessária para tomar providencias em premiar seus escotistas. Temos de mudar o sistema. Os grupos dificilmente serão mudados. Temos que ver que o valor, o merecimento não é de meia dúzia e sim de todos.

               Que não me venham dar explicações de processos de como fazer etc. Conheço todo o caminho para eles. Lembrem-se já estive na posição de decidir e olhe, decidia de olhos fechados. Precisamos premiar a quem de direito. Precisamos agradecer a ele pelo trabalho que está dando ao escotismo. Não sei não, mas acho o Chefe Escoteiro mais merecedor que muitos dirigentes. Quem sabe um dia esta burocracia acaba?