Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 13 de julho de 2013

Tudo tem uma razão de ser.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Tudo tem uma razão de ser.

             Eu estou vivendo em um mundo que não é meu. Ei! Por favor! Não estou revoltado não. “Bissolutamente”. Estou até tentando me acostumar, mas é difícil. Dizem que quando se fica "Velho" é melhor ir jogar dama na praça, ou então ficar de papo com a “velharia” falando de doenças, de dores e do Corinthians (nem morto). Internet? Facebook? Google? Você está doido meu amigo. Saia de lá rápido. Aquilo é uma fábrica de loucuras. Enlouquece a qualquer um! Afinal você já vai fazer setenta e três anos, vá viver a dinâmica da gostosa vida na praça e leve uns tostões para apostar. Lá sim que é gostoso. Truco! Já viu o grito? Seu corpo vibra! Vai se juntar a nós o quanto antes! Risos. Sempre me falam isto, mas eu sou Escoteiro. Ou melhor, hoje um aposentado que acha que ainda tem aquele espírito juvenil. Ainda acredito no sonho Escoteiro. Afinal todos não acreditam em seus sonhos? Sonhar não custa nada. Umas das poucas coisas gostosas que são gratuitas.

              Interessante. Já era para eu ter encostado as chuteiras há muito tempo. Nas andanças do mundo com minha mochila e minha bandeira eu já encostei, mas a danada da mente não quer aceitar. – Meu amigo, dizem-me, hoje o mundo é outro! Alguns chefes são modernos. Você é das antigas. Sapo de fora! E quanto aos jovens os aceite como eles são. Se ele fala gírias, se ele veste o que quer e se amarra em um lenço no pescoço, se andam com a camisa do lado de fora ou se estão sem camisa, se o boné está virado, se ele não dá bola para os adultos, se ele aqui enfrenta o mundo virtual como gosta então se toque. “vá plantar batatas’”! – Certo isto? Acho que sim. Volta a Giwell Park, terra boa, vou voltar lá e plantar batatas. Plantei muitas em minha vida. Batatas lindas, os pés altos, e as batatas doces? Uma doçura nos acampamentos. Foram milhares assadas nos Fogo de Conselho por este Brasil e exterior.

Outro dia um jovem me perguntou: Chefe Osvaldo, como faço para tirar o meu Chefe da tropa. Mandar ele para as “conchinchinas”? Ele era o Monitor e o Chefe não sabia fazer nada! Só dificultava. Moderno isto não? Falar o que para o jovem? O jeito foi enviar para ele um livreto sobre como deve proceder o Monitor, conforme escreveu Roland E. Phillipps em seu livro o Sistema de Patrulhas. Uns dias depois ele me agradeceu e disse que ia mudar! Se ele mudou eu não sei. Se fosse mais moderno diria a ele para pesquisar na internet e procurar o tema – “como enterrar um Chefe Escoteiro em um campo escola qualquer”. Risos.

              Sempre que escrevo um artigo sobre temas escoteiros vejo que tem muitos que se mantem apegado às mudanças, as novas metodologias, ao novo sistema de ensino e ao seu modo explicam que o que Baden Powell escreveu já ficou no passado. Dissecam suas palavras com maestria. Eles têm o dom da palavra que eu não tenho. Fico calado e nunca respondo. Fiz um artigo que publiquei em meu blog com o seguinte título “Quem sabe fazer a massa, sabe fazer o pão”. Deixo que cada um se manifeste com suas ideias, pois isto é democrático. Eles devem ter profundas experiências e conseguiram excelentes resultados. Eu só pergunto para mim se isto é verdadeiro e se é o melhor caminho. Tem frutos? Os resultados são bons? Alguns dizem que sim. Não é o que eu vejo. Já li que a evasão de jovens e adultos fica entre dez e vinte por cento, outros dizem que em cada cinco meninos que entram no primeiro ano saem três. Já teve até um Escotista DCIM dizendo que são mais. Dados se existem a UEB não diz. Com o registro anual ela devia saber melhor onde isto acontece quais os estados mais prejudicados e quais as providencias que está tomando para tentar sanar o problema.

             Nosso crescimento sofre o “efeito sanfona” de décadas em décadas. Francamente, se procurarmos nos meios educacionais educadores que conhecem e valorizam o escotismo pode se contar a dedo. Este talvez seja o nosso maior problema. Marketing. Uma profusão de mudanças do programa do uniforme, do método, e sempre achando que o culpado é um só. O Chefe. Será? Não concordo. Onde está a responsabilidade do Distrital? Do Diretor Regional? Da UEB? Explicações temos em profusões. Planos e planos. Resultados? Vamos ver. Vamos esperar mais uma década. Não sei se estarei aqui para ver, mas onde estiver darei quantos aplausos forem necessários se tudo que fizeram em mudanças dar certo. Sou otimista. Continuo acreditando. Acreditei sempre afinal fazem mais de trinta anos que estão mudando!

            Que decidam tudo que os jovens fazem e querem hoje. Eles dizem que não precisam consultar. Eles sabem. Sabidões! Que justifiquem tudo em nome dos novos tempos. Seus linguajares, estas atividades nacionais e regionais patrocinadas (em tese) pelos nossos dirigentes que visam lucro (sem ofensas). Peço desculpas aqueles que estão fazendo o contrário. Podem acreditar que não escrevo para eles. Sei que mostram aos jovens os verdadeiros ideais que Baden Powell nos deixou. Estes sim na minha humilde opinião ainda estão no caminho certo. Pena que sejam poucos. Patrulhas em ação, bons monitores, Corte de Honra, Conselhos em todos os níveis das tropas, do grupo, respeito, mil atividades ao ar livre, aprender a fazer fazendo (xô chefes! Risos) postura na apresentação, disciplina, garbo e boa ordem e finalmente democracia. Isto sim vai dar frutos. Se você está fazendo isto, parabéns mesmo. Este é o Caminho para o Sucesso!


              E para terminar, quantas patrulhas conheceram ou conhecem aonde a maioria dos jovens vieram dos lobinhos, passaram pelos Escoteiros e hoje são patrulheiros seniores? Não vale um ou dois. Tem que ser a maioria. Se conhecerem me avise. Irei dormir acreditando que o escotismo está seguindo o rumo certo!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Escotistas – estes abnegados chefes escoteiros

Abnegadas são pessoas que fazem trabalhos voluntários sem esperar reconhecimento ou pagamento pelo serviço feito. Fazem por amor a uma causa ou ao próprio ser humano. Somente pessoas altruístas são capazes de tirar um tempo seu em prol dessa ajuda humanitária.


Conversa ao pé do fogo.
Escotistas – estes abnegados chefes escoteiros

Diversas vezes encontro definições sobre o escotista, definições estas que leio com apreço dizendo o que é ou o que seria um chefe ou uma chefe no Movimento Escoteiro. São situações diversas, comentadas por muitos, pois uma vez no movimento somos compelidos a uma participação que vai além do que daríamos as outras organizações existentes. Parece que nos entregamos de maneira impar, deixando inclusive nossas rotinas do passado, para que a nova rotina seja uma verdade em nossa vida. Muitos Escotistas, no seu amor ao movimento, sacrificam muitas horas de suas vidas, deixando algumas vezes a família (alguns motivam toda a família a também participar), seus antigos amigos, seu trabalho e colocando suas economias para o desenvolvimento e bem estar dos jovens com que colaboram no desenvolvimento conforme preceitua o método escoteiro.

Isto merece aplausos e podemos dizer que sem eles, não seriamos o que somos hoje. Mesmo pequenos em relação a outros países, mantemos fidelidade, amor à causa, abnegação tudo porque achamos que é um movimento sem similar e que pode trazer grandes benefícios a nossa juventude. Mas seria esta uma definição correta? Será que não estamos também querendo voltar ao passado e pretendemos realizar algum que por motivo diversos não realizamos quando jovem? Será que é porque neste movimento podemos demonstrar nossa aptidão para dirigir, ser um bom líder, pois até então não tivemos esta oportunidade em nossa vida? Claro, muitos não são assim, mas uma grande maioria pensa o contrário. Somos compelidos a dizer que inclusive alguns se esqueceram de que o escotismo é um movimento de fim de semana e não semanal.

Eu prefiro acreditar que todos estão imbuídos nas melhores das intenções, mas como disse Oscar Wilde “as boas intenções têm sido a ruína do mundo. As únicas pessoas que realizaram qualquer coisa foram as que não tiveram intenção alguma”. Não sei se concordo ou discordo dele. Conversando aqui e ali, desde os meus primórdios no movimento ouço muitos dizerem em conversações diversas sobre o que ele faz e como define seu trabalho voluntário no movimento dizendo sempre “o meu grupo, a minha tropa, a minha patrulha, os meus monitores, os meus lobinhos”. Quando pedem aconselhamento, ouvem, comentam, mas não aplicam a não ser o que já fazem em suas seções. Um antigo escotista, hoje falecido me disse em um Avançado para membros da Equipe Nacional de Adestramento que estes não sabem o que dizem. Os que ouvem acham que ele é o dono de tudo. Comprou todas as “Ações” e não divide e nem vendem a ninguém. Deveriam lembrar que somos colaboradores e deviam dizer – Na seção que colaboro, onde sou voluntário, etc.

Todos os que participam são motivo de orgulho para nós os antigos; e que sabemos que sem eles nada disto existiria. Incorreto seria dizer que muitos não fazem falta. Fazem sim, desde o mais humilde que limpa a sede ao dirigente máximo do Grupo Escoteiro. Eu sempre digo que se fosse um membro da UEB com poderes para tal, faria uma seleção todos os anos pelo registro dos grupos escoteiros, para saber quais os escotistas são merecedores e que alcançaram o tempo necessário para uma condecoração. Não o contrário como é hoje. Mas tudo isto tem uma ressalva. A maneira de ser de um escotista, não é só de amor, da presença, do proselitismo da abnegação e sim de muitas outras que passam ao largo de alguns chefes e que se fossem olhadas com carinho, o nosso movimento daria um salto enorme na diminuição da evasão, que qualifico como o principal mal que nunca nos deixou crescer.

Cabe ao escotista, além de se adestrar, participar de todos os cursos possíveis deste os aplicados pela UEB a outros particulares para conhecer melhor as normas, os regulamentos, a técnica escoteira e o desenvolvimento de métodos na formação dos adolescentes para então aplicar com eficiência aos jovens que em uma seção está colaborando. BP em seu livro O Guia do Chefe Escoteiro dizia que o principio que o Escotismo adota é o seguinte: As ideias dos jovens são estudadas e ele é estimulado a educar-se a si próprio  ao contrário de  ser “ensinado ou instruído”.

Todos já pensaram no que significa tudo isto que disse BP? – Estaremos todos fazendo isto. Não sei. Acho que muitos estão, mas a grande maioria não. O sistema de patrulhas, o aprender a fazer fazendo, enfim uma série de situações importantes tais como a convivência, a aceitação de ideias (democracia) e o mais importante, dar o reconhecimento e valor a cada companheiro de ideias e de ideais. Vejo que em alguns grupos (uma pequena minoria, graças a Deus) não existe aquilo que chamamos de democracia escoteira que nada difere da democracia plena. Ouvindo aqui e ali, tem alguém que se diz perseguido e mal entendido pelos amigos no grupo, outro diz que não ouvem suas ideias, outro é o dirigente máximo que autocraticamente dirige o grupo como se fosse sua propriedade. Não tem um Conselho de Chefes, não divide tarefas, não dá importância aos seus amigos que colaboram junto com ele, a não ser se são leais a seu modo de ser.

É comum estas divergências fazer com que alguns escotistas não participem mais do Grupo Escoteiro e ao sair, organizam um novo grupo, tentando aí implantar as suas ideias que antes não era aceita no grupo de origem. Felizmente eles tinham espírito escoteiro e amor ao movimento, fazendo com que não cessasse sua colaboração, ajuda e perda de continuidade. Se no novo Grupo considerarem realmente sua função de líder e do método escoteiro, tudo bem. Conheço alguns que começaram e hoje tem um ótimo grupo, mas outros não. Neles vemos um novo “Chefão” fazendo as mesmas coisas que o anterior fazia. E aí vamos nós, a voltar sempre ao tópico do crescimento quantitativo e qualitativo.

Sei que você e a maioria dos que estão lendo este artigo não faz assim. Tenho certeza que não, mas conheço alguns que não estão sendo bons escotistas. Procure dentro de o possível ajudá-los e com isto vai fazer com que seu amor, sua abnegação, seu altruísmo seja maior do que você já é. Lembre-se, conhece-se um ótimo escotista, vendo o desenvolvimento dos seus rapazes e moças, aplicação do método escoteiro para que o jovem consiga permanecer pelo menos por dois anos e que no futuro a vida na sociedade seja de retidão de caráter e mostrando que tem um alto Espírito Escoteiro. Isto não é para uma meia dúzia. É para pelo menos 60% dos membros participantes nos últimos três anos que cada um de vocês colaboraram no movimento escoteiro. Como dizia BP, o importante é o resultado.


A vida tem significados maiores quando somos úteis e nos sentimos mais ativos socialmente. Por isso nos tornamos pessoas melhores.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Escolha, ou o escotismo ou eu!



Conversa ao pé do fogo.
Escolha, ou o escotismo ou eu!

             Ao chegar à casa do "Velho" Escoteiro naquele domingo fiquei surpreso. Lá estava ele de uniforme, o seu Velho caqui de guerra que ele adorava. – Sorri, pois mesmo com seus 86 anos ele ainda fazia bela figura. Sempre um exemplo envergando o uniforme. Ele diferente da sua rotina me cumprimentou normalmente. Não estava com semblante carregado sinal que o dia estava sendo promissor. Sentamos na sala grande e uma melodia silenciosa nos trazia uma paz gostosa. Reconheci Edward Simoni, um dos meus preferidos. – Hoje tirei o dia pra meditar disse – Pensei em tantas coisas e parei no entusiasmo do novo e até do velho Chefe. Observe a alegria demonstrada por muitos que participam do movimento. São jovens, adultos e nem sempre sabemos se a alegria é só dele ou de toda sua família. Ontem mesmo esteve aqui um Escotista e ficamos conversando horas. Conversa interessante. Ele mesmo vítima do escotismo. Separou da família graças ao sua dedicação ao Movimento Escoteiro. Acontece muito com chefes novos e antigos. Nem sempre sua família aceita participar e ele diferente dos demais, mantém um enorme entusiasmo e maior ainda quando um filho ou uma filha estiver engajado com ele.

           Eu acompanhava o raciocínio do Velho Escoteiro. Conhecia alguns chefes com graves problemas em família por causa do escotismo. Um tema que poucos comentam. Sempre vemos o lado bom, o Chefe sorridente com a esposa, os filhos todos uniformizados e o outro aquele que vai só aprendemos a escondê-lo atrás da porta. – O Velho Escoteiro me olhou e como sempre adivinhando o meu pensamento continuou – É comum, o adulto quando entra se motivar de tal maneira que esquece que sua cara metade ou alguém de sua família não pensa como ele. Sabemos que o conceito básico da família é formada a partir da união de pai, mãe e filhos. Quando um deles assume uma personalidade que acredita trazer a felicidade e o bem geral a todos, a vida em grupo pode acarretar um grande obstáculo para uma união perfeita. Principalmente se antes do escotismo o casal não estava ainda preparado para o contrato social e espiritual que fizeram. Nestas horas a não ser os mais próximos poucos ficam sabendo dos acontecimentos.

           Em vários cursos que participei sempre coloquei como dinâmica de grupo o que poderia trazer a desagregação familiar na participação ao escotismo. Em primeiro lugar vinha o sacrifício de quem não participava isto por achar que o outro estaria consumindo valores, sem pensar que a família deveria estar em primeiro lugar e não o escotismo. As rusgas começavam a aparecer e logo o bom relacionamento que deveria existir era corrompido por um ou até dos dois cônjuges. Outro ponto que abordava em menor intensidade era absorção do escotismo nos fins de semana e feriados. Sempre o participante deixando a outra parte sem ele ou ela. Afinal dizem que basta três horas por semana e estaremos colaborando o que não é verdade. O sábado dia utilizado por boa parte das reuniões em Grupo Escoteiro, não bastam três horas. Muitas vezes vai, além disto. Quase sempre o sábado passa a ser parte do escotismo. Sobra o domingo isto se não haver atividades extra sede neste dia.

          Já vi grupos com reuniões realizadas no dia de semana. Isto ajudava muito com os fins de semana liberados para a família. Mas existem muitos senões. Alguns não gostam, acham pouco tempo e não é como sentir todos juntos em um só dia. Infelizmente não temos no escotismo nada que possa ajudar ou orientar o Chefe ou a Chefe nesta hora tão difícil. Um Psicólogo, um Conselheiro Matrimonial nem pensar. Sobra para os amigos tentando ajudar, mas a maioria sem nenhuma experiência. Quando o Grupo Escoteiro tem personalidade, onde todos se sentem como uma grande família então, a chamada interação de pensamento será responsável para achar um caminho, isto claro se as vibrações de amizade emitirem entre todos uma maneira de dizer – “Um por todos, todos por um”. E olhe isto se aplica em todas as camadas escoteiras. Na chefia e nos dirigentes.

          Este preâmbulo que fiz do problema é muito pouco comentado no escotismo e nunca lembrado pelos dirigentes. Deveria ser obrigatório ter uma Unidade Didática falando sobre o tema em todos os cursos escoteiros. O Escotismo não pode de maneira nenhuma substituir a família. Ela está sempre em primeiro lugar. Felizes os que a família aos sábados partem juntos para o escotismo. Sempre digo que nesta união se resume a família unida, e isto acontecendo à alegria vai ajudar em muito não só a eles como a fazer um bom escotismo. Bom para todos. O contrário acontecendo, perde-se muitas vezes a noção do que é o certo e o errado, com ambos os cônjuges se considerando com a razão. Esquecem os amantes do escotismo que o outro lado exige sua presença principalmente em atividades sociais e familiares, que muitas vezes são esquecidas.

            Os novos voluntários muitas vezes não são alertados. Acham ser um problema simples de resolver. O tempo nem sempre lhes dá razão. Se eles não sabem dosar esta participação e quando reconhecem o erro, pois um dia será pressionado pelo outro lado (aí entra a família dele e dela) abandona as atividades escoteiras, Isto poderia ser resolvido se o Grupo Escoteiro tivesse uma boa estrutura para entrosar família chefes, em atividades paralelas dirigidas por alguém conhecedor. Tenho visto diversos aspectos do tema. Sabe o pior deles? O participante ativo do escotismo além de ajudar querendo resolver os problemas financeiros da sessão que atua ou mesmo do Grupo. A família que não participa acha que está sendo sacrificada, que isto não trás beneficio algum.

                O Velho Escoteiro calou-se. Pensei com meus botões a me analisar mais profundamente. Casado há oito anos, sem filhos, eu e minha esposa não éramos um exemplo que dizem por aí de família unida. Nunca tivemos desentendimentos, mas seria como dividíssemos o lar onde dormíamos e íamos trabalhar. Quase nunca atividades sociais, ela era dona de si e eu também. Não sei se isto é o matrimonio moderno e perfeito. O Velho Escoteiro dormitava na poltrona de vime, já gasta com o tempo e eu em meu banquinho de três pés pensava em tudo que falamos. Despedi do Velho Escoteiro e na rua deserta, uma brisa gostosa daquele agosto ensolarado me pegou de pronto. Pensava comigo que precisava mudar. Deveria dar o primeiro passo. Hoje só fazia escotismo. Tornou-se para mim um modo de vida. Prometi a mim mesmo dar uma guinada em minha vida.


          Sem perceber olhei para o céu estrelado. Sem lua, parecia que via a figura do Velho Escoteiro de carona em uma estrela cadente passando rápido no céu e dizendo: - “Sua família é tudo, o escotismo é um complemento, mas não o principal. Ela a sua família é sua razão de viver”. Pisquei os olhos e o cometa sumiu em um ponto do universo. Nada mais a dizer!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Essa temida tradição escoteira.



Estamos caminhando para o esquecimento do passado. Muitos não se preocupam outros se sentem frustrados com todas as mudanças que consideram intempestivas. Sim ou não vale a pena ler o artigo do meu amigo Fernando Robleno. Já publiquei aqui antes, mas porque não levar ao conhecimento dos novos amigos?
  
Conversa ao pé do fogo.
 Essa temida tradição escoteira.

(Um artigo escrito por Fernando Robleno, um estudioso do escotismo).
Nas eleições deste ano (2012), fui votar no colégio municipal onde estudei quando criança. Permiti-me passear pelo bairro onde cresci. Foi pitoresco, quase surreal, ver crianças empinando pipa, jogando bola na rua e trocando figurinhas na calçada. Até porque é um bairro de periferia e imagino que não são todos os que têm um computador ou um videogame como opções de ócio. O escotismo aqui, lembremos, é de inclusão, ou seja, contempla os do “Playstation” e os da “pipa”.
Se a questão da tradição escoteira girasse ao redor da substituição de uma bússola por um GPS, ou de um Atari por um Wii, ou de uma pipa por um aeromodelo, quão fácil ficaria o diálogo neste ou em qualquer outro blog. Bastaria estar por dentro das novas tecnologias e pronto. Mas não se trata somente disso.
Pessoalmente, não assimilo a questão da tradição escoteira.  Não sei quando ela começou. Seria aquela que vivi no final dos nos 80 como membro juvenil? Ou aquela, para os mais entrados em idade, vivida na década de 60? Não sei, ademais, se ela deveria existir, já que a escravidão, por exemplo, foi uma tradição neste país.  Não entremos no mérito da “tradição de Baden-Powell”, já que é digna de uma tese, sendo separada por fragmentos a começar pelo próprio Escotismo para Rapazes, o qual sofreu atualizações das mãos do próprio fundador até pouco antes de sua morte; mas há, ainda, os que insistem em que a primeira edição pensada para uma Inglaterra colonialista é a que vale.
Cabe ao povo, e somente a ele, decidir quando uma tradição acaba e quando ela começa. E não uma junta diretiva ou uma comissão. Não adiantará assinar leis estabelecendo uma tradição ou decretando seu fim se o povo não a aceitar. Não sendo assim, cedo ou tarde, ela acaba minguando e caindo no esquecimento, provando que não passou de uma moda passageira, longe do que entendemos por tradição. O próprio escotismo é prova disso: se é uma tradição encontrar escoteiros na rua aos sábados, é porque de 1907 pra frente o povo aderiu à ideia.
Para ilustrar o pensamento, a bandeira do Mercosul deveria ser hasteada, por lei (sequer é uma tradição), em todos os estabelecimentos públicos oficiais. Quantos de nós já vimos uma bandeira do Mercosul?
E não há meio de afrontar uma tradição sem deixar feridos pelo caminho. E esses feridos podem ser os que mais precisamos num movimento em queda livre, já que trazem na bagagem as rugas de alegria em relação ao que deu certo, e as cicatrizes daquilo que não vingou.
Traslademos o pensamento à associação escoteira. Uma instituição que não aposta na própria imagem e no que ela representou e representa há décadas, não poderá mostrar seriedade ou firmeza naquilo que crê ou faz. Um desenho que sempre estampou aqueles uniformes levados com galhardia, livros publicados na década de 60 (período mais fértil da literatura escoteira), se é apagado de nossa história da noite para o dia por uma comissão sem que haja uma justificativa de impacto à margem da démodé “são os jovens”, não somente mostrará que a associação não acredita em sua imagem, mas que sente dificuldade em valorizar aquilo que fez dela o que é hoje - “um país que não conhece sua história, tende a cometer os mesmos erros no futuro”.
E se por uma questão de moda se tratasse, ela, a moda, é tão passageira como o passar das estações. Não podemos afirmar o mesmo no que se refere à tradição, que se perpetua com o passar dos tempos, é aceita e mantida pelo povo: ela fala por si e não há necessidade de vendê-la, sequer enfeitá-la.
Não se trata de mudanças somente de imagens, ou de roupas, ou de modas, ou de gadgets. É que a própria instituição se resiste às mudanças. E por uma dessas ironias que nos cruzam o caminho, nos mostra essa resistência justamente porque ela, a instituição, não quer mudar sua forma de governar, sua “tradição” política, mesmo que seja para um bem comum e mesmo que os associados a reivindiquem.
Com o artifício da internet, o povo desfruta de portais de transparência, mas parece que o escotismo não precisa disso. Enquanto o voto direto representa uma democracia, nós não o temos. Enquanto a participação dos associados, o patrimônio máximo de uma associação, é levada em boa conta em qualquer segmento, no escotismo se faz a engenharia inversa.
Há aqueles com o discurso na ponta da língua: “mas o foco é o jovem”. Lembremos que são 12 mil adultos os que mantêm essas crianças interessadas em escotismo.  A modernização que traz resultados, como se vê lá fora, é justamente essa: a de se saber dar o devido valor ao adulto - a meritocracia. Mas nossos sites, longe de se atualizarem, preferem apenas gastar umas poucas linhas ao voluntariado.
No meu tempo era melhor? Lembro-me de minha infância com carinho, mas não me atrevo a equipará-la a outra infância ou adjetivá-la de “a melhor”.
Hoje é melhor? Para os jovens que vivem esse tempo, sim.
Mas para os adultos, que são os alicerces do movimento escoteiro, talvez seja um fardo demasiado grande que carregam a favor de crianças, porque a associação contribui para tanto. O Escotista, o adulto, quer atuar onde a meritocracia funcione; quer ser ouvido, quer estar onde possa apertar a mão de um comissário distrital; ter uma conversa ao pé do fogo com algum dirigente nacional; receber uma carta lhe congratulando. A associação, ao contrário, se distancia cada vez mais do seu maior patrimônio, daquele que defende o nome da causa escoteira esteja lá onde estiver: o adulto, o “chefe”.
Não sei se será outra quimera, mas acredito piamente que o escotismo brilha mais por inciativas isoladas destes adultos do que associativamente falando.
O movimento escoteiro no Brasil não perde jovens para a internet ou para videogames. Os perde para ele mesmo. Passamos de um movimento que oferecia algo único, praticamente competindo sozinho, a um movimento que oferece o mesmo que outros, apenas com outra roupagem. A premissa da “escola de cidadania” não passará de um mantra se não nos fazemos ver e, por conseguinte, não sermos lembrados.

Além das aptidões e das qualidades herdadas, é a tradição que faz de nós aquilo que somos. Albert Einstein

terça-feira, 9 de julho de 2013

A luta pelo poder no escotismo.


Se não acreditas que ele exista não leia este artigo.
A luta pelo poder no escotismo.

              Eu tenho um compadre que quase não o vejo mais. Eu em Sampa e ele em Belô. Grande sujeito. Sempre com um sorriso nos lábios. Aquele sim era um protótipo bem feito de que ser feliz é fazer os outros felizes. Nunca teve sede de poder. Sei que é um DCIM até hoje, mas não sei se está na ativa. Fiz o meu primeiro avançado com ele. Éramos de patrulhas diferentes, mas nasceu ali uma grande amizade. Tornamo-nos íntimos em família e além da amizade fomos e somos compadres. Sempre quando vou a BH faço questão de visitá-lo. Este preâmbulo é porque estou sentindo nos últimos anos uma busca enorme pelo poder no escotismo. Ele o meu compadre era inverso disto. Lembro que quando deixei a função de Regional não foi fácil conseguir outro para assumir o lugar. Claro que tínhamos muitos capazes, mas não havia motivação para assumir cargo tão elevado. E na Diretoria? Uma luta.

             Não havia ainda a sina de Grande Chefe. Lembro-me do Chefe Darcy Malta. Tinha pose, mas estava sempre junto e presente com os chefes e a escoteirada. O conheci melhor em um Acampamento Distrital de Patrulhas. Não ficava quieto, sempre aqui e ali conversando sugerindo e dizendo que queria aprender. Nos grupos Escoteiros era a mesma coisa. Aceitar a função de Chefe de Grupo não era fácil. Claro havia como existe até hoje os grupos bem estruturados. São grupos onde bons escotistas conhecedores nasceram e ficaram ali para sempre. Em sua maioria a uma liberdade de ação muito grande sem contar que a democracia faz parte de seu habitat. Lembro muito bem quando precisava fazer dezenas de Indabas para tentar eleger um Comissário Distrital. Não era fácil. Ouve um caso em certa cidade que um professor foi eleito quase por unanimidade. Não queria assumir. Dizia que se sentia bem na Tropa.

           A Equipe de Formação era unida. Não éramos muitos, menos de quinze, mas pau para toda obra. Não sei se em todos os estados era assim também, mas algum que conheci de perto a tônica da união e respeito era de praxe. Claro que nem tudo que reluz é ouro. As discordâncias, as desavenças e a discórdia nunca deixaram de existir. Desde aquela época que eu me pergunto – Porque esta sede de poder? Não temos salários, não temos projeção nacional a não ser entre os membros do escotismo. Mas nos últimos trinta anos ou mais existe uma luta surda pelo poder. Os que entram não querem mais sair e muitos que estão fora querem entrar. Alguns se tornam Caudilhos em seu estado não faltando aqueles que tentaram ser um deles a nível nacional. O sonho em ser um membro da equipe de formação sempre existiu. É um status que ninguém abre mão. Quem se inicia é de uma disciplina e obediência aos mais aquinhoados que chega a fazer pena. Em alguns casos humilhante mesmo.

             Tenho escrito ultimamente sobre a democracia escoteira. Como acredito que ela não existe no escotismo as lideranças se sentem libertas para pensar por todos nós. Eles dizem que sabem o que precisamos. Fazem programas que praticamente são impostos de cima para baixo. Não perguntam nunca se é isto que queremos. São Acampamentos Nacionais, Regionais, Mutirões, Cursos de criatividade duvidosa, Cursos de Monitores, encontros de lobinhos em nível distrital e nacional e assim vão aparecendo os novos donos do poder. Dificilmente aparece algum para programar grandes indabas distritais, regionais, mutirões etc. para que os participantes possam discutir o que pensam e o que querem. Aí sim quem sabe bons programas poderiam surgir. Mas isto não se faz. Cada um que assume uma função acha e luta pela sua nova ideia e quando assustamos lá estão os chefes da sua área fazendo quem sabe o que não querem, mas o Caudilho já tem tudo programado e ai de quem discorda.

             Durante as ultimas eleições eu pude checar até onde os escotistas são figurativos. Cada chapa apresentou seu programa. Cada uma prometeu mundos e fundos. Faz parte do jogo político. Não vi e posso estar enganado, nenhuma chapa com propostas de ouvir as ideias de todo seu estado, o que deveria mudar, quais as atividades poderiam ser desenvolvidas, quais os cursos que mais seriam procurados, se estão ou não a favor da uniformização imposta pela UEB, se os estatutos não deveria ser motivo de uma discussão ampla para prováveis modificações. Seriam tantas coisas para “vender o peixe” aos associados que ninguém pensou nisto. Afinal eles sabiam ou achavam que sabiam o que cada um precisa. A mesma coisa acontece de cima para baixo onde o Chefe diz - Eu sei o que os “meus” Escoteiros querem. “Meus” lobinhos não reclamam. O “meu” Grupo Escoteiro está bem estruturado. Eu sei o que os “meus” chefes querem. E assim vai o Distrito a região e nacional. Os caudilhos estão lá às centenas.

               Temos caudilhos por todo o lado. Desde os chefes de sessões, dos grupos, dos distritos regiões e nacional. Existe uma luta surda para ser da equipe do presidente. O escolhido logo quer mostrar serviço. Meu Deus! Que serviço? O dirigente não deveria primeiro ouvir o que todos querem? Mas isto é um vicio nacional. A própria UEB sempre foi assim. Lá tem caudilhos aos montes. Antes se perpetuavam no poder agora só podem ficar alguns anos. Mas não se enganem aqueles que passaram a bola para frente sempre estão com o apito na mão. Eles ainda são os donos do jogo. Não sou psicólogo, nem pedagogo. Não entendo nada do que Sigmund Freud foi o papa. Mas esta sede de poder sem salário não é honesta. E mesmo que bem paga não seria assim. As grandes corporações com seus CEOS estão dando um novo formato na estrutura de suas fábricas, lideranças e até países se organizam sobre esta prisma.

                 No escotismo pelo que vejo nada muda e nada se transforma. Tudo vem lá de cima dos órgãos internacionais. Eles já são mestres disto. Uma grande FIFA onde ninguém quer perder o poder. Eu não sei não e nem posso afirmar, mas me disseram que quem manda no escotismo nacional são alguns poucos membros detentores do poder da Equipe de Formação. Verdade ou não no passado era assim. Ela decidia e os demais seguiam. Um amigo me disse uma vez que temos alguns escotistas que nunca foram nada na vida em termo de poder nas suas atividades profissionais. No escotismo encontraram um manancial aberto. Sei que isto é meia verdade. Tem muita gente boa em postos na hierarquia da UEB. Mas o dia em que um Caudilho apresentar um plano de desenvolvimento visando ouvir as opiniões de norte a sul do Brasil, mesmo que isto leve anos para se chegar a meio termo então darei minha mão à palmatória. Enquanto isto irão pipocar em todas as eleições as promessas, os planos mirabolantes a espera do reconhecimento por parte dos comandados.



Um grande sábio pede a Deus mais sabedoria, mais conhecimento, mais entendimento, mais compreensão, mais amor, mais prudência, mais paz; mas o insensato só pede riqueza material, sua ruína é uma questão de dias.   Sapienciais 3:5

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Nem tudo que reluz é ouro.


Nem tudo que reluz é ouro.

A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos.

Acompanho a saga do nosso povo sofrido. Eu sou um deles. Como somos enganados. Acho que não só aqui, mas em muitos países. Sempre alguém querendo aproveitar, ganhar mais sem medir consequências e até onde pode ir. Dizem que sempre tem o dia onde passamos a enxergar o que não víamos. Promessas mil nas horas que antecedem as eleições. Os humildes acreditam e dão seu voto sorrindo. Os anos passam e eles continuam acreditando. Pensando bem até nós que temos um pouco mais de conhecimento ficamos sem saber quando estamos lá na urna tomando a decisão. Não tem jeito. Vou votar nele. Pelo menos ele é assim e assado. Retorno? Tem alguns que sim. Pedidos simples que deveríamos ter o direito de pleitear, mas as dificuldades são tantas que pedimos a eles. E assim os anos vão passando, passando até que um belo dia despertamos. Chega! Dizemos. E eis que surgem os inconformados. Jovens cheios de altruísmo. Esta turma nova nos abriu os olhos! E lá vamos todos reivindicar nossos direitos na rua. De norte a sul de leste a oeste só uma palavra de ordem: - Ocupem as ruas, as praças, passeiem e mostrem que somos unidos. Vamos mostrar a todos que temos nossos direitos.

Estou Velho. Muito Velho. Passei por poucas e boas. Sempre acreditei na força da união. Mas já vi muitos fracassos. Não serve de comparação, mas me lembro de um fato acontecido em 1963/64 quando trabalhava na Usiminas. Havia um Setor de Vigilância que se achavam acima do bem e do mal. Eram os donos de tudo. Diziam que eles tinham um porão escondido e ali muitos apanhavam ou morriam. Todos tinham um medo enorme deles. Mas era uma época onde se deixava levar como hoje. Não dizem que aonde a vaca vai o boi vai atrás? Era borduna daqui, dali e reclamar para quem? A própria policia na época diziam também que eram mancomunados. Eu seguia o rebanho. Precisava trabalhar. Tinha mulher e filhos e não podia perder o emprego. Uma época que dávamos bênçãos aos céus por ter um lugar onde mensalmente recebêssemos nosso rico dinheirinho. Um dia pego minha bicicleta e lá vou eu trabalhar. Oito da matina. Portaria quatro tomada. Milhares de peões ali. Que foi? Estão “caçando” vigilantes. Parece que mataram dois de nós! – Ninguém entra ninguém sai. Chega um caminhão cheio de policiais. Na carroceria armada em cima de um tripé uma metralhadora ponto 30. Perigosíssima! A conhecia quando servi o Exercito.

Eu fiquei ali olhando abismado. Enfrentar a policia? Os vigilantes? Só vi o estouro da boiada. Gente correndo pra todo lado. Dois soldados abriram fogo com a metralhadora. Vi muita gente ferida. Para dizer a verdade o soldado atirava a esmo em cima de mais de três mil peões. Dizem que morreram oito. Bota oito nisto. Mas contar a verdade para que? Os vigilantes sumiram. A policia se entrincheirou num alto de morro. A usina entregue as baratas, ou melhor, aos peões. Liberdade gritavam todos. Direitos gritavam outros. Dois batalhões militares desembarcaram dois dias depois. Calma. Não entraram na usina. Ficaram nos quarteis. Sabiam que uma faísca iria provocar uma guerra. Ardilosamente um diretor fez contato com o sindicado. - Convidemos os peões para assumir interinamente como vigilantes ele disse. O salário deles será dobrado! Beleza. Eu mesmo aceitei. Estava noivo, duro e precisava montar minha casinha. Trabalhava de doze a quinze horas por dia. O tempo foi passando. Um mês, dois, três e no quarto apareceram os novos vigilantes. Novo uniforme, lindos, gente massuda, altos, fortes e bem treinados.

Seis meses depois eu vi que nada mudou. Piorou isto sim. Os novos vigilantes por qualquer coisa pegava pelos cabelos e desce cassetete no lombo. Eu mesmo levei alguns só porque reclamei deles um dia por fecharem os portões cinco minutos depois da hora. Cheguei atrasado. Não me deixaram entrar. A lei do cão de novo em ação. Na cidade e nos bairros a policia não deu folga. Qualquer coisa pau neles os pobres peões. Os valentes peões que um dia se revoltaram pensando que tudo ia mudar voltaram a ser aqueles mesmos a seguir o pai ganso. Dois anos depois me deram um chute no traseiro e me mandaram embora. Até hoje fico pensado que sem um líder nada acontece. Mas se este líder puder ser comprado pior ainda.

Hoje estamos vendo uma revolta acontecendo. Sem uma pauta sem uma definição do que deve ser ou como vai ser. Os políticos calados e escondidos em suas cavernas onde tramam como ganhar com esta revolta e melhorar aquilo que querem. Mais poder e mais dinheiro. Podemos acreditar? Claro que sim. Se não houver uma grande mobilização e politização nada vamos conseguir. A boa fé sempre é um caminho. Mas precisamos ver que nada se resolve sem formação e educação. Esta sim é solução final. Quando soubermos quem é quem, quando escolhermos pessoas capazes (como são difíceis de encontrar) poderemos melhorar e chegar a ser uma Suíça onde se vive melhor do que em muitos países. Assim dizem. Mas isto demora. Agora fico esperando que apareçam alguns lideres desta revolta silenciosa. Tenho receio. E muito. Não duvide, mas eles acreditando que podem mudar uma nação poderão ser cooptados por algum partido e apresentados como os novos salvadores. Espero que não. Já vi este filme no passado com as “Diretas já” e o “fora Collor”. Muitos deles se tornaram deputados, senadores e o escambal.

De qualquer maneira foi um inicio. Valeu. Sempre vale. Acredito que os lá de cima aprenderam uma lição. Não são imunes de ações por parte de um povo sofrido. Mas não vamos esperar milagres. Nós escotistas temos uma responsabilidade com os jovens. É hora de mostrar a eles o verdadeiro caminho de um homem de caráter, ética e responsabilidade com seu país. Sei que muitos anos e anos irão se passar. Um dia chegaremos lá disto tenho certeza. Valeu tudo que aconteceu e está acontecendo. A solução, no entanto está longe. Tem outros caminhos. Eu sei que vai acontecer de novo. Nada melhor que terminar estes meus pensamentos com o que escreveu Augusto Branco - “Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é "muito" para ser insignificante”.

Pensando em conseguir de uma só vez todos os ovos de ouro que a galinha poderia lhe dar, ele a matou e a abriu apenas para descobrir que não havia nada dentro dela.