Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A dor sofrida de Tonico Tonelada.



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
A dor sofrida de Tonico Tonelada.

                   Foi a pior reunião de Corte de Honra da sua vida. Lawrence pela primeira vez não sabia o que fazer. Tinha orgulho dos seus monitores e sempre achou que os treinou bem. Mostrou sempre o sentido da lealdade, da fraternidade e eles sempre levaram ao pé da letra seus ensinamentos. Era uma tropa exemplar. Nos acampamentos era difícil escolher a melhor patrulha, todas fora de série. Dona Lurdinha Diretora do Colégio Dom Pedro um dia disse a ele que se não fossem os Escoteiros ela nunca teria alcançado o padrão que o Colégio foi agraciado. Para melhorar a formação da tropa ele investiu muito em sí próprio. Cursos e mais cursos. Agora esperava a aprovação da Insígnia da Madeira mais uma etapa que lutou muito por ela, pois na Corte de Honra seus monitores cobraram.

                  - Chefe, disse o Monsanto, quer acabar com a tropa? O senhor sabe que admitir o Tonico Tonelada é acabar com tudo. Eu o conheço da escola, fico com pena, mas ele não tem amigos. Não pode correr, quase não consegue falar e andar. Quando tenta sorrir faz uma careta que dá medo. – Isto mesmo Chefe, disse o Logaritmo Monitor da Leão, se o senhor quiser tudo bem, ele pode ficar na minha patrulha, mas os demais patrulheiros não irão gostar. Garanto que muitos vão desistir. A patrulha não vai mais ganhar pontos em jogos, em acampamentos, em desafios e ninguém gosta de perder. Tonico Tonelada Chefe irá “enterrar” qualquer patrulha que entrar. – Chefe Lawrence não sabia o que dizer. Cada Monitor expos seu ponto der vista. Estava presente na Corte de Honra os sub. monitores. Disseram o mesmo. Ele tentou, não forçou, nunca fez isto. Para ele a Corte de Honra era sagrada. Sabia que quando começasse a ficar contra em tudo a democracia deixaria de existir na Tropa Escoteira.     

                   Dizem que os gordos não gostam. Odeiam ser gordos. Quantos e quantos meninos gordos estão aí querendo ser Escoteiros e tem vergonha de entrar? Sei que tem muitos que deram um passo e hoje participam ativamente. Ativamente? Bem esta é outra história. Seu nome era Laurindo Boaventura. Ninguém sabia seu nome, pois desde que conseguiu dar seus primeiros passos aos três anos puseram o apelido nele de Tonico Tonelada. Acho que foi o Chinfrim, seu tio. Um “bebum” para ninguém botar defeito. Bebia o dia inteiro. Que eu saiba nunca ficou sóbrio, mas coitado dele, morreu de cirrose com 28 anos. Tonico Tonelada nunca se preocupou com o apelido. Ele sabia que era gordo mesmo e até na escola seu pai fez uma cadeira especial para ele frequentar as aulas. Aos sete anos ele pesava mais de 130 quilos. Incrível como conseguia andar. Os pais de Tonico Tonelada tentaram tudo. Oito SPA, internações em clínicas especializadas, Conseguiu ficar um mês e meio no CCA (Comedores Compulsivos Anônimos), mas logo desistiu.

                      O Doutor Cazuza aconselhou – Olhem precisam procurar uma organização de jovens para motivá-lo. Sem isto ele não vive muito tempo. Tem de comer menos, se não perder pelo menos 40 quilos breve ele não anda mais. – Qual doutor? Perguntou dona Matilde sua mãe. – Não sei Jiu jitsu, Luta livre, boxe ou quem sabe o Sumô? – Assim o fizeram. Não ficou duas semanas em nenhum deles. Sem saber o que fazer uma vizinha disse – Porque não procura os Escoteiros? Sei que eles recebem bem todo mundo, quem sabe ele se anima e nas excursões e acampamentos ele emagrece. Meu sobrinho é um deles e diz que nos acampamento o Escoteiro cozinheiro é mestre de colocar açúcar na comida. Piada de mau gosto, mas mesmo assim eles levaram Tonico Tonelada ao Grupo.

                  Chefe Marcelio ouviu tudo o que os pais diziam. Eles contaram toda a vida de Tonico Tonelada, os médicos, os conselhos e agora sabiam que a vida dele estava por um fio. Tinha de emagrecer. – Senhor Natal, disse o Chefe Marcelio, sei que é uma situação difícil, mas veja nossa situação – Durante uma hora o Chefe Marcelio narrou como era às atividades escoteiras, as excursões, os acampamentos e no final perguntou – E então? Ele não vai aguentar? Quem sabe a emenda pode ficar pior que o soneto? Muitos irão sair porque sabem que ele vai ser sempre um perdedor. Chefe Marcelio não queria dizer isto e se arrependeu. Fez então uma promessa – Olhe, vou conversar com os chefes. Eles claro irão discutir com seus monitores e o que decidirem comunico ao senhor e a senhora.

                  Chefe Lawrence ouviu atentamente o Chefe Marcelio. Como era um bom homem não disse nem sim e nem não. Iria analisar e discutir com a tropa e os monitores. Assim foi feito. Agora que todos foram contra ele não sabia o que fazer. Na semana foi fazer uma entrega de sua loja na Rua do Ouvidor e ao descer da Van viu Tonico Tonelada atravessando a rua. Motoristas passando e xingando – Paspalho! Cuidado. Vai sujar meu carro de merda se eu passar em cima de você seu gordo dos invernos! Ficou com pena. Pensou consigo que ele devia ter seus direitos. Era um ser humano. Conversou com Toninha sua esposa. Ela aconselhou a ele estudar tudo sobre os gordos na internet e os que conseguiram vencer sua doença, pois ele sabia que era assim. Duas semanas, pelo menos uma hora por dia até que conseguiu o endereço de cinco deles. Foi até a casa de cada um.

                  Era o primeiro dia de reunião de Tonico Tonelada. A Tropa sabendo que ele queria entrar pediu para votarem. A votação foi de 15 a favor e 13 contra. Todos prometeram ajudar por seis meses e se ele não mostrasse resultados infelizmente seria dispensado. Para isto fizeram uma programação especial para ele não se sentir um pária. Dependia dele ser um Escoteiro ou não. Ele assinou um compromisso de honra. Fez a saudação escoteira e prometeu fazer tudo que os médicos aconselharam para perder peso. Quer ser Escoteiro? Se acha que quer tem de se esforçar. Disse Pintarroxa o Monitor da Falcão onde ele iria ficar.  Cada patrulha fazia questão de acompanhar. Na escola era olhado por seus amigos de classe e em casa recebia visitas uma vez por dia. Não foi fácil e ele sentia fome, sentia tremedeira e chorou muitas vezes. Mas no primeiro mês perdeu oito quilos. Em seis meses Tonico Tonelada passou dos seus 120 quilos para 85. Ainda era muito. Ele tinha de chegar nos 60 quilos. Difícil? Para Tonico Tonelada não. Quando ele conheceu os Escoteiros ele sabia que ali compromissos não eram para fugir. Escoteiros enfrentam desafios e não correm deles. Viu que tinham um código de honra e ele gostava disto. O Chefe Lawrence no primeiro dia disse a ele – Tonico é melhor ficar sabendo agora, qualquer um pode entrar como Escoteiro, mas ser Escoteiro não é para qualquer um!


                  A cidade aplaudiu, o colégio agradeceu e os Escoteiros do Brasil agora tinham em seu seio um verdadeiro jovem cujo Espírito Escoteiro era ponto de honra. Uma lei é para ser cumprida, uma promessa era para ser levada a sério. Tonico Tonelada conseguiu vencer. Ainda bem que os Escoteiros não fugiram na hora do apoio.  É meus jovens amigos, afinal não foi Baden-Powell quem disse que só os valentes entre os valentes se saúdam com a mão esquerda?  

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Montanha do Pássaro Azul.



Lendas Escoteiras.
A Montanha do Pássaro Azul.

Uma vez, em viagem por uma cidade do interior, me contaram uma historia simples, divertida que aconteceu na vida dos seniores do Grupo Escoteiro local. Disseram-me que o ocorrido foi motivo de piadas e algumas “chacotas” por parte de amigos que ficaram sabendo do fato. Como era inusitado todos estranharam pela maneira como aconteceu. Afirmaram-me ser um fato real. Como eram escoteiros os que me contavam, acreditei. Nunca duvido, pois sei que o Escoteiro tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida.

Aconteceu com a Tropa Sênior. Na época eram duas patrulhas, foram quatro há alguns anos atrás. A evasão foi provocada porque O Chefe Sênior ficou doente, afastado por alguns meses e o assistente não soube conduzir com maestria a tropa. Alguns desistiram. Outros continuaram. Eram aqueles que diziam que com chefe ou sem chefe a tropa anda. E andou mesmo.

O Chefe Sênior logo voltou às lides e tudo continuou como antes de sua saída. A patrulha Yawara tinha cinco seniores e a Anajé seis. Há muitos anos a Tropa Sênior Tiriyó tinha como tradição, manter limpa uma pequena capela na Serra da Piteira, mais conhecida por eles como a Montanha do Pássaro Azul. Porque este nome eles não sabiam.  Num determinado dia do mês de agosto, aniversário da santa que dava nome a capela, uma multidão de devotos e romeiros e diversos padres subiam até lá e rezavam varias missas.

Muitos dos devotos cumpriam promessa e estas muitas vezes levavam a pequenos acidentes. A presença dos seniores era considerada uma dádiva pelos padres. Mais tarde uma equipe do Corpo de Bombeiros colocou no local uma equipe para ajudar. Aguardavam com saudade esta data. Para eles foi e sempre seria uma grande atividade. Na quinta antes da partida, estavam todos na sede, preparando o material necessário. Sairiam à noite de sexta e voltariam no domingo. Sem barracas, pois dormiriam na própria capela. Pouca intendência e pouco material de sapa. Usariam a ração B, dois cafés, dois almoços e uma janta. Tudo acondicionado nas mochilas de cada um.

Gostavam da viagem. Encontravam-se na praça da estação, e pegavam o trem noturno das 19:30 horas. Uma delicia de passeio. Claro que de segunda classe. Poltronas de madeira, mas se divertiam muito. Passavam pela primeira cidade e após hora e meia ficavam na escada do trem para descer. O trem não parava. Uns 400 metros antes do túnel o trem diminuía a marcha, pois não podia passar por ele a mais de 20 ou 30 quilômetros por hora. Aproveitavam o embalo e desciam do trem em movimento. Eram peritos nisto. E como gostavam.

O maquinista velho conhecido sabia e colaborava. Não podia haver erro. Após o túnel era descida e a locomotiva chegava a alcançar 60 por hora. Ali, próximo ao túnel começava a subida. Primeiro atravessavam uma pequena mata de não mais que um quilometro e após esta uma subida muito íngreme que levava ao topo onde devagar iriam chegar à capela. Era mais uns cinco ou seis quilômetros.

Gostavam desde caminho por ser mais aventureiro e pela viagem de trem. Muito capim “gordura” e em lá no alto só samambaias. Os devotos e os padres iam de ônibus ou condução própria pela estrada e em determinado local ficavam estacionados. A subida a pé, não era mais que dois quilômetros. Após percorrem um bom trecho, o chefe deu ordens de parada e descansar por vinte minutos. Foi aí que aconteceu. Como não estava presente um dos participantes me contou. Era o meu narrador quem falava.

Ao sentar para descansar, um sênior colocou sua mochila em posição para servir de travesseiro, mas ela sumiu no meio do capim “gordura”, e isto o assustou. Não só ele como todos quando foi dado o alarme. Com facões começaram a capinar e descobriram um grande buraco que por ser noite não se tinha a ideia da distancia do fundo. Improvisou-se com um pequeno lampião a gás, amarrado a um sisal, e ele foi iluminando tudo. Era de estarrecer. Mais de 50 metros até o fundo. Claro, havia sempre uma pequena saliência a cada dez metros. Viram a mochila presa na segunda saliência.

Improvisaram com uma corda a descida de um sênior. Mas esta não dava para ir até a segunda saliência. O jeito foi descer mais dois seniores e amarraram na ponta da corda um sisal para puxar depois. Chegaram até a mochila e ficaram boquiabertos. Varias entradas de minas, pequenas cavernas, com trilhos e carroças de madeira, mas em estado de deterioração avançada. Avisaram o chefe. Todos quiseram descer. Ele preparou um sisal duplo, passado em volta de uma pequena arvore para puxar a corda quando retornarem. Todos desceram. Levaram um rolo de sisal para eventualidades.

Iniciaram a exploração da mina. O sisal serviria para mostrar o caminho de volta. Não iriam muito longe. Pequenas estalactites já estavam sendo formadas. Nada descobriram e o chefe explicou que por ser uma região aurífera no passado, devia ter sido explorada ainda na época dos escravos, abandonada por que não existia mais ouro. Eis que um sênior viu uma pequena pepita encravada na lateral do túnel. Escavaram com o facão e descobriram mais cinco. Alegria geral. Os seniores estavam ficando ricos. Mais oito pepitas e nada mais encontraram. Voltaram. O chefe guardou as pepitas. Iria avaliar com alguém que conhecesse ouro. Estava determinado que uma parte fosse usada para a reforma da sede e um material novo de intendência para as patrulhas. Seniores e Escoteiras.

Saíram do buraco e foram para o seu destino. Tudo transcorreu normalmente. Fizeram uma grande limpeza na capela. Deu trabalho. A água era retirada de uma pequena mina 500 metros abaixo. Melhoraram também a mina de água. Estava entupida de mato. No domingo começaram a chegar os romeiros. Cantando, alegres e os padres os avistaram. Comprimentos e agradecimentos. O dia seguiu tranquilo. À tardinha, quando não havia mais ninguém começaram a descida. Voltaram pelo caminho que levava a estrada. Mais curto. Lá pegaram um ônibus de carreira.

Na viagem do retorno sonhavam como era ser ricos, passeios, roupas novas e dar uma vida melhor aos pais. O sonho não demorou muito. A chegada à cidade foi rápida. No dia seguinte dois seniores e o chefe foram até um ourives. Ele riu e disse que as pepitas não tinha valor. Por que, perguntaram. São chamadas de “ouro de tolos”, colocadas em paredes de minas por exploradores profissionais, que nada descobrindo deixam suas pistas para os inexperientes.


É a reforma da sede ficou para outra ocasião. Mas valeu para aqueles seniores aquela e muitas outras atividades que marcaram a vida de todos.

domingo, 22 de setembro de 2013

Qual disciplina deseja quem reclama da indisciplina?



Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Qual disciplina deseja quem reclama da indisciplina?

Um tema que está tornando-se moda em educação é a indisciplina. Ao afirmarmos isso, não desejamos dizer que não ocorra no escotismo e que os protestos dos chefes e pais não tenham sido sem razão. A questão da indisciplina é sempre assunto que preocupa e, nos dias de hoje, ainda mais, pois assume a perfídia em situações inesperadas ou avança para registros policiais quando não evolui para a violência.

Há alguns anos atrás recebi a visita do "Chefe" Escoteiro Marcelo. – Chefe dizia ele, tomei algumas decisões na tropa e não sei se agi corretamente. Tenho um Monitor de Patrulha que tem trazido alguns transtornos. Já conversamos em particular, fui a sua casa varias vezes e até mesmo seus pais reclamam da sua maneira de agir. Vi depois de algumas conversas que ele sempre foi perdoado em todos os erros que cometeu. Sempre foi compreendido e nunca repreendido como devia. Resolvi agir de forma diferente.

No último acampamento chamei a Patrulha e disse – Todos vocês foram devidamente preparados. Cada Patrulha é livre para tomar decisões que interessam a todos. Nos últimos acampamentos vocês não se saíram bem e espero que neste possam pelo menos conseguir o totem de eficiência de campo. Conto com vocês. No entanto a noite uma chuvinha fria pegou todos de surpresa. Chamei os monitores e disse que ficariam suspensas as atividades da noite e que eles fizessem uma conversa ao pé do fogo em seus toldos com suas respectivas mesas onde estariam abrigados da chuva.

Todos fizeram isso, vi inclusive de longe muitas patrulhas se preparando para a noite e inclusive colocando a lenha em local próprio para o dia seguinte. Na Patrulha do Marcinho não. Lá eram risadas, piadas e vi que a Patrulha não podia continuar assim. No dia seguinte com o toque da alvorada com meu berrante, a fumaça correu nos campos de patrulhas menos na do Marcinho. Dito e feito. Hora da inspeção todos formados. A do Marcinho não. Não conseguiram acender o fogo e não tiveram café e nem leite quente. Desculpa? Lenha molhada. Era norma não deixarem lanchar sem a bebida quente. Ficaram sem o café da manhã e o almoço deles só saiu às três da tarde. Não participaram do programa de jogos na Lagoa do Jacaré.

A Corte de Honra resolveu puni-los. Marcinho reclamou. Se o tirassem do cargo ele sairia dos escoteiros. Uma ameaça ou uma chantagem? – Não tinha certeza. Nunca aceite este tipo de coisa. Disse que iria pensar na punição e daria uma resposta na próxima reunião. Chamei a Patrulha e expliquei que a corte ia suspender o Marcinho. Todos sorriram. Sinal que não gostavam dele. Coloquei o tema em discussão entre eles. Resolveram fazer nova eleição. Foi escolhido o menor Escoteiro da tropa. O Pedrinho. Pequeno, raquítico. Fala mansa. Engano. Pedrinho colocou Marcinho na linha. Em pouco tempo a Patrulha se transformou.

Chefe Marcelo disse-me também que no sábado anterior mandou dois jovens que chegaram a sede uniformizados e ainda não tinham feito promessa. A norma na tropa era de vestir o uniforme só no dia que fizessem sua promessa. Isto sempre foi feito e o garbo e a boa ordem sempre foi orgulho da tropa. Mandei os dois de volta. Um deles perguntou se tirassem o uniforme podiam voltar. Não. Não podem. Só na próxima.

O "Chefe" Escoteiro Marcelo ficou ali me contando diversas outras situações. Fiquei pensando dos meus dias de "Chefe" Escoteiro e os meninos de outrora. Uma disciplina diferente. Nunca tive esse problema. Hoje isso não acontece. Vejo jovens que pecam pela indisciplina e alguns acham que ela inexiste. Poucos sentem que o castigo ou a penitencia não deve ser utilizada por nós. Castigo e penitencia no bom sentido. Nada de violência. Alguns dizem que deveríamos ter um conceito mais amável, como por exemplo, utilizar a relação de afeto e respeito, uma ação onde haja reciprocidade aceitando que alguns erros são próprios da juventude.

São conceitos que hoje me sinto em dificuldade, ou melhor, sem sintonia para agir como agia no passado. No entanto acredito que devemos a todo custo manter a disciplina nas sessões, baseadas no respeito mútuo. Quando me dizem que ordem unida não faz parte mais do escotismo fico pensando o porquê alguns insistem em misturar ordem unida com militarismo. Os jovens na tropa ou na Alcateia têm de ter respeito nas formaturas. Tem de saber se formar e o melhor é ensinar as bases primordiais em uma apresentação que pode até parecer militar, mas na minha modesta opinião faz parte inicial da disciplina que se pretende dar a uma sessão Escoteira.

Quando os chefes de uma sessão sentam-se com seus jovens e desconstroem e sabem reconstruir com uma boa discussão e fazendo ver a plenitude do significado e dos tipos de disciplina, não apenas a reunião corre mais facilmente e a aprendizagem se concretiza de maneira mais saborosa como escoteiros/lobinhos e os chefes descobrem que, reconhecendo a disciplina como ferramenta essencial às relações interpessoais, aprendem autonomia, exercitam a firmeza e conseguem, com mais dignidade, construir o caráter.


A simples ação de um Escoteiro ao pegar um papel de bala jogado no pátio ou na rua, já demonstra que no Grupo Escoteiro de origem se pratica uma disciplina Escoteira que merece o meu e todo nosso aplauso. Continuarei o tema em um próximo artigo.