Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Quem vem lá? Sou eu amigo. Um Velho Escoteiro que saiu da gaiola e aprendeu a voar.



Quem vem lá?
Sou eu amigo. Um Velho Escoteiro que saiu da gaiola e aprendeu a voar.

Não acreditava, mas minhas asas ainda bateram incessante no céu azul e mais uma vez neste ano com a ajuda do vento lá fui eu novamente em plagas nunca antes conhecidas. Duas vezes? Isto mesmo, duas vezes. A primeira eu fui respirar um ar perfeito no campo escola. Na segunda comecei a ter medo. Medo? Um Velho Escoteiro como eu que voou em plagas distantes neste Brasil Gigante, enfrentou tempestades, vendavais e rajadas de ventos incríveis em altas montanhas e ter medo? Tinha de pensar. Não tinha mais aquela vivacidade de outrora, agora teria de ser precavido. Afinal apesar de Dédalo ter orientado seu filho que não voasse tão alto eu não iria seguir os mesmos passos. Segui o conselho dele a risca. Se voasse muito alto os raios solares poderiam facilmente derreter a cera que segurava as penas presas em minhas asas e eu poderia despencar no mar violento. Meu nobre piloto Geraldo me mostrou como sobrevoar a seara do Falcão Pelegrino. Fácil Chefe. Mesmo com este sol escaldante ele me levou no céu de brigadeiro até lá.

Valeu outra vez. Valeu a minha coragem de deixar minha gaiola onde tenho tudo as mãos e voltar de novo a cumprimentar mãos de autênticos Escoteiros, sorrir de novo junto a lobinhos e lobinhas. São coisas estranhas para quem hoje não vive mais no ninho. Só a gente que viveu sabe como é bom um sorriso sincero, uma alegria autêntica, uma recepção fantástica que me levou sem pensar ao meu passado de regional. Cada cidade das minhas Minas Gerais agora vinha na lembrança novamente. Desta vez autenticada por perfeitos cavalheiros Escoteiros. Fiquei ali pensando o quanto eu escrevi, quanto falei em meus contos impossíveis, em meus artigos ferinos e eis que do nada surge assim como a estalar dos dedos tudo que pensava não mais encontrar. Um sorriso franco um escotismo autêntico de valentes chefes, pais, colaboradores que lutam para manter mais de cento e quarenta jovens no mais alto padrão Escoteiro.

Um Velho Escoteiro como eu sabe como é. Num piscar é como se fosse um filme deste a fundação de um Grupo Escoteiro. Um olhar, um aperto de mão um sorriso um líder que sabe ser liderado não anda por aí facilmente. Eu sabia que estava em casa. Via com meus próprios olhos a simplicidade em pessoa na figura de um Chefe simples, amigo, cavalheiro que não dirigia com mão de ferro, mas com um sorriso simples um piscar de olhos ou até um elogio gostoso. Um irmão mais Velho e nunca um ditador de ordens. Uma sincronização perfeita. Todos colaborando. Do menor lobinho ou lobinha aos velhos Escoteiros que lá viveram nas asas do falcão do passado. Lembrei-me de um comentário de um dirigente que os jovens de hoje querem coisas novas. Não gostam do nosso uniforme. Um dos motivos por eles não se aproximarem do escotismo. E aí meu Chefe! Isto acontece aqui? – Resposta adorável - Nunca, temos uma lista enorme de interessados e o caqui ainda vai morar aqui muito tempo. Ninguém comenta e nem vamos discutir se devemos ou não mudar. Nesta hora senti que uma enorme palma escoteira surgiu estrondosamente em meu coração.

Coisa bonita de se ver. Falcões indo e vindo. Todos bem uniformizados. Afinal não era fácil manter duas alcateias. Uma tropa masculina e outra feminina. Uma sênior e uma de guias e mais não sei quantos pioneiros. São quarenta chefes! Quarenta? E a diretoria já pensa em aumentar as sessões e adultos na liderança. Não quis bater tanta palma assim. Afinal só estava lá há uma hora. Olhando tudo aquilo junto a uma simpática Chefe de outro Grupo Escoteiro e o meu piloto de Boeing que não se negou a me ensinar a voar com asas de cera. Um dos responsáveis de tudo aquilo. Fiquei meditando. Para que mudar tanto como nossos dirigentes fazem? Ali estava à prova viva que quando se quer se faz. Aquele escotismo autêntico. – Todos registrados chefe! Nunca deixamos de participar de um Jamboree desde que começamos, os interessados quatro anos antes já estão em campanha. E olhe que cada sessão pelo menos acampa ou acantona quatro ou cinco vezes por ano. Os Escoteiros e seniores muito mais. Fechei os olhos e abri olhando diretamente no céu azul e tentei avistar tudo isto do Oiapoque ao Chuí. Ainda bem que não me decepcionei. Lá estavam ainda dezenas de grupos assim, mas não era a maioria. Lembrei-me de um artigo que fiz dizendo sobre formadores: Quem sabe fazer a massa sabe fazer o pão. Ali estavam chefes competentes que sabiam como fazer e não eram formadores.

Não havia como duvidar. A festividade era perfeita. Uma sincronização perfeita. Ninguém gritando faça isto ou faça aquilo. Grandes sim em número e muito maior em percorrer com maestria o Caminho para o Sucesso. Escotismo perfeito, remadas bem dadas no mar azul do atlântico e uma formação que sabia por experiência própria e sem sombra de duvida daria como está dando frutos. Será que os dirigentes (conheço alguns que sim) sabem fazer a massa e o pão? Ou só ouviram falar? Lá vou eu esta simpatia de Velho Escoteiro a cozinhar meus velhos amigos da corte. Não aprendi outra coisa? Risos. - Geraldo! Hora de voar. Rosangela prazer em conhecê-la. George Hirata orgulhoso em ter conhecido você pessoalmente e seu maravilhoso Grupo Escoteiro Falcão Peregrino. Parti com um simples aceno. Não houve adeus, nem um até logo. Ouve sim um olhar de amigos que se diziam sem falar que seriam amigos para sempre. Uma amizade que iria existir no coração de cada um.


E lá fui eu com minhas asas de cera, magnificamente pilotado por Geraldo de volta a minha gaiola. Quando irei voar novamente? Não sei. Não posso facilitar. As coisas não são tão simples para este Velho Escoteiro. Se facilitar minha asas de cera podem derreter. Um último olhar na sede do Grupo, fincada no coração de um bairro nobre, mas cuja nobreza fica do lado de fora. Quando se adentra naquele maravilhoso mundo dos Escoteiros só existe fraternidade. Até breve! E meu Anrê a todos que ali conheci. Guardei minhas asas de cera. Esperar uma nova oportunidade. Dosando o bater de asas poderei ir longe. Ate quando? Não sei. Só Ele lá no alto pode saber.