Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

domingo, 28 de dezembro de 2014

Seu nome era Bela, fora Escoteira e queria ser Presidente do Brasil!


Lendas Escoteiras.
Seu nome era Bela, fora Escoteira e queria ser Presidente do Brasil!

               - Você a conheceu? – Claro, foi da minha patrulha. Os Corujas não gostaram quando o Chefe a apresentou, principalmente aquela menina magrinha, sem graça, um sorriso torto e com cara sonolenta. – Ela era assim na época? – Bem nos primeiros dias achamos isto. Ledo engano. De uma noite para o dia se transformou. Tinha um jeitinho enfeitiçado que pedia humildemente e todos obedeciam. - Risos – Então ela logo se revelou? – E como! Laercio o Monitor a principio não gostou, nunca pensou em ter uma menina na patrulha. Ele era daquele tipo machão. E para dar um castigo tirou Noel da cozinha e a nomeou cozinheira. – E ela aceitou? – Não disse não. Ela era inteligente demais para nós. E sabe de uma coisa? Foi uma excelente cozinheira e sabia como agir. Todos buscavam água, todos abasteciam o lenheiro e era dar um estalar de dedo e todos corriam a sua volta. – Então ela ficou na cozinha? Que isto! Nem pensar. Era cativante de tal maneira que logo mostrou sua força em tudo. Fez cada banco, cada poltrona de campo e mesas que eu até hoje fico pensando porque não pensamos como ela.

                - Pois é, mas se me lembro bem sua patrulha só tinha ela de menina. – Isto mesmo. Duas tentaram, mas logo saíram. Sabe como é receber ordens de meninos é uma coisa, mas de outra menina? Bela era fora de série. Bela no nome, pois eu a achava feia. Tinha um coração de ouro isto sim ela tinha. A gente sempre era passado para trás na inteligência e percepção. Lembro-me de um jogo de mais de cinco horas que fizemos na Estrada dos Afonsos.  Era uma estrada carroçável. Os seniores fizeram um desafio para quem conseguisse passar sem eles verem, dariam um canivete Suíço dos mais caros. Eles também não seriam vistos. – E ela? – Ela meu amigo surpreendeu a todos. Não sei onde conseguiu um vestido de chita cheio de bolinhas azuis, um chapéu de palha na cabeça, uma sandália de dedo e fingindo ser um “carreiro” levava um carro de boi carregado de milho e todos nem desconfiaram. E o pior, quando ela passou logo depois da curva do Canta Galo devolveu tudo que pediu emprestado aos donos, vestiu seu uniforme, deu uma volta enorme no Morro do Quati e surpreendeu os valentes seniores por trás prendendo todo mundo!

                   - Nossa! Bela era assim mesmo? - Você não viu nada. Quando passou para os seniores se modificou. Aceitava mais as ordens de Calango o Monitor da Pico da Neblina. Calango ria a toa, pois ela agora não era mais a menininha magra, sem graça de quando entrou na tropa. Ficou linda, cabelão enorme, usava um batom vermelho sem se mostrar muito. A Escoteirada sênior babava só de olhar para ela. – E ela? - Nossa você precisava ver. Fingia namorar todo mundo, mas na verdade eram eles que a serviam. Aquela frase que quem não sabe servir não serve para viver não era para ela. – Olhe, sem maldade, ela não fazia isto por pirraça. Era seu dom. Se existia uma Escoteira que conhecia as bases de uma boa liderança então pense em Bela. Nem bem fez dezoito anos, ainda sem ninguém morando em seu coração, claro, apesar de todos ficarem em sua volta ela foi convidado pelo Gita para se candidatar a vereador.

                     - E ai? – Ai que ela aceitou, mas não no partido dele. Sempre dizia que pensava fazer politica, mas em um partido sério e honesto. – E ela conseguiu encontrar um? – Nunca! Ela inteligente feito à peste colocou na internet e convidou a quem quisesse participar do PEN – PEN? O que é isto? – Partido Escoteiro Nacional. Não ria, é verdade. Ela escrevia e seus vídeos eram tão perfeitos, levando a alegria e felicidade, em fazer o bem sem olhar a quem, a ser honesto, a ter honra e ética que todos acreditaram nela. Em oito meses registrou seu partido. – Verdade mesmo? – Claro que sim, tudo ali era Escoteiro. A Lei Escoteira era a lei do partido. Aqueles que se aproximavam da diretoria do partido tinham de fazer cem boas ações sem cobrar, provar honestidade e claro, fazer a promessa de fidelidade. – Promessa? Você está brincando! – Não brinco, você sabe agora como ela é. De vereadora a prefeita de prefeita a Deputada Federal, nem quis ser senadora. Agora é candidata a Presidente do Brasil.

                     - É mesmo, estou vendo o trabalho dela. O escotismo deu um salto de qualidade e os políticos também. Aqueles que não eram honestos foram desmascarados. Muitos foram para a cadeia. Tenho certeza que seu partido nesta eleição será o maior no Congresso Nacional. E você acha que ela será eleita? – Meu amigo, acho que você não estava no Brasil nos últimos tempos. Ela vai ser a primeira Presidente oriunda do Movimento Escoteiro e eleita no primeiro turno. Não existe páreo para ela. Sua visão do Brasil é enorme. Sabe o que fazer e vai fazer. Nas últimas pesquisas ela estava com oitenta por cento e o Lulalah nem chegava aos cinco por cento! – É se você diz eu acredito. Você ainda tem contato com ela? – Claro, ela nunca nos esqueceu. Apesar de sua fama até hoje vem visitar o grupo. Assim são aqueles Escoteiros que um dia cresceram e souberam reconhecer o valor do escotismo e o que receberam ali quando jovem.

                     - História? Lenda? Ilusões? Não podemos sonhar com alguém honesto, probo, que tenha honra e seja ético, que tenha uma só palavra, que seja leal, que seja cortês sempre? Não sei se foi história e se nunca aconteceu. Bela foi um sonho que nunca existiu. Um sonho bom, gostoso daqueles que a gente sorri quando termina. Penso que se fosse verdade queira ou não queira ela lutaria pelo que acreditou. Quem sabe poderia até não ser eleita, mas em afirmo e digo aos ventos do norte, do sul leste e oeste. Nos meus sonhos, Bela não se envergonha em dizer que é Escoteira. Faz questão de todos saberem que tem ética, respeito, honestidade, palavra e tantas outras necessidades que esperamos em um bom candidato que se diz Escoteiro. Eu acredito que se isto um dia acontecesse ela iria mostrar que nós Escoteiros temos o que falta a muitos políticos no Brasil. Caráter!


                   Enquanto isto o melhor mesmo é sonhar que algum dia possa aparecer um Escoteiro ou uma Escoteira chamada Bela e que ama o escotismo de todo o coração e será nossa escolhida. Viva Bela, a futura Presidente do Brasil!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Dicas úteis para os pata-tenras acenderem um fogo.


Conversa ao pé do fogo.
Dicas úteis para os pata-tenras acenderem um fogo.

1. Parte os gravetos e galhos em pedaços pequenos.
2. Com um facão ou machadinha lasca os gravetos e galhos para obter as primeiras chamas.
3. Coloca  um band-aid no polegar direito para não dar calos.
4. Corta os troncos mais grossos em pedaços ou lascas com menos de 50 cm de comprimento.
5. Desinfeta a ferida do pé esquerdo que fizeste com o facão e coloca-lhe um band-aid.
6. Com as lascas pequenas e gravetos obtidas, faça uma fogueira tipo pirâmide.
7. Por cima da pirâmide de gravetos, coloca uma segunda pirâmide com os pedaços partidos maiores conforme explicado acima.
8. Volta a fazer novamente a pirâmide que por não ficar no ponto desabou.
9. Acende um fósforo.
10. Acende outro fósforo.
11. Evita dizer obscenidades: o Escoteiro é puro nos pensamentos, nas palavras e nas ações.
12. Acende mais outro fósforo, protegendo-o da brisa que sopra suavemente.
13. Aproxima o fósforo da pirâmide de gravetos e deixa o fogo lastrar.
14. Agora é sua vez de sorrir de felicidade pelo feito.
15. Com suavidade, sopra para a base da pirâmide, para dar mais força ao fogo.
16. Aplique depois pomada para queimaduras na ponta do nariz.
17. Sopra mais um bocado, mantendo uma distância de segurança entre o nariz e o fogo.
18. Suspira de alívio, enquanto as chamas se propagam.
19. Coloca mais gravetos e achas um pouco mais grossas, em cima da pirâmide.
20. Tenta remediar o desabamento total da pirâmide que provocaste por ser descuidado.
21. Agora que descobriste que se acabaram os gravetos e achas de dimensão média e que o fogo ainda não acendeu com segurança, vai ao floresta procurar mais gravetos.
22. Regressa em passo de corrida, pois já te afastaste da fogueira há tempo demais e Cacilda! Começou a chuviscar.
23. Resmunga baixinho, perante o fogo apagado.
24. Repete os passos todos a partir da sugestão 9º, enquanto despejas discretamente a metade da garrafinha de álcool etílico que trouxeste para assar uma bananas e linguiças que escondeu do chefe em sua barraca.
25. Aplica pomada para queimaduras na mão esquerda.
26. Muda-te para o outro lado da fogueira, para fugir a fumaça.
27. Volta para onde estavas, pois a fumaça te acompanhou.
28. Volta a mudar de posição. A fumaça não te deixa em paz.
29. Resigna-te com a atração irresistível que a fumaça parece ter por ti.
30. Coloca na fogueira os troncos mais grossos e refugia-te na barraca para escapar à chuva forte que começou a cair, estragando os planos para o Fogo de Conselho.

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sábado, 20 de dezembro de 2014

Dez dicas para o Monitor tratar seus patrulheiros.


Conversa ao pé do fogo.
Dez dicas para o Monitor tratar seus patrulheiros.

1. Não faças comentários que possam humilhar ou envergonhar algum dos Escoteiros de sua patrulha.
 2. Se precisares chamar à atenção de algum deles, faça a sós, sem os outros ouvirem.
3. Não deixes de fora os patrulheiros mais tímidos ou novatos, fala para eles, dá-lhes atenção, mostra que estás sempre a contar com a ajuda deles e que são importantes para a Patrulha. Dá-lhes um elogio para os  motivares e perceberem que estão a ser úteis.
 4. Muitas vezes, consegues modificar o comportamento e as atitudes dos outros recorrendo à boa disposição e a algumas piadas, desde que não humilhes ninguém.
 5. Não leves muito a sério um patrulheiro que seja muito resmungão. Responde-lhe com bom humor.
6. Não fales nas costas uns dos outros. Os patrulheiros vão imitar-te e irão acabar por falar de ti nas tuas costas. Dá um bom exemplo.
7. Mostra-te paciente para com todos. A paciência é uma grande virtude e os teus escoteiros saberão reconhecer-te essa característica, mesmo que não o digam abertamente.
 8. Se algum dos patrulheiros agirem incorretamente com outro, explica-lhe de que modo foi incorreto e sugere-lhe que peça desculpa.
9. Não grites com os teus escoteiros Se gritares, o mais provável é perderes autoridade.
10. Não mostres ressentimentos para com alguém que tenha feito algo de errado ou tenha prejudicado a Patrulha. A capacidade de perdoar é uma virtude.

E não se esqueça destas palavras de BP. Elas podem ajudar você muito:

Levar-se muito a sério enquanto jovem é o primeiro passa para tornar-se um “pedante”. Um pouco de bom humor poderá tirá-lo deste perigo e também de muitas ocasiões desagradáveis. – Aquele que se elogia é geralmente aquele que necessita de ajuda;
- Um Monitor equilibrado vale meia dúzia de extravagantes;

- Muitos querem seus direitos, antes de o trem merecido. BP.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Margarida, um jagunço do Sertão.


Lendas Escoteiras.
Margarida, um jagunço do Sertão.

                              - Conheço o caminho disse Boca Larga. Quando Escoteiro eu e minha patrulha entramos na trilha do Lobo e em menos de cinco horas saímos próximo a Malacacheta. Pela estrada do Rei iremos demorar mais de doze horas. Cento e cinquenta quilômetros só de subida. – Cabeçudo o sub Monitor concordou. Ele também já tinha percorrido a trilha do lobo. Unha Grande o intendente ficou em duvida. – Tem quanto tempo que vocês passaram por lá? Dois três quatro anos? Será que a trilha ainda existe? Nariz Longo o Monitor pensava no que todos diziam. Cabeludo o cozinheiro nunca dizia nada, sempre calado. - Se formos iremos em cinco. Dedo Duro não vai, seu pai vai viajar e resolveu levá-lo consigo. Esta jornada não estava no programa e foi o Chefe Sansão quem nos disse que soubera de um novo Grupo Escoteiro em Malacacheta. – Porque não vão lá e confirmem se realmente tem um Grupo Escoteiro? Afinal o Acampamento distrital será daqui a dois meses e mais um grupo será ótimo.             
                      
                                Ninguém nunca tinha ido a Malacacheta. Seu Tonico motorista do ônibus foi quem nos contou como era o caminho. – Olhe são quase cento e cinquenta quilômetros. O ruim é que é subida e descida. Tem a Serra do Quati que têm bem uns quatro quilômetros só de subida. Nariz Longo pôs em votação. Vamos pela estrada ou pela trilha do lobo? Todos votaram pela trilha. Se fosse verdade o que Boca Larga disse iriam fazer o trecho todo em menos de cinco horas. Tudo combinado, ração B para três dias, duas barracas de duas lonas, um caldeirão e uma caçarola, facão e machadinha. Às oito da noite de sexta feira partimos. A trilha margeava o Rio Verde um velho amigo conhecido. Lá pelas duas da manhã paramos. No céu uma noite cheio de estrelas e uma linda lua. Não montamos barraca. Impossível chover aquela noite. Melhor dormir sob as estrelas. Nossa sopinha Estava quase no ponto. Todo mundo com uma fome danada. A madrugada ia brava e foi então que fomos surpreendidos. Apareceu de surpresa sem se anunciar. Estava ali a nossa frente em pé. Um homem magro, barbudo, uma fileira de dente todos cariados. Usava perneiras, pois era uma região espinhosa. Chapéu de couro. No ombro seu fuzil inseparável que ele chamava de Loló. Amarrado na barriga um enorme colt 45. Depois fiquei sabendo que em cada perna tinha um punhal escondido. Quem seria? Todos nós ficamos preocupados.

                      Posso me adentrá? Falou baixinho. Olhamos espantados. Ele sério. – Me chamo Margarida, dá para comer com vocês? – Claro eu disse. Ficamos de olho e atento no que ele ia fazer. Coragem? Nada disto, mas dizem que ficar alerta faz bem em toda e qualquer ocasião. Sentou tirou um prato sujo do seu bornal e Boca Larga encheu. Comeu feito um danado. Não pediu mais. Só água. Tínhamos café no bule esquentando no canto do fogão tropeiro. Bebeu com gosto. – Falou pouco. Meu nome é Margarida, meu pai me deu. Nunca mudei. Por causa dele matei muita gente. Se me chamam sem rir, tudo bem se derem um risinho esquento o bucho dele. – Olhei para Unha Grande e ele piscou. Queria rir. Meu Deus! Não deixe ele rir!

                     - Não precisam ficar com medo. Me trataram bem. Vou embora lá pelas cinco da manhã. Podem dormir tranquilos. Enrosquei em minha capa preta em volta do fogo. – Você nasceu onde? Perguntei. – Em Barra Dourada. Próximo a nascente do Paraopeba. Lembrei-me do rio. Cascalho imundo. Pobre do rio. Estragaram ele tentando achar um ouro que não tinha. Até hoje as máquinas estão lá sujando o rio. Cabeludo queria saber mais. – Matou quantos Senhor Margarida? – Não me chame de Senhor. Senhor é o Senhor seu pai! – Putz grila! Pensei. Mas se quer saber matei mais de dez. Muitos porque riram do meu nome. Maldita hora que meu pai me batizou assim. Queriam uma menina e nasci macho. Agora não tenho onde ficar. A policia de captura sempre está atrás de mim.

                       Fiquei calado. Nariz Longo me olhava e piscava os olhos. Margarida desconfiou. - Porque esta piscação? Nada Seu Margarida. Nariz Longo tem um defeito na pálpebra. – E que merda é esta de pálpebra? Danou-se! Custei para explicar. Já estava tremendo. Margarida passou boa parte da noite sentado. Eu não consegui dormir. Fingia que dormia. Às cinco da manhã juntou suas coisas, um bornal que devia levar suas balas, seu fuzil e já ia partir quando dei ele um farnel de biscoito de polvilho. Agradeceu, ficou em posição de sentido, gritou Sempre Alerta e partiu sem sorrir. Consegui cochilar até as seis. Ouvi um tropel de cavalos. Cinco soldados e um Capitão. Deviam ser da tal policia de captura.

                       Ninguém apeou. O Capitão perguntou gritando: – Viram um jagunço magro, barbudo, armado até os dentes por estas bandas? E agora? O Escoteiro tem uma só palavra falar o que? – Não Senhor. Chegamos aqui às duas da manhã. Só deu para fazer uma sopinha um café e já íamos partir. – Vão para onde? Malacacheta Senhor Capitão. Fazer o que lá? Um Chefe Escoteiro nos convidou. Nos olhou como quem não acredita. – E tem Grupo Escoteiro lá? – Nosso Chefe Sansão disse que sim! Nos olhou ressabiado deu até logo e partiu. Pegamos as bicicletas, arrumamos tudo e quando íamos partir um barulho no mato e surgiu Margarida. – Ainda bem que não disseram nada, falou. Estava com a Loló (fuzil) armada e se dissesse que me viram iam levar uns tiros no rabo!


                     Foi embora cantando. ¶“Sordado marvado, sai da carçada que lá vai porva!”¶. Resolvemos voltar para nossa cidade. O Chefe Sansão que nos desculpasse. Para dizer a verdade eu estava com as calças toda molhada e outros com elas borradas. Não dava mais para prosseguir. Nunca mais ouvimos falar de Margarida. Do capitão não. Era famoso. Quando a cadeia estava cheia, pegava uns ladrõezinhos de fancaria colocava em fila e saiam pelas ruas da cidade e fazendo-os gritarem – Roubei galinha! Roubei o porquinho da dona Noêmia. Bebi demais, sou pinguço! Depois soltava. Pois é. Seis meses depois recebemos a visita dos Escoteiros de Malacacheta. Não acreditaram em nossa história, mas conheciam Margarida. Ficamos amigos e fomos varias vezes na cidade deles a convite. Bons tempos, tempos que uma bicicleta ou um Vulcabrás nos pés nos levava a aventuras inimagináveis. E Margarida? Sumiu no mundo.      

sábado, 13 de dezembro de 2014

A lenda do Tesouro perdido no Vale de Negev.



Mais um livro em meu curriculum: - A lenda do Tesouro perdido no Vale de Negev.

             Seis meses escrevendo. Muitas vezes voltando para reescrever uma história fantástica, pois sempre me perdia em suas páginas. Tive que ler e reler o Novo e o Velho Testamento várias vezes para não perder o fio da meada. Ali tive os subsídios que necessitava para escrever esta história. A Lenda do Tesouro perdido no Vale de Negev foi o livro que mais exigiu tempo e pesquisa sobre todos os demais. Quarenta e oito páginas parece pouco, mas não é. Uma história diferente, uma lenda de um tesouro escondido pelo Pirata inglês Edward Teach, que no ano de 1682 desembarcou no Arroio de São Bartolomeu no norte da Bahia e rumou terra adentro e em local incerto e não sabido enterrou o tesouro. Não existem mapas e muitos dizem que quem achar uma caverna proximo ao Vale de Canaã antes de chegar nas planícies de Moab, no vale da Judeia pode encontrar o tesouro. Foi lá que surgiu a cidade de Jericó. Uma cidade mágica e mística que um dia uma patrulha Escoteira perdida descobriu surgindo então o primeiro grupo Escoteiro Mar da Galileia. Contam os historiadores que quem descobrir o caminho sagrado sobre o Monte Sinai, o Vale da Judeia, cruzando o Vale do Rio Eufrates, Represa do Lago Hule, Vale do Canaã, Rio Nilo e a Montanha do Monte Tabor irão viver felizes para sempre.

                Esta fabulosa aventura começa pelo Chefe Zebulon e termina com o Chefe João Batista. O crescimento do Grupo Escoteiro não podia acontecer sem Judá, o primeiro Monitor, Simão Zelote, um Escoteiro que aceitava desafios e muitos outros. Abraão Monitor da Garça Real, Tiago da Patrulha Camelo, Uziel da Gralha e Batuel da Corvo, todos eles e seus patrulheiros fizeram acontecer a maior aventura de suas vidas. Ele a chamaram de Operação Arca da Aliança. Jericó era uma cidade incrível, ninguém sabia onde ficava não estava nos mapas e nenhum governo sabia de sua existência. Só os escolhidos poderiam chegar atravessando o Mar da Galileia. Jericó era uma espécie de Xangrilá, onde todos viviam felizes e com amor no coração. Ela tinha a proteção de Nabucodonosor um escravo fugitivo e seu fundador e de seus três administradores - Melchior, Baltazar e Gaspar conhecidos como os Três Reis Magos. Tem muitas outras personagens que ao desenrolar da história os leitores irão conhecer.

                Mais um livro, mais uma história. Uma aventura sem igual feito pela tropa Rio Jordão percorrendo a pé por doze dias sobre lugares históricos do Novo e Velho testamento. Quatro patrulhas e um Chefe que ficarão marcados na mente de cada um. Vocês irão conhecer uma aventura fantástica por lugares nunca antes imaginados. Seja um dos primeiros a ler. Faça seu pedido inteiramente grátis e receba hoje ainda em PDF. Aguardo seu pedido no meu e-mail elioso@terra.com.br. É só escrever: - Chefe pode enviar o livro do tesouro?

               Será que eles encontraram o tesouro? E os fantasmas do Galeão Pirata iam deixar? Se Jericó era um tesouro que todos amavam e lá eram felizes para sempre iriam querer mais? E o escravo fugitivo Nabucodonosor qual foi seu papel na história? Grupo Escoteiro Mar da Galileia, onde a fraternidade, o respeito e o amor convivem lado a lado com a Lei e da Promessa Escoteira!         

domingo, 7 de dezembro de 2014

Meu primeiro curso Escoteiro foi inesquecível!


Conversa ao pé do fogo.
Meu primeiro curso Escoteiro foi inesquecível!

              Curso é curso, cada um que fez o seu primeiro eu sei que não esquece. O meu primeiro foi Inesquecível! Corria o ano de 1959, sênior com quase dezoito anos fui intimado pelo Chefe João a ir fazer um curso na capital. Os demais chefes do grupo não podiam ou não se interessaram. Desculpem era outra época. – Porque não? Pensei. A Região se prontificava a pagar a passagem e a taxa do curso. Bem sei que isto não acontece hoje em dia e algumas taxas são meio carinhas né? Mas naquela época era assim. Preparei-me como um louco. Afinal eu pensava que iam nos colocar em uma sala e ver se tínhamos conhecimentos técnicos para ser Chefe. Não perdi tempo, renovei meus conhecimentos em nós, sabia mais de quarenta nós Escoteiros e de marinheiro e precisava de mais. Fiquei dias praticando semáforas e Morse. Eu era bom nisto. Não só eu, mas todos os Escoteiros do grupo.

               Sabia a lei e a promessa de cor e salteado. Um perito em primeiros socorros, orientação pela bússola e pelas estrelas. Passo duplo e Passo Escoteiro era fichinha. Armava barraca com uma só mão, de olhos fechados e sozinho a de duas lonas eu armava em quatro minutos. Acreditem se quiserem. Lia mapas, tirava de letra um percurso de Giwell, exímio no uso do machado do lenhador e no uso do Traçador. Fazia com perfeição uma tala ou torniquete, Sinais de pista eu ria dos que estava nos manuais. Reconhecia boa parte dos habitantes da floresta só em ver suas pegadas. Na cozinha não era o Fumanchu, mas quebrava o galho num café sem coador, num arroz sem panela e no frango no barro. Revisei tudo. Tintim por tintim. Esses chefes da cidade grande e estes comissários iriam me conhecer. Embarquei numa terça às sete da noite no noturno da Vitória Minas. De uniforme é claro. Meu uniforme estava nos trinques. Sapato super engraxado (meu Vulcabrás de guerra), fivela do cinto brilhando, meu chapéu tinindo, meu lenço de fazer inveja.

               Fiz questão de colocar tudo que ganhei na camisa escoteira. Cruzeiro do Sul, Segunda Classe, Primeira Classe, trinta e cinco especialidades, Correia de Mateiro, Cordão Dourado, as duas tiras de Monitor no bolso esquerdo e meu distintivo da Patrulha Touro. Claro, do lado minha faca mundial e meu cantil francês. Sem esquecer o cabo para emergências. Fiz questão de colocar todas minhas estrelas de atividade. Só usava as de um ano. Eram dez. Quatro de lobinho, quatro de Escoteiro e duas de sênior. Vocês devem estar se perguntando, mas pode com dezessete anos e meio fazer curso? Se pode ou não eu não sabia. Meu Chefe me mandou e como bom Escoteiro disciplinado lá fui eu. Cheguei a capital no horário marcado. A pé e orgulhoso do meu uniforme e Chapelão desfilei da estação até a Av. Afonso Pena com minha mochila e sorrindo para todo mundo. Próximo ao Parque Municipal peguei o ônibus para o Zoológico. Às onze e meia cheguei ao portão. Um seta indicava o ponto de reunião. Seta mal feita pensei eu. Eu faria melhor!

              Não mais que dois quilômetros seguindo uma pista ridícula cheguei. Uns vinte e cinco alunos em uma sombra conversavam. Tinha Escoteiro do ar e do mar de diversos estados. – Pensei comigo: - Vou mostrar a eles que nós básicos somos os melhores falei para mim mesmo! Cheguei na roda, todos me olharam espantados e na melhor pose de um soltado inglês, juntei os cascos, fiz a saudação e gritei alto: Sempre Alerta! A maioria começou a rir. – Palhaços, eu pensei, não sabem o que é um Escoteiro de coração. Sentei em um canto, minha mochila verde da Policia Militar cheia com minha manta negra cheia de distintivos em volta. Tirei o cantil na melhor pose e bebi uma talagada d’água. Ninguém me pediu um “golinho”. Às doze horas em ponto ouvi um berro de um berrante. Não era berrante e depois fui saber que era o Chifre do Kudu. Putz! Que nome. Se falasse isto para os seniores iriam dizer que era um palavrão.

            Ninguém se apresentou. Formamos uma ferradura. Bandeira em saudação e oração. A equipe posta na frente se apresentou – Chefe Francisco Floriano de Paula, Chefe Darcy Malta e Chefe JF (João Francisco de Abreu). Sabia que seriam seis dias ali acampados. (naquela época nos cursos existia uma patrulha de serviço de meninos Escoteiros para ajudar a equipe).  Cada um deu um passo à frente e se apresentou. Quando chegou a minha vez, na melhor pose militar desfiei meu nome, onde nasci minha idade, meu tempo de escotismo, minha cidade e o JF fez sinal para eu parar. Explicações como seria o curso. Sistema de patrulhas em rodizio, responsabilidade e antes do debandar JF me chamou a frente a todos. Para minha vergonha disse em poucas palavras que um Chefe não usa seus distintivos como eu. Só poderia usar meu lenço, meu distintivo de promessa e mais nada. Me deu uma hora para tirar tudo! Ia mandar ele a M... Mas pensei bem e não o fiz.

               Quer saber? De todos foi meu melhor curso que fiz. Nunca o esqueci e tampouco os amigos que fiz lá. Hoje não lembro de ninguém a não ser o Az de Ouro, (nome preservado)  de Montes claros que sem perceber tínhamos grandes afinidades. Aprendi muito. Deixei minha soberba de ser o melhor. Deixei minha índole de não levar desaforo para casa. Mas quer saber o melhor do curso? Vocês não vão acreditar. Pela primeira vez deram para a patrulha fazer fritados de Bacon. Uma delicia. Nunca comi e nunca ouvi falar! Queria mais, mas a frigideira vazia. Chamei à tardinha o Az de Ouro. Perguntei se ele gostou. Ele disse que sim, como eu ele também nunca tinha comido. Eu era mestre quando jovem de roubar bananas na barraca de intendência. Agora sabia que precisava comer mais bacon. Valia tudo para conseguir uma fatia. Eu e ele pegamos um bom pedaço na barraca de Intendência e fomos longe do acampamento. Ali acendemos um foguinho, fatiamos o bacon e preso em um espeto o assamos. Deus meu! Que coisa gostosa! Quando contasse para a turma da tropa eles iriam morrer de inveja. Pena que durante mais de dois dias uma dor de barriga quase nos fez abandonar o curso.


               Bem foi meu primeiro curso. Chamava CAB (Curso de adestramento básico) caminho para a Insígnia da madeira. Na época seis dias, minha insígnia foram nove dias. Hoje? Mesmo preso em um alojamento, ou em barracas, comida pronta deve acontecer muitas delicias no curso. Mas fazer um acampado, sistema de patrulhas, cozinha, pioneirias, correr pela mata de madrugada ao ouvir o som do Chifre do Kudu (A tropa deu excelentes gargalhadas), cantar dentro do lago, fazer um ninho de águia são coisas que a gente não esquece. Quer saber? Valeu. E como valeu. Nunca guardei animosidade com o JF. Só um dia em uma cidade no Vale do Aço, ele lá, metido a bacana com sua insígnia, mandou tudo mundo fazer um monte com seus chapéus. O jogo seria ver quem seria o ultimo a achar o seu. Antes de ele dizer o jogo já começou guerra, corri lá e peguei o meu. Ele me olhou enviesado. O meu não. O meu não. Você não sabe como é difícil manter as abas retas meu amigo!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O admirável Cinto Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
O admirável Cinto Escoteiro.

                       Olhei de novo. Não havia erro. Meus olhos fixaram com mais carinho. Sem dúvida, era ele mesmo. O velho amigo de sempre. Agora um pouco descuidado. Sem brilho e sem a mesma imponência de outrora. Fiquei com pena do couro. Desbotado e carcomido em algumas partes. O homem que o portava era moreno, quem sabe entrando nos sessenta anos. Os cabelos quase brancos. Um ar de cansaço talvez pela subida da rampa do Pronto Socorro. Pensei em interpelá-lo para saber a história dele. Quem sabe ele fora Escoteiro? Ou quem sabe o ganhou de alguém que foi Escoteiro? Eu sabia que aquele cinto deveria ter história. Muitas. Esqueci-me de dizer, eu hoje estava em uma sala de recepção, esperando a chamada para fazer um exame de pulmão. Nada demais apenas rotina. Já fiz tantos! A sala cheia. Pessoas indo e vindo. Interessante, sempre quando a espera é longa e eu sei que ser atendido pelo INSS ou pela prefeitura da minha cidade, não é fácil. Nestes casos sempre dou um gostoso cochilo. Sentado mesmo. Aprendi a cochilar nas espera de minha chamada. Houve casos de esperar seis horas. Paciência pobre sem plano de saúde é isto mesmo e não tem direito de reclamar. Adoro cochilar e pensar. Não noto as pessoas ao meu redor, mas quis o destino que eu estivesse de olho aberto para ver a entrada no meio daquele mundaréu de gente, de um maravilhoso, um admirável Cinto Escoteiro.

                       Minha memória gosta de trabalhar. Sempre procurando aqui e ali um motivo para funcionar os neurônios e os maravilhosos chips do cérebro. Fui buscar o passado. Lá muito além de antigamente. Chegava da escola e pegava minha caixa de engraxate. Era rotina. Cinco quarteirões e chegava com minha bicicleta em frente à Casa Abil. Na rua principal. O Senhor Nestor proprietário sempre me deixou trabalhar ali. Cada tostão suado era guardado com carinho. Sabia que juntar quarenta e cinco reais aos preços de hoje não era fácil. Mas precisava do cinto para fazer a promessa. Minha mãe fez a calça e a camisa. O meião eu comprei na Dona Leonor, da casa de tecidos. Ela era mãe de Eduardo, um lobinho meu amigo. Paguei a vista. Ela me deu um bom desconto. Sempre gostei de negociar. Sabia que o lenço o grupo dava para nós com o anel de couro. Lembro-me daquela tarde que fui ao correio. Comprei um vale postal de quarenta e cinco reais e fiz o pedido na loja Escoteira no Rio de Janeiro. Tinha o endereço. Agora era esperar a chegada do cinto. Poderia demorar vinte ou quarenta dias. O correio não era um primaz como hoje.

                       Demorou exatamente trinta e dois dias. Eu passava todos os dias no correio. De manhã e a tarde. E aí seu Neneco, chegou? Ele balançava a cabeça e eu decepcionado ia para casa ou trabalhar na porta da Casa Abil. Um belo dia pela manhã ao sair do colégio eu passei por lá. Surpresa, seu Neneco me disse que tinha chegado um sorriso enorme eu dei para ele. Peguei a caixa e fui correndo para casa. Abri. Que cinto lindo meu Deus! Ensinaram-me na Patrulha como engraxar o couro e fazer brilhar a fivela. Meu pai era seleiro. Fazia selas para cavalos. Chamou-me e disse – Olhe, recebi semana passada esta vaqueta de couro marrom, uma das mais lindas de um curtume da Bahia. Quer ver? Se quiser troco o couro do seu cinto. Dito e feito. Troquei. Com uma boa graxa durou para sempre. Era meu orgulho. Mas não era só eu. Todos os escoteiros daquela época davam um enorme valor ao seu cinto.

                    Meus pensamentos voltaram ao presente. Procurei o ilustre desconhecido que porta o cinto.  Não vi mais o homem do cinto Escoteiro. Desapareceu na multidão que ali esperava uma consulta ou um exame. São coisas assim que marcam muito a nós escoteiros. O cinto é imutável. Mudaram a flor de lis. Uma pena. Adorava a antiga. Hoje eu triste me pergunto. Por quê? Para ficarmos mais modernos? Não sei. Já mudaram tanto que nossa marca desaparece no tempo das egocentricidades dos modernos homens escoteiros de hoje. Brincando na internet, achei um pequeno trecho, que nada explica e conforme diz o já falecido Chacrinha só “estrumbica”. Vejamos:


            “Dizem que mudanças são para os loucos”. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os que são peças redondas nos buracos quadrados. Os que veem as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. E eles não têm nenhum respeito pelo status quo. Você pode citá-los, discorda-los, glorificá-los ou difamá-los. A única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles inventam. Eles imaginam. Eles curam. Eles exploram. Eles criam. Eles inspiram. Eles empurram a raça humana para frente sem saber o que é o certo e o errado. “Talvez eles tenham que ser loucos”. Verdade mesmo?

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O mundo maravilhoso dos cozinheiros Escoteiros.


Conversa ao pé do fogo.
O mundo maravilhoso dos cozinheiros Escoteiros.

           Será que eles ainda existem nas patrulhas? Será que eles ainda procuram suas mãezinhas para aprender a fazer um arroz soltinho, a cozinhar o feijão no campo com a técnica Escoteira? Um bom bife sem queimar, uma sopinha de fazer estalar a língua? Devem existir sim. Claro são poucos, mas estão por aí com os olhos cheio de fumaça, um calor ou uma chuvinha fria caindo, gravetos alimentando o fogo, alguém achou um capim seco e lá estão elas em volta do seu fogão de barro. Era bom demais. Pela manhã ele era o primeiro a acordar. O café não podia demorar, pois a limpeza do campo para a inspeção teria prioridade. Engolir o café quente, comer quem sabe uns biscoitos ou um pão dormido. Mas quem se preocupava? Quem lembrava que se não fosse ele a fome mostraria sua cara? E a tarde, depois de uma jornada ou um Grande Jogo, revezar no banho e ele coitado firme lá no seu fogão a fazer uma sopinha de estalar os “beiços”. Bom demais.

           Eu nunca me esqueci deles. Fumanchu era demais. Fazia milagres com o que tinha o que foi pescado ou caçado. Alguém um dia me disse revoltado que uma atriz que foi Escoteira comentou em um programa suas performances em matar galinha, depenar e cozinhar. Ficou “brabo” – Você viu Chefe? Difícil explicar a ele que foi um curso de Sobrevivência na Selva. Sei que a possibilidade hoje é dificílima em nos perder na floresta. Sei não, como dizer a ele que quando jovem escoteiro matei dezenas de galinhas, cacei rolinhas, tatus, codornas, perdizes, capivara (coitadas, seus olhos quando morriam era de fazer dó). Mas era uma época que isto era comum. E olhe que nosso Chefe nos ensinava a pedir perdão quando cortávamos seu pescoço e abaixar a cabeça em sinal de respeito. Foi uma época “supimpa” escotismo sem dinheiro, sem listas feitas por nutricionistas a comprar em armazéns (ainda não havia supermercados), tudo vindo de casa na base da ração. Carne? Só as que lá conseguíamos. Mas tínhamos peixes, ovos de pássaros, tínhamos goiabinhas verdes para sopas deliciosas, maxixe, lobrobô, taioba, tomatinho do mato, um mundão de coisas. Saudades de você Fumanchu, muitas saudades.

                 Mas eu conheci outro valente cozinheiro, não pedia mandava e aí de quem não obedecia. – Ele berrava no alto dos seus trezes anos e a patrulha tremia. Mister Magôo. Que cara, que sujeito fora de série. Fazia fornos, lindos fogões um perfeito artista na arte de cozinhar. Saia cedo do campo e voltava com uma fieira de peixes de fazer inveja. Um dia chegou com um quati, nem grande e nem pequeno. – “À noite teremos um assado” dizia com a cara amarrada. E que assado, de dar água na boca. Mister Magôo não ficou na cozinha muito tempo, andou se enrolando com o Monitor e assumiu no grito. Risos. Calma, outra época. Era um tempo que valorizávamos nossas obrigações. Almoxarife ou Intendente, Aguadeiro, cozinheiro, Mestre de Campo, sanitarista, construtor de pioneiras ou escriba. Não importava a função. Cada uma delas era orgulho dos patrulheiros. No fundo mesmo todos nós fazíamos de tudo. Entretanto ninguém esquecia o cozinheiro, era a chave o mais importante. Quando ele estava na cozinha, pegando a lenha rachada, um fogo igual nas trempes ninguém importunava. Nem o Monitor.

               Tem coisa mais linda que vários meninos Escoteiros, com a tarde chegando, banho tomado, uma conversa ali e outra aqui, a fumaça aparece no fogão do cozinheiro, uma sopa tem início, a fome chega, a espera é longa, um pedido de lenha, um pedido de agua e todos atendido prontamente. E quando ele avisa ao Monitor que a boia está pronta? Dá um frenesi, a barriga zoa, o aroma se espalha, os pratos na mão, todos sentados em volta da mesa rústica de madeira, lá vem ele com seu caldeirão fervendo, ninguém diz nada esperando sua hora de comer. “Senhor, uns tem e não podem, outros podem e não tem, nós que temos e podemos agradecemos ao senhor”. Chegou a hora. Os pratos são cheios de sopa que sai fumaça de tão quente pelas mãos do cozinheiro. Uns soprando a colher cheia e quente, outros queimando a língua de tanta fome. Impossível descrever tudo.

          Mesmo com a noite cobrindo o campo, um pequeno lampião aceso, grilos pulando, vagalumes coloridos se espalhando na relva, céu de estrelas, agora ninguém prestava atenção. Ah! Quantas saudades, meu coração bate só de pensar. Um olhando para o outro que olha o prato que olha a sopa sendo tomada que olha o  caldeirão para ver se tinha mais. Cozinheiro Escoteiro. Uma função que nunca poderá deixar de existir. São eles a razão da alegria da patrulha, são eles a razão única de existir uma patrulha no campo fazendo um gostoso acampamento de Gilwell.


BOM APETITE!

domingo, 30 de novembro de 2014

Polemica, uma vaca Escoteira que deu o que falar.


Lendas Escoteiras.
Polemica, uma vaca Escoteira que deu o que falar.

                      - Melhor parar uma meia hora, - disse Polaco o Monitor da Pantera. Ninguém disse nada, mas sabiam que a trilha na subida com aquele sol deixava qualquer um respirando alto. Não havia árvores e cada patrulheiro procurou um arbusto que pudesse fazê-lo esconder do sol. Sabiam que a trilha até a Curva do Pavão não era o melhor caminho, mas ajudava para economizar mais de quatro quilômetros na estrada do Roncador. Durante uns dez minutos ninguém disse nada. Todos só procuravam recuperar suas forças. Cada um meio escondido em um arbusto à beira da trilha. O sol inclemente não perdoava ninguém. Podiam ter tirado o lenço e a blusa o uniforme, mas como se fosse uma norma não escrita ninguém tirou. Sempre foi assim desde que entraram para a patrulha. – Soube que o Chefe Morcego vai embora! – todos olharam para Jovi. Muitos levaram o corpo em dúvida. – Verdade? Disse Moreno. – Bem fiquei sabendo pela minha mãe. Ele foi transferido para outra cidade. – Um silêncio completo. – E se for verdade? Pensou Nonato. – Se for não sei o que vai acontecer conosco.

                       Vinte minutos depois Polaco deu a ordem de seguir em frente. Todos pensativos com a notícia do Chefe Nonato. E se ele fosse quem ficaria no lugar? A mente fervilhava no que acabam de saber. Uma preocupação a mais para cada Escoteiro da patrulha. Afinal o Chefe Polaco confiava nas patrulhas e elas podiam excursionar e acampar sem a presença do Chefe. Os pensamentos os fizeram esquecer-se do sol e da subida. Logo avistam a curva do Pavão. A trilha agora seria só descida. Ficaram alegres avistaram o Mata-Burro e a porteira da Fazenda Pingo D’água. O coronel Marcondes era um amigo dos Escoteiros. Mário Prata riu quando atravessaram o mata-burro. – Mata-burro ou mata qualquer animal grande? Porque o nome? Mas ele não comentou nada com ninguém. A estrada da fazenda tinha coqueiros dos dois lados. Quando estiveram lá no ano passado o Coronel contou a história delas. No tempo dos escravos seu bisavô comprou as mudas na Europa. Cada escravo ficou responsável por uma. Se a muda não vingasse o escravo seria morto. Quando souberam desta maldade queriam retrucar, mas valia a pena? Hoje o Coronel Marcondes era um amigo e sempre os tratavam maravilhosamente bem.

                     Ele como sempre os recebia no primeiro degrau da escada da varanda da casa grande. Imponente. Com uma perneira usada, mas engraxada. Seu chapéu preto de couro cru fazia dele uma figura maravilhosa. As botas longas de cano alto o faziam maior do que era. Um sorriso no rosto mostrava a alegria de vê-los novamente. Percorreu uns cinco metros e abraçou a todos. O Coronel Marcondes morava sozinho. Dona Mariza sua esposa foi para o céu quando nasceu Tonho, o único filho que teve. Hoje mora na capital e é engenheiro em uma firma que montou. Pouco visitava seu pai. Gerard foi o primeiro a abraçá-lo. Ele tratava Gerard como se fosse o segundo filho. Não houve fila nos abraços, Gerard, Giacomo, Mario Prata, Polaco, Jovi, Manfredo e eu fizemos um circulo e todos o abraçaram simultaneamente. Claro, logo veio o grito da patrulha que ele participou e sorriu quase chorando. Um homenzarrão e sentimental o Coronel. Agradecemos o almoço devido à hora e comemos umas roscas e um delicioso bolo de chocolate. – Precisamos partir Coronel. Nosso programa é vasto! No mesmo lugar? Perguntou. Sim senhor falou Polaco.

                      - Polêmica pode ir conosco? Claro, disse ele. Está na curralama onde vocês devem passar. – Giacomo lembrou-se de Polêmica. Uma vaca que todos adoravam. Ela na primeira vez que acamparam ali resolveu comer as barracas, roupas e tudo que encontrava pela frente. Perderam quase tudo, mas fizeram uma grande amiga. Depois nunca mais isto aconteceu. Quando se aproximavam da Curralama ouviram o mugido de Polêmica. Ela dava pulinhos enquanto os seguia na Estrada que os levariam ao Lago do Cisne Negro. Não demoraram em chegar. As atividades da montagem do campo deu inicio. Polêmica em volta deles aproveitando um branqueara gostoso. A tardia o sol se ponto ouviram o som de um motor de caminhão. Ficaram na espreita, pois não era comum. Ninguém nunca tinha ido ate ali. Manfredo e Jovi subiram até uma elevação para ver. Voltaram correndo – Parece que estão roubando gado do Coronel! – Um conselho de patrulha. Meninos não podem enfrentar homens armados. Mais de quatro quilômetros até a fazenda do Coronel. – Gerard deu a ideia de ficarem mais distante gritando enquanto Jovi iria no passo Escoteiro até a fazenda.  

                    Quando começaram a gritar viram os bandidos correrem até onde eles estavam. Melhor voltar e se esconder proximo ao campo de patrulha disse Polaco. Não deu tempo, Mario Prata e Manfredo foram encurralados. Os meninos Escoteiros não sabiam se defender. Eram bandidos perigosos. Três deles. Um deles começou a rir da tremedeira dos Escoteiros. Não percebeu a chifrada no traseiro dado por Polêmica. Logo ela avançou no segundo e o derrubou. O terceiro correu mais que pode, mas foi alcançado por ela. Escoteiros são assim sabem o que fazer e como fazer. Umas embiras de cipó e logo os três bem amarrados. O coronel chegou de charrete. Riu quando viu os bandidos presos. – Sabem ele disse – Eu amo vocês. Aqui nas minhas terras me sinto seguro – Coronel trate bem a Polêmica. Ela sim foi quem nos salvou. O coronel riu e levou os três para a delegacia.


                         Dizem que  Escoteiros são heróis. Um herói é um indivíduo comum que encontra a força para perseverar e resistir apesar dos obstáculos devastadores. Se eles foram heróis parabéns, mas quer saber? Para mim o verdadeiro herói desta historia foi à vaca Polêmica. Ela sim deu cabo da bandidada sem ter medo. Mas histórias são histórias, e são elas que nos fazem sentir bem a sensação de uma boa aventura! 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Capotira o Selvagem da Cabeça Branca.


Lendas Escoteiras.
Capotira o Selvagem da Cabeça Branca.

                Quando jovem Escoteiro e sênior eu sabia que o melhor lugar para ouvir histórias impossíveis era em uma barbearia. Hoje elas desapareceram dando lugar aos salões de beleza. Muitas de minhas aventuras com a patrulha foram de histórias impossíveis que ouvimos lá. Claro que gostávamos de enfrentar a estrada, as matas, campinas e colinas, rios estreitos e largos, cachoeiras e corredeiras infernais e as mais altas montanhas. Participei de mil aventuras, mas desta eu não esqueço e nunca esquecerei. Cortava o cabelo com Seu Praxedes meu barbeiro e do meu pai por muitos anos. Em dado momento um bigodudo com cara de bandido esperando sua vez começou a contar que morava na Laguna Seca do Morto Vivo. Eu nunca tinha ouvido falar. Rindo e contou que bem longe da sua casa, ao norte, subindo o Rio Turvo havia uma imensa floresta. Inóspita. Disse ele que uma tarde um homem todo marcado e sangrando como se tivesse sido esfolado vivo chegou a sua porta pedindo socorro. Tratou dele como pode e no quinto dia partiu. Ao sair na porta disse para ele: - Não entrem nunca na Floresta do Diabo! Lá mora o índio mais cruel que conheci. O Selvagem da Cabeça Branca. Ele esfola e mata. Não disse mais nada e sumiu na plantação de figos que tinha acabado de plantar.

             Eu prestava uma atenção enorme a sua história. Quando ele ia embora eu disse – Moço, como faço para chegar a Floresta do Diabo? – Ele riu. Quer mesmo ir? Vá de Trem até Baixo Guandu. Suba o rio Turvo por quarenta quilômetros. Quando avistar uma garganta entre duas montanhas irá avistar uma imensa floresta que parece sumir no nevoeiro que todos os dias se formam. – Mas antes avise seus pais que você nunca mais vai voltar. Dizem às lendas que poucos voltam vivo para contar. Depois de dizer isto partiu dando gargalhadas até sumir na Rua Sumidouro de nossa cidade. Eu sabia que a história não terminaria aí. À noite contei para a Patrulha. Riram de mim, mas ficaram em dúvida. Pedregulho me olhou e perguntou: - Quarenta quilômetros? Precisamos de muitos dias para ir lá. E se o Rio tiver corredeiras? Tomate se interessou. Acho que vale a pena conhecer este Selvagem da Cabeça Branca. Eu sabia que a história fervia na mente de cada um. Catapora o Monitor sorriu e perguntou a todos? - Vale a pena esquecer nosso acampamento em Vale Feliz e ir para a Montanha do Diabo? Não deu outra. Um desafio destes nunca seria ignorado pelos Touros.

                  Preparamos tudo. Que se danassem os avisos dos amigos, pois na semana seguinte iriamos partir para a Floresta do Diabo. O Selvagem da Cabeça Branca ia conhecer os ferozes seniores da Patrulha Touro. Seu Capistrano Chefe da Estação sorria ao nos ver com todos os equipamentos. Ele já nos conhecia de longa data. Sabia que iriamos pedir passagens, pois nunca nos foi negado na Companhia Vale do Rio Doce. – Para onde vão desta vez? Baixo Guandu seu Capistrano. Vamos subir o Rio Turvo até a Floresta do Diabo. – O Rio eu conheço a floresta não ele disse. O trem parou na plataforma. Viagem de cinco horas todos cochilando. Era assim os seniores da Touro. Éramos seis, Pedregulho, Catapora, Linguiça, Pé de Pano, Banguelo e eu Nariz Longo. Baixo Guandu naquela época era uma pequena cidade de uns vinte mil habitantes. O pontilhão nos mostrava o Rio Turvo. Era meio dia quando iniciamos a subida do rio. Gostosa, sem muitos obstáculos. Pé de Pano era o mais alegre, cantava, ria, contava piadas. Às seis da tarde avistamos ao longe a Floresta. Melhor passar a noite ali e seguir no dia seguinte.

                Uma sopinha de macarrão que Banguelo era mestre e fomos dormir. Estávamos cansados e o dia seguinte prometia. Saímos pelas seis da manhã e às duas da tarde chegamos na Floresta do Diabo. Fechada, espessa, escura e uma bruma cinzenta que quase não nos deixava ver a frente. Uma subida íngreme. Começou a escurecer abrimos uma pequena clareira e montamos acampamento. Um arroz com linguiça um fogo para bater papo e cama. Banguelo rezou alto naquela noite. Não sabia por que, pois ele nunca fazia isto. Acordamos cedo. A mata parecia estar calada. Nenhum pássaro cantava. Sai da barraca espreguiçando e vi a minha frente um índio enorme. Mais de dois metros de altura. Forte com cabeleira totalmente branca. Pedregulho e Catapora também ao sair da barraca avistarem a figura. Ele nos fitava sem piscar. Devia ser o tal que diziam ser mortal. Minhas calças começaram a molhar.

              Todos saíram das barracas e cada um ficou mais próximo do outro. Todos pensavam a mesma coisa. Já sabiam do índio selvagem. Vai nos matar? Vai nos esfolar? Pé de Pano pegou seu bastão. Banguelo piscou para ele. Melhor não. Uma bastonada não vai resolver. O índio é forte demais. O índio fez um sinal como se quisesse que o seguíssemos. Nem as barracas desarmamos. Nossa tralha ficou lá. Seguimos atrás dele. Ele não olhava para trás. Sabia que não iriamos fugir naquela mata desconhecida. Nos levou por uma encosta onde a trilha era pequena, bastava pisar em falso para sumir em um penhasco enorme. Uma hora de jornada e chegamos numa ponte pênsil de cipó. Admirei a ponte. Se saísse vivo um dia iria fazer uma igual. Logo avistamos um platô enorme com muitas ocas. Uns vinte índios nos cercaram. Dezenas de índias e crianças índias riam a mais não poder. O gigante da cabeça branca nos fez um sinal para entrarmos em uma Oca enorme. Para dizer a verdade ali caberia toda a tribo dele. No meio da oca um pequeno fogo e sentimos um cheiro danado de ruim. Fedia mesmo. Só podia ser de algum bicho morto, mas não chegamos a ver.

                    O cabeça branca nos mandou sentar. Com uma voz simples sem afetação ele começou a falar. Não antes de algumas índias trazerem um pedaço de carne para cada um. Era ela! A fedorenta! Olhei para Catapora e ele para Pé de Pano. Eu sabia que devíamos comer. Se eles ofereceram não tinha saída. Não comer era desfeita. O Cabeça Branca começou a falar: - Não sei o que fazer com vocês. Visitas aqui não são bem vindas. Quem aparece ou matamos ou esfolamos para servir de exemplo aos outros que quiserem vir aqui. Há muitas luas seus irmãos brancos mataram quase todos da minha tribo. Eu era menino e consegui fugir com outros jovens que se esconderam. Morávamos próximo a Aimorés quase junto a Lagoa da Traíra. Meu pai o Cacique Cabelos Longos e minha Mãe Pontiak morreram a tiros. Iraci e Amanaki meus amigos fugiram comigo. Descobrimos esta floresta e nos escondemos aqui. Na Garganta do Cajuru temos um posto de observação. Sabíamos de vocês desde que dormiram no Rio Turvo. Iraci me deu oito filhos. Somos poucos, menos de cem. Aqui temos água, uma represa onde criamos peixes. Não temos riquezas. Plantamos mandioca e cana e abobora. Não precisamos de mais.

                Amanhã vamos decidir o que fazer com vocês. Foi embora e ficamos com mais cinco índios na oca. A noite chegou e custamos para dormir. Pela manhã uma indiazinha nos chamou. – O Cacique Capotira quer ver vocês. Surpresa. Em uma roda de índios entregou nossas mochilas e nossas barracas. Disse que podíamos ir embora. Não pediu mais nada nem mesmo para não contarmos sobre eles. Banguelo sempre surpreendendo apertou sua mão com a esquerda. Ele riu. Dois índios nos levou até a Garganta Cajuru. Mostrou-nos muitas piteiras secas. Com elas disseram que em menos de um dia chegaríamos à foz do rio Doce. Quando partimos senti uma tristeza enorme. Por eles. Juramos todos nunca contar a história para ninguém. À tardinha chegamos em Baixo Guandu e pegamos o trem noturno para nossa cidade. Foi uma das nossas maiores aventuras. Ninguém soube de nossa história. Ela só era comentada em Fogo de Conselho da patrulha ou em uma conversa pé do fogo.


                   O tempo passou e um dia encontrei com Pedregulho. Ele me disse que leu em um jornal que a história da Tribo dos Cabeças Brancas ficou conhecida de todos. Lá também estava escrito que o governo deu a eles boas terras do outro lado do rio próximo a Aimorés. Ele me disse que a tribo nunca mais foi importunada por brancos. Até hoje sinto saudades de Capotira, de Pontiac, de Iraci e daqueles selvagens que conhecemos. Espero que se ainda estiverem vivos que estejam felizes, pois lá em sua tribo sentiam-se libertos, e só o sol e a lua sabiam como a felicidade fazia parte de todos aqueles Cabeças Brancas. Quem sejam muito felizes.