Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Meu melhor curso escoteiro foi com os monitores.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Meu melhor curso escoteiro foi com os monitores.

Ei Chefe, não é uma pegada de um Quati? – olhei com calma, nunca tinha visto, mas se o Escoteiro dissera eu acreditava. Paramos, analisamos o peso, as passadas e assim fomos aprendendo a seguir pistas de animais. Eu e meus amigos monitores e subs. Junto a eles eu estava na melhor escola escoteira que tinha conhecido. – Chefe? É um ninho de Inhambu? Dizem que ele não se preocupa muito e junta umas folhas próximo a uma árvore disse Niltinho um Monitor da Gavião. Nunca fui expert em ninhos só sabia que Gill um sub Monitor um dia me contou que o ninho do João de Barro dava uma mão de obra danada para o casal. Barro húmido, esterco e palha. Fazem centenas de viagens para terminar. Mais ou menos com 30 cm de diâmetro. O casal de João de Barro amassa as bolas de barro com os pés. Tem área para colocar os ovos, tem porta de entrada sempre em direção contrária a da chuva e de difícil acesso para predadores. Nunca usam a casinha mais de uma vez. Após o crescimento dos filhotes eles voam para outras plagas. Os monitores me olharam espantados. Ficamos ali naquela floresta conversando sobre pássaros por muito tempo e como aprendi.

       Ei Chefe, sabe o Zózimo? Olhei para Bob Low um Monitor da Quati. O que tem ele Bob? Na eleição passada ele foi eleito Monitor e não queria – Por quê? Perguntei. Ele disse que ser Intendente/almoxarife era melhor. – Não acreditei e insisti – Como? Ele acha que o intendente é a alma de uma patrulha. Um bom acampamento depende dele, se faltar material ele é culpado. Se sumir ele é culpado. Se alguém precisa tem de falar com ele. E ele se preocupa muito com material que some no campo. Os escoteiros pata tenras são mestres. Vão cortar um bambu e o facão hó! E olhe Chefe ele me disse que sua barraca de intendência tem tudo. A alimentação fica fora das formigas e animais do campo. Lazinho o Cozinheiro o adora. Sabe que ele é chato, pois quer as panelas nos trinques. Nada de carvão! E eu sei que nem precisa falar com ele o que levar no acampamento. Ele sabe o que deve ser levado para um acampamento longo e um curto. Mas Chefe, se não fosse ele nosso material já teria sumido e estragado. Ele fez até um curso de barracas!

      O que eu mais gostava era a conversa ao pé do fogo. Cada um se abria, contava histórias, falava dos seus amigos, das namoradas que se olhavam de longe, dos seus pais, da escola e dos seus sonhos. Chefe ficou sabendo que o Lindolfo da Pantera
jurou que ia ser médico? Disse Matusalém da Anta. Era o nosso enfermeiro e aproveitava também para ser o bombeiro e lenhador. Era outro que Lazinho cozinheiro adorava. Nunca faltava lenha seca e agua à vontade. Seu porta lenha era perfeito. Podia chover canivete. Ele era um bamba e sabia escolher a melhor lenha, aquela que durava mais. Cozinheiro que se preza não fica sem um bom bombeiro e lenhador se não fica soprando o todo o tempo e os gravetos finos do fogão com os olhos cheios de lágrimas. Risos. Quer saber? Eu nem sabia disto. Eles é que me ensinavam. Uma patrulha que alguém preferia ser o intendente? - Foi Joel quem contou sobre Lazinho o cozinheiro. Ele Chefe é demais. Sabia surpreender a patrulha com suas iguarias. – Chefe ele encheu as “paciências” de sua mãe. Aprendeu tudo. Era um mestre cuca como ele gostava de ser chamado dos melhores. Chegou a fazer um forno de barro!

      Uma vez resolvemos fazer uma mesa com toldo e bancos reclináveis. Queríamos bater todos os recordes de tempo na construção. Claro eu sempre deixei que eles começassem que discutissem entre eles como iam fazer projetos e coisa e tal. E corta daqui, e corta dali o madeirame estava pronto. Ajudei pouco. Sabia bem as amarras. Sabia do acabamento, pois era uma exigência entre os Escoteiros. Fui ajudar somente na costura de arremate no tampo da mesa. Nem peguei no cipó (se tivéssemos cipós nada de sisal) e um Monitor logo disse – Chefe, não é assim. Veja se fizermos certos e damos no final um arremate perfeito com um volta de fiel duplo à tampa sempre vai ficar firme! Eu nos meus tantos anos sorria. Contradizer? Nunca. Eles eram meus mestres meus formadores.

        - Chefe! Que tal fazermos um programa diferente nas férias de julho? Humm! A última surpresa deles nós caímos numa gelada. Um frio de rachar. Bob Low riu, pois nunca esqueceu o frio que passamos. Chefe está na hora de aprendermos a fazer fogo. Fogueirinha de fogão e Fogo do Conselho todo mundo sabe. Lembra-se do acampamento nas Montanhas geladas do Rio Pequeno? Morremos de frio porque éramos uns pata tenras. – Concordei com ele. – Pois é Chefe, poderíamos treinar muito como evitar isto, eu li muito sobre fogo Espelho. Garantem se bem feito no frio pode se dormir de short sem camisa! Sabendo a técnica e ter cuidado para medir a distancia e não colocar fogo na barraca! E eles riram a valer.

       Eu posso dizer que meus melhores cursos foram com meus amigos monitores. Aprendi muito com eles. E trocamos tantas ideias e aprendemos tanto uns com os outros e sempre de comum acordo. Amigos são assim. Sempre fazer e insistir a acertar quantas vezes for preciso. Lembro que um deles resolveu surpreender em um fogo de conselho. Uma bola de papel bem encharcada de querosene, um galho em forma de F encurvado e pequeno para correr preso em um cipó ou sisal segurando a bola de fogo que na imaginação dele iria surpreender todo mundo. Ele todo posudo, em frente ao fogo, todos nós sentados em volta e ele gritou: - “Que os ventos do norte! Que os ventos do sul” Quem os ventos do este e do oeste nos traga hoje o espirito da paz e que BP nos guie pelas sendas da vida e que Deus nos proteja! Ascenda-te fogo! E a bola de fogo que foi acesa por outro encarapitado em uma arvore, desce a toda velocidade até onde esta o fogo e as chamas sobem aos céus!

         Quem sabe se não fosse por eles eu não saberia do valor de uma patrulha, de um patrulheiro intendente, de um bombeiro lenhador, de um cozinheiro, do sanitarista, do aguadeiro, do construtor de pioneirias e de tantos outros. Foram eles que me ensinaram e com eles fazendo e ouvindo eu aprendi. Lembro-me de uma noite de fogo de conselho onde resolvemos trazer o espirito da floresta na forma da Lei Escoteira. Foi lindo. Fico pensando se todos são como eu. Aprender com eles, sentar a moda índia em um fogo estrela, comer uma batata quente, beber um café do bule e deixar que eles cantem que eles riem de suas piadas, que eles inventem aplausos, canções e que a noite para eles seja uma criança. Deixar que eles mesmos possam contar estrelas, descobrir novos caminhos e assim quem sabe, eu no alto da minha enorme idade voltarei a aprender com eles na tenra idade de um escotismo que resolvi adotar. Aprender com monitores! Uma técnica que poucos até hoje conseguiram enxergar!


Meus melhores cursos foram com meus amigos monitores. Aprendi fazendo e vivendo situações divertidas e que me valeram muito pelo resto da minha vida!

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