Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Uniformes. Vale a pena usá-los?


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Uniformes. Vale a pena usá-los?

         Uma vez li que o uniforme é um item prático para uma organização. Considerando que as roupas são caras e desgastam, e claro pensando que nossa organização não é um desfile de modas, usar o uniforme evita situações constrangedoras com roupas sujas e rasgadas. Será que é só isto mesmo? Dizem que o uniforme identifica a pessoa que o está usando e sua organização. Dizem ainda que mostra se somos organizados, se somos disciplinados e que “vestimos a camisa” da nossa organização. Envergonhar do uniforme é não ser merecer em participar do que escolhemos como meta de vida. Ou nos identificamos como membro da equipe mostrando que fazemos parte ou então o melhor é desistirmos. Pensando que somos Escoteiros e somos conhecidos por um uniforme mesmo que ele tenha sido desmembrado em dois ou mais ainda é este que nos identifica.

         No entanto noto que muitos não levam a sério a uniformização. De uns tempos pra cá, a liberdade tomou conta de nossa associação. Cada grupo (sem generalizar) usava ou ainda usa o que o Chefe se mostrou exemplo. Ele mesmo costuma dizer que todos devem portar uma camiseta, do grupo é claro, com cores diferentes entre os demais e muitas vezes esta camiseta representa o Grupo Escoteiro o que não é verdade. Assim o costume se tornou inglório para nossa apresentação a sociedade. Algumas vezes inquiri educadamente um ou outro perguntando por que não estão de uniforme naquela atividade aventureira. – Resposta: - Chefe é para não sujar ou gastar! Bom isto. Uma resposta à altura. Mas será mesmo verdade? Gastamos muitas vezes uma quantia que não é pequena para fazermos um uniforme. Se notarmos bem usamos uma vez por semana, por menos de quatro horas. Nos acampamentos a maioria das sessões quase não o usa. Se uma patrulha está a pé ou fazendo uma jornada aventureira, seria deste que disciplinados, um dos mais perfeitos marketing do escotismo. (Um chamariz enorme para os jovens que veem e não participam isto se estivessem bem uniformizados).

           Houve uma época que fazíamos questão de estarmos bem uniformizados. Fazíamos questão de nos mostrar em público não como hoje que tem chefes, pioneiros e seniores dando exemplo de levar em uma sacola ou guardar na sede e vesti-lo lá. Vergonha? Se é isto ele não é merecedor de participar do nosso movimento. Lembro que já lobinho passando para Escoteiro não tive a sorte de fazer a promessa no mesmo dia da passagem (hoje é comum isto). Meu uniforme de Escoteiro só seria usado quando da promessa. Era ponto de honra na tropa. Ninguém vestia peças sem estar devidamente promessado e preparado para vesti-lo. A liberdade tomou conta e hoje é comum um de calça curta, ou a camisa fora da calça, sem o lenço ou até com o lenço, mas sem a promessa. Quem vê aquele jovem na comunidade não entende bem a disciplina e o orgulho de participar de um movimento maravilhoso como o nosso.

              Quando existem normas severas para isto então nossa apresentação em publico se torna respeitosa e somos reconhecidos como um movimento sério e educativo. Se o Grupo conseguiu com que todos os participantes se uniformizassem não existe desculpa para que eles não se apresentem assim. O jovem ou a jovem que teve um inicio dentro de padrões de apresentação, de aceitação das normas e só quando fizerem suas promessas irão vestir o uniforme então ele será motivo de orgulho por toda vida escoteira. Quando o adulto se mostra desleixado, quando ele dá exemplo de “invencionices” de peças ou distintivos e cobertura ele nunca poderá cobrar dos jovens a postura que se espera de um membro Escoteiro.

             Muitas vezes noto que o próprio adulto desconhece as normas ou se faz por desconhecer. Ele é o exemplo e sabe que o que fizer será motivo de copia por todos que estão a sua volta. Lembro com saudades que levávamos a sério a uniformização. A inspeção inicial e final era severa. Nos acampamentos não se aceitava desculpa. Tinhamos que aprender a lavar e passar “a escoteira”. (Dois ou três galhos esticados com as peças durante a secagem).  Lá também nas atividades ao ar livre nunca saímos do campo sem o uniforme. Permitia-se que ficássemos de camiseta nas horas de tempo livre. Eu mesmo mandei de volta para casa jovens que chegavam à sede com o uniforme mal apresentado ou que não fizeram suas promessas. Errado? Não senhor! Ele quando entrou sabia como se portar. A disciplina começa na sede e se ela não existe o jovem não terá nunca o que pretendemos para sua formação.

         Um chapéu de abas largas e retas (aprendíamos com o Monitor como fazer), meias bem postas com listas retas, sapatos engraxados ou tênis preto limpos e nunca sem cor. A camisa e a calça fazíamos questão de nós mesmo passar. A mamãe do lado ensinando. Assim íamos aprendendo a fazer fazendo. Podem dizer que os tempos são outros. Se são estão errados. Estes tempos não estão trazendo então o que sempre sonhamos. Um escotismo respeitado, com uma comunidade participante e acreditando que ali seus filhos iriam aprender a ter civilidade, obediência, disciplina e agindo por sí próprio sem depender sempre dos outros. Tudo é questão de ver em que lado estamos lutando. Do lado do que pretendia Baden-Powell ou do lado do bem querer e fazer o que bem entender em nome dos modernos tempos. Se isto trás resultados eu desconheço.

       Não importa o uniforme que vestimos. Temos que ter orgulho dele em qualquer hora. Ele foi feito para nos representar e isto só nos deve trazer alegria em dizer: - Sou Escoteiro e me orgulho. Quando me disseram que muitos jovens não entravam no escotismo porque achava o caqui ridículo eu fechado em mim mesmo dizia: - Graças a Deus que eles não entraram. Não nos seriam úteis e iriam um dia ou outro mostrar que os Escoteiros não se orgulham da sua organização. Dizem que com a nova vestimenta, mais moderna eles agora iram participar. Que Deus nos ajude para que eles não nos tragam a má impressão que já estamos vendo – Calça curta, comprida, camisa dentro da calça e fora da calça, calçado a escolher, meia branca preta ou qualquer cor. Lenço amarrado na ponta, cobertura a escolher. Espero mesmo que os que forem vestir a vestimenta que se orgulhem do seu uniforme. Só assim um dia poderemos dizer que nossa organização tem tudo para modificar o Brasil!

           Lembremos que levamos dezenas de anos para que a sociedade nos reconhecesse com o uniforme caqui. Agora vamos começar tudo de novo com a vestimenta. Se ela não for bem apresentada ao publico o escotismo vai perder e muito com o que esperamos das autoridades, ou seja, o reconhecimento que somos um movimento sério e disciplinado, de formação e educação de jovens e que a sociedade pode confiar que somos sérios e que investir nos seus filhos no escotismo é um passo enorme para um Brasil grande!

Nenhum comentário:

Postar um comentário