Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 19 de abril de 2014

O meu querido distintivo de lapela.



Conversa ao pé do fogo.
O meu querido distintivo de lapela.

Quem já teve nunca o esqueceu. Uma época que tínhamos que correr atrás para conseguir um nas lojas escoteiras. Quando vi o meu pela primeira vez me encantei. Só não chorei porque o meu sonho agora era real.  Pequeno, dourado, com uma linda flor de lis em cores verde e amarelo. Minha mãe me entregou e disse: - Um presente que seu tio Vadim trouxe para você do Rio de Janeiro. Parecia que ele foi feito para mim. Até seu formato era a Flor de Lis perfeita. Com sua presilha se prendia facilmente na gola da camisa ou no paletó social.

Foi uma época de identificação de qual organização você pertencia. Era comum vermos os rotarianos, os do Lions Club, e tantas outras organizações onde todos postavam com orgulho o seu botton de lapela. Os padres também usavam o seu. O prefeito também. Na Câmara de Vereadores idem. Naquele tempo não saímos por aí com o lenço no pescoço tentando nos identificar de maneira diferente. O botton era tudo.

E que orgulho amigo eu o colocava na lapela e íamos desfilar para que os outros soubessem que ali estava um Escoteiro. Quando pela cidade encontrávamos alguém com ele, logo corríamos para cumprimentar: Sempre Alerta! Escoteiro de onde? Prazer. Eu sou da Patrulha Raposa. Abraços, aperto de mão, histórias, lembranças tudo em questão de minutos era conversado entre nós. Nossos chefes nos ensinavam que o uniforme se vestia completo. Nada de usar peças por aí. Usar só o cinto? Nem pensar.

Um dia resolvemos fazer uma vaquinha, que rendeu além do esperado. Todos que participaram do Grupo Escoteiro na minha cidade e aqueles que procuramos colaboraram. Como se fosse hoje, chegamos a ter mais de cinco mil reais! Uma fábula para a época. Para que? Para custear uma viagem de um "Chefe" Escoteiro até a capital, o Rio de Janeiro. Motivo? Comprar distintivos de lapela para todos os ex-escoteiros e todos os participantes do Grupo Escoteiro. E lá foi ele sorrindo, mais de vinte e duas horas de viagem. Não reclamou. Claro, todos nós gostaríamos de estar no lugar dele.

Aproveitamos para ver se sobrasse algum dinheiro para ele comprar também a moeda da boa ação. Quem não tinha? Eu já tinha a minha há tempos. De manhã bolso esquerdo. Feita a boa ação, bolso direito. Claro, nunca nos contentávamos e voltávamos para o bolso esquerdo novamente como a dizer: - Uma boa ação só hoje? Nunca! Tinha de ser várias. Pelo menos mais uma e mais uma. Quando o "Chefe" Escoteiro retornou, foi uma apoteose. Contando da viagem, do Rio de Janeiro, como era o mar, as praias, Copacabana, e como era a loja Escoteira.

Ele contava maravilhas. Quantos distintivos tinham lá. Quantas coisas bonitas. Quantos livros. Trouxe até um que ia passar de mão em mãos para que o lêssemos. O Guia do Escoteiro do "Velho" Lobo. Lindo! Espetacular! Quando o levei para casa não queria dormir. Ficava ali sentado na cama lendo, relendo. Coisas do passado. E pensando no "Chefe" Escoteiro que viajou ao Rio de Janeiro nós também ficávamos ali a sonhar em um dia ir lá também. Naquele dia mesmo inundamos a cidade com o distintivo de lapela. Quando seu Leôncio o prefeito recebeu o dele, logo colocou com orgulho (fora Escoteiro quando menino). Agora todos sabiam quem eram ou quem foi escoteiro na cidade. E claro, um orgulho em usar na escola, no trabalho (eu era engraxate) na igreja, ou seja, em qualquer lugar. Não precisa dizer – Era como o distintivo de lapela falasse - Olhem! Estou sem uniforme, mas sou Escoteiro de coração!

Meu lindo distintivo de lapela que nunca esqueci. Se vocês tiverem um devem sentir o que eu sentia. O orgulho em usar e dizer aos quatro ventos: - Eu sou um Escoteiro! Se os políticos lá no seu habitat usam eu não sei. Mas ainda lembro-me de muitos profissionais, médicos, engenheiros e tantos outros que orgulhosamente o colocavam como a dizer, sou isso mesmo, esta flor de lis fez parte da minha vida.  Eu sempre amei o escotismo e hoje sou o que sou graças a ele.

São coisas do passado. Passado que já se foi. Mas que ficaram gravadas até hoje no presente. Será que hoje ainda tem alguém que usa a linda Flor de Lis de Lapela em todos os lugares que vai? Que se orgulha em se mostrar como Escoteiro? Claro, tenho certeza que sim. Mas porque escrevo isto? Não sei. Gosto de lembrar-me dos meus velhos tempos e quem não gosta? Foram tantas e tantas coisas que marcaram. Que valeram em minha vida no Movimento Escoteiro. Por isto minha luta em manter certas tradições que combatidas por outros nada provam se o mito do passado não pode também se erradicar no presente.

Vamos passando, passando, pois tudo passa / Muitas vezes me voltarei / As lembranças são trombetas de caça / Cujo som morre no vento.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Porque não se orgulhar do que somos? Lembre-se, você é responsável pelo que faz.

Conversa ao pé do fogo.
Porque não se orgulhar do que somos?
Lembre-se, você é responsável pelo que faz.

         Não e não, eu sei que você tem uma explicação, lógica para você, mas ilógica para mim. Pode me dizer o que quiser que o mundo seja outro que agora vivemos outro estilo de vida e mesmo assim não vou concordar com você. Nosso uniforme não está numa passarela de um desfile de modas e nem tampouco pode julgar que a moda agora é assim. Eu sei que você gosta, é seu estilo, achou bonito e porque não modificar e usar? Esqueceu que do outro lado você representa uma organização? Já pensou se todos que usam seus uniformes escolhessem o que acham bonito como ficaríamos? Sei que não dá bola para o que dizem que sua vida é sua, mas quando representa uma organização como a nossa você tem a obrigação de representá-la bem. Sei que nossos lideres não foram razoáveis nas alterações e nem se preocuparam em ser mais severos com as normas. Mas isto não nos dá o direito de vestir e postar o que achamos válido para nossa vaidade.

          Eu lhe pergunto, será que as outras organizações fazem isto? Veja os militares, claro que não somos militares, mas na uniformização somos iguais. O que você diria se um representante das forças armadas ou das policias estaduais e locais vestindo de qualquer jeito, chinelos, quepe virado, camisa solta em cima da calça, cabelos despenteados? E nos colégios? Cada um vestisse o que quiser claro levando em conta que aquele colégio tem normas? Eles estarão certos se apresentando assim e que no jargão de muitos que dizem ser desleixo, indisciplina e tantas outras colocações? Não e não. Eu não posso aceitar. Eu sou daqueles que acreditam na boa uniformização e ela é quem nos diz quem somos. Não me venha com a história de que quem faz a pessoa é ele mesmo e não o seu uniforme. Você pode acreditar nisto, mas eu não. Quer saber? Nosso movimento deixou de ter credibilidade para muitos por pensarmos assim e será que não temos culpa?

         Quando nosso movimento começou havia uma centelha se espalhando por todos os continentes. Todos viam os Escoteiros de uma forma educacional, formação do caráter com crescimento individual e o apoio se firmou em todos os lugares onde ele começou. Na Inglaterra em 1910 quando ele tomou pé e começou a se espalhar como um rastilho de pólvora foram dez países que acreditaram na ideia de BP e eles disseram avante formando sua organização. Destes 10 nós éramos um deles. Hoje se alegram porque chegamos aos 85 mil e daqui a alguns anos chegaremos com 100 mil. E os outros nove que começaram junto conosco? Nenhum deles tem menos de 200 mil e alguns passaram do milhão de membros com uma população bem menor que a nossa. Em todos eles o escotismo é visto como uma força de formação da juventude, as autoridades educacionais dão o maior apoio, a imprensa falada e escrita sempre diz – Palavra de Escoteiro e todos sabem do que se trata. Nestes países o escotismo é um orgulho da nação. Porque perdemos com o passar do tempo esta corrida de afirmação de identidade? Porque mudamos tanto? Vais dizer que são coisas de saudosistas? Que são coisas daqueles que se apegaram a uma tradição e nem sabe mais porque ela existe e de que se trata?

         Por favor, não me diga que hoje somos outra organização. Para mim ela é e será sempre a mesma. Claro há não ser que mudem o método e o programa. E também os objetivos a que nos propomos com a formação dos jovens. Portanto meu amigo e minha amiga quando você em público se porta mal, uniformização desleixada (pense nestas palavras) e apresentação pessoal sem pensar no que diz a lei escoteira é claro que seremos criticados. E olhe, você sabe, não seja uma “Maria vai com as outras”. Dizem que vendemos biscoitos. Quem dera! Melhor vender biscoito que vender imagens distorcidas do que somos ou podemos oferecer a uma juventude que cresce a olhos vistos longe das fileiras escoteiras.  Poucos nos dão as mãos. Temos que correr atrás de colaboração das autoridades que sorriem para nós só nas épocas de eleições e esta nem sempre é dada com prazer. Somos sempre subservientes colocando lenços e dizendo – Você agora é um de nós! Você acredita mesmo nisto? Sei que cada um tem uma opinião de tudo e isto não nego que seja um direito. Mas acredito que ainda não temos uma democracia autêntica onde todos podem sugerir através da voz e voto.

         Se ainda não tens a força das palavras, se ainda não tem o dom da oratória, pelo menos esforce na sua apresentação pessoal. Esqueça estes adágios que correm por aí que ser Escoteiro não é vestir uniforme e sim ter o amor no coração. Um não vive sem o outro. Ambos são importantes não só para o seu crescimento como para o reconhecimento da nossa organização. Seja ela em qualquer âmbito. No grupo, no distrito na região e na Nacional. Nem também venha dizer que uma andorinha só não faz verão. Faz sim. Se uma pessoa olha para você e diz – Veja esta jovem ou este jovem como estão garbosos. Será que isto não vai dar mais força ao escotismo? Lute com todas as suas forças para que possamos ser reconhecidos como uma organização de jovens que tem tudo para colaborar na formação e afirmação do nosso País. Você faz parte e não tente mudar as coisas conforme sua escolha pessoal e nem seja como o papagaio que faz tudo que os outros fazem.


              Bah! Abaixo as mudanças sem normas, abaixo o desleixo, abaixo aos que copiam o que os outros fazem abaixo a tudo que nos denegrida. Temos que levantar a cabeça e dizer: Somos Escoteiros de corpo e alma. Foi por sua causa que mudamos nosso estilo de vida, a ele vivenciamos uma nova concepção de ser alguém, foi por ele que nos deu o dom da observação da natureza que ficamos sabemos que o aprendizado teve um Caminho para o Sucesso. Bendito o dia que todos dirão que o escotismo fez parte do crescimento da nação, que a formação do caráter da ética e da verdade está no coração de todos nossos dirigentes, sejam eles políticos, empresariais e por que não naqueles que vivem com o pensamento em Deus?

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Pigmor, o castor manco do lago Grande Urso.


Lendas escoteiras.
Pigmor, o castor manco do lago Grande Urso.

                Era uma linda tarde de outono, mas Lisabel estava cansada. Afinal não era para menos. Quinze lobinhos ali soltos naquele sitio e só ela como responsável daria dor de cabeça em qualquer um. Lorraine e Javier na última hora disseram que só poderiam chegar no sábado à noite. Desmarcar o Acantonamento era impossível. Tudo tinha sido preparado. Chegaram e logo arrancharam no Sitio Mimoso. Quinze lobos? Meu Deus, agora pareciam cem! Lisabel gritava chamando e logo eles corriam para todo lado. Conseguiu uma árvore próxima a casa e lá arvorou a Bandeira Nacional. Tinha no programa um estoque de jogos, brincadeiras, canções tudo que uma boa atividade deste porte requer. Ainda bem que dona Mercês mãe do Gustavo foi para a cozinha. Ela dava mais trabalho que seu filho. Queria ficar junto dele para protegê-lo, enfim uma mãe super-protetora.

              Após o almoço Lisabel reuniu os lobos e foram até próximo a um pequeno lago, e ao pé de um lindo Cajueiro, sentaram. Os lobinhos inquietos. Alguma coisa fazia ondas sobre as águas do lago. Lisabel não acreditou. Era um castor que logo mergulhou. Só se o proprietário do sitio o tivesse levado. Não havia no Brasil. Ela começou a cantar com eles uma canção. “A promessa de Mowgly”. Fizeram um jogo de faz de conta. Viu que a tarde se aproximava. Ainda bem. Logo seus assistentes chegariam e ela poderia descansar. Uma forte dor de cabeça. Os lobos sentaram em sua volta. Ia começar a contar uma história. Não lembrava. Assustou-se ao olhar novamente para o lago, parecia emergir de dentro das águas um velho com um chapéu e uma indumentária típica dos grandes caçadores de peles do passado. Um verdadeiro Mountain Men, ou melhor, um homem da montanha! Sorria, deu um olá simpático, chamou a atenção dos lobos. Eram seis meninas e nove meninos.

               - Sabem! Disse ele. Faz tempo que não vejo um Cub Scout. Quantas saudades! – O que é um CubScout logo perguntou uma lobinha. – Meninos lobinhos como vocês. – Lisabel ficou impressionada e assustada com ele. Uma figura imponente. Um cajado lindo. – Posso? Ele perguntou a Lisabel se poderia sentar com eles ali. – Claro que sim ela respondeu. – Por acaso viram um castorzinho deslizando há poucos instantes sobre o lago? Não? Vocês já ouviram falar de Pigmor, o castor manco do lago Grande Urso? – Também não? - Não Senhor responderam todos. - Querem conhecer sua história? Palmas e gritos. A lobada gostava de uma boa historia. – Bem vou contar, mas é uma historia triste, muito triste. Faz tempo, muito tempo quando conheci o John, ou melhor, o John Colter. Um pioneiro e um dos primeiros caçadores de pele a ser chamado de “homem da montanha”. Ficamos amigos em St. Louis uma cidade americana, lá pelos idos de 1807. Com ele fizemos uma serie de expedições até o rio Missouri para caçar castores e tirar suas peles.

               Os lobinhos assustaram-se. – Calma, foi em um passado muito distante. Nós vivíamos disto. Chegamos até a montar uma empresa de nome Rocky Mountan Fur só para vender as peles que conseguíamos caçar. - Mas vamos ao que interessa. Eu e o velho John rodamos meio mundo. Das Montanhas Rochosas até os grandes lagos de Michigan, Huron, Erie e Ontário. Diziam que eu e o John só caçávamos peles dos castores, mas não era verdade. Amávamos explorar o Velho Oeste americano. Nunca esqueci quando conheci Pigmor, o castor manco. Para ser sincero eu e o meu amigo chegamos às margens do Lago Grande Urso numa tarde de novembro. O frio intenso, pois nevava a mais de seis dias. Montamos uma pequena cabana e quando ascendi o fogo vi um castorzinho se aproximando e mancando. Assustei, pois sabia que eram ariscos e não se aproximavam. Sabia que ele e seus companheiros formavam uma colônia deviam ter um dique no fundo do lago. Nunca andavam sozinhos. Nós sabíamos que enquanto não passasse a nevasca nunca poderíamos caçá-los.

              - Olhei para o John e disse rindo: Não parece o Pigmor aquele velho caçador de ouro que morreu em Blue River Valley? Coitado. Achou que a riqueza fácil seria dele ali na região das Montanhas Rochosas. Morreu abraçado a um grande urso que encontrou na caverna do Mandor. Belas lembranças da famosa corrida do ouro em Breckenridge. Mas voltemos a historia. Vi que vocês querem saber tudo! Pigmor chegou até próximo ao fogo. Achamos ele diferente. Logo batizamos com o nome do meu amigo já falecido. Eu e o John ficamos calados. Não valia a pena dar um tiro ou mesmo matá-lo com um facão. Era raquítico, pequeno e descarnado. Seus olhos pareciam vermelhos e sentia que chorava por dentro. Ficou ali horas aproveitando o calor do fogo. Foi quando levamos o maior susto. Pigmor de cabeça baixa, deitado bem próximo à fogueira soluçou várias vezes. Começou a contar uma historia estranha. Isto mesmo, Pigmor estava falando. Como não sei. Castor falante? Nunca ouvi falar.

              Lisabel não estava acreditando no que via. Um velho curtido, uma capa estranha, botas de pele de urso, um lenço azul amarrado ao pescoço e um boné de peles de castores, de cócoras no meio do circulo, contava aquela história de uma maneira tão linda que até ela mesmo estava emocionada pelas palavras daquele velho caçador de peles. Notou que em nenhum momento os lobinhos tiravam os olhos dele. Sua dor de cabeça e seu cansaço desapareceram. – O Velho caçador continuou – Isto mesmo. Pigmor contava uma história muito triste, que aconteceu uma semana antes. Ainda não estava nevando e ele e seus irmãos da Colônia tinham terminado o dique onde iriam passar o inverno e aconteceu uma matança. Dois homens chegaram atirando. Pigmor correu para uns arbustos, mas levou um tiro na perna direita. Seu pai e sua mãe morreram na hora. Viu que somente Nakim, Molevo, Pariá e Jasmiel tinham se salvado pulando nas águas geladas do lago. Os dois homens jogaram uma banana de dinamite e quase destruíram o dique. Os quatro castores escondidos ficaram presos.

                  - Pigmor levantou a cabeça e me olhou dentro dos meus olhos. Depois olhou para John e continuou – Mergulhei até lá, estavam presos em uma toca sem poder sair. Tentei tudo. Jasmiel a Castora que seria minha esposa estava quase morta. Não sabia o que fazer. Melhor morrer com eles. Subi a tona e vi vocês. Acreditei que iam atirar em mim. Podem atirar. Eles irão morrer e eu quero morrer com eles. Iremos nos encontrar nas Grandes Tocas do Navarra onde se encontram os nossos ancestrais. – Pigmor se calou. Só ouvia soluços. Olhem não sei o que deu em meu amigo John. Não sabia que ele um dia poderia gostar de bichos, animais, ou seja, lá o que for. Mas mesmo naquela nevasca, escuro feito breu, o frio de rachar ele tirou a roupa e mergulhou nas águas profundas do lago. Passaram-se segundos e minutos. Nada do John vir à tona. “Diabos” pensei, será que ele morreu? A água estava um gelo! – Eis que os primeiros castores apareceram e logo em seguida o John com um castor no colo que julguei ser Jasmiel, a namorada de Pigmor.

                       Todos eles correram para a beira do fogo. Olhe eu juro pelas barbas do Coyote mais arisco de Yellowstone, pelas corcundas de um Bufallo das pradarias próximas a Little Bighorn em Montana que é verdade. Ficaram dois dias conosco. Pigmor e os seus irmãos mergulhavam de vez em quando para consertar sua toca no dique do lago. Uma semana depois Pigmor deu adeus. Hora de partir. Mergulharam na água do lago Grande Urso e sumiram. Nunca mais voltei lá. Disse ao John que minha vida de caçador peles e de castores tinha se encerrado ali. Juntamos nossas tralhas e partimos. Sabíamos que no então Território do Dakota seria feita uma grande corrida do ouro. Em Montana, Arizona, Nevada e Colorado só se falava nisso. Milhares de garimpeiros acorreram. Mas esta é outra história. Um dia John se desentendeu com um fora da lei. Morreu em um duelo em Virginia City. Eu resolvi fazer uma cabana nas montanhas e passar lá o resto de minha vida. Tropecei em um lago ao sul de Sonora. Vi um castor manco. Seria Pigmor? O levei comigo. Estamos juntos até hoje.


                           Ninguém falava nada. Lisabel viu que o velho caçador se levantou, deu um leve sorriso e disse adeus. Foi em direção ao lago. Andando sobre as águas todos notaram cinco castores nadando ao seu lado. Em segundos despareceram no fundo daquele pequeno lago do Sitio Mimoso. Um barulho de carro. Deviam ser Lorraine e Javier chegando. Eles adoravam os lobos. Um grito: - Lobo, lobo, lobo? E os lobinhos como a acreditar que outra linda história estava programada para eles, correram em direção ao Balu e a Bagheera. Lisabel ficou ali. Olhando para as águas do lago, que agora já noitinha uma bruma cinza se espalhava por sobre as águas. – Eu sonhei? Pensou Lisabel. Se sonhei os lobos também sonharam. Mas não é bom sonhar? Com terras altas, montanhas geladas, picos altos e longínquos, grandes lagos, é bom sonhar sonhos como este. Gostaria de ter conhecido Pigmor o castor manco do lago Grande Urso. Mas...

domingo, 13 de abril de 2014

Amigo, você é Escoteiro? - Não diga! Meus parabéns!


Amigo, você é Escoteiro? - Não diga! Meus parabéns!
    
       Ah! Meu amigo eu sou sim e com muito orgulho. Quer saber? Eu estou aprendendo a ser alguém para que todos que me amam possam um dia se orgulhar. Aprendo que o caráter é importante em cada um de nós. Que ser leal alegre e ser fraterno é ponto de honra, e minha palavra? Sim ela é sagrada. Estou aprendendo que a honra faz parte dos honestos. Que a ética é mais que tudo. Aprendo tantas coisas que cada dia que passa mais me orgulho de ser um Escoteiro.

       Acredito que você não sabe, pois poucos comentam, mas são tantas coisas maravilhosas que acontecem comigo que hoje sei que a felicidade pode ser alcançada e eu a alcancei. Sou um privilegiado por Deus em ser um deles. Olhe eu já vi um céu estrelado deitado na relva e em volta de uma fogueira cheia de amigos e amigas. Ali eu conheci as constelações, senti a grandeza da via láctea, eu vi um cometa brilhante no céu a uma velocidade incrível! E as estrelas faiscantes a brilharem no espaço? São coisas que o Escoteiro não esquece. E quando vejo isto mais e mais eu tenho a certeza que ser Escoteiro é fantástico e isto me transforma. Aprendo que devo ser puro nos meus pensamentos, nas minhas palavras e nas minhas ações, pois estou mais perto de Deus.

      Eu gostaria que um dia você pudesse junto comigo dormir sob as estrelas! Sentir a brisa da madrugada e vendo o vento balançar as árvores prá lá... E para cá... Ver o sol nascer e ele se pôr ainda vermelho no horizonte deixando uma marca profunda em nós. Quem sabe um dia você vai poder saborear o cheiro da terra molhada, o perfume das flores silvestres, o som maravilhoso da passarada voando pelos céus, do piar da coruja em um carvalho qualquer. Ver o lenho crepitando em uma bela fogueira onde todos brincam, riem, cantam e vão vendo as fagulhas subirem aos céus, languidas e serenas até que a aragem leva-as para longe.

      Olhe você nem imagina como é lindo ser escoteiro. Acho que é um privilégio de poucos. Mas uma alegria de muitos. Quando vejo a chuva caindo em uma floresta o som me envaidece um som imperdível aos ouvidos de um velho mateiro. Acredite nós temos uma ternura imensa com a natureza. É ela quem nos aproxima mais e mais do criador. Muitas vezes não precisamos de bússola, encontramos facilmente o Norte e o Sul só de olhar para as folhas das arvores, ou então um ninho de pássaros. Como é gostoso seguir a sotavento, sentir o vento no rosto, descobrir as flores silvestres desabrochando nas campinas, nos vales e nas serras distantes. É, podemos tirar o calçado e molhar os pés nas águas geladas de um belo riacho e isto meu amigo é bom demais. Podemos sentar e tirar uma soneca em uma grande e frondosa árvore e é preciso experimentar quando o cheiro da relva balançada pelo vento soprar em nossa direção. E olhe, é maravilhoso ao chegar ao cume de uma montanha e ver o horizonte! Um espetáculo imperdível meu amigo!

      Mas olhe, não sei se terá a oportunidade de ter o que temos. Aqui aprendemos que o medo é próprio dos fracos e é preciso ter coragem e amor para conviver em uma vida saudável junto dos demais Escoteiros. Isto meu amigo nós chamamos companheirismo e fraternidade. Se um dia quiser eu te darei a mão e se esforçar quem sabe você pode até entrar em um Grupo Escoteiro. Mas lembro a você que qualquer um pode entrar, mas é importante saber que ser escoteiro não é para qualquer um!

     Se resolver mesmo, seja bem vindo, o receberei de braços abertos e tenho certeza você será mais um irmão de tantos milhões espalhados pelo mundo. E quando chegar vai saber que o nosso fundador Baden Powell disse que aqui em nosso movimento só os valentes entre os valentes se saúdam com a mão esquerda. E pode acreditar que você será muito bem recebido por todos nas centenas de países onde o escotismo existe. Saiba meu amigo que nós escoteiros somos amigos de todos e irmão dos demais escoteiros. Chegando seja bem vindo, farei questão de apertar sua mão, dar o meu abraço e meu Sempre Alerta!

Agora vamos lá, coloque sua mochila, cante comigo o Rataplã, vista seu uniforme, coloque seu chapéu de três bicos, ajeite seu bornal e dê um belo sorriso. Agora você vai entrar no mundo maravilhoso dos escoteiros e vai participar de uma grande aventura!

Boa noite e uma linda semana a todos!