Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Joe Colosso, um papai coruja. “Este é meu garoto”!



Lendas Escoteiras.
Joe Colosso, um papai coruja.
“Este é meu garoto”!

          Dona Naná quando o viu cochichou para Dona Sinhá – Ele veio! Se soubesse não tinha vindo. Sempre foi assim, em qualquer reunião de pais no Colégio dom Bosco Joe Colosso estava lá. Até que podia se entender, pois sua esposa faleceu há anos e ele como pai tinha que estar presente. O que ninguém gostava era da sua superproteção do Quinzinho seu filho. Ele achava que a escola devia tudo a ele e ele não devia nada para ela. Não adiantou as dezenas de vezes que Dona Dora a Diretora o chamara em particular – Seu Joe, o Quinzinho não obedece mais ninguém. Diz que se entendam com “seu Pai”. Ele veio aqui para aprender e com sete anos já quer dar ordens a todo mundo! – Mas e daí? Joe Colosso fingia que concordava e sempre no final dava razão ao seu filho. Afinal desde que Soninha sua mãe faleceu que ele sempre foi um pai protetor. Sabia que o menino não tinha mais ninguém.

           Um dia Quinzinho “ordenou” ao seu pai: - Pai me leve nos Escoteiros. Eu gostei da farda deles. Era sempre assim, quinzinho não pedia, ordenava. No sábado eis que Joe Colosso e Quinzinho adentram ao grupo. Ele de uniforme de lobinho com distintivos e seu pai colocou dez estrelas de atividade em sua camisa – Isto é para mostrar a eles que você é o melhor! – Chefe Mattos olhou e não criticou – Seu Joe, ele disse – O Senhor tem de fazer um pequeno curso e então seu filho poderá começar. Foi à conta – Quinzinho começou um berreiro que assustou todo mundo na sede. Seu pai custou para acalmá-lo. Em casa sentou seu filho no colo e disse a ele que aguardasse, aqueles Escoteiros iriam receber uma lição oportunamente. Mesmo assim Quinzinho ficou emburrado por uma semana. Descontou suas contrariedades em Dona Nice sua professora.

            Na data prevista correu para o Grupo Escoteiro. O Chefe já havia avisado para não ir de uniforme, mas ele iria mostrar ao Chefe quem mandava ali. Chegou todo posudo e voltou para a casa em seguida. Sem uniforme disse o Chefe. Pisou com força no chão, gritou, pegou manha, mas o Chefe foi irredutível. Voltou no sábado seguinte sem ele. Não tinha jeito. Explicaram que tinha provas a fazer para a promessa e vestir o uniforme. Reclamou com seu pai que reclamou com o Chefe que levou o caso de Quinzinho ao Conselho de Chefes do Grupo. Chegaram a uma conclusão que ele podia mudar. A Akelá ficou cismada. Na matilha Verde o Primo não aguentava mais. Ele gritava que ia ser o primo, pois tinha mais qualidades. Terrível o Quinzinho. No primeiro acantonamento Joe Colosso pediu para ir. - É o primeiro do meu filho disse. E se ele quiser um biscoito? Um chocolate? E se sentir frio? E se quiser rezar? – Mas ele reza? Perguntou a Akelá Candinha. Todos em volta riram. Joe Colosso não gostou.

          Foram de manhã e a tarde Joe Colosso chegou de carro. - Só passando, só passando! Já estou de volta! – Ficou lá mais de cinco horas. Sempre ao lado do filho perguntando se ele queria alguma coisa. Interessante que Quinzinho se enturmou e esqueceu o pai. Claro até a hora de dormir, pois não queria fazer sua cama. Sempre foi seu pai quem fez. Quinzinho voltou feliz do acampamento e disse ao seu pai que aprendeu a ser homem. Joe Colosso riu. Homem? – Você é um pirralho meu filho. Cresça e apareça. – Disse aquilo e se arrependeu. Foi ciúme dos chefes da Alcateia que fez com que eles o esquecessem. Mesmo assim ao dormir disse para si – “Este é o meu garoto”!

         Joe Colosso já estava enchendo a paciência de todos no grupo. Ninguém aguentava quando ele chegava. Era meu filho prá cá, meu filho prá lá e falando mil maravilhas. Chegou a dizer ao Chefe Mattos que estava na hora de darem uma medalha ao seu filho. O Chefe Mattos um homem calmo e ponderado teve uma ideia. Quem sabe se Joe Colosso ficasse cinco dias acampados com os Escoteiros ele não pudesse ver melhor como se faz um Escoteiro? Ele iria conhecer o método na prática aprender a fazer fazendo, aprender a se virar, aprender a ser independente e então ele vai ver os reais objetivos do escotismo. Afinal um dia não saimos de nossa casa, não iremos viver sozinhos e tomar nossas próprias decisões? – Falou com o Chefe Naldo. Naldo se assustou - Tás brincando Chefe! Não teve jeito. Foi difícil convencer Joe Colosso. Onde deixar seu filho? Alguém pensou que cinco dias na casa de correção de menores até que seria bom. Pagou uma fábula a Dona Inês sua tia para ficar com ele.

        Olhe, foi a maior lição que Joe Colosso teve na vida. Assustou com os meninos viverem em patrulha, a dormirem sós em barracas, a cozinharem eles mesmos. Aquelas construções maravilhosas, e o tal fogo do conselho? Só de meninos e meninas e eles mesmos se dirigindo e o Chefe Naldo os deixando fazer fazendo. Que lição aprendeu. Quando um Monitor se apresentava ele pensava na vez de Quinzinho quando fosse eleito. Assimilou o Sistema de Patrulhas no seu todo. Acreditou mais ainda no escotismo e nos resultados que trariam para seu filho. Explicar a ele? Não. Ele deveria aprender por si só. Joe Colosso mudou. E para melhor. Quinzinho se revoltou com aquela mudança. – Pai vou sair dos Escoteiros – Vai não disse! – Vais ficar lá até poder assumir sua própria vida! – Mas pai, lá eu sou mandado e não mando nada – Filho, ele disse, tens de aprender a ser mandado para depois mandar. Só é um verdadeiro líder aquele que lidera  e saber ser liderado. Mandar qualquer um pode mandar obedecer é mais difícil.

       Hoje eu sei que Quinzinho se transformou em um verdadeiro homem. Graças ao escotismo e a um programa bem feito. Ainda bem que Quinzinho teve sorte em entrar em um grupo bem estruturado. Um grupo que se orgulha por ser democrático. Onde todos são consultados. Onde no Conselho de Chefes todos tem voz e voto. Onde existe uma bela de uma Corte de Honra e onde seus monitores fazem de uma patrulha seu aprendizado pessoal junto ao Chefe da tropa. Quando visito o grupo sinto-me orgulhoso em ver quinzinho com seu Lis de Ouro. E melhor do que ver seu pai Joe Colosso com sua Insígnia da Madeira e ainda bem sem a pretensão de cargos maiores. Sua luta é na tropa pensando sempre nos meninos como um todo. Seu filho? Faz parte, mas no grupo é igual aos demais. Em casa ele aprendeu a exigir, a solicitar suas notas, a cobrar sua educação e respeito com as professoras. Sei que um dia no colégio Dona Naná quando o viu cochichou para Dona Sinhá – Ele veio! Maravilha amigo. Adoro a presença dele aqui.


É quem te viu e quem te vê!        

terça-feira, 31 de março de 2015

Quer mesmo saber por que sou Escoteiro?



Conversa ao pé do fogo.
Quer mesmo saber por que sou Escoteiro?

                   Não tenho nada para esconder, sei que me perguntou sem ofender e por isto eu vou lhe dizer. Você talvez não vai acreditar, pois nunca foi e nem sabe o que é ter o escotismo no coração. Muitos não entendem escolhas que fazemos na vida. Você me pergunta se eu sou um herói da juventude. Não sou. Sou um herói de mim mesmo. Não duvide nunca. Eu posso ser muito melhor sendo Escoteiro do que pode pensar. Acredito que se você quer ser o que sonhou, porque não correr atrás dos seus sonhos? Quem não vai atrás do que  gosta, não gosta de verdade. Orgulho tem limite, mas quer mesmo saber? O meu não tem. Não abro mão do que amo por receio de ir atrás ou errar na escolha que fiz. É uma questão de princípios, e alguns dizem que é uma questão filosófica. Não sou filósofo e é difícil explicar. Comecei sem saber onde pisava. Pivete dos meus sete anos sem eira nem beira como pensar em um movimento como este? Foi amor à primeira vista. Amor de menino sardento, marrento,  aprendendo a ler e nem escreve sabia.

                   O tempo passou. Fui crescendo. Vivendo cada dia como se fosse um novo dia. Vi coisas extraordinárias. Descobri minha paixão por aventuras, descobertas, das andanças por trilhas desconhecidas, estradas sem começo e fim, florestas encantadas que ficaram encravadas dentro de mim para sempre. Descobri o valor das fogueiras, em dias e noites que me ajudaram para melhor. Elas queimavam-me para me aquecer e queimava meu interior com um amor sem igual. Dormir sob as estrelas todos já dormiram, mas dormir e sonhar em ir até elas é diferente. Voei morro abaixo a procura de vales para acampar. Andei de canoa e jangadas em rios e lagos e profundos. Tive índios amigos, sertanejos que me ensinaram ser um mateiro e me fizeram feliz. Esculpi em minha memoria um sol que não conhecia, um sol diferente ao nascer ou ao se por no horizonte infinito. Fiz do meu escotismo uma maneira de aumentar amigos e com eles buscar minha felicidade. Não ouve montanhas com quem não conversei. Não ouve pássaros que aprendi seu cantar. Fui grande amigo de uma Coruja que me disse um dia: - Chefe, o espírito da coruja mora neste acampamento!

                     Dizem que sábio é o ser humano que reconhece até onde pode ir e que tem mais a aprender, do que a ensinar. E como eu aprendi nas minhas aventuras Escoteiras. Não fui herói não, por favor, nada disto, mas aprendi com a floresta, com os ventos, com as trilhas ligeiras de pedras no caminho e normas incríveis para seguir. Aprendi com o ribombar do trovão, da cascata que vem do céu, com a chuva incessante da primavera. Aprendi com as estrelas no céu, com o arco íris que nunca me mostrou seu pote de ouro. Rodei céus e terras para descobrir se pisava em terras virgens, conversei com magos, santos e homens da lei querendo aprender e saber se o mundo escoteiro era este mesmo que eu fazia. Sei que muitas vezes procuramos a verdadeira felicidade fora de nós sem saber que possuímos a sua fonte presa no coração. Em nenhum momento duvidei do meu amor Escoteiro. Meu uniforme era minha estrela, me mostrando que ser belo não precisa somente de um nome. Precisa ter amor e respeito.

                   Encontrei adversidades por onde passei. Nos seres humanos foi mais real. Sei que problemas grandes ou pequenos nos apresentam durante a nossa existência. Posso estar contente, posso ser inteligente e embora estejamos em algum momento tristonho, é difícil ver que a vida corre célere para a solução e esta sempre depende de nos mesmos. Inesperadamente somos confrontados com problemas, lutas, desafios e milhões de dificuldades. È como se o escotismo nos estivesse posto a provas para ver de qual fibra somos feitos. Atravessamos tudo isto como o vento atravessa entre arvores enormes e altos picos encontrados no caminho. Cada pessoa sabe como enfrentar, como pular a maré alta do mar verde azul. O escotismo nos diz que aceitar é uma estratégia até ter as armas de volta para partir e nos reestruturarmos seguindo em frente para vencer.


                  Desculpe, quem sabe não me fiz entender. Não existe segredos para o verdadeiro Escoteiro. Eu nunca abri mão do meu amor ao escotismo esteja onde estiver. Seja no passado e no presente, ou mesmo no futuro incerto e não sabido. Eu não abro mão do meu orgulho em me chamar Escoteiro. Sou mesmo com muito orgulho e honra! Não abro mão do meu uniforme. Não abro mão da minha lei. A promessa Senhor meu Deus que um dia fiz junto à tí me segue noite e dia me mostrando o caminho a seguir.  Não abro mão das minhas crenças, não abro mão dos meus sonhos e não abro mão do que acredito. Fiz do escotismo uma maneira de viver.  Se pudesse eu diria ao mundo inteiro: - Sempre amei e sempre vou amar este movimento que mora e residirá em meu coração para sempre. Queria se pudesse fazer acreditar a todo o mundo que somos todos irmãos, que não existe fronteiras entre nós que acreditamos no Espírito de BP. Não falo só por palavras, as uso para dizer o que sou e penso. Sou amante da natureza, sou amante das noites de luar, sou amante das chuvas no deserto do frio ou calor. Existe meu amigo filosofia mais linda que esta? Sou e serei Escoteiro de coração e nele tenho certeza que encontrei o meu destino e quando for o levarei para viver comigo sempre no céu, pois lá eu sou imortal!