Hora de
dormir, amanhã é outro dia.
Desculpem,
hoje não tenho uma história Escoteira para contar.
Não tenho mesmo. Estou ainda emocionado
com “Philadelphia”
- (1993). Quantas vezes? Perdi a conta. Lindo demais.
Tom Hanks, Denzel Washington e Jason Robards dão um show de interpretações.
Todos vocês já viram este filme. Eu muito emotivo toda vez que passa na TV lá
estou eu vendo cena por cena. Quantas vezes? Dezenas! Cada uma mais comovente,
cada uma mais fantástica que a outra. Se Andrew Beckett (Hanks) é demitido de
um importante escritório de Advocacia só porque tinha AIDS (ainda na fase da
descoberta) Joe Miller (Denzel) o defende numa interpretação magistral. Mesmo
sendo o homem mau, Charles Wheeler (Jason) passeia em todo filme mostrando o grande
ator que é. Contar o filme é reviver tudo que sinto ao vê-lo e acredito que vou
vê-los novamente por muitas e muitas vezes. Ver Hanks vinte quilos mais magro,
e sua silhueta de Aidético decaindo dia a dia, nos faz chorar. Quando o filme
foi lançado a AIDS ainda era meio obscura nos meios homossexuais. Interessante
é o apoio incondicional da família de Andy (Hanks).
Poxa! Estou contando o filme
para vocês? Fazer o que! Não tem jeito mesmo. O
contraste entre o Andy contente e saudável do início e o homem abatido do final
é chocante, e Hanks colabora muito para isto com seu semblante triste e abatido
(destaque também para a excelente maquiagem feita no ator). Além disso, desde a
primeira cena, quando se enfrentam num tribunal, Hanks e Washington conseguem
criar uma empatia vital para o sucesso da narrativa. Joe (Washington) demonstra
isto muito bem, defendendo com veemência seu cliente, primeiro por causa da
lei, depois porque muda sua postura diante do homossexualismo, chegando a
freqüentar uma festa gay com o agora amigo Andy nos fazendo passear pelo local
com seus travellings ou com um pequeno plano-seqüência que
nos leva do banheiro masculino até o meio do tribunal. Finalmente, vale
destacar os belos planos aéreos da cidade, outro plano-seqüência que nos leva
pelos convidados na festa de Andrew e os constantes closes que destacam as feridas na cabeça do
protagonista. Enquanto acompanharmos os argumentos apresentados no
julgamento, a mensagem principal de “Filadélfia” é plantada em nossas mentes.
A cena onde Andy pede para Miguel
(Bandeiras) parar de medicá-lo, claramente desistindo do tratamento e
preferindo seguir o seu destino, mas não sem antes organizar uma festa, que
serve como uma espécie de despedida das pessoas que ama. Mas, quando a festa
acaba, Andy sente que o fim se aproxima. – Algo que Joe percebe nitidamente – e
desiste de ensaiar suas falas para o dia seguinte no tribunal, se entregando à
música, numa cena tocante, aonde Andy (Hanks) com muita emoção vai narrando a ópera com
sentimento, deixando Joe perplexo por testemunhar um homem que estava se
despedindo da vida naquele momento. Se eu gostava de pequenas áreas, La Mamma Morta, trecho da ópera Andrea Chénier,
cantada por Maria Callas, comentada por Andrew Beckett, é uma cena sublime e
que tem grande responsabilidade pelos inúmeros prêmios de melhor ator que Tom
Hanks recebeu. Quem ainda tem preconceito, e assiste ao filme, ao
ver o comovente momento em que Washington demonstra muito bem esta sensação,
refletindo o instante em que Joe finalmente se deu conta que de fato Andrew
estava morrendo.
Reparem na iluminação da cena,
ela muda durante a performance apaixonada de Andrew, refletida nos tons
avermelhados da fotografia de Fujimoto, assim como as sombras que envolvem Joe
simbolizam o vazio de seu coração naquele instante. Após este momento intenso,
Joe chega em casa e abraça a filha carinhosamente, dizendo que a ama, enquanto
a ópera continua presente em sua memória, como bem reflete a trilha sonora. Ele
sequer consegue dormir. Finalmente, Joe estava completamente transformado, como
fica evidente no hospital, quando demonstra muito carinho pelos familiares de
Andrew, incluindo Miguel. No dia seguinte ao turbilhão de emoções, Andy aparece
totalmente debilitado no julgamento, tossindo, falando baixo e bastante magro.
E enquanto a advogada faz uma série de questionamentos, ele começa a passar
mal, algo ilustrado no plano levemente inclinado e na voz distorcida da
advogada, caindo no chão e sendo levado ao hospital.
Paro por aqui. Andy morreu. A
festa na sua casa, a trilha sonora, a alegria forçada da família a relembrar o
filho e o irmão querido que partiu é como se uma cortina se fecha para nunca
mais se abrir.
- Por favor! –
Explique-me como se eu tivesse seis anos!
- "-O que são mil advogados acorrentados no fundo
do oceano? - Um bom começo!”.
Philadelphia
(1993) – um filme incrível e inesquecível.
Boa
noite meus amigos, desculpem não postar uma história, uma lenda ou qualquer
outro fato. Amanhã volto de novo com contos que podem ou não deixar saudades.
Durmam com Deus!