Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Desculpem, hoje não tenho uma história Escoteira para contar.



Hora de dormir, amanhã é outro dia.
Desculpem, hoje não tenho uma história Escoteira para contar.

               Não tenho mesmo. Estou ainda emocionado com “Philadelphia” - (1993).  Quantas vezes? Perdi a conta. Lindo demais. Tom Hanks, Denzel Washington e Jason Robards dão um show de interpretações. Todos vocês já viram este filme. Eu muito emotivo toda vez que passa na TV lá estou eu vendo cena por cena. Quantas vezes? Dezenas! Cada uma mais comovente, cada uma mais fantástica que a outra. Se Andrew Beckett (Hanks) é demitido de um importante escritório de Advocacia só porque tinha AIDS (ainda na fase da descoberta) Joe Miller (Denzel) o defende numa interpretação magistral. Mesmo sendo o homem mau, Charles Wheeler (Jason) passeia em todo filme mostrando o grande ator que é. Contar o filme é reviver tudo que sinto ao vê-lo e acredito que vou vê-los novamente por muitas e muitas vezes. Ver Hanks vinte quilos mais magro, e sua silhueta de Aidético decaindo dia a dia, nos faz chorar. Quando o filme foi lançado a AIDS ainda era meio obscura nos meios homossexuais. Interessante é o apoio incondicional da família de Andy (Hanks).


               Poxa! Estou contando o filme para vocês? Fazer o que! Não tem jeito mesmo. O contraste entre o Andy contente e saudável do início e o homem abatido do final é chocante, e Hanks colabora muito para isto com seu semblante triste e abatido (destaque também para a excelente maquiagem feita no ator). Além disso, desde a primeira cena, quando se enfrentam num tribunal, Hanks e Washington conseguem criar uma empatia vital para o sucesso da narrativa. Joe (Washington) demonstra isto muito bem, defendendo com veemência seu cliente, primeiro por causa da lei, depois porque muda sua postura diante do homossexualismo, chegando a freqüentar uma festa gay com o agora amigo Andy nos fazendo passear pelo local com seus travellings ou com um pequeno plano-seqüência que nos leva do banheiro masculino até o meio do tribunal. Finalmente, vale destacar os belos planos aéreos da cidade, outro plano-seqüência que nos leva pelos convidados na festa de Andrew e os constantes closes que destacam as feridas na cabeça do protagonista. Enquanto acompanharmos os argumentos apresentados no julgamento, a mensagem principal de “Filadélfia” é plantada em nossas mentes.

              A cena onde Andy pede para Miguel (Bandeiras) parar de medicá-lo, claramente desistindo do tratamento e preferindo seguir o seu destino, mas não sem antes organizar uma festa, que serve como uma espécie de despedida das pessoas que ama. Mas, quando a festa acaba, Andy sente que o fim se aproxima. – Algo que Joe percebe nitidamente – e desiste de ensaiar suas falas para o dia seguinte no tribunal, se entregando à música, numa cena tocante, aonde Andy (Hanks) com muita emoção vai narrando a ópera com sentimento, deixando Joe perplexo por testemunhar um homem que estava se despedindo da vida naquele momento. Se eu gostava de pequenas áreas, La Mamma Morta, trecho da ópera Andrea Chénier, cantada por Maria Callas, comentada por Andrew Beckett, é uma cena sublime e que tem grande responsabilidade pelos inúmeros prêmios de melhor ator que Tom Hanks recebeu. Quem ainda tem preconceito, e assiste ao filme, ao ver o comovente momento em que Washington demonstra muito bem esta sensação, refletindo o instante em que Joe finalmente se deu conta que de fato Andrew estava morrendo.

              Reparem na iluminação da cena, ela muda durante a performance apaixonada de Andrew, refletida nos tons avermelhados da fotografia de Fujimoto, assim como as sombras que envolvem Joe simbolizam o vazio de seu coração naquele instante. Após este momento intenso, Joe chega em casa e abraça a filha carinhosamente, dizendo que a ama, enquanto a ópera continua presente em sua memória, como bem reflete a trilha sonora. Ele sequer consegue dormir. Finalmente, Joe estava completamente transformado, como fica evidente no hospital, quando demonstra muito carinho pelos familiares de Andrew, incluindo Miguel. No dia seguinte ao turbilhão de emoções, Andy aparece totalmente debilitado no julgamento, tossindo, falando baixo e bastante magro. E enquanto a advogada faz uma série de questionamentos, ele começa a passar mal, algo ilustrado no plano levemente inclinado e na voz distorcida da advogada, caindo no chão e sendo levado ao hospital.

                 Paro por aqui. Andy morreu. A festa na sua casa, a trilha sonora, a alegria forçada da família a relembrar o filho e o irmão querido que partiu é como se uma cortina se fecha para nunca mais se abrir.
- Por favor! – Explique-me como se eu tivesse seis anos!
- "-O que são mil advogados acorrentados no fundo do oceano? - Um bom começo!”.

Philadelphia (1993) – um filme incrível e inesquecível.


Boa noite meus amigos, desculpem não postar uma história, uma lenda ou qualquer outro fato. Amanhã volto de novo com contos que podem ou não deixar saudades. Durmam com Deus! 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Conversa ao pé do fogo. O lobinho o Lobo e o Cordeiro.



Conversa ao pé do fogo.
O lobinho o Lobo e o Cordeiro.
(baseado na fábula de Jean de Lá Fontaine O lobo e o cordeiro).

                   Um acantonamento. Raulzinho sorria. Era o seu primeiro. Estava amando tudo que acontecia. Uma casinha, dois quartos, uma pequena cozinha, e lá fora seis barracas armadas. Ele ajudou – Se não chover, vocês poderão dormir nelas! Disse a Akelá. Raulzinho não cabia em si de contente. Fizeram pela manhã vários jogos. Ele no cerimonial foi escolhido para a Bandeira Nacional. Que orgulho ele sentia. Quando cantaram - ¶ “Mowgly está caçando, Mowgly está caçando, matou o Shery Kaan” Raulzinho vibrou. Ele adorava esta canção. Se um dia encontrasse o tigre mau ele iria ver quem era Raulzinho, ele pensou. Todos foram tomar banho em um riacho próximo. Foi então que Raulzinho viu um cordeiro bebendo água num riacho. O terreno era inclinado e por isso havia uma correnteza forte. Quando ele olhou para o lado viu também um lobo chegando para beber água.

                  Ele ouviu o lobo dizer: - Como é que você tem a coragem de sujar a água que eu bebo? Disse o lobo, que estava alguns dias sem comer e procurava algum animal apetitoso para matar a fome. - Senhor - respondeu o cordeiro - não precisa ficar com raiva porque eu não estou sujando nada. Bebo aqui, uns vinte passos mais abaixo, é impossível acontecer o que o senhor está falando. Raulzinho que era um lobinho não gostou do lobo. E ele continuou: - Você agita a água - continuou o lobo ameaçador - e sei que você andou falando mal de mim no ano passado. - Não pode - respondeu o cordeiro - no ano passado eu ainda não tinha nascido. O lobo pensou um pouco e disse: - Se não foi você foi seu irmão, o que dá no mesmo. - Eu não tenho irmão - disse o cordeiro - sou filho único.

                    Raulzinho ficou com raiva do lobo. Viu que ele mentia e fazia tudo para amedrontar o cordeiro. – O lobo continuou: - Alguém que você conhece algum outro cordeiro, um pastor ou um dos cães que cuidam do rebanho, e é preciso que eu me vingue. Então ali, dentro do riacho, no fundo da floresta, o lobo saltou sobre o cordeiro, a agarrou-o com os dentes e o levou para comer num lugar mais sossegado. Raulzinho correu atrás, não ia deixar. Mas a Akelá viu e disse a ele: - Deixa prá lá Raulzinho infelizmente a razão do mais forte pode não ser a melhor, mas não há como impedir. Não foi o que disse o contador de histórias? Foi então que Raulzinho se lembrou da história. Sua mãe contava sempre para ele, e ele disse que se um dia visse um lobo fazendo isto, ele iria brigar, não iria aceitar.

                   A Akelá riu - Eu sei Raulzinho. Todos nós não gostamos de dizer que o mais forte tem razão. Eu também não gosto. Mas é uma história somente. Você só se lembrou dela. Lembre-se no riacho não havia nenhum lobo e nenhum cordeiro. A gente sempre imagina e faz viver uma história que nunca esquecemos. Lembre-se sempre que a "A força é um interesse e a justiça; a lei do mais forte.". Acredite na justiça mesmo que ela veja você de olhos vendados. A vida nos ensina muitas coisas. Muitas vezes em uma espécie não são os mais fortes e nem os mais inteligentes que sobrevivem e sim aqueles que têm a melhor capacidade de pensar e saber como resolver.


                    Foi uma lição que Raulzinho aprendeu para o resto de sua vida. Um homem de bem não precisa ser o mais forte, precisa sim de acreditar que pode vencer sem usar a violência.