Eles estão
saindo do escotismo... Por quê?
Há tempos tenho visto que a Evasão no Escotismo se
tornou uma epidemia sem controle. Poucos membros associados se preocuparam com
esta saída e sabemos que pelo escotismo que os jovens estão recebendo não
existem motivação para continuar. Nunca fui a favor do programa novo
implantado. Tampouco fui a favor das exigências que fazem a cada dia ao
voluntário. A falta de apoio direto, a falta de conselhos corretos para
melhorar fez que no ano anterior quase 6.000 associados deixassem o escotismo.
Sei que os motivos são muitos, mas a UEB não reconhece nenhum. Ela é capaz de
introduzir em seu relatório que tudo vai bem obrigado. Estes artigos são um
alerta. Sei que o mundo está girando e mudando de rumo, mas o dia que o escotismo
deixar de lado o método e o programa de BP então chegaremos ao fim da
encruzilhada. O escotismo não será mais o mesmo e agora sim, deveriam escolher
outro nome, outra metodologia e um programa que procure dar o que os jovens
desejam. Muito obrigado a todos que deram suas opiniões. Sempre Alerta
Chefe Osvaldo
Conversa
ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Parte I.
Porque estão saindo? Se isto acontece tem
motivo. Mas quais? Até hoje ainda não temos uma politica de contenção para
diminuir esta evasão. Nem mesmo sabemos quais os reais motivos. Temos sim bons
chefes que com sua experiência apontam diversos fatores. Vejamos o que esta
evasão produz de mal: - A qualidade não cresce a quantidade idem, o que pensava
BP que precisaríamos segurar o jovem por pelo menos dez anos não acontece mais.
A evasão é tão grande que mais parece um sistema rotativo de entra um sai
outro. À medida que a juventude cresce, passa a integrar a sociedade como um
todo. Se eles aqueles que passaram pelas fileiras Escoteiras e não tem boas
lembranças, dificilmente serão os que irão fazer um proselitismo das vantagens
educacionais do escotismo. Sabemos que não somos reconhecidos pelas autoridades
em nosso país. Ainda não aprendemos a mostrar nossa força claro, se há temos.
Poucos estão devidamente preparados para em poucas palavras, dizer o que somos
e o que pretendemos.
Sem uma união em termo
do tema, nada iremos conseguir mudar este caminho de perda tão nefasto. Sei que
muitos poderiam dizer o porquê não crescemos, o porquê não existe mais aquela
procura do passado e teremos outros que bem formados no escotismo terão
exemplos pessoais para dar. Sem entrar aqui no mérito do conhecimento, ou da
afirmação que está tudo bem, irei apresentar em quatro artigos sucessivos,
minha opinião vivenciada no escotismo que conheci. Não pretendo entrar em
desacordo com nenhum dos que discordam, mas lembro de que só iremos estancar
esta sangria quando nos dispusermos a analisar, pesquisar, conversar e aceitar
sugestões dos diversos núcleos Escoteiros do país. Isto englobaria todos, desde
o mais humilde grupo até a Direção Nacional. Citaria de antemão quatro motivos
do porque muitos estão abandonando as fileiras do escotismo:
- Programa.
Ele não atinge os objetivos para motivar os jovens.
- Apresentação pessoal. Tudo que foi apresentado
até hoje não surte os resultados esperados.
- Formação qualificação do Chefe. Deixou-se muito
dos objetivos de BP pensando que hoje a modernidade exige outro tipo de
abordagem e apresentação.
- Ouvir
sempre o ponto de vista do jovem. Dizem
que sim, mas não está sendo feito.
Abordarei proximamente em cada tema minha opinião sem fugir dos padrões
existentes. Todos eles merecem sem sombra de dúvida uma discussão por todos os
interessados. Quem sabe precedida de uma grande pesquisa nacional. Lembro que
posso estar errado, mas nossos olhos precisam se voltar para estancar a saída
em massa dos jovens e dos adultos do escotismo. Cada caso é um caso. Cada Grupo
Escoteiro tem sua personalidade própria. Sem ter a opinião deles dificilmente
acharemos o caminho para o sucesso. Inicio minhas ponderações com o programa
feito para o jovem e não vou entrar no mérito de cada exposição. Vou simplesmente exemplificar uma bela charge que tem mais de cinquenta
anos de idade. Ela diz tudo:
PORQUE ELE DEIXOU O ESCOTISMO?
Ele pensou que seria assim: Diferente de sua
escola, diferente do que fazia com seus amigos do bairro, ele poderia ter aventuras
que nunca teve, aprenderia no campo a vida de um explorador. Iria colocar uma
mochila e sair por aí seguindo o vento. Iria acampar muitas vezes, iria dormir
em barracas, ver a estrela no céu. Iria construir Ninhos de Águia, escada de
cordas, iria subir e descer de uma árvore por nós incríveis que iria aprender.
Atravessaria rios e vales em Falsa Baiana, em Comando Crow. Aprenderia a fazer
pontes, jangadas, iria explorar cavernas, bosques, montanhas e tantos mais. Iria
correr pelos campos, ver pássaros incríveis, seguir pistas na floresta,
descobrir uma nascente, pescar um belo peixe, e com sua bandeirola iria enviar
mensagens por enormes distâncias, o Morse à noite com sua lanterna iria
brilhar, e os jogos especiais? Ele um índio ou um soldado? Que bela maquiagem
faria. Os famosos boina verdes seria pé de chinelo perto dele. Iria se preparar
para o negrume da noite, acender um fogo, pular uma fogueira e cantar!
Representar com seus amigos, contar uma bela história. Iria aprender dezenas de
nós, Escoteiros e marinheiros. Iria aprender a seguir o rumo, dominar uma
bússola, ler mapas e partir para grandes atividades aventureiras. Teria seu
cantil para beber água da fonte, teria sua faca mateira. Iria aprender a usar
seu facão, seu canivete e quem sabe gritar alto: - Madeira!
PORQUE ELE DEIXOU O ESCOTISMO?
Não foi o que pensava. Tempo demais na bandeira,
tempo demais do palavrório, Monitor mandão, sala com cadeiras e ficar sentado
vendo chefes escrevendo, desenhando sinais de pista. Tudo igual ao que ele fazia
todos os dias na escola. Um Monitor a sua frente ensinando sinais, nós, tempo
demais. E os jogos? Sem graça, ele preferia um racha de futebol. Pelo menos se
divertiria. Uma patrulha desanimada, poucos frequentando, a maioria faltando ou
saindo. E ele se lembrou do seu Professor a exigir silencio e atenção. E as
filas? Iguais as que fazia todos os dias esperando uma ordem de um adulto que
não vinha. Lembrou-se das suas viagens pela internet, da sua casa, e pensou que
tudo ali era igual. E os sorrisos e os abraços? Quase nenhum. Queria fazer a
promessa, mas como demorou. A cada dia sentia falta dos seus amigos do bairro.
Lá o programa era melhor...
Pois é, a charge diz tudo. Pode ser um dos principais motivos da saída
do Escoteiro, do Chefe que não teve respaldo, do diretor que nunca foi
elogiado. Não vou dizer do antigo programa de classes que foi suprimido e
substituído. Ele poderia ter continuado com suaves modificações que o tempo se
encarregaria de mostrar. Pelo menos era mais aventureiro. Mostrava como viver a
vida de um mateiro, um explorador. O que aconteceu foi que bruscamente mudaram.
Ninguém foi consultado. Quando foi feito pela primeira vez houve uma grita no
antigo Orkut em um grupo, em que a insatisfação tomou conta. Em um mês mais de
mil comentários. A maioria dizendo que era melhor sair. Mas não posso afirmar
que só este seria o motivo principal da grande evasão. Tem outros. No proximo
artigo irei comentar sobre a apresentação pessoal. Nem sei se ela poderia
também ser descrita como causa provável.
Fiquem a vontade para
comentar, copiar, compartilhar, discordar e sugerir. Não sou o dono da verdade,
a única coisa que posso afirmar é que a evasão no passado não foi tanta assim.
Era comum as patrulhas permanecerem juntas por anos e anos. Mas vamos descobrir
juntos a verdade. Conto com você!
Ele entrou para o escotismo
pensando que seria um aventureiro, um explorador, um herói que sempre sonhou.
Assustou quando viu que não era. Tudo era igual a sua casa, a sua escola e ele
tinha uma internet melhor que o que viu ali. Partiu para outra. Ali não era o
seu lugar.
Conversa
ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte II
Apresentação pessoal. Garbo e boa ordem.
Levamos dezenas de anos para incutir na população brasileira o que somos
e como somos. Muitas frases ficaram celebres e até hoje citadas por boa parte
da população e até na imprensa. Vejamos algumas: Faça como o Escoteiro, ele têm
uma só palavra. Os Escoteiros fazem diariamente uma boa ação, isto é uma norma
de conduta para eles. Esteja todos os dias Sempre Alerta, não fique
desprevenido. Faça como os Escoteiros, eles estão sempre alegres. Seja como um
Escoteiro, educado cortês e amigo. Melhore sua aparência, faça como um garboso
Escoteiro. Era comum ver os jovens em seus uniformes a saírem para os campos, ou mesmo desfilando
em uma solenidade qualquer na cidade. Onde passavam eram reconhecidos e
aplaudidos. O Chapelão se tornou um símbolo logo desfeito por diversos motivos.
No passado as dificuldades eram inúmeras para se adquirir uma peça Escoteira,
mas sempre se via todos muito bem uniformizados. Os chefes eram exemplos. Fazia
gosto ver o porte, o orgulho em estar com um uniforme Escoteiro. Na própria
direção nacional os dirigentes eram perfeitos em seus uniformes. Quem já teve
um LP do Trio Irakitan vai se orgulhar em vê-los de uniforme. Estão perfeitos
nas suas calças curtas. Gostaria de ver um cantor ou cantores famosos de hoje interpretando
músicas Escoteiras e vestindo nosso
uniforme ou vestimenta.
Aos poucos foram entrando outros que não se solidarizaram com a calça
curta. Começaram a vestir a comprida. Olhar para eles era ver que destoava dos
demais. Mesmo assim tínhamos no seio da comunidade um enorme apoio. Éramos
reconhecidos pelas autoridades educacionais. Tivemos um ministro da república
como Escoteiro Chefe, Dr. Guido Mondim. O falecido Ex-Presidente José de
Alencar se orgulhava do que escotismo que participou. Uma época de grandes
personalidades assumindo a liderança Escoteira e jactando-se de terem sido
Escoteiros. Onde anda um Almirante Benjamin Sodré? Ou um Arthur Basbaum
Proprietário das Lojas Americanas e Escoteiro Chefe? Ou mesmo o Doutor Francisco
Floriano de Paula um líder nato, que fez para o escotismo o que muitos grandes
homens podiam fazer. Poderia citar outros tantos e cada estado da federação
deve ter um deles para lembrar. Foi uma época em que havia orgulho no ar nos
corações Escoteiros. Nunca se colocaria um lenço sem estar com todas as demais
peças do uniforme. Nunca se saia para qualquer atividade sem estar devidamente
uniformizado. Não importava onde e como. Que fossem acampar excursionar, fazer
atividades aventureiras longínquas, o uniforme vinha sempre em primeiro lugar.
Poderíamos ficar de camiseta nos acampamentos nos tempos livres e sem o
lenço, mas com as demais peças do uniforme. Aprendíamos a lavar e passar a moda
Escoteira. Nada servia de desculpa na hora das inspeções de campo. Unhas,
cabelo, sapato engraxado, tudo era olhado. Época que todos tinham nos bolsos
lenços e um pente pequeno. Todos tinham um orgulho da sua vestimenta ou
uniforme. Infelizmente ou felizmente a modernidade tão apregoada começou a ter
seu lugar ao sol. Criou-se o traje que antes era chamado de uniforme social. Do
social que deveria ter sido veio o desleixo por parte de alguns. Vestia-se as
cores que cada um gostava. A cobertura era qualquer uma, uma verdadeira
confusão de estar ou não portando um uniforme Escoteiro. Havia discussões e
discussões de escotistas que devíamos mudar. Sempre os novos que entravam e
desfiavam uma serie de motivos para isto. O mote era que devíamos ter uma só
postura e sermos todos iguais.
Nunca se viu alterações nos Escoteiros do Mar
e do Ar. Ali impera o garbo e a boa ordem e até hoje isto acontece. Alguns anos
atrás nos foi apresentado à vestimenta. Muitos apostavam neste novo uniforme.
Havia inclusive comentários que muitos jovens não se aproximavam do escotismo
por achar o caqui démodé. A vestimenta serviria para dar uma nova apresentação
condigna do Escoteiro e da Escoteira na comunidade. Se tudo tivesse sido feito
as claras, com consultas e transparência, se tudo tivesse feito para uma
perfeita uniformização poderia ter sido uma boa ideia. Mas fizeram tudo sem
consultas, esconderam a sete chaves sua forma e confecção. Vários tipos foram
criados. Até hoje não entendo por que disto. Se tem uma região fria e outra
quente bastava mangas curtas e compridas, calças idem. Ainda me pergunto por
que aquele desfile de modas para apresentar uma vestimenta com mais de
desesseis modelos. Seria uma forma bombástica da implantação de uma nova era?
A UEB fez e faz de tudo
para que esta vestimenta seja levada a sério. Vejam o que disse um formador, um
Velho Lobo calejado por anos e anos de serviços a União dos Escoteiros do
Brasil sobre a vestimenta: - Estão saindo adultos e crianças! Sabe qual e o
nosso temor? Que parem de entrar... Se os pais olharem os Escoteiros com o
vestuário novo, que como exemplo cito a Missa Escoteira no mês anterior, não
irão permitir que os filhos participem. Vi ali uma bagunça generalizada. Cada
um mais “esculachado” do que o outro. Vão assim acabar com a nossa imagem. Se
os chefes não derem exemplo e não orientarem explicando a diferença fundamenta
da ordem vai virar bagunça! Não são palavras minhas. Meus comentários já foram
ditos em outros artigos aqui. A UEB não poderia ter sido mais explicita na sua norma
de uso? Já que não levou em conta os demais associados na implantação poderia
ser mais comedida nas escolhas pessoais. O que está feito não tem volta, mas
ainda dá tempo para corrigir. Compete aos dirigentes fazerem isto. Suprimam
esta quantidade de peças absurdas. Determinem como se deve se apresentar os
associados com a vestimenta. Calça curta com meia curta de diversas cores não
explicita o orgulho do uniforme Escoteiro e qual a cobertura a ser usada.
Levamos anos e anos para
criar um hábito de comportamento com o caqui. Um uniforme que até hoje é
reconhecido de norte a sul do Brasil. A maioria dos novos associados aderiram à
vestimenta. Queira ou não ela já é o traje oficial da UEB. Mas do jeito que ela
é apresentada eu tenho minhas dúvidas se em vez de arregimentar jovens e
voluntários se não os está afugentando. Não tenho dados, mas foi a partir da
implantação da vestimenta que houve uma debandada de muitos chefes antigos do
movimento. Será que podemos nos orgulhar quando formos a uma atividade social
para se apresentar a sociedade brasileira, como eles dirão com esta
parafernália de escolhas pessoais? O que eles irão pensar de nós? Por outro
lado eu fico em dúvida se ela aguenta uma forte atividade aventureira de jovens
escoteiros em excursões e acampamentos. Lembremos que estamos perdendo para
outros folguedos, outras organizações, outras formas de diversão de muitos
jovens que abandonam as fileiras escoteiras. Um país com a nossa dimensão, com
mais de duzentos mil habitantes não pode ficar quase em último lugar
proporcionalmente em número de membros praticantes do escotismo nas Américas.
Não se trata de uma competição e nem tampouco uma corrida de primeiro lugar.
Afinal dos dez países que iniciaram o escotismo fora da Inglaterra em 1910, o
Brasil está incluído. Temos que pensar na nossa autopreservação.
Esqueçamos o mote que o lugar apropriado para
discordar e apresentar soluções são nas Assembleias. Esqueçamos o mote que
sempre a culpa são dos chefes. O caminho percorrido até agora não foi dos
melhores. Eu sempre gosto de repetir o que disse John Thurman no seu artigo os
sete perigos. (escrito em 1955). Ele foi durante muito tempo Chefe de Campo de
Gilwell Park: - Os únicos capazes e possíveis de pôr o escotismo a perder são
os próprios chefes e dirigentes. Se nos tornarmos arrogantes, complacentes e
nos fazermos passar por demasiado auto-suficientes,
então - e apenas com essas coisas - poderemos arruinar o Movimento.
Amanhã mais um capítulo da série - Eles estão saindo do escotismo... Por quê? Até lá discutam, comentem
compartilhem, todos precisam saber que nós os chefes também sabemos pensar e
ter opiniões! – Até lá!
- O Escotismo é algo sério, contudo,
uma das grandes coisas é a alegria de participar dele, isso tanto para os
dirigentes como para os rapazes e moças. Em alguns países, há o perigo de se
pensar em termos educacionais ou psicológicos e, enquanto fazemos isso,
perdemos muito da nossa condição de "amadores". E vocês todos sabem
que como amadores somos bons, mas como profissionais somos péssimos. Somos uma
parte complementar na vida do rapaz; complementar na escola, dos pais, da
igreja, e, mais tarde, do trabalho.
Conversa
ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte III.
- Levar em conta o ponto de vista do jovem. BP.
Um terceiro tema que poderia colocar no rol das possíveis causas da
saída dos jovens e neste caso não engloba o adulto, é o tema mais conhecido
desde que assumimos uma responsabilidade no movimento Escoteiro. O escotismo
tem como meta a formação do jovem, e neste caso ele é o mais interessado em um
programa agradável e que lhe prenda pelas suas habilidades em ser diferente de
todos os que ele conhece. Eu não posso em sã consciência afirmar que isto não
acontece, mas sei de muitos que levam a sério o programa e o método que nos foi
deixado por Baden-Powell. - Se o nosso Movimento é uma fraternidade livremente
aceita, e não tem caráter de obrigação, o adulto só atua com supervisão. Ele (o
Escotismo) pretende fazer com que o jovem participe de uma sequência de
atividades, adaptadas a sua idade, exercitada principalmente ao ar livre,
ajudando uns aos outros, confiando-lhes responsabilidade e assim acreditando
que seu caráter se afirme. Só assim é possível que ele se torne também capaz de
cooperar e liderar!
Já vimos que nos países
avançados, existe a prática da demonstração e a da descoberta, às atividades ao
ar livre e a aprendizagem em pequenos grupos de fazer para aprender. Estas são
técnicas escoteiras que conhecemos de outra maneira. Quem sabe, talvez pela
repetição pura e simples dessas técnicas, dos jogos e até a completa ausência
do método nas atividades práticas da tropa, trouxe aos olhos do publico um
desinteresse grande. Em alguns casos alguns educadores nos consideram um
Movimento excessivamente infantil e nos domínios da educação somos vistos como
atrasados e ineficazes. Seria isto verdade? Quando BP reuniu em 1907 na ilha de
Brownsea na Inglaterra 20 jovens de diferentes meios socioeconômicos e
educativos, ele trouxe uma enorme contribuição educacional que, na época estava
estagnado. Assim o Escotismo veio dar uma visão mais abrangente às escolas e
estas é que até hoje estão tirando partido das técnicas escoteiras de demonstração,
observação e dedução, aplicando-as às suas classes. Às técnicas de aprender
fazendo e tentar fazer sem saber, até descobrir o certo através do erro, sempre
foram partes do método Escoteiro. Confiar no rapaz para que ele próprio seja
responsável pela sua auto-educação e disciplina sempre fizeram parte do
Escotismo.
Pensava BP que para termos o
sucesso esperado, era só dar liberdade ao jovem para que ele próprio fosse o
responsável pela sua auto-educação e disciplina. Dar liberdade ao espirito de
competição e da aventura, através de jogos, acampamentos e excursões. Este
seria o Programa Escoteiro e que hoje muitos ainda não entenderam bem o que
isto queria dizer. O escotismo têm o melhor sistema de educação do mundo,
afinal nós temos uma base excelente e sem similar para realizar isto: - A
Patrulha! - Ali os jovens podem viver trabalhar e jogar em seu próprio grupo.
Não vou me iludir e afirmar que o mundo evoluiu, a juventude já não é mais a
mesma do passado. No entanto temos muitos falando pelos jovens, dizendo o que
eles pensam, programando e alterando o melhor que existia para ele: O sonho
aventureiro, a vida no campo e tantas mais que muitos hoje deixam no
ostracismo. Ouvir o ponto de vista do rapaz se tornou obsoleto apesar de que
muitos afirmam que fazem isto. Pensando que nos últimos tempos muitas mudanças
foram feitas. Em termos gerais poucos jovens foram consultados.
Ultimamente tenho visto
opiniões diversas sobre o método Escoteiro e o programa Escoteiro. Vários
pedagogos, psicólogos e tantos ilustres professores vêm no escotismo uma fonte
enorme de estudo. São capazes de analisar teoricamente tudo que o escotismo
precisa, dão sugestões e até mesmo fazem
artigos mostrando o que precisamos para alcançar o interesse do jovem. Em
palavras teóricas falam maravilhas de um novo método, calcado em posições
positivas para melhorar nosso escotismo, baseados numa releitura compatível com
o mundo de hoje. Muitas foram às mudanças. As defesas dos que fizeram isto foram
prodigas em ter outros seguidores. Sempre em nome de uma nova tendência mundial
ou mesmo calcada na nova ordem universal onde os jovens são descritos de
maneiras incríveis e para isto tudo deve mudar. Os resultados não foram
encorajadores. Ninguém se voltou para isto. Continuam afirmando que o mundo é
outro os jovens são outros e a seara de uma nova era continuou. E os
resultados? Lembro que falo em nome de mais de mil grupos no pais. Cada um com
sua característica. O jovem do norte não é o mesmo do sul.
Eu ainda insisto muito que
ou confiamos no rapaz para que ele próprio seja responsável pela sua
auto-educação e disciplina, ou então devemos nos ater a fazer um novo escotismo
que não àquele que BP nos deixou. O que acredito é que um programa sem a
anuência dele não tem valor. Isto inclui uma ampla pesquisa e não aqueles
grupos mais aquinhoados cuja chefia tem os melhores em seus quadros. Se ele
prefere a tecnologia e metodologia que e jogado a cada minuto de sua vida e que
aquele escotismo aventureiro não tem mais lugar na sua formação, eu prefiro
ouvir de seus lábios. Afinal mudamos tanto sem ter nenhuma experiência para ver
se os resultados foram bons. Se existem grupos bem formados. Se o novo método e
programa está fazendo com que muitos desistam no meio do caminho temos errado
em dar continuidade. Está na hora de repensar o programa e isto seria precedido
de uma experiência em pequenas tropas e ver se o resultado da permanência do
jovem melhorou.
Sempre afirmamos que o
jovem quer isto ou aquilo. Pelo menos pelo que vejo não está satisfeito com o
escotismo que recebe e por isto está desistindo. Simples não? - Se a UEB
fizesse uma pesquisa séria sobre isto, quem sabe poderíamos ver muito onde
estamos errando. Saber qual a porcentagem de permanência por idade, saber até
onde anda o crescimento individual e coletivo. A preocupação do passado nos
cursos de formação com respeito ao melhor que o escotismo tem como o Sistema de
Patrulhas deve voltar de maneira especial. Não sei como anda o conhecimento, ou
melhor, dizendo o grau de adestramento dos nossos chefes de sessão. Não sei se
eles estão recebendo o melhor que o escotismo pode dar, olhando sempre as
palavras do fundador. Sinceramente fico preocupado com esta obsessão de métodos
que não alcançam a maioria dos membros voluntários. A preocupação hoje está
voltada para chefes com maior grau de instrução. Como não sou um doutor quem
sabe eu posso estar errado. Mas afirmo não estou errado em dizer que estamos
falhando e insistindo no erro.
Sei que muitos poderiam me
citar a participação dos Jovens Lideres, um núcleo criado pela UEB cuja
finalidade seria importante para dizer que estão a ouvir o ponto de vista do
rapaz. Não desqualifico, mas eles são formados por jovens de 16 a 27 anos. Eu
sem menosprezar a nenhum deles, nem sei se foram consultados nas alterações que
a UEB implantou. Convenhamos que e melhor deixar a politica escoteira de lado e
pensar se nossos jovens Escoteiros, Escoteiras, seniores guias e até os
lobinhos estão participando das ideias, dos programas das atividades que são
realizadas com eles. Penso que temos três pontos a serem seriamente observados
- O Sistema de Patrulhas aplicado corretamente – Os diversos órgãos na tropa
funcionando a contendo: Corte de Honra, Conselho de Tropa, Conselho de
Patrulha. – Sempre ouvir o ponto de vista do jovem. Não afirmo que estes são os
motivos da grande evasão. É mais um tema para meditar.
Amanhã o último capítulo da série - Eles estão saindo do escotismo...
Por quê? Até lá discutam, comentem compartilhem, todos precisam saber que nós
os chefes também sabemos pensar e ter opiniões! – Até lá!
É
possivel que estamos fazendo o escotismo com austeridade demasiada. Acho que
tendemos a nos fazer demasiado respeitáveis e a nos converter em um movimento
para apenas os rapazes bons, em vez de levar o Movimento para os rapazes que
dele necessitam. O Escotismo nasceu em 1907 entre meninos pobres e, se
economicamente os rapazes melhoraram desde então, por outro lado moral e
espiritualmente existem rapazes tão pobres como naquela época, que necessitam
do Escotismo.
Conversa
ao pé do fogo.
Eles estão saindo do escotismo... Por quê? – Parte IV.
O adeus sem volta dos chefes e diretores
voluntários do escotismo.
Uma vez eu escrevi um artigo cujo título foi A Legião dos Esquecidos.
Comentava da saída de voluntários do movimento Escoteiro que nunca mais foram
procurados pelos nossos dirigentes. O que fizeram ou os sacrifícios que muitas
vezes lutaram para preservar o bom nome do escotismo e ao mesmo tempo sua luta
para a formação da juventude, não passava de obrigação por parte deles. Foram
esquecidos. Nem uma carta, um e-mail nada que pudessem saber que alguém se
lembrou deles. Nossos dirigentes não se importam com quem foi embora. Quem sabe
não se importam nem com quem está na linha de frente. Pergunta-se porque
saíram? Porque deixaram o escotismo? Se eles um dia adotaram o escotismo como
filosofia de vida e seu amor ao escotismo hoje nem lembrados são. A
participação do adulto no movimento Escoteiro não é fácil. O sacrifício e
enorme. Luta-se pela sobrevivência, luta-se para ser reconhecido e se não fosse
o sorriso da criança nada mais teria valor. Muitos ainda insistem, mas a falta
de apoio não só dos órgãos Escoteiros como da comunidade é fato comum. Os
grupos bem estruturados não se ressentem disto, os pais são trabalhados para
participar e sabem de suas responsabilidades. Eles dão sustento à continuidade
em todas as áreas do Grupo Escoteiro. Ainda bem que tem chefes bem formados na
escola Escoteira. Assim fica mais fácil.
Existe uma gama de chefes que mesmo continuando na ativa se ressentem do
tratamento recebido pelas autoridades Escoteiras, e até mesmo de membros do
próprio grupo. Nem sempre recebem sorrisos e elogios. Se não fizerem um pedido
burocrático para um diploma de mérito ou uma condecoração, ou outra forma de
agradecimento eles nunca serão lembrados. O papel em primeiro lugar. Um
telefone? Um e-mail? – Olá Chefe, obrigado por estar conosco. Isto não existe.
Os que estão chegando ainda estão com aquela motivação própria dos que chegam
para ajudar, para somar esforços. A partir do momento que aprendem como
funciona a engrenagem da associação, começa a vontade de por o boné e sair por
ai cantando a canção da despedida. Eles aprenderam que a Lei e a Promessa diz
muito, mas poucos da liderança a cumpriam. Sabiam que não estavam atrás de
medalhas, de elogios, mas o tratamento sempre deixa a desejar. Outros acreditam
que a disciplina é esta e não questionam. Alguns se escondem nos seus puros
pensamentos que ajudar a juventude vale qualquer esforço e acreditam mesmo que fatos no dia a dia de sua jornada
Escoteira demonstrem o contrário.
Faltam-me dados completos para afirmar os motivos que levaram chefes
voluntários a abandonar o Movimento Escoteiro. O que escrevo muitas vezes me
foi passado por chefes que me escrevem que me telefonam ou mesmo quando posto
um artigo e lá esta entre comentários os ressentimentos de muitos. Estão
errados? Os mais comedidos ou os mais esclarecidos sempre defendem o
indefensável. Eles ainda acreditam que precisamos andar com nossas próprias
pernas e vencer as adversidade. Concordo em parte. Mas para que temos uma liderança?
Para que eles estão lá a dirigir ao seu modo o escotismo que acreditam?
Valorizam por acaso os voluntários? Colaboram com eles? O que vejo é receber e
nada em troca. O voluntário é cobrado de varias formas, inventam normas para
ele, fazem dele um mortal qualquer que na legislação de nosso pais tudo tem de
ser provado. Provar que é leal? Que tem palavra? Isto então pode ser obtido em
um cartório local? O papel com firma reconhecida prova tudo da sua lealdade ao
escotismo?
Não falo dos grupos bem estruturados. Eles tiveram a sorte de ter
lideres bem formados, conhecedores, com um passado Escoteiro e sabedores como
agir. Mas eles são poucos, e muitas
vezes fechados dentro de sí mesmo. Seus exemplos não são fáceis de seguir. Os
grupos menores ou os mal estruturados vão tentando sobreviver e seus chefes
lutam com tremenda dificuldade. Não é fácil começar um Grupo Escoteiro. A sede
própria é um sonho para poucos. Um cantinho hoje pode ser o despejo de amanhã.
Como o movimento peca por não ter credibilidade e ao mesmo tempo por falta de
apoio, o diretor hoje pode retirar a sede Escoteira que foi cedida pelo diretor
de ontem. Nem o papel assinado tem valor. Vereadores mudam seu teor. Prefeitos
não ligam. O escotismo não é reconhecido pelas autoridades. O Chefe se vê
perdido. Busca uma ajuda que não tem. E ele então pergunta: - Onde estão nossos
lideres?
Sabemos que não há respaldo por parte das autoridades politicas e
empresariais. Como a nossa estrutura não é pequena, manter tudo isto custa
dinheiro, tempo e isto poucos Grupos Escoteiros conseguem. Na maioria nem mesmo
o apoio dos pais eles conseguem. Temos como norma sermos apolíticos. Isto é
bom. Mas ao mesmo tempo não temos o apoio que precisaríamos para dar aos chefes
voluntários condições de conduzir suas sessões ou mesmo o grupo como um todo.
Não temos representatividade no seio da comunidade. Muitos dos nossos chefes
voluntários se mantem com sua própria condição financeira. O curso muitas vezes
distante tem taxas que nem todos podem pagar. Pais, mães e outros que se
aventuraram na senda Escoteira sabem que em primeiro lugar vem sua família e
depois o escotismo. Mas a verdade mesmo é que a maioria paga do próprio bolso
sua manutenção no escotismo e muitas vezes dos seus jovens.
Muitos reclamam por falta de apoio dos distritos, regiões ou mesmo pela
direção nacional. A estrutura Escoteira está alicerçada em cima de um Estatuto,
que não da o poder democrático a todos. “Lembro-me de uma parábola de Cristo
onde ele dizia que muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”. O poder
está em mãos de poucos. Sabemos da
prepotência de muitos, o sonho de ser alguém, a dominação por uma disciplina
quase imposta sem nenhuma chance de dar ao Chefe voluntário, o que qualquer
organização ou associação prezaria: - A Democracia. A defesa desta maneira
autoritária é uma arte que muitos que estão na liderança defendem. Esquecem que
somos um movimento de amadores e querem de um dia para noite nos transformemos
em profissionais. Temos salário? Que disciplina é esta que não dá a todos a
oportunidade de discordar, de sugerir e votar?
Se esta for uma razão da
evasão de muitos chefes e diretores voluntários é preciso mudar. Não podemos
ter uma direção que não pensa em ajudar e colaborar com seus voluntários. Se
decretos e normas resolvessem o Brasil seria um paraíso. Que procurem de uma
maneira valorizar o trabalho dos voluntários em suas unidades Escoteiras. Se
não existem profissionais pagos para tentar resolver os problemas deles, que
pelo menos escrevam, sugiram, mas lembrando sempre que cada caso é um caso e o
Acre é diferente do Rio Grande do Sul. Os cursos devem se voltar mais para
estes fatos e não os burocráticos cursos de hoje que acham no Chefe um
representante profissional em muitas áreas que eles não dominam e nem devem
dominar. Esta debandada deve se melhor estudada. Sei que não podemos confiar
nas autoridades. O quase fracasso do Escotismo nas Escolas foi um exemplo que
muitos já sabiam que ia acontecer. Esta frente Parlamentar até hoje foi um
blefe. Precisamos mostrar nosso reconhecimento ao novato voluntário e claro o
antigo também. Precisamos ouvir e dar uma resposta que o satisfaça.
Um Chefe meu amigo e que está lá no céu sempre me dizia: Chefe Osvaldo é
o escotismo quem precisa de você e não o contrário. Mas e então? Porque tantos
lutam por uma causa tão valida, e nunca
são reconhecidos por parte de nossas autoridades Escoteiras? Para tudo é
preciso ser subserviente, implorar e aceitar o que não acham válido. Todo
caminho para o sucesso tem um começo. Os primeiros passos não podem acontecer
com um só. Ou todos partem para uma solução ou então mais cedo ou mais tarde irão pertencer a
Legião dos Esquecidos. E chega de explicações que não deram certo. A evasão é
uma realidade, explicar o inexplicável não trará o retorno dos que se foram.
Não esqueçam
comentem, compartilhem, precisamos de união, novas ideias, envolver o maior
número de chefes voluntários nesta discussão. Sabemos que uma andorinha só não
faz verão!
“A
maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e não
quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar em
linha reta”. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva enquanto
os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Eles não querem pensar,
desejam apenas ir para frente, seguindo a ponta do nariz através da vida. E
geralmente, estes, alguém os guia puxando-os pelo nariz! - Saia da sua estreita
rotina se quer alargar sua mente. Baden-Powell.
Conversa
ao pé do fogo.
Eles
estão saindo do escotismo... Por quê?
Considerações finais.
Quatro artigos, quatro temas tentando analisar o porquê eles estão
saindo do escotismo. Foram quase 6.000 em um ano. Alguns dizem 5.720 e outros
5.000. Não importa é um número expressivo. Comparativamente tivemos anos com
melhores números de associados. Alguns quase suplantaram o ano de 2014. Pode
ser que alguns dos que saíram ainda estejam fazendo escotismo. Desistiram do
registro ou desistiram da UEB? Claro que ela não reconhece sua culpa. Sabe que
muitos perceberam este êxodo, mas não dá o braço a torcer. Para ela tudo
continua um mar de rosas. Ela é Incapaz
de vir a público para reconhecer que suas mudanças não deram resultados.
Sabíamos da evasão a tempos, um entra outro sai. Agora no entando a debandada
foi demais. Ela foi prepotente em colocar no seu relatório que estão crescendo.
Francamente eu não entendi o porquê. Falta-lhe humildade para reconhecer seus
erros? Melhor deixar para os politicamente corretos explicarem o inexplicável?
A CULPA SÃO DOS CHEFES! NÃO ESTÁ SATISFEITO? VÃO RECLAMAR NA ASSEMBLÉIA. SE
ACHAM QUE PODEM MUDAR CANDIDATEM-SE E ALTERE O QUE PRECISA SER ALTERADO! Como
diz um comediante: È bonito isto! Ou melhor... Faça-me de bobo que eu gosto!
Eu acredito que muitas das causas não foram só dela. Talvez pela falta
de apoio, pela falta de bons cursos, pela falta de transparência a UEB deveria
assumir suas culpa. Muitos jovens deixam o escotismo porque os chefes não estão
preparados para aplicar um programa que os agradem. Até acredito que os cursos
de hoje deixam muito a desejar. Aplicam um didatismo que não condiz com o
sentido da aventura, do sistema de patrulhas, da descoberta do fazer fazendo.
Eu ainda insisto que sem ouvir o jovem esta debandada irá continuar. São poucos
os que fazem isto. Em nome dos jovens eles tem a solução na mão. Alguns dizem
que tem um programa espetacular, mas eu pergunto, os jovens foram consultados?
Eles colaboraram na confecção deste programa? Cada um deve se lembrar de quando
da primeira mudança do programa de jovens que a UEB fez. Em pouco tempo teve de
mudar. Em ambos os casos não houve experiências nas tropas para verificar se o
programa era bom ou se deviam mudar. Simplesmente disseram: - Agora é este.
Vemos uma parafernália do marketing da UEB em suas ações. Marketing
inacessível para muitos mortais cuja luta pela vida é desigual. Os cursos, as
atividades regionais e nacionais e até internacionais não alcançam o Escoteiro
mais humilde. Porque continuar em uma associação que os programas que ele
gostaria de participar não pode? O jovem não é tolo. Ele e ela sabem
perfeitamente se ali é seu lugar. Existem grupos e grupos, uns mais outros
menos. Mas a grande maioria que a UEB usufruiu dos números anuais para alardear
o crescimento veio destes mais pobres. Aqueles que lutam por um lugar ao sol.
Para eles não interessa se serão Grupo Padrão Ouro, ou Prata, ou Bronze. Querem
sim fazer escotismo, mas não sabem como fazer. Enquanto no sudeste e no sul se
esbanja Grupos Escoteiros bem formados cheios de pompa o mesmo não acontece em
estados longínquos.
A gama enorme de novos chefes voluntários fez deles (nem todos) muitos
sonhadores em fazer o escotismo que não tiveram a oportunidade de fazer na
infância. Esqueceram que eles são espectadores e seus jovens e que precisam do
escotismo. Eles ainda não sabem que o jovem tem de andar com suas próprias
pernas e que fazer fazendo até aprender o certo faz parte do caminho para o
sucesso. Quantos já leram os livros bases do fundador: O Escotismo para
Rapazes, O Caminho para o Sucesso e o Guia do Chefe Escoteiro? Estas
literaturas estão aí para dar um caminho, diferente daquele que a UEB acredita.
Já me disseram que o Para ser Escoteiro do Floriano hoje é procurado por muitos
chefes. Poderia acrescentar o Guia do Escoteiro do Velho Lobo, O Almirante
Benjamim Sodré. Não digo que tudo deve ser alterado. Uma adaptação do passado
com o presente seria a melhor solução. Simplesmente dizer que hoje o jovem quer
outro tipo de atividade, que a parafernália eletrônica mudou muito sua maneira
de pensar é querer enganar a sí próprio. O jovem ainda tem o sonho aventureiro.
Esqueceram-se de dar a ele e muitos nem sabem que isto existe.
Por favor, não culpem os chefes. Eles até podem ter sua parcela de
culpa, mas a responsabilidade é única e exclusiva dos dirigentes. Foram eles que
produziram os belos programas que não deram certo. Foram eles que fizeram do
Chefe Voluntário um homem servil, subserviente, sem poderes para decidir os
rumos a tomar. Em tempo algum se preocuparam em ter profissionais mesmo que em
número reduzido, para viajar pelo seu estado ou pelo Brasil para ajudar a quem
precisa. Ainda persiste o sonho de ser
alguém de ser um líder dirigente e formador. Cada estado tem os seus e outros
na fila de espera. As fotos deles viajam pelas redes sociais. Esperava-se que a direção seria um órgão
diretivo para colaborar e participar de todas as formas necessárias e não se
fechar em uma redoma de vidro se preocupando em ter as finanças em dia. Seria
bom uma virada de mesa e ter mais um pouco de uma dose de boa vontade com os mais
humildes que tanto precisam. Vamos distribuir sim as responsabilidades, mas as
maiores são exclusivas da UEB.
Uma dose de humildade não faz mal a ninguém. Reconhecer os erros sempre
foram fatos históricos de grandes homens. Que eles procurem falar melhor para o
povo Escoteiro e não para os pedagogos e psicólogos que tem na mão a salvação
do escotismo e não enxergam que nada está dando certo. Que eles procurem encher
seus bornais com as burras de dinheiro de suas suntuosas atividades nacionais e
regionais, mas que este seja dirigido para os que precisam, para que os cursos
sejam gratuitos. Que muitos possam receber um telegrama como eu recebi em 1963:
Informamos que separamos uma verba para que seu grupo envie até dois chefes para
um CAB (Curso de Adestramento Básico) na Capital do Estado. Serão cinco dias e
todas as despesas pagas, inclusive transporte ida e volta. A Região de Minas
Gerais agradece a participação de todos. Utopia? Precisamos ser realista. Não
temos respaldo, não temos um programa que motive os jovens. Não temos apoio dos
educadores nacionais e nem com as autoridades constituídas. Esta Frente
Parlamentar poderia ser um caminho, mas ela precisa andar e provar que tem
validade. (nem sei se nela tem alguém incriminado na Lava Jato) A UEB precisa
fazer o necessário para um Marketing bem feito em todo o pais do que é e a
validade do escotismo na formação de jovens. Aí sim, poderíamos precisar da
colaboração de boas Agencias de Publicidade assessoradas por escotistas conhecedores
do assunto.
Precisamos mostrar
que não somos vendedores de biscoitos ou aqueles que ficam no poste esperando a
velhinha atravessar a rua. Quem dera se tivéssemos influentes conferencistas,
palestristas para propagandear o escotismo nas escolas, empresas e em toda a
sociedade brasileira. Este sim deveria ser o programa para o futuro e não
aqueles que nunca irão atingir a meta que esperamos para o escotismo
nacional. Precisamos deixar de lado esta
mania de grandeza, os sabe tudo da vida deveriam se espelhar em Mahatma Gandhi
ou um Martin Luther King Jr, que pela paz, pelo amor ao próximo conseguiram
mudar as ideologias do Grande Irmão e venceram sem usar a força. Fico por aqui.
É hora de mudar de rumo e voltar a minha velha seara de contador de histórias.
Histórias da carochinha, histórias de Sherazade, histórias épicas, histórias de
Escoteiros e as mais Lindas Lendas que encantam a juventude Escoteira no
Brasil. É hora de entreter a escoteirada. Eu gosto deles e de vê-los com seus
olhinhos a olhar o contador de história como se fosse uma das personagens que
ali aparecem. Entretanto ainda acredito. Mesmo sabendo que é um sonho porque
não sonhar?
Obrigado a todos vocês
que me deram a honra de curtir, de comentar, de compartilhar, de alertar aos
amigos dos temas que eu escrevi. Honrado em saber que tenho tantos amigos e
amigas.
Lembrando o saudoso Dr. Spock, VIDA LONGA E
PROSPERA A TODOS VOCÊS!
Nos momentos difíceis, um sorriso nos 99% das
dificuldades. Sedes constantes: - Muitos fracassam pôr falta de vontade,
paciência e perseverança. Não me distingui em nada, mas provei muitas coisas
que me permitiram gostar das alegrias que o mundo oferece. Nunca pensaram que a
vida de um homem adulto de 70 anos é feita de 291 mil horas de vigília? A
maioria das pessoas dorme 8 horas quanto bastam 7 horas. Quem dorme 7 horas,
ganha na vida três anos! Baden-Powell.
FIM
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