Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

domingo, 10 de janeiro de 2016

Os doces da minha infância.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Os doces da minha infância.

                         Verdade seja dita, hoje meu paladar já não é o mesmo de outrora. Quem sabe minhas lembranças voltam no tempo para lembrar como era gostoso meu apetite, meu aroma paladar, e os doces? Putz! Sempre adorei doces e olhe não importam quais eram. Minha mãe era batuta para fazer uma cocada, um pudim, uma brevidade, nossa! Nunca esqueci o dia que ela fez pastel de banana da terra com muito chocolate. Demais! Quando criança nosso paladar só de lembrar fico com a boca cheia d’água, vontade de comer e ficar olhando para ver se tem o “quero mais” o que sobrou no prato e ninguém quis. Tenho lembranças dos deliciosos doces que comi, mas nunca foi um doceiro. Um dia em um acampamento achei vários pés de mamão carregados. Pensei comigo, vou construir um ralador e ralar dois para fazer doce. Esqueci que nosso açúcar era somente para o café da manhã. Nosso cozinheiro de olhos arregalados me via ralando o mamão e pensando: - E o doce? De onde ele vai tirar? Ainda bem que o Senhor Teobaldo tinha um sítio próximo. Corri lá e ele me deu uma rapadura. Beleza. Terminei o doce de mamão com rapadura derretida. A turminha em volta. Comeram a mais não poder. Claro doce é doce, come muito e é dor de barriga na certa.

                       Nas nossas andanças no cavalo de aço (bicicleta) não esqueço quando fomos próximo a Guanhães. Não era na cidade o nosso destino. Uma fazenda do Pai do Ildeu e foi ele quem disse que haveria uma grande festa na noite de São João. Não era perto, mais de quinze léguas (mais ou menos 90 km.) e saímos cedinho. Erramos o caminho. Duas horas da tarde sol a pino e vimos uma vendinha na beira da estrada. Paramos para perguntar. Gente! Havia em cima de um prato um pedaço lindo de um pudim de coco. Minha boca encheu d’água. – Quanto? Ele me disse um real (dinheiro de hoje). Eu tinha. Paguei com gosto. Olhei para o pudim, olhei para Romildo, o Ze, o Chico, o Fumanchu e o Israel. Todos eles me olhando. Era o último pedaço do pudim, não havia outros. Não havia saída. Peguei minha faca escoteira e dividi em seis pedaços. Uma miséria cada pedaço. Mal deu para tirar o gosto. Todos sorriam e eu fiquei a ver navios, pois meu pedaço caiu no chão e se encheu de pó vermelho da estrada.

                        A gente adorava doces. Qualquer aniversário corríamos para lá. Comíamos a mais não fartar. Época boa, ninguém tirava para levar para casa. Hoje é tudo moderno, ninguém sai sem um saquinho para como se diz? Minha avó não pode vir, posso levar? Dizem que agora é moda mandar fazer um saquinho ou uma tapoers (Tupperware) com o marketing da festa ou de quem a ofereceu. Mundo moderno é outra coisa. Lembro que um dia minha mãe fez um Rocambole de Doce de Leite com Chocolate. Lindo de morrer! Cortou uma fatia e meu deu. Putz! Bão demais! – Tem mais mãe? Não, vou levar no aniversário do Totonho da Maria! Ela disse – Danado de Totonho. Mamãe saiu e fui até a cozinha. Olhei o Rocambole. Peguei a faca. Minha consciência doeu. Roubar? E se minha mãe descobrisse? Ela naquela época nem sabia do ECA. (estatutos da Criança e do Adolescente) Hoje em dia dizem que bater em criança é crime. A vara de marmelo atrás da porta que o diga. E o seu chinelo? Chinela na bunda doía demais. Não resisti, peguei um pedação e fui para debaixo do pé de manga. Comia gostoso. Ouvi um pigarro. Olhei, era minha mãe. Quem caça acha. Levei umas três ou quatro varadas e duas chineladas. Mereci afinal que o ECA se exploda. Minha mãe era única, batia sem doer.

                    Fumanchu era nosso cozinheiro. Cabra macho na cozinha. Aonde chegávamos ele inventava uma. Era doce de Mamão, de Banana, de Goiaba e a gente se fartava. Época boa, Chefe só ia visitar à tardinha e voltava. Escotismo feito por meninos metido a homens. Mas nossos Chefe não era metido a menino. Hoje a Celia minha esposa e ótima quituteira faz doce que eu humildemente dou sugestão. Ela me olha com carinho e diz: - Amanhã vou fazer. Mas meu apetite não é mais o mesmo. Ainda lembro-me do passado, apesar de que os titulares da linha de frente do escotismo detestam a palavra passado. Eles adoram a modernidade. Mas acampar no córrego dos pintos, no Morro do Marreco ou mesmo na Mata do Tenente sempre passávamos por grandes fazendas. Cada proprietário gostava de um bom papo. E lá vinha um doce de abobora, goiabada molinha feito na hora e o doce de leite? Senhoras fazendeiras quituteiras de mão cheia.


                    Hoje? Os tempos são outros. Será que na loja escoteira tem doces? E o SIGUE ensina a fazer doces? Vai acampar meu jovem? Sem um responsável não vai. E ele tem de estar munido de autorização do pai ou da mãe com firma reconhecida. Não esqueça, tem de ter CPF e Identidade funcional. Claro sem autorização do distrital ou regional não vai a lugar nenhum. Tem de ter autorização, aonde vai como vai hora de saída e hora de chegada. Tudo com firma reconhecida. Conhece o POR? Já leu a parte de segurança em acampamentos? Não leu? Esqueça, fique na sede dê um joguinho e deixa a turma reclamar, pois docinho se houver só no fim de ano quando todos se reúnem e cada um traz sua parte para dividir. Vamos encerrando, que o seu dia seja gostoso e delicioso com um belo chocolate, ou algodão doce, iluminado com a luz do sol, colorido como o arco-íris, alegre como as flores de campo e amável para todos seus irmãos escoteiros. Adoro doces!

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