Conversa ao pé do fogo.
O Poder do voto.
Nesta hora difícil
com que passa o país li uma crônica na Folha de São Paulo do Médico Dráuzio
Varella, onde comenta a onda de vergonha que acometeu há muitos brasileiros, na
votação do impeachment na Câmara da Presidenta Dilma Rousseff. Ela como todos
nós não desconhecemos o lamentável nível da maioria dos nossos deputados, vendo
em conjunto muitos despejando cretinices no microfone, assistindo a um
espetáculo deprimente protagonizado por exibicionistas espertalhões travestidos
em patriotas tementes a Deus. Votavam como se estivessem em um programa de
auditório, preocupados em impressionar suas paróquias e vender a imagem de mães
e pais amantíssimos. Ali vociferavam impolutos vendendo uma imagem que não é
real. É o que temos ele disse o que fazer com Câmara e Senado funcionado com
este tipo de pessoas que mais parece um show de horrores.
O que
adianta homens enfatuados com gravatas de mau gosto, cabelos pintados de acaju
e asa de graúna, com a prosperidade a transbordar lhes por cima do cinto, que
receberam de 90 milhões de eleitores por alguns que os escolheram para representá-los.
Dráuzio sempre um homem probo não se esqueceu de contar um fato que viu de um vídeo
caseiro, uma moça de uns quarenta anos, em pé, de camiseta branca, ao fundo uma
casinha humilde, atrás dela uma prateleira alta com frascos de plásticos espremidos
uns contra os outros e um fio de eletricidade pendente de uma viga do teto. Com
os olhos negros cheios de expressão, o sotaque e a energia de mulher nordestina
gravou as seguintes palavras, articuladas com espontaneidade, como se estivesse
conversando com o espectador:
- “O problema não tá no ladrão corrupto que foi Collor, não, nem na
farsa que foi Lula”. O problema tá em nós como povo, porque a gente pertence a
um país em que a esperteza é a moeda que é sempre valorizada. É um país onde a
gente se sente o máximo porque consegue puxar a TV a cabo do vizinho. A gente
frauda a declaração do Imposto de Renda para poder pagar menos imposto. Onde há
pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo na rua e depois
reclamam do governo porque não limpa os esgotos. Saqueia as cargas dos veículos
acidentados. O camarada bebe e depois vai dirigir. Pega um atestado sem tá
doente só pra poder faltar no trabalho. Viaja a serviço de uma empresa, o que é
que ele faz? Se o almoço foi dez reais, ele pega a nota fiscal de 20. Entra no
ônibus, se senta, se tem uma pessoa idosa, se faz que tá dormindo. E querem que
o político seja honesto.
O brasileiro tá reclamando de quê? Com a matéria prima desse país? A
gente tem muita coisa boa, mas falta muito pra gente ser o homem e a mulher que
nosso país precisa. Porque eu fico muito triste, quando uma pessoa... Ainda que
Dilma renunciasse, hoje, o próximo seria... A suceder ela, teria que continuar
trabalhando com essa mesma matéria-prima defeituosa, que somos nós mesmos, como
povo. E não poderá fazer nada, porque, enquanto alguém não sinalizar o caminho
destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá,
não.
Nós é que temos que mudar. O novo governante com os mesmos brasileiros
não pode fazer nada não. Antes da gente chegar e culpar alguém, botar a boca no
trombone, a gente tem que fazer uma autorreflexão: Fique na frente do espelho,
você vai ver quem é o culpado. “Eu espero que nessa próxima eleição, dessa vez,
o Brasil tenha noção do que realmente significa o poder de voto”.
A mensagem não traz o nome nem diz quem é essa brasileira. E você
meu amigo o que me diz?
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