Conversa
ao pé do fogo.
O
fogo de Conselho.
Todos vibram todos já
participaram e todos guardam no coração para sempre. O Fogo de Conselho é
único. Vale a pena participar de um e ver os sorrisos, os olhos as feições de
cada participante não importa a idade vibrando com cada apresentação, cada
canção cada aplauso daqueles que fazem todos se movimentarem para saudar os
artistas e poetas que deixaram o palco da ribalta naquela clareira
inesquecível. Cada Fogo do Conselho é único. Hoje contarei sobre o da Tropa. Só
dela, perdidamente escondida numa floresta encantada. Patrulhas escoteirando em
um local incrivelmente belo. Meninos escoteiros se deliciando com as
atividades, com suas construções fantásticas, pioneiras, barracas, um fogão de barro
aceso e a fumaça se espalhando pelo ar. Não existe felicidade como esta. -
“Gente! A gororoba está pronta”! Sentados no chão ou em uma mesa rústica
construída por eles, barulhos de colher e garfo a bater no prato e o sorriso
brotando, pois a fome bate fundo e eles sabem que seu cozinheiro é dos bons.
O Fogo de Tropa é
inesquecível. A Corte de Honra se esmerou em detalhar. Lá pelas tantas da
noite, na porta da barraca do Chefe discutiram cada trecho, cada apresentação e
o tempo de duração. A Patrulha de Serviço decidiu fazer um fogo diferente, uma
abertura diferente, criado por eles ou quem sabe como a história do Escoteiro
que um dia viajou no tempo só para participar. Falaram das reuniões indígenas,
onde o Pagé sorrindo gritava assustando a todos: - Acenda-te fogo! E a chama
brotava, subia pelo ar como a tentar se elevar até as nuvens e de lá chegar às
estrelas. O dia chegou. As patrulhas prontas. Já se reuniram, já discutiram o
que apresentar. Existe uma lei não escrita que no esquete todos participam. Na
última noite um zum, zum corre pelas patrulhas. Muitas mantém segredo de sua
apresentação outras querem a participação de todos.
Fatos acontecidos no
acampamento, fatos lembrados que nunca foram esquecidos, um Chefe que tropeçou
e caiu, refeições de campo sem sal, com açúcar, queimados, pioneiras mal feitas
que todos foram ao chão tudo é motivo para uma boa esquete. Alguns escoteiros
tem seu instrumento musical. Um violão bem tocado e até mal tocado tem lugar
garantido naquela noite inesquecível. Como disse o poeta: - Vai lá! Pega teu
violão e mostra o teu sentimento. Expressa teus sorrisos na luz da lua, solta
tuas angustias em um lá menor, e depois junta todos os teus acordes e brinca de
poesia. Ah! Eis que chegou a hora. Todos vão cantando conversando e brincando
até onde foi montado o fogo. Sempre em um local misterioso, quem sabe no seio
da mata ou ao lado de uma cascata para sentir a vibração do cair das águas
cristalinas criando um som fantástico naquela noite mágica.
Chegou a hora. Um
monitor mais antigo assume como animador. Ele sabe que outros irão fazer o
mesmo no desenrolar daquele fogo imortal. As madeiras foram empilhadas na
técnica conhecida. Achas de lenhas estão próximas para o fogo não apagar.
Levaram muitas bananas verdes, batatas saltitantes, dois bules de café cujas
brasas irão se deliciar ao esquentar o chá e o café para a escoteirada.
Sentam-se em qualquer lugar, não existe norma, existe alegria e vontade de brincar
cantar e participar em tudo se possivel. – O espírito da coruja mora neste
acampamento! Velha canção que ninguém esquece. Um intendente distribui
biscoitos. O monitor da Patrulha de serviço toma seu lugar, é o responsável
para não deixar o fogo apagar.
Esta patrulha de Serviço é
das boas. Deixou pronto troncos para todos se sentarem a vontade. Um Escoteiro
se aproxima do fogo. Todos ficam em pé. Ele sabe que só tem um palito de
fósforos. Não pode errar. Era uma das muitas místicas que a Tropa fazia questão
em utilizar. Há um silencio no ar. Ele apalpa as folhas e galhos secos na
entrada do forno da fogueira. Uma chama no ar! O fosforo brilha, as chamas
começam a aparecer. A Tropa conhece perfeitamente os costumes, valores e
tradições culturais dos povos que habitaram o país no passado. Conhecem a
importância do fogo que sempre foi um símbolo da energia da vida. Sabem que ele
há muito tempo foi importante para a sobrevivência durante todo o processo da
evolução do homem.
Lembram-se dos costumes, valores e tradições culturais
dos muitos povos que habitaram nosso país no passado. Ali a mística não pode
faltar. Todos entendem da importância do Fogo, como símbolo das energias da
vida, na luta pela sobrevivência durante todo o processo de evolução do homem.
Dos quatro elementos da natureza a terra, o ar e a água o fogo sempre fascinou
o homem. Temido e amado, salvando ou ameaçando vida. Ele foi o responsável para
o inicio da civilização, o homem aprendeu seu valor como fonte de energia.
Aprenderam que os nativos e selvagens da Ásia e Africa ou mesmo os
peles-vermelhas da América sempre se reuniram em volta de um fogo, pois sua luz
e calor espantavam as trevas o frio e os animais. Neste momento sublime todos
cantavam, dançavam sobre a cabeça de um grande animal que mataram, e ali
planejavam suas caçadas de sobrevivência.
O responsável pela
abertura não esquece a mística e o simbolismo da abertura. Porte firme ele faz
a evocação dos ventos:
Que os ventos do oeste, suave e agradável,
-
Que os ventos leste, criador de tempestades,
-
Que os ventos sul, quente e formador de nuvens,
Tragam
nesta noite a alegria neste Fogo de Conselho, a vontade de vencer e nunca nos deixe
esquecer de que somos todos irmãos de sangue, eu e você... Você trouxe outro
amigo, e agora somos três... Nós começamos o nosso grupo, nosso círculo de
amigos... E como um circulo, não tem começo e nem fim! Um por todos? – todos
por um!
E tudo caminha para uma
noite inesquecível. Canções incríveis, violão com suas cordas mágicas cantam a
Árvore da Montanha presente naquele lugar, meninos escoteiros se divertem nas
imitações, sorrisos em profusões. Alguém pega uma batata quente e grita: -
Queimei! Gargalhadas, brincadeiras, os pássaros noturnos não se assustam com
aquela escoteirada alegre e sorridente. Um cometa passa rasante no céu
estrelado. A noite vai chegando ao fim. As mãos são finalmente entrelaçadas,
canta-se uma canção inesquecível. Todos sabem que não é mais que um até logo
não é mais que um breve adeus. Muito breve estarão reunidos outra vez. Sonhos
perdidos e reencontrados, lembranças que ficaram para sempre no coração de cada
um. A cadeia da Fraternidade foi o epílogo da apresentação. Não há mais palmas
não há mais fogo. Hora de recolher. O Silencio da noite cai sobre as barracas
que com seus jovens meninos irão adormecer e sonhar esperando mais uma noite
inesquecível em um acampamento neste chão do Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário