Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A Faca do Escoteiro.


Crônicas de um Chefe Escoteiro.
A Faca do Escoteiro.

                  Outro dia alguns amigos comentaram sobre o uso da faca escoteira. Não sei se existe ainda a prova exigida para seu uso. Antigamente se usava do lado direito preso ao cinto. Eu usei muito. Orgulhava da minha, uma brasileirinha da mundial. Era um orgulho em estar com uma e me sentia bem, pois achava que completava a indumentária. Na Tropa ninguém usava sem ser segunda classe e ter passado nas provas exigidas. Sabíamos que era para uso em atividades mateiras, cortes simples de cordas, quem sabe descascar uma laranja, mas neste caso melhor o canivete Escoteiro.

                   Quando fui Chefe de Tropa e  depois Chefe Sênior era exigente quanto a isso. Sempre fui a favor do uso desde que o jovem esteja preparado se esforçou para ter este direito. Porque não usar? Existe por parte de muitos a ilusão de que é uma arma. Pode influenciar no futuro. O público não vê com bons olhos. Será? Durante anos e anos eu usei, autorizei jovens a usarem nos acampamentos, ah! Nos acampamentos. Eles andavam aqui e ali soberbos com suas facas mateiras. E olhem, nunca soube de nenhum deles até hoje, já homens feitos com a ilusão de andar armado. E o público? Muitos deste “público” me perguntam onde andam os escoteiros e sua faquinha?

                É gostoso no campo portar uma faca. Dá-nos uma sensação de segurança. Eu tinha uma mundial simples. Já vi relatos de cada uma de tirar o sono. Dizem que são lindas. Nunca vi principalmente as importadas, mas quem era eu para ter uma delas? A minha eu tratava-a com carinho. A capa de couro, ou melhor, a bainha sempre engraxada, por dentro talco de bebê para proteger a lamina e não deixar enferrujar. Usou? Primeiro limpar antes de colocar na capa. Sabíamos que faca não é para cortar madeira quiçá poderiam servir para cortar uns gravetos para o fogo. Saber entregar e carregar assim como o machado simples ou do lenhador, ou mesmo o facão mateiro era uma arte. E cerimonia de entregar a ferramenta a outro Escoteiro era um espetáculo a parte para ser visto. Saber afiar era outra. Quando jovem tivemos um campeonato de lançamento de facas. Tínhamos facas especiais para isto. As nossas não. Não foram feitas para impacto.

              Disseram-me que para fabricar uma boa faca consiste em modelar a lâmina, através do processo de forja ou de desbaste, aplicar um tratamento químico conhecido como têmpera que confere a dureza ao fio da lâmina. Costumava proteger o cabo com um protetor plástico que esticava quando colocado e depois se firmava. Lembro-me do meu Chefe e eu mesmo dizendo aos escoteiros e seniores sobre a faca. Explicava sobre a lâmina, sobre o cabo ou empunhadura, a ponta ou ponteira, o fio ou gume, o desbaste, onde era o dorso, o ricasso, a guarda, o pomo e o cordão. Para ser sincero eu mesmo não dava muita importância às estas nomenclaturas. Para mim o mais importante sempre foi o saber conservar, limpar, usar e manusear. Feito isto que os escoteiros usassem suas facas. Acho e poderia dizer com certeza que sempre foi e pode ser uma forma de motivar os jovens na senda Escoteira. E tenho certeza qualquer um sonham em poder ter uma faca e coloca-la na cintura.

                  Até mesmo nas reuniões de sede, nas atividades ao ar livre e principalmente nos acampamentos aprovo o uso desde é claro que o portador esteja bem ciente e preparado. Se ele é um bom Escoteiro, se foi adestrado suficientemente tenho certeza que ele sentirá orgulho no uso da faca. Irá olhar para os outros e dizer – Façam como eu. E um dia também usarão a sua. Mas olhe, respeito os chefes que são contra. Não vou dizer a eles que nunca usaram e, portanto não sabem a importância de uma faca presa no cinto do lado direito de um Escoteiro ou Escoteira, bem uniformizado (a). A faca e o cabo de dois a cinco metros não pode faltar no uniforme. Bem enrolado a moda Escoteira. O que? Isto é passado? Amado passado! Porque não voltas novamente? – Ainda lembro na sede ou no campo das inspeções rotineiras – Escoteiro? Sim Chefe! – Me mostre sua faca! – Eu a pegava pelo cabo, entregava conforme padrões de segurança e deixava o Chefe ver o talco protetor, pegava com carinho no dorso e dava para ele o cabo. Ensinou-me assim. Segurança! E ali ficava a sorrir de orgulho!


                  Minha faca Escoteira está guardada até hoje. Não a uso mais a não ser se for a um acampamento ou uma excursão. Acampamento eu? Claro meu amigo, em sonhos! Mas gostaria de ver os escoteiros e as escoteiras como outrora. Respeitosos! Disciplinados! Vigilantes! Sempre Alertas! Boas ações feitas! Sorriso no rosto! Uniforme impecável! Treinados e prontos a demonstrarem suas aptidões e suas faquinhas do lado. Sei que existem muitos por aí neste mundo de Deus que ainda usam. Mas as facas, humm! As facas estão sumindo. E atrás delas muitos jovens cujos sonhos de serem heróis se perderam na modernidade. Minha faca Escoteira. Hoje não sei se é um acessório proibido. Ontem liberado. Hoje? Nem pensar. Precaução? Bem cada um sabe onde o calo aperta, mas se pudesse ser um Chefe Escoteiro elas voltariam. Sem sombra de dúvida! Meus amigos e amigas, que saudade da faca Escoteira!

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