Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Afinal somos um movimento de fraternidade?


Afinal somos um movimento de fraternidade?

                  Eu sou de outra época. Época de tirar o chapéu e dizer: - Bom dia! Época de dar a vez aos mais humildes, de dar as mãos aos mais fracos. Fui um Lobinho como todos foram, quem sabe um “tiquitito” diferente. Uma matilha que se respeitava que conversava apesar da tenra idade. Depois fui morar em uma patrulha. Passei a ser um lobo. Não mais um Lobinho agora um patrulheiro. Comecei a ver o escotismo diferente quando encontrei perdido em uma gaveta da sede um livro do Velho Lobo. “O Guia do Escoteiro”. Encantei-me. Passei dois dias lendo e relendo. Tornou-se minha bíblia escoteira. Nem sabia que existia UEB, Insígnia de Madeira e quando soube que foi um velhinho chamado Baden-Powell quem nos deu esta vida de aventuras, vibrei! – Passou a ser meu ídolo. Meus pais me davam liberdade. Eu corria pela cidade, pelos campos, pelos rios e montanhas. Minha lei era a do Escoteiro e toda semana a patrulha se reunia em casa de alguém para muitos assuntos. Um deles era a lei. Valia a pena seguir? Não era fácil, ter palavra, ter honra e ser fraterno não era para qualquer um. Comecei a pensar na fraternidade mais profundamente.

                   O tempo passou. Meu passado me lembrava de quantas mãos apertei. De quantos levei para alojar em minha casa. De quantos conheci neste mundão de Deus. Eu tinha um defeito. Grave. Desde menino meu rosto sempre fechado. Sorria por dentro, mas ninguém entendia. Paciência. Passei a usar o abraço mais vezes, o aperto de mão e o meu querido Sempre Alerta. Este tal de SAPS nunca me passou pela cabeça. Fui Chefe, fui dirigente de curso. Até erraram em me entregar a tal quatro contas. Não sei se merecia. A usei até o dia que cheguei à conclusão que devia devolver e devolvi. Por quê? Uma luta de poder. Cada um querendo ser melhor que o outro. Não era o escotismo que acreditava. Resolvi comprar uma foice e entrar nesta briga. Tentei eleger uma diretoria, mas eu não estava incluído. Perdemos e fomos educadamente perseguidos pelos vitoriosos. Não desisti do escotismo. Não me querem lá? Então eu estou acolá. Voltei as minhas lides entre os jovens. Ali sim era meu lugar. Sorrisos da juventude muda completamente nossa maneira de viver.

                   Foram cinco Grupos Escoteiros, foram cinco alegrias em conviver com jovens que até hoje moram em meu coração. Houve sim uma época que me deram um cargo. Cargo? Isto mesmo. Disseram que seria Comissário Regional. Gostava do nome, mas o achava pomposo demais. Hoje não existe mais agora é Presidente! Importante isto não? Usei meu cargo a exaustão para fazer fraternidade, para motivar, para ouvir e falar menos. Tirei dos meus parcos soldos uma parte para viajar. Cidades em Minas foram engolidas por mim. Outro dia alguém perguntou o que fiz e quanto éramos. Bem não era minha preocupação. Precisava motivar chamar todos os escoteiros mineiros para dar as mãos. A sede regional uma saleta pequena, taxas? Putz sempre duro. Ainda bem que o governo nos deu carta livre nos correios. Olhe que eu e meus amigos trabalhamos incansavelmente. Mais de trinta cidades de ônibus, trem o escambal. Cursos, indabas, Ajuris, Encontros regionais. Hoje quando olho as fotos só vejo sorrisos. Não me lembro de nenhum sem o espirito de B-P.

                         O tempo passou. Em outro estado me entreguei aos cursos. Muitos. Quem sabe mais de cento e cinquenta. Conheci cidades, viajei aqui e ali. Uma luta se travava entre os mais antigos. Achavam que eu era um desconhecido. Um interventor. Eles sim eram que deviam estar no meu lugar. Deixei o tempo me fazer de pião nas ideias badenianas. Afinal tinha que me afastar. Não por eles, mas minha empresa me deu um chute. Tinha de recomeçar. Veio à velhice, a falta de “Tchan”, pernas recusando a andar. A mente firme e me toquei a escrever. Meu escotismo era outro e foi então que passei a ver o tal escotismo moderno. Seria nossa redenção? Fiquei em dúvida. Caneta na mão, teclado à frente e pensei... Porque não? Uma grande e gigantesca parte de pessoas querendo aprender. Outra pequena parte arrogante, tratando aos demais como reis, como ditadores, como os donos da verdade. Não estava havendo respeito, cada um tentava desconstruir as ideias dos outros.

                       Eu sabia o que significava fraternidade, mas e daí? Li que era um termo oriundo do latim “frater”, que significa “irmão”. Dizia que ela designava a boa relação entre os homens, desenvolvendo sentimentos de afeto próprios dos irmãos de sangue. Pensei comigo e a Kaa não disse isto? Não viemos de Baden-Powell? Portanto somos irmãos de sangue, tu e eu! – Se a fraternidade deveria ser o laço de união entre os homens, fundado no respeito pela dignidade da pessoa humana então o escotismo tinha de ser um baluarte para mostrar que suas ideias cobria tudo isto. Não foi B-P quem um dia escreveu que devíamos espalhar nossas ideias pelas nações e nos tornarmos amigos e irmãos? Era uma luta difícil. Esqueceram-se dos mais humildes. Lembrei-me da nossa oração antes das refeições nos acampamentos: Uns tem e não podem, outros podem, mas não tem. Nós que temos e podemos agradecemos ao senhor. É uma luta difícil. Ainda temos muitos que não se olharam para seus corações para saberem que estão magoando, estão desconstruindo, estão prejudicando. Estão fazendo um outro escotismo. Quem sabe é isto mesmo que querem fazer?

                     Eu sei que a maioria de nós que participamos deste movimento fantástico sabe que o escotismo é também um movimento que sempre promoveu a fraternidade. Afinal nosso método nos leva a isto. Através da prática da boa ação, do trabalho em equipe, do respeito ao ser humano, do amor aos animais e à natureza, os jovens participantes tornam-se exemplo de liderança, responsabilidade, altruísmo e fraternidade. Ainda não entendo estes prepotentes que se julgam dono da verdade. Não sei se eles reconhecem a beleza do escotismo. Esquecem que suas palavras ferinas ditas ou escritas ofendem seu irmão de ideal. Quantos se foram por se sentirem ofendidos, quantos se foram por não serem reconhecidos, e quantos ainda irão ao ver que ali não é mais o seu lugar. Disseram-me que como conceito filosófico a fraternidade está ligada aos ideais promovidos pela Revolução Francesa. Ela se firmava na busca de liberdade, igualdade e fraternidade.


                  Se não é isto que estamos encontrando precisamos lutar. Nossas armas? O amor e compreensão. Nosso abraço e nosso sorriso. Precisamos mostrar a todos que somos todos iguais e ninguém é mais que o outro. Precisamos vencer esta empatia de alguns, de outros que se firmaram na liderança e se acham donos das ideias. Precisamos mostrar que temos que ser uma fraternidade democrática e que podemos sim salvar o mundo de si mesmo desta luta desigual. Precisamos mostrar que assim como o sol nasceu para todos, o escotismo também foi uma ideia de Baden-Powell para todos os jovens do mundo. Quem pode fazer isto não são somente nossos lideres. Todos que um dia prometeram na Bandeira também podem. Nossos lideres são nossos irmãos e eles devem se compenetrar de suas responsabilidades, pois não estão dirigindo batalhões de soldados para a guerra. São meninos, são homens e mulheres que querem sim aprender a amar, a confraternizar e dizer aos quatro cantos do mundo: - SOMOS TODOS IRMÃOS!                               

domingo, 3 de janeiro de 2016

De Volta para o Futuro II. (Back to the Future Part II)


Conversa ao pé do fogo.
De Volta para o Futuro II.
(Back to the Future Part II)
Uma divertida sátira Escoteira plagiando o filme.

Algum tempo atrás resolvi escrever esta história. Eram tantos a falar do escotismo moderno que pensei com meus botões: – Porque não me adiantar a eles e ver o escotismo daqui a duzentos anos? – Bem vindo ao escotismo moderno. O escotismo do futuro!

                              Não teve jeito. Não queria conhecer o futuro, mas ao sentar na poltrona do DeLorean do Doutor Emmett Brown me deixei seduzir como se fosse Marty MacFly investigando sua vida futura. No meu caso não era a minha vida. Já tinha voltado ao passado em De Volta para o Futuro I em 1950. Mostrei para alguns como era o escotismo naquele tempo. Os modernistas de hoje não gostaram.  Agora pensei em ver como era o nosso escotismo no futuro, afinal os tais da UEB defendem tanto o moderno! Fui direto ao ano estelar de 2. 115. 2.115? Isto mesmo, duzentos anos depois. Meus caros, que susto! Fui parar logo em uma reunião de Corte de Honra! Sabem onde estava sendo realizada? Na casa do Chefe da tropa. Ele de roupão pressurizado e chinelo voador (quando andava plainava no ar), tomava um uísque contrabandeado do planeta Uebaibe e através de um sistema holográfico lia o noticioso esportivo de um jornal de outro planeta de nome Bidypower, através do seu superpotente Smartphone e na sua frente uma enorme tela panorâmica que ele com um simples gesto colocava do tamanho que quisesse e onde apareciam os Monitores e subs. Claro cada um em suas casas. Eles pediram para evitar a holografia, achavam que não se sentiam bem assim. Como só colocavam o lenço e se diziam uniformizados, muitos ficavam pelados no quarto. Discutiram o porquê as patrulhas estavam diminuindo a cada ano (Ora, ora, ainda? Pensei que agora tava tudo resolvido e combinado e isto não ia acontecer mais).

                  Chefe a Zeta Leonis está com dois somente. Eu e mais um. Outro logo emendou – Chefe a Epsilon Tauri tinha quatro e agora três.  E assim foi a Kapa Can a Alpha Den Capricomi. Todos reclamando que quase nenhum jovem queria participar mais das patrulhas. – Olha Chefe, falou o Monitor da Epsilon Tauri, o Senhor sabe desde que as meninas se sublevaram para ter suas próprias patrulhas (meu Deus! Que bom! – palmas para elas) os meninos estão desistindo. Quando elas participavam eles adoravam e o senhor sabe, podiam namorar vontade. O Senhor é testemunha, pois fez cursos institucionais e sabe que fora do escotismo a Lei é severa com quem fosse encontrado beijando. Já nos acampamentos tudo isto era normal, pois nós praticávamos o escotismo moderno. Agora estão com aquela conversa que acampamentos holográficos perderam a motivação. Sei que escolhemos bem, tentamos tudo na Galáxia de Andrômeda. E o da Grande Nuvem de Magalhães foi um fracasso. Eles querem acampamentos reais. Nada de holografias. O Monitor da Epsilon Tauri disse que eles adoraram a excursão na viagem feita pela nave Pioneer 2012 agora reformada na sede Nacional em Curitiba, até a magnetosfera de Galileu Gallilei. Cansaram é claro, pois os jogos de vídeo game espaciais na nave intergaláctica não eram lá estas coisas.

                    Estava embasbacado. Este era o futuro do escotismo? E olhe que sem esperar o Diretor Técnico entrou na conversa. Avisou que a partir do mês que vem a sede Escoteira estava de mudança. Compraram em Xangai um novo Site feito pelos chineses e montaram no espaço sideral um pequeno planeta que seria só do Grupo Escoteiro. Claro deram o nome de Avatar dos Anéis Azuis de Saturno o nome do grupo. O primeiro Grupo Escoteiro a montar no espaço uma sede Escoteira. Todos agora podem ir lá pelo sistema de Teletransporte do Computador CAN/DEN-88782343. É só ficar sócio através do ultrapassado SIGUE. Qualquer cartão de crédito espacial resolve. Eles aceitam. Só não dividem e nem aceitam boletos de escoteiros. Porque não sei. Assim vocês podem quando quiserem ir ao grupo, mas as atividades ainda serão feitas aqui na terra por meio de holografias. Voces escolhem onde. Mas devem programar. Tivemos casos de mais de duzentas patrulhas escolherem o Pico da Neblina no mesmo dia. A empresa Faxtorum quase explodiu. Não deixem de enviar pedidos de autorizações em modelo Super Espaço ao Distrital Capitão Pikard. Ou ao seu Assistente o Chefe Doutor Spock. Se for difícil encontrá-los procurem o Capitão James T. Kirk que assumiu como Comissário Espacial internacional Escoteiro. O cara é bom e viaja para todo lado.

                    No próximo sábado continuou o Diretor Técnico, estarei ausente. Vou assistir a uma Reunião da OCBGDEF (os catorze bons gerais do escotismo do futuro) que agora estão liderando o movimento da UBEB (União Brasileira dos Escoteiros Brasileiros). Não tem mais outras organizações. Montaram um exército próprio de androides que usam a nova vestimenta só para “caçar” os tais escoteiros tradicionais. Voces sabem que eles estão na clandestinidade. Vários Robôs escoteiros estão à procura deles. Irão ser deportados para Hidra, uma Lua de Plutão situada no Cinturão de Kuiper. Jogaram lá uma bomba Genesis e a lua virou planeta. Só tem florestas. Os tradicionais adoram árvores e riachos de águas límpidas e céu estrelado. Dizem que são bons em pioneirias. Que atraso de vida meu Deus! E deu boas risadas. Estava estarrecido. Sai dali correndo. Pedi ao Doutor Emmett Brown que me levasse em seu DeLorean de volta ao passado. Não me sentia bem. Isto não pode acontecer ou será que vai acontecer? Melhor parar por aqui. Estou pensando em Baden Powell. Esqueceram-se dele? Onde está pode ver o futuro? Se pode deve estar chamando todos seus oficiais de Mafeking. Uma nova guerra do Transvaal deverá ser iniciada. Ou eles acabam com a UBEB ou a UBEB acaba com eles! Mas eles tinham experiências. Os jovens do passado e agora os do futuro dariam um ótimo apoio como estafetas. Estafetas? No escotismo moderno?

                  Agradeci ao Doutor Brown pela carona. Pensei até em pedir a ele que me levasse ao passado como ele foi com o jovem Marty MacFly em 1954 e ao Velho Oeste. Mas fazer o que lá? Bem se fosse em 1954 seria mais maiô de bão, pois iria me encontrar lá. Eu adorava esta época que os Modernos não gostam. Mas em 1870 ainda não tinha escotismo. Eu não queria nunca me encontrar a mercê do famigerado bandido Biff Tannen e sua quadrilha. Ainda bem que não eram escoteiros. Melhor ficar por aqui. Que façam bom proveito do escotismo do futuro. Não estarei lá mesmo para criticar. Risos. Que a UBEB seja muito feliz!