Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 9 de abril de 2016

Uma ponte longe demais...


Uma ponte longe demais...

                 Era uma vez... Uma ponte, simples de madeira com dois vãos, pequena, mas que acalentava os caminheiros que por ali passavam. Dizem que era longe demais, que não ligava a lugar nenhum. Pode até ser. Não era uma ponte qualquer, pois para mim ela tinha vida, ela tinha alma. Cansado de uma longa jornada eu sentei naquela ponte muitas vezes. Gostava de ficar ali, olhando um rio que passava sobre meus pés. Meus olhos acostumaram com aquelas ondas que brincavam de zig zag nas corredeiras que iam para o mar. Nem via o tempo passar, hipnotizado não queria voltar ao meu percurso. A ponte agora me dava vida, queria que eu e ela fossemos um só. Os incrédulos diziam que ela não ia dar a lugar nenhum. Eu sorria quando diziam isto. Uma doce mentira de caminheiros que não viram o brilho daquela ponte. Ela me levava ao Campo da Felicidade.

                  Quando surgia a primavera eu corria para chamar meus amigos Escoteiros e eles sorriam como eu quando dizia que íamos acampar no Campo da Felicidade. Todos sabiam que íamos atravessar a ponte, que todos diziam ser longe demais... E diziam que ela não levava a lugar nenhum... Era longe sim, a ponte era longe demais e isto nos fazia voltar sempre... Ver a ponte de madeira rústica, olhar o rio com suas águas brilhantes a correrem para o mar... Na várzea das Borboletas azuis, em uma pequena trilha cheia de flores silvestres, avistávamos a ponte. A ponte que diziam ser longe demais... A ponte que não levava a lugar nenhum... Mas nos levava ao Campo da Felicidade.

                    Um dia, um dia, ah que nunca mais esquecerei, um dia que ficou marcado em meu coração para sempre, a ponte não estava lá... A ponte que nos levava ao Campo da Felicidade tinha partido... A ponte longe demais agora não mais existia. A ponte que não levava a lugar nenhum agora era uma réstia de uma lembrança de um passado que se foi... Ficamos ali, cabisbaixos, deixando o sol nos queimar, nossas mochilas às costas pesando e nossa preocupação era uma só. A ponte longe demais partiu sem dizer adeus... Não era um empecilho para atravessar o rio, o rio que serpenteava suas águas e corria para o mar. A ponte que diziam não ligar a lugar nenhum agora era uma sombra, um arremedo de sonhos, uma alegoria de um carnaval que passou.


                  Nunca mais voltamos ao Campo da Felicidade. Ele e ela, a ponte longe demais se completavam. Um não tinha serventia sem o outro. Algumas vezes volto meu pensamento no tempo que já se foi. Lembro daquela ponte, uma ponte longe demais... Uma ponte que não ligava a lugar nenhum, mas sem ela nunca mais poderíamos voltar ao campo da Felicidade. Não choro lágrimas doídas, não verto águas que os olhos deixam cair... Meu coração bate forte quando em minha mente eu vejo a ponte, a ponte longe demais... A ponte que diziam não levar a lugar nenhum. Vejo-me sentado, olhando o rio que serpentava naqueles campos que seguia seu rumo para o mar. Sei que não terei mais aquela visão que me marcou profundamente. Mas enquanto ela existiu me trouxe a beleza da vida, o sonho da natureza, me ligou de um ponto ao outro mesmo dizendo que ela era longe demais... Que não ligava a lugar nenhum!

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Místicas e tradições do Escotismo. História da canção "Ging Gang Goolie"


Místicas e tradições do Escotismo.
História da canção "Ging Gang Goolie"

(Ging Gang Goolie é uma canção tradicional dos escoteiros.)

Ging Gang Goolie é uma canção conhecida e cantada em todo o mundo, que foi inventada por Baden-Powell por ocasião do primeiro Jamboree Mundial. Ela foi inventada para que todos pudessem cantá-la, daí não ser escrita em nenhuma língua, o que a torna bastante divertida. - A história por trás desta canção foi criada mais tarde...

Numa escura e longínqua selva Africana existe uma lenda que conta a história do "Fantasma do Grande Elefante Cinzento". Todos os anos após a época das grandes chuvas, o fantasma do elefante surgia da bruma pela madrugada e vagueava pela selva. Quando chegava a uma aldeia parava, levantava a tromba e cheirava... "func"! Depois decidia se atravessava a aldeia ou se a contornava. E, se ele atravessasse a aldeia, significava que o ano ia ser mau, haveria fome, doenças e as colheitas seriam péssimas devido à seca, pestes ou quaisquer outras desgraças; mas se pelo contrário ele contorna-se a aldeia, significava que o ano seria próspero.

A aldeia de Wat-Cha tinha sido atravessada pelo fantasma durante três anos consecutivos e as coisas começavam a ficar realmente más para os habitantes. O chefe da aldeia, Ging-Gang, e o feiticeiro, Sheyla, estavam bastante preocupados, uma vez que o dia do elefante estava de novo a aproximar-se. Juntos decidiram que era preciso fazer alguma coisa para que o fantasma não voltasse a atravessar a aldeia. Os guerreiros da aldeia, que eram homens grandes como hipopótamos rechonchudos, usavam um escudo e uma lança e decidiram que se iriam colocar no caminho do elefante para o assustarem, fazendo barulho com as suas lanças e escudos. Por sua vez, os discípulos de Sheyla iriam fazer magia para afastar o elefante agitando os seus bastões mágicos. Estes bastões tinham pendurados diversos enfeites e ao abaná-los faziam barulho... shalliwalli, shalliwalli, shalliwalli!

Finalmente o dia da visita do elefante cinzento chegou! Muito cedo, os habitantes levantaram-se e reuniram-se à porta da aldeia. De um lado estava Ging-Gang e os seus guerreiros, do outro estava Sheyla e os seus discípulos. Enquanto esperavam a chegada do fantasma, os guerreiros começaram a cantar baixinho os feitos heróicos do seu chefe... Ging gang goolie, goolie, goolie, goolie, watcha, Ging gang, goo, Ging Gang goo... Os discípulos de Sheyla não quiseram ficar para trás e começaram também a cantar... Heyla, Heyla Sheyla, Heyla sheyla Heyla ho, Heyla, Heyla sheyla, Heyla sheyla Heyla ho... E ao mesmo tempo abanavam os seus bastões... Shalliwalli, shalliwalli, shalliwalli.

De repente surgiu da névoa o fantasma do grande elefante cinzento que ouvindo os cantos levantou a tromba e respondeu oompa, oompa, oompa... À medida que o elefante se aproximava, os guerreiros começaram a cantar mais alto e a fazer barulho com as suas lanças a bater nos escudos... Ging gang goolie, goolie, goolie, goolie, watcha, Ging gang, goo, Ging Gang goo... Os discípulos de Sheyla levantaram-se e começaram a sua magia... Heyla, Heyla sheyla, Heyla sheyla Heyla ho, Heyla, Heyla sheyla, Heyla sheyla Heyla ho... E ao mesmo tempo abanavam os seus bastões... Shalliwalli, shalliwalli, shalliwalli. Impressionado com tanto barulho o elefante começou a dar à volta a aldeia continuando a berrar... Oompa, oompa, oompa...

Houve grande alegria entre os habitantes e todos juntos começaram a cantar... Ging gang, goolie...

- Para cantares esta música no teu grupo, seção, patrulha basta que o dividas em dois grupos: um deles corresponde aos guerreiros de Ging Gang e o outro aos discípulos de Sheyla. Estes devem cantar a sua parte, respectivamente, de forma alternada quando surgir o elefante; o qual é interpretado pelos chefes, que cantam continuamente oompa, oompa, oompa... Enquanto se dirigem aos guerreiros e aos discípulos. Posteriormente, o elefante deve desafiar os grupos cantando mais alto, os quais não se devem deixar vencer, começando, também, a cantar cada vez mais alto!


(Autoria do texto: Dorothy Untershutz, dirigente na cidade de Edmonton, Alberta, no Canadá. Publicado na revista "Leader" com o título "The Great Grey Ghost Elephant", edição de Junho/Julho 1991, página 7). 

terça-feira, 5 de abril de 2016

Um pouco de nostalgia faz bem.


Um pouco de nostalgia faz bem.

                         Logo eu? Porque não? Ninguém é perfeito e eu então? Também sou humano, como todos. Sinto alegrias, saudades, lembranças que machucam dor e por mais que queira dominar meus pensamentos nem sempre eu consigo. Quantas vezes sozinho em minha varanda, olhando para a rua, fico tristonho nem vejo os vizinhos me cumprimentando e sinto que meus olhos se enchem de lágrimas. Desculpem, não sou machão. Sou um chorão sim mesmo com meus 75 anos choro por dentro e por fora.  Eu sei que sou feliz, muito. Agradeço a Deus por isto. Não esqueço a frase que a felicidade tem nome: - Deus, família e amigos. Mas eis que hoje me senti triste. Tentei me alegrar e não consegui. Pensei com meus botões: - Chefe (gosto de me chamar de Chefe, desculpem) como falar em ser feliz, em felicidade, em driblar as dificuldades, saltar o obstáculo se agora está triste e acabrunhado? Olhei para o vento que batia nas minhas costas vindo pela escada que leva ao porão.  Ele me deu um pouco de alivio e tentei sorrir. Não consegui. Uma enorme tristeza invadia meu ser.

                         Pela manhã tentei escrever. É minha rotina. Quando estou no meu computador me sinto feliz, mas hoje não. Não escrevi nada. Foi então que me lembrei do Chico. Chico? Sim o Chico Xavier. Gosto dele, dos seus escritos, copio muito o que ele escreve. Não tive a honra de conhecê-lo pessoalmente, mas tenho enorme admiração por sua pessoa, ou melhor, pelo seu espirito. Lembro que um dia ele contou um dos seus casos divertidos, mas que mostrava que também era humano. Caso este que deve ser bastante conhecido por muitos de vocês que aqui estão lendo. Dizia o Chico: - Foi em 1959, eu me dirigia de Uberaba, para onde eu me transferira recentemente, para Belo Horizonte, junto da qual está Pedro Leopoldo, a terra onde nasci na presente reencarnação. Então, o avião decolou de Uberaba e fez uma breve parada na cidade de Araxá. Depois, o avião decolou de novo. Depois de uns dez minutos, o avião começou a se inclinar para um lado, para outro. Às vezes fazia assim uma pirueta, e o pessoal começou a gritar e a pedir a Deus, pedir socorro. E eu ali acompanhando.

                    Veio o comandante do avião e disse que não nos impressionássemos que era um fenômeno chamado "vento de cauda", e que apenas chegaríamos um pouco mais depressa. Mas algumas pessoas disseram: - "Mais depressa no outro mundo!". Eu então comecei também a me impressionar, porque eu não sei qual é o nome técnico da evolução que o aparelho fazia; uma pessoa entendida em aeronáutica saberá descrever o caso, dizendo os nomes em que um avião roda de cabeça para baixo E nós íamos e muita gente começou a vomitar e a gritar, apertar o cinto, alguns amigos começaram a orar, senhoras começaram a rezar o terço. Eu com muito respeito, mas quando vi aquela atmosfera, eu comecei a gritar também. Eu falei assim: bem, todo mundo está gritando, eu também vou gritar porque isto é a hora da morte. Então comecei a gritar: "Valei-me, meu Deus!" Comecei a pedir socorro, a misericórdia de Deus, mas com fé, com escândalo, não é? Mas com fé.

                 Então nisso, peço até permissão para dizer, que alguém disse assim a um sacerdote católico que estava não muito longe de mim: "O Chico Xavier está ali, ele é médium e é espírita." E esse sacerdote, com muita bondade, disse: "Não, mas eu sei que o Chico tem pedido orações em muitos documentos e o Chico está orando conosco no terço." Eu disse: "Graças a Deus, padre, eu também estou orando." Mas comecei a gritar: "Valei-me, meu Deus!". Então, aí chega o Espírito de Emmanuel. (Parece que é uma coisa de anedota, uma coisa de fantástico, mas é a verdade) entrou no avião. Passou no meio do pessoal que não o via e ele me disse assim: - "Por que é você está gritando? Eu escutei o seu pedido. O que é que há?" Porque aquilo já tinha mais ou menos 20 minutos, não é? Eu falei assim: "Bem, o senhor não acha que estamos em perigo de vida?" Ele falou: "E o que é que há com isso? Não tem muita gente em perigo de vida? Vocês não são privilegiados, não é?" Eu falei: "Está bem, se estamos em perigo de vida, eu vou gritar." E continuei gritando: "Valei-me, socorro, meu Deus!" E o povo todo gritando socorro.

               E ele com rosto sério me disse: "Você não acha melhor calar, parar com isso? Dar testemunho da sua fé, da sua confiança na imortalidade?" Eu disse: "Mas é a morte e nós estamos apavorados diante da morte." Ele falou assim: "Está bem, então você acha que vai morrer." Eu falei: "O senhor não acha que estamos em perigo de vida?" Ele disse: "Estão." Eu disse: "Está bem, eu estou com muito medo, estou apavorado como todo mundo, eu estou partilhando, eu também sou uma pessoa humana, eu estou com medo também dessa hora e de morrer nesse desastre." Ele disse: "Está bem, então morra com educação, cala a boca e morra com educação para não afligir a cabeça dos outros com os seus gritos; morra com fé em Deus!" Eu disse então: "Eu queria só saber como é que a gente pode morrer com educação!". Risos.


                 Quando me lembro dele contando isto à mente me aclara, o sol parece estar nascendo em alguma montanha onde acampei. Uma brisa sopra lá fora. Uma menininha passou correndo me dando adeus.  Já não tem mais sombra, a noite se foi. Levanto da minha cadeira e vou para meu cantinho onde está o computador. Dou um sorriso gostoso, Celia vem por trás de mim e me dá um abraço carinhoso. Começo a escrever... “Um pouco de nostalgia faz bem”!