Caminho
a seguir ou caminho a evitar?
Todas as
manhãs em pergunto a Deus até onde poderei chegar. No fundo eu sei que até onde
ele decidir a hora de parar. Meti-me em uma trilha deliciosa e que escolhi
achando ser a melhor. Os anos vão passando, e vou ficando cada vez mais
exigente comigo mesmo. É uma tragédia da vida quando descobrimos que ficamos
velhos cedo demais. E sábios tarde demais! Risos. Passo o dia fazendo uma
rotina que eu mesmo escolhi. Mas o melhor de tudo é escrever. Agora com
dificuldade, um braço não quer colaborar. Exige só uma posição. Médico? O SUS
não é tão fácil. Consegui uma consulta para fevereiro de 2017. Falta pouco.
Claro se até lá eu conseguir continuar vivendo. Mesmo assim não desisto, sei
que os anos enrugam a pele, mas renunciar ao entusiasmo que tenho pela escrita
me faz enrugar a alma. Rataplã! Em frente marche!
Agora me
meti a poeta e outros dizem que sou escritor. Logo eu. Poeta? Pequenos
garranchos, cópias de grandes homens das escritas e lá vou eu fuçando na tecla
uma palavra de amor, de sonhos, de amizade alegria e fraternidade. Isto ajuda?
Tem gente que gosta? São poucos eu sei. Alguns dizem que foi bom, outros
cultivam um curtir. E a vida vai seguindo. Já me disseram que não paramos de
brincar porque envelhecemos, mas envelhecemos porque paramos de brincar. Afinal
nunca gostei de levar a vida tão a sério. Mas nos finalmente em me pergunto: -
Até onde poderei chegar? Estou ajudando? Não basta agradar se a consciência não
mudou. Um filosofo escreveu que os velhos gostam de dar bons conselhos para se
consolarem de já não estarem em estado de dar maus exemplos. Não sei se dou
bons exemplos. Não sou a perfeição escoteira na terra. Aprendi a amar este
movimento, dei minha vida por ele. Tentei compreender as ilusões de muitos que
chegaram e não souberam dar um abraço e um aperto de mão. Vem depressa correndo
Escoteiro ajudar o cozinheiro a fazer o jantar!
Um outro poeta disse que com muita
sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e
todos, um homem consegue, depois de mais ou menos setenta anos de vida,
aprender a ficar calado. Cacilda! Nunca consegui me calar. Queria em cinco
minutos extravasar meus conhecimentos e passar para os outros. Será que o
escotismo que fiz foi o melhor? Não. Não foi. Cada um escolheu seu melhor
caminho. Visto da juventude, a vida é um longo futuro; a partir da velhice,
parece um curto passado. Quando partimos num navio, as coisas na praia vão
diminuindo e ficando mais difíceis de distinguir; o mesmo ocorre com todos os
fatos e atividades de nosso passado. Eu deixei muita coisa
para trás. Deixei muitas saudades e amizades. Deixei tempos de aventuras, de estradas
de mochilão e chapelão. Outro filosofo disse que o que a mocidade deseja, a
velhice o tem em abundância. Verdade? Alguém me perguntou? – Brilha a fogueira
ao pé do acampamento, para alegria não há melhor momento!
Escrevendo
e escrevendo. Ombro dolorido, mas se parar meu caminho das estrelas irá
aparecer. Hoje escrevi tanto que até me cansei. Talvez eu esteja envelhecendo
rápido demais. Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena. Minha soberba
me condena. Meu passado não. Não aceitarei senões, não aceitarei conselhos de
anões que no escotismo se fazem de doutores. Se eu estiver sendo útil me
sentirei feliz. Sinceramente? Quando já não mais me indignar, terei começado a
envelhecer. Fim chega por hoje. A tarde se aproxima a reunião ainda não
terminou. Enquanto escrevo aqui estas saudosas linhas, uma patrulha correu mais
para alcançar a vitória. E a lobada, na selva abençoada gritou avante VELHO LOBO!
Sou eu? Risos. Senhor minha promessa, protegerás!
Uma
linda tarde para você.