Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Assim escreveu Baden-Powell - parte III


Conversa ao pé do fogo.
Assim escreveu Baden-Powell - parte III
LIDERANÇA

É comum citar-se o ditado: «Só sabe chefiar quem aprendeu primeiro a obedecer». É verdade, mas como muitas verdades evidentes também esta tem os seus limites. E prefiro ver como chefe o homem que aprendeu a chefiar.

Quando se quer ver um trabalho feito, deve dizer «Vem!”.”.”.» e não «Vai!».
Diferença entre um líder e um comandante: qualquer parvo pode mandar, pode pôr as pessoas a obedecerem a ordens, se tiver por trás de si suficiente poder de punição, em que se apoie em caso de recusa. Mas liderar é outra coisa; é arrastarmos conosco outros homens num trabalho de envergadura.

A liderança é a chave do êxito - mas a liderança é difícil de definir, e os líderes difíceis de encontrar. Tenho muitas vezes declarado que «qualquer burro pode ser um comandante, e um homem treinado pode muitas vezes dar um instrutor; mas um líder é mais como um poeta - nasce, não se fabrica».

Há quatro aspectos essenciais a procurar num líder:
1. Deve ter uma fé e uma convicção a toda a prova na justeza da sua causa;
2. Deve ter um temperamento enérgico e jovial, bem como simpatia e compreensão amistosa para com os seus seguidores;
3. Deve ter confiança em si mesmo por conhecer bem o seu trabalho;
4. Deve ele próprio pôr em prática aquilo que prega. A essência da liderança pode resumir-se, em «camaradagem e competência».
A liderança por meio de um toque pessoal é a chave do nosso sucesso no Movimento.

E não esqueça “Você é o líder dos seus monitores”. Podemos até chamá-lo do monitor dos monitores. Dirija somente esta patrulha. Cabe a você orientá-los, fazer acampamentos e excursões, sempre visando o adestramento para que eles possam depois adestrar os escoteiros da patrulha. Esta é sua responsabilidade. Não fuja dela e experimente, pois tenho certeza que poderá alcançar o gostinho do sucesso.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Assim escreveu Baden-Powell.


Conversa ao pé do fogo.
Assim escreveu Baden-Powell.

FRATERNIDADE MUNDIAL.

Os Indianos chamavam Kim o «Pequeno Amigo de Todo o Mundo», e todos os Escoteiros deviam esforçar-se por merecer esse nome. O espírito é que conta. A nossa Lei e Promessa de Escoteiros, quando realmente as pomos em prática, afastam todas as ocasiões de guerras e lutas entre as nações.

Sempre que se encontram, um pouco por todo o mundo, os Escoteiros são irmãos. Têm os seus sinais secretos pelos quais se reconhecem, e são prestáveis e hospitaleiros para todos. Um Escoteiro seria capaz de te oferecer o que tivesse de melhor para te dar de comer e para te alojar, mas esperaria tanto que lhe pagasses por isso como que lhe cuspissem na cara. Um Escoteiro é capaz de sacrificar a sua vida para salvar o seu amigo ou mesmo para salvar um estranho... especialmente se esse estranho for uma mulher ou uma criança.

Se todos os homens tivessem desenvolvido em si mesmos o sentido da fraternidade, o hábito de pensar em primeiro lugar nas necessidades dos outros, e de subordinarem a elas as suas ambições, prazeres ou interesses pessoais, teríamos um mundo muito melhor onde viver. «Um sonho utópico», diriam alguns, «mas não passa de um sonho, por isso nem vale a pena tentar».

Mas se, ao sonharmos, nunca estendêssemos as mãos para agarrar a substância dos nossos sonhos, jamais conseguiríamos progredir.

Com o advento da boa vontade e da cooperação, as discórdias triviais que têm dividido as nações cessarão, as classes e os credos deixarão de professar-se irmãos enquanto agem como inimigos e dividem contra si mesmos a sua própria casa.

O Escotismo é uma Fraternidade - um organismo que, na prática, não olha a diferenças de classe, crença, país e cor, por meio do espírito indefinível que o anima - o espírito de cavalheiro de Deus.

Irmãos Escoteiros, peço-vos que façais uma escolha solene.
Existem diferenças de pensar e de sentir entre os povos do mundo, tal como existem diferenças físicas e de línguas. A guerra ensinou-nos que, se uma nação tentar impor a sua vontade particular às outras nações, uma cruel reação seguir-se-á inevitavelmente.

O Jamboree ensinou-nos que, se exercitarmos a tolerância mútua e o hábito de fazermos concessões recíprocas, então haverá compreensão e harmonia. Se for essa a vossa vontade, partamos daqui totalmente decididos a fomentar essa camaradagem entre nós e entre os nossos rapazes, através do espírito mundialmente espalhado da Fraternidade Escoteira, para que possamos ajudar a desenvolver a paz e a felicidade no mundo e a boa vontade entre os homens.

Irmãos Escoteiros, respondei-me. Unir-vos-ei a mim neste propósito.
Como Deus deve rir-se perante as pequenas diferenças que nós, homens, erguemos entre nós sob a camuflagem da religião, da política, de patriotismo ou de classe, esquecendo-nos do maior de todos os laços - o da Irmandade da Família Humana!
Queremos que a próxima geração veja mais longe, e que olhe os outros como irmãos, filhos de um único Pai, em todo o mundo, qualquer que seja a crença ou a cor, o país ou a casta de cada um.


Com boa vontade e cooperação, as nações estender-se-ão e os políticos descobrirão que já não é possível arrastar para a guerra povos que se encaram amistosamente. Descobrirão que o que conta é a vontade dos povos.