Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Uma breve história do surgimento do Manual e do Ramo Lobinho.


Passeando na Jangal.

                     Na edição original do livro "Escotismo para Rapazes", Baden-Powell não fixou um limite de idade mínima, nem máxima para o ingresso do menino no Movimento Escoteiro. Como consequência disso as tropas tinham meninos cujas idades flutuavam entre 9 a 18 anos. As coisas, no entanto, não eram tão simples assim! Imediatamente levantaram-se agudas e persistentes vozes dos meninos que eram muito pequenos para serem escoteiros, irmãos menores, que não estavam na faixa etária da "diversão" organizada no princípio do século, queriam entrar na brincadeira e não podiam esperar mais. Os "pequenos" foram tão persistentes, intrometendo-se nas reuniões de Tropa e iniciaram alguns ensaios por volta de 1909.

                Os primeiros esforços de trabalhar com meninos menores não obtiveram sucesso. Alguns escoteiros sentiram em receber estas crianças como "Junior Scouts", mas os resultados foram desastrosos. A tropa desestruturou-se, os mais velhos não desejavam misturar-se com os pequenos e estes não conseguiram acompanhar as vigorosas atividades feitas pelos escoteiros. Tomar providências para que o que mais tarde foi chamado "Junior Scouts” (Escoteiro Junior), foi uma tarefa muito árdua para Baden-Powell, pois embora ele estivessem receptivo à idéia, teve que tomar precauções para evitar a impressão que seu Movimento estava criando um jardim de infância para escoteiros. Naturalmente o uniforme era o mais esperado pelos meninos, assim, essa primeira versão do LOBISMO usava chapéu de abas largas, um lenço, uma mochila e um bastão.

                 Eles aprendiam nós simples sinais de pista, semáfora e noções rudimentares de primeiros socorros. Isto, na verdade, constituía uma versão diluída do Escotismo aplicada por incomodados Assistentes ou Chefes de Tropa. Não há dúvida de que o pioneiro do nosso ramo foi o Reverendo A.R. Brow, Chefe da Tropa número 1 do Enfield Highway, em Niddlessex, Inglaterra. Foi ele quem em janeiro de 1910, publicou um artigo no "Headquarters Gazette", onde concretamente questionava: O que iremos fazer com os meninos menores de 12 anos? B.P. teve dupla preocupação, conforme explicou em artigo do "Headquarters Gazette", a primeira era de não exaurir as crianças desta idade com atividades que não estavam além de sua capacidade física; e a segunda era evitar o risco de perturbar os rapazes mais velhos, os quais poderiam se sentir humilhados em terem de executar as mesmas atividades que os mais jovens.

                  Para esclarecer as suas idéias, escreveu no final do ano de 1913 as primeiras tentativas de denominar os meninos menores e entre as sugestões do chefe estavam os nomes de :Juniores Scouts ? Beavers (castores) ou Wolf Cubs (lobinhos) ou Cubs (filhotes) ou Colts (potros) ou Trappers (ajudante de caçador). Em suma B.P. preocupava-se que o novo ramo tivesse suas próprias características, não fosse uma versão simplificada do programa dedicado aos escoteiros.

As primeiras regras
                 Depois deste período de experiências e indagações, B.P. solicitou a Percy W. Everett que estudasse o que estava fazendo e que redigisse um esquema provisório. Em novembro de 1913, Everett lhe apresentou um projeto intitulado: Regras para escoteiros menores. Sobre este manifesto o Chefe manifestou seu agradecimento ao reverendo Everett, salientando apenas o uso de uma nomenclatura e a distinção necessária pelo uniforme. Segundo B.P. o nome "Lobinho" ou "Cachorro" seria muito adequado especialmente este último para designar os Pata Tenras. Quanto ao uniforme disse que um boné, semelhante ao usado no jogo de criket e um suéter estaria muito de acordo com a elegância e praticidade necessária.

                     Com mudanças e emendas, em 1914, o Headquarter Gazette publicou o esquema para "Lobinho" ou "Jovem Escoteiro" que não era mais que uma forma modificada de adestramento de escoteiros; incluía uma forma de saudação, um emblema em forma de cabeça de lobo, a promessa simples de servir e cumprir o dever e alguns testes simples adaptados à faixa etária. O clima de guerra imprimia um forte sabor patriótico, com muitas manobras, marchas, saudações a Bandeira e cantar o Hino Nacional. A publicação desse esquema foi acompanhada da promessa de B.P. de elaborar um Manual próprio para os pequenos o qual abordasse um método com características próprias.

O Manual do Lobinho
                 B.P. que não teve tempo suficiente para escrever o Manual do Lobinho durante a Primeira Guerra Mundial, porém, anunciou que o faria pouco tempo depois. Com a erupção da guerra, as mulheres escalaram os lugares antes ocupadas pelos jovens, que haviam respondido aos apelos do exército. Assim, foi permitido o ingresso de senhoras e senhoritas no Movimento, estas estavam encantadas com a idéia de que pudessem adestrar os pequenos. Suas idéias foram de grande valia na elucidação de problemas especiais que surgiam no adestramento dos pequenos. E nesta leva feminina que surge o braço direito do Fundador, no ramo lobinho: a Srta. Vera Barclay.

                 O seu encontro com o Fundador deu-se no dia 16 de junho de 1916 em uma conferências em Londres, onde Chefes de Lobinhos reuniram-se para reivindicar o esperado Manual do Lobinho, que contivesse um esquema específico para o ramo. Vera Barclay, uma romancista, não compareceu a conferência movida pelos seus objetivos uma vez que lobinhos não interessava, sua fixação eram os escoteiros. Porém, havia recebido um convite especial de B.P. que queria conversar com ela. O objetivo de B.P. era contratá-la para juntar-se a equipe do Headquarters e trabalhar no projeto dos lobinhos. A idéia não a entusiasmou muito uma vez que lobinhos não era o seu trabalho, e fechar-se em um escritório em Londres não estava em seus planos.

                Em sua atuação com escoteiros nas áreas carentes de Londres recebeu de companheiros mais formais a crítica de que os rapazes não atendiam perfeitamente a todos os aspectos da Lei Escoteira. Deu, então, uma resposta que se tornou famosa: "O que interessa é que pelo escotismo, os rapazes se tornem melhores!". No entanto, em virtude de um joelho machucado, estava afastada de suas funções de enfermeira no "Netley Red Cross Hospital” e além do mais, como admitiu posteriormente, era um grande serviço para o escotismo isolar os meninos pequenos e seus persistentes chefes dentro de suas próprias competências.

                 Não demorou muito, porém, e os lobinhos conquistaram completamente a sua simpatia, instalando-se definitivamente dentro de seu coração, de forma que a fizesse fazer de tudo para que eles fossem aceitos na fraternidade escoteira, pleiteando junto ao Headquarters tudo o que eles queriam. Ela dedicou-se com entusiasmo na organização do Manual do Lobinho, intercalando ao famoso manuscrito de B.P. recortes, seus desenhos feitos a pena e bilhetes que encontrava jogados sobre sua mesa, contendo novas idéias de B.P. muitas vezes anotadas em papéis de suas lâminas de barbear. O Manual ficou também enriquecido com suas próprias opiniões acerca das insígnias e especialidades que constituiriam a parte II do Manual.

                O Manual do Lobinho está impregnado de suas influências, feitas com entusiasmo e imaginação e, principalmente de um grande conhecimento da natureza de meninos pequenos. Ela via claramente a necessidade de conservar a essência, tanto quanto o método de treinamento, o tão distinto quanto possível daqueles do escoteiro. Esta posição futuramente influiu fortemente para a sua indicação como Comissária do Quartel General para Lobinhos, posto que ela manteve até 1927.


Porém, o que veio responder a procura de Baden Powell por algo atraente, especial, capaz de sustentar a fantasia e contribuir com a formação da criança foi o Livro da Jângal, cuja adoção revolucionou completamente o esquema.

domingo, 16 de outubro de 2016

Um domingo qualquer e de bem com a vida!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Um domingo qualquer e de bem com a vida!

                        O slogan de bem com a vida é uma metáfora muito usada nos dias de hoje. Parece que a modernidade não trouxe a felicidade ou a satisfação que muitos acreditavam iria acontecer no futuro. Muitos correm atrás da felicidade. Cada um interpreta a seu modo. Alguns se valem de bons conselhos outros se deleitam com os milhares de filósofos ou pensadores que pululam nas paginas sociais mostrando por A mais B como ser feliz. O próprio Baden-Powell foi um dos precursores quando idealizou o movimento Escoteiro e nos falou que a verdadeira felicidade é fazer a felicidade dos outros. Platão e Sócrates falaram algum parecido. Um deles foi enfático em dizer não devemos trocar o que mais queremos na vida por aquilo que mais quer no momento. Completa: - Momentos passam, a vida continua.

                     O modernismo nos trouxe as redes sociais onde anonimamente ou até mesmo pessoalmente comentamos nossas nuances muitos de maneira franca outros se deixam conhecer aos poucos. A jornada da vida vai deixando cicatrizes que alguns sabem enfrentar e outros se perdem nos seus segredos, escondidos no recôndito da alma para ninguém ver... Ou saber. A luta em busca da felicidade já rendeu contos, histórias de filmes que deixaram muitos lacrimosos em uma sala escura ao lado de alguém ou sozinho na escuridão. O bom é que muitos se apiedam e nos dão ânimo nos transmitindo palavras ou frases que se bem interpretadas poderíamos dar um novo rumo em nosso destino. Destino? Será que teríamos que passar por isto e ainda não vimos que podemos escolher nova trilha para caminhar?

                       Winston Churchill era um emérito pensador e herói inglês na segunda guerra pela sua maneira em enfrentar as  forças que lutavam contra ele. Gosto de todas elas, mas as minhas preferenciais são duas: - Um pessimista vê uma dificuldade em cada oportunidade. Um otimista vê uma oportunidade em cada dificuldade. Completa: - O homem não teria alcançado o possivel se, repetidas vezes, não tivesse tentando o impossível. Mas cá entre nos, isto ajuda? Se estamos naquela fossa, na pior, uma tristeza e magoa batendo fundo no coração isto basta para nos revigorar? José de Alencar o ex-Escoteiro e ex-presidente sempre dizia que o sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos no mínimo fará coisas admiráveis.

                      Muitos vangloriam que depois de ser Escoteiro seu mundo mudou... Para melhor? Muitos garantem que sim. Mas isto deixou desaparecer as dificuldades, as tristezas, as nuances de momento e o enfretamento do dia a dia? Sei de casos que sim, mas sei de outros que não. Não é só ser Escoteiro para ter descoberto a felicidade, ou quem sabe a cidade fictícia de Xangri-lá (um conto de James Hilton, descrevendo um lugar paradisíaco escondido nas montanhas do Himalaia). Será que lá poderíamos viver para sempre com a felicidade escoteira sempre a nos acompanhar? Seria bom demais que o escotismo pudesse rivalizar com Xangri-lá e nos dar um mundo novo, onde o tempo parece deter-se em um ambiente de felicidade e saúde, com a convivência harmoniosa entre todos os habitantes do lugar.  


                        Enfim são muitas as hipóteses, são muitas as frases de autoajuda para aqueles que precisam de um conforto ou uma palavra de carinho. O Escotismo não é a única solução. Dizer que quem adota a filosofia se transforma para sempre. Tenho lá minhas dúvidas. Não somos chefes para sermos felizes só porque julgamos ser mais um Badeniano ou conforme a metodologia escoteira, mas sim para colaborar um pouco na formação da juventude. Se nossa lei e nossa promessa nos dão novo ânimo a vida continua e só mesmo o tempo poderá curar feridas ou mesmo poderá mudar concepções entre os homens e mulheres desta terra. Se nem todos são felizes por serem escoteiros, tem muitos escoteiros que são felizes. A luta não parar o tempo, pois ele é implacável, mas sem copiar nenhum filósofo ou pensador, não seria melhor dar um abraço ao invés de um olhar raivoso? Não seria melhor dizer muito obrigado que nada dizer? Que cada um entenda que o escotismo não é um meio de vida, mas sim uma maneira excelente para se viver.