Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

terça-feira, 30 de maio de 2017

Mitos, lendas verdades e inverdades do Uniforme Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
Mitos, lendas verdades e inverdades do Uniforme Escoteiro.

                        Convenhamos que eu não seja um estudioso das tradições do uniforme Escoteiro brasileiro. Sei apenas o que vi e vivi com ele desde que iniciei em 1947. Não vou dar testemunho como foi em todo Brasil, pois não tive informações e nem aprofundei estudos a respeito. Este é um artigo que não pretende de maneira nenhuma provocar uma discussão. Sei que nosso uniforme ainda levanta duvidas e muitos novos simplesmente já encontraram como se trajar e pouco conhecem o passado. Sempre comento sem ter a pretensão de ser profundo conhecedor, que quase todos os uniformes, trajes, farda e vestimenta nunca tiveram o aval ou mesmo a sugestão dos escoteiros brasileiros, pois sempre foram decididos pela liderança composta de poucos membros. Devo tirar o chapéu para os escoteiros do Mar e do Ar que sempre mantiveram suas tradições e são impecáveis na sua uniformidade.

                        Em meados de 1959 em um bate papo gostoso em volta de um foguito no Bosque do Jardim Zoológico em Belo Horizonte, o Chefe Doutor Francisco Floriano de Paula contou para nós lá pelos idos de 1959 que no inicio do movimento escoteiro no Brasil usávamos o mesmo uniforme usado na Inglaterra. Era uma espécie de cor cinza e com meiões pretos. Com o passar de tempo e com a União dos Estados em uma só associação, em Minas Gerais surgiu à calça azul curta, camisa caqui e muitos usavam uma espécie de casquete até que o Chapéu se tornou um marco escoteiro. Entre a década de 40 e 50 o caqui começou a se tornar tradição. Quando o Governo Mineiro deu seu aval ao escotismo para sua expansão se fez realizar cursos escoteiros na Policia Militar Mineira. Em várias cidades surgiram os primeiros grupos e nem sempre com o uniforme tradicional ficando a cargo dos dirigentes militares decidirem.

                      Se no sul e no norte do país não foi assim fica o dito pelo não dito. Nem vou lembrar o saudoso caqui esverdeado implantado na Região de São Paulo em tempos idos. Quando entrei para o movimento em 1947 os lobos usavam o azulão. Os Escoteiros o caqui curto, chapéu de abas largas e nunca se via adultos trajando calça comprida. Era como se diz uma tradição iniciada na Inglaterra de B.P. O caqui, era considerado o uniforme oficial dos Escoteiros da modalidade básica no Brasil. Na década de sessenta muitos chefes e seniores discutiam abertamente um novo uniforme com opção da calça comprida. Diziam que o caqui não era bem aceito nas atividades sociais e os mais novos não se sentiam bem com a calça curta. Foi uma época que a apresentação não só dos jovens, mas de toda a liderança escoteira estarem sempre conforme a tradição do momento. Caqui e calça curta com o chapelão. Lembro com saudades quando o Trio Iraquitan surgiu com seu LP com músicas escoteiras portando em sua foto o caqui curto e o chapéu.

                       Entretanto a pressão era enorme para que fosse discutido uma nova uniformização. Assim em 1975/76 formalizou-se o Uniforme Social depois chamado de traje Azul mescla. De novo poucos decidiram esta nova escolha. A UEB enviou a todos os Grupos Escoteiros um ofício via correio explicando como ele seria confeccionado, quais as ocasiões para o uso e juntou-se um desenho e pasmem-se: - um pedaço do pano tanto da camisa como da calça comprida. Havia a preocupação do visual idêntico em todo Brasil. Para maior formalidade foi dado à possibilidade do uso do paletó e gravata.  No POR se sacramentou as normas e uso. Todos ficaram sabendo que o dirigente de qualquer atividade determinaria qual uniforme deveria ser utilizado. O Social ou o caqui. Interessante que em alguns cursos aconsenlhavam-se a levar os dois para que pudessem assimilar o uso e a apresentação. Era uma época onde o garbo era questão de honra. Isto mesmo. Fazíamos questão de estar bem uniformizados.

             Alguns anos mais tarde o Social já chamado de Traje passou a ser usado em muitos estados brasileiros desta vez com apresentações não condizentes pois o social de tecido de tergal passou ao Jeans simples, com calças de cores diversas. Isto desvirtuou por completo a ideia do Social para uso em atividades sociais. Em 1984/85 foi formalizado a Coeducação no Brasil e um novo uniforme foi determinado para as jovens. Isto durou até a década de noventa onde a maioria por autorização da UEB passou a se vestir com o caqui desde que decidido pelo Grupo Escoteiro. Durante anos a banalização foi completa. Sempre mudando alterando muitas vezes sob pressão e outras por decisão de um líder nacional. Até mesmo o chapéu que antes era encontrado nas lojas escoteiras foi descartado. Alguns disseram que a Prada maior fabricante não se interessou mais. A procura de outra não ouve e o chapéu foi substituído pelo Boné. Cada Grupo Escolhia o seu.

               Hoje a cobertura passou a ser uma escolha do grupo e muitas vezes pessoal mesmo que o POR tenha determinação para isto. A loja escoteira vende com o afã de faturar diversos tipos de cobertura e uma feita de brim ou similar copiada de outros países é usada por muitos seniores e chefes. É comum ver o dirigente com este tipo de cobertura e seus jovens sem nenhum. A banalização chegou a tal ponto que muitos consideram o lenço como uma maneira de se dizer escoteiro. Daí ao seu uso em muitas atividades sem o uniforme e até mesmo em reuniões se tornou um lugar comum. Nas atividades nacionais e regionais, via-se o lenço usado em atividades onde os jovens se apresentavam de short ou em trajes sumários. Sempre podemos afirmar que a culpa desta Torre de Babel foram dos dirigentes da UEB.

              A vestimenta foi implantada em nome de uma nova postura, uma nova maneira de garbo. Diziam que a intenção era de unificar o uniforme para todos os membros associados da UEB. Claro que os do Mar e do Ar não aceitaram e mantém suas tradições. Em vez de ter algum em que se basear como Marketing a vestimenta teve o privilégio de ter várias composições na sua forma e a escolha foi deixada para que os grupos escoteiros decidissem. O que nunca vimos em uma organização ou associação seja civil ou militar que preza sua apresentação foi autorizada no escotismo. O uso deixou a desejar como Marketing e pode-se ver que algumas tropas e alcateias destoam na apresentação onde cada membro usa como quer. Isto sem esquecer é claro a apresentação do seu líder que se apresenta de maneira inconveniente para servir de exemplo. Nota – Nem todos claro.


             Finalmente vemos que o Caqui e a Vestimenta estão lado a lado representando o escotismo básico brasileiro. Não discuto a validade da vestimenta desde que mostre realmente que somos um movimento onde o exemplo da apresentação do garbo da formação moral é levado a sério. Certo ou errado ainda teremos que esperar muito uma conjunção de fatores onde a escolha de uma vestimenta ou uniforme seja discutida e aprovada por todos associados. Decisões unilaterais, visando quem sabe o lucro nunca terá um final feliz. Posso estar enganado mas quem viver verá!

Não tenho a pretensão de fazer um histórico completo do uniforme escoteiro no Brasil. Não sou um estudioso no tema. O que escrevi faz parte da minha vivencia e de alguns fatos que fui testemunha ocular. Sempre defendi o caqui como o símbolo escoteiro em nosso Pais. A implantação da vestimenta benéfica ou não vai ter outro centenário para dizer se valeu a pena. Isto se outro dirigente não resolver mudar... De acordo com suas escolhas pessoais!

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