Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Sorria e se orgulhe de um gostoso Grito de Patrulha.


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Sorria e se orgulhe de um gostoso Grito de Patrulha.

                   Vez ou outra nos passa despercebido à união, a força e o orgulho quando damos o Grito de Patrulha. Depois que cresci ouvi tantos que parava só para ver o que diziam e ver o espírito de Patrulha quando todos seguravam no bastão, com ele elevado no ar, davam um grito gostoso que a gente sempre se emocionava. Para mim o Grito de Patrulha é uma das maiores místicas e tradições no escotismo. Tem um simbolismo que encanta. Tenho receio que amanhã ele seja extinto, pois pode aparecer um “çabio” qualquer e dizer que isto é ultrapassado.

                    Muitos dos nossos simbolismos, místicas e tradições estão sendo engolidos pela modernidade. Cada Grito tem um estilo, uma maneira, uma sonora entoação que dá uma marca própria à patrulha. Aqueles que ali estiveram não esquecem jamais. Onde a patrulha esteve aquele sonoro som cantante ficará marcado para sempre. Conheço patrulhas que deu seu grito em altas montanhas, picos enormes, florestas inóspitas e me empolguei com uma que resolveu dar o grito dentro de uma jangada caindo em uma bela cascata de águas cristalinas e enfumaçadas.

                      Outro dia li aqui que um jovem queria idéia de um Grito de Patrulha. Assustei. Não pode pensei! O Grito não é dele é de todos na patrulha. E afinal era uma patrulha nova? Se não o antigo devia por tradição permanecer. Nenhum patrulheiro tem direito só porque não gosta trocar o grito da Patrulha. É uma tradição imutável. O antigo escoteiro se lembra dele com orgulho e quanta tristeza ao voltar à sede ver que tudo mudou. Eu já vi homens e mulheres voltando à sede e pedir para dar o grito com a Patrulha que um dia foi sua. Não existe o melhor ou o mais bonito. Um grito surgiu pelas mãos de todos.

                        Outro dia um disse para mim: - Chefe eu dei um grito de patrulha naquele acampamento regional! Bacana – Bacana mesmo. Hoje não, os encontros nacionais e regionais na maioria das vezes são participantes individuais, patrulhas não vão mais unidas, não há grito a não ser se alguns se reúnem e resolvem fazer o seu. - Sabe Chefe aquele Jamboree na Inglaterra realizado no Olympia? Aquele bem no coração de Londres? Eramos mais de 8.000 escoteiros de 34 países. Nossa patrulha deu um grito bem no centro da Arena. Fomos ovacionados. Quer saber como era nosso grito? – Arrankakuenca lelenca. Lita Talita Rá rá... Raposa! Danado de grito bonito eu pensei comigo quando meu amigo Chefe Jovelino me contou.

                       Mas ele se orgulhava. Afinal foi o primeiro jamboree mundial e Baden-Powell estava presente! Isto é bom demais. Dar um grito e não esquecer são coisas de escoteiros que vão guardando tudo no coração. Coração! Como cabe lembranças e coisas gostosas que acontecem com a gente. Eu conheci milhares de patrulhas. Adorava vê-las dar o grito, adorava ver o sorriso e sabia que o melhor sorriso era do novato, do noviço ou pata-tenra. Ele quando começa se sente mais um da turma. Ele acredita que seus sonhos de aventureiro estão prestes a começar.

                         Eu sempre digo e repito que o grito não é de um só. Mesmo quando a Patrulha e nova e o Monitor acha que é o responsável. Não é. A responsabilidade é de todos. O grito é eterno, constante, imortal, imutável e infinito. Não se muda. Ele não tem dono, pertence a todos que um dia estiveram na Patrulha e dele fizeram sua história. Conheço milhares de gritos. Cada um mais lindo que o outro. Já vi gritos que dei risadas, já vi gritos que meu sangue ferveu de emoção. Já vi gritos que atraíram multidões de escoteiros. Não importa o que diz importa o orgulho em dizer. A tradição de um Grito de Patrulha deve ser contada, anotada e descrita no livro da patrulha.

                         Não esqueço quando em uma Indaba um Chefe me contou: - Chefe, quando visitei meu grupo depois de 40 anos, foi uma grande emoção ver a Águia com o mesmo grito e o mesmo totem. Contem para todos que demos o primeiro Grito na Montanha do lobo! Repetimos no Itatiaia. Outra vez no Pico da Neblina. Com lágrimas nos olhos disse para eles que não importa onde, importa sim o grito dado com orgulho e sentimento no coração.

                         Conheci uma Patrulha Urso que ficou dois meses discutindo seu grito. Sempre empate na hora de escolher. O que fazer? O Conselho de Patrulha achou que o desempate deveria ser do primeiro lobo que passasse para a Tropa. Demorou mais dois meses. Enfim foi escolhido o grito: – Qui que quode com o Urso ninguém pode! Risos. Nossa quase três meses e foi este o escolhido? Olhe ele existe até hoje. Tem mais de quarenta anos com o mesmo grito. Orgulho demais!

                         A origem dos gritos de guerra é uma palavra ou frase usada normalmente para incentivar e motivar um grupo de pessoas.  Os gritos surgiram há muitos séculos atrás. Dizem que o mais conhecido é do povo Maori que até hoje é copiado por equipes de todos os tipos de esporte. Me lembro um pouco dele: - Te Rauparaha Haka (trecho) Ka mate, ka mate! Ka ora, ka ora! Ka mate! ka mate! ka ora! ka ora! Tēnei te tangata pūhuruhuru Nāna nei i tiki mai whakawhiti te ra Ā, upane! ka upane! Ā, upane, ka upane, whiti te ra! Hi! - (É a morte! É a morte! É a vida! É a vida! É a morte! É a morte! É a vida! É a vida! Este é o homem cabeludo Que fez o sol brilhar de novo Juntos! Todos juntos para o topo! Juntos! Todos juntos para o topo, o sol brilha de novo! Sim!).

                    Se é bonito não sei. Só sei que o grito mais bonito é o da minha patrulha, da sua ou a de todos nós! – Não vou comentar os gritos de Tropa, de Alcatéia de grupo ou mesmo o da União dos escoteiros do Brasil. Aqui estou a contar aos meus amigos do Grito de Patrulha. Ele sim um orgulho internacional Escoteiro.


                         Sei que no mundo inteiro alguns membros de uma Patrulha se reúne anualmente ou de cinco em cinco anos. Eles fazem questão de dar o grito seja onde a reunião for. Tem seu próprio bastão seu próprio totem e dão o grito com força, com orgulho, sabendo que no coração de cada um ele vai viver para sempre. Não existem lugares para dar o grito. Um jogo, um aniversário, depois da bandeira, oração e em todo lugar. Grito é grito, não importa o que se diz, pode ser em português, latim, francês, inglês, ou mesmo em linguagem galáctica ou em tupi-guarani. Não importa mesmo. É uma tradição que ninguém esquece. Sempre repito aonde vou: - Que as patrulhas gritem. Alto e em bom tom. Que mostrem a todos sua força, sua vontade seu orgulho em ser Escoteiro. Grito de Patrulha, quem já deu nunca mais vai esquecer!

nota: - Para lembrar os mais velhos, para sorrir os mais novos. Como é bom dar um Grito de Patrulha junto a amigos que se tornaram irmãos. Grito de Patrulha, uma tradição que nunca será esquecida. O Grito nunca deixará de ser o que é, e sempre foi o que é independente do que ele diz. Ele é único e o primeiro de todos. O Grito de Patrulha é imortal!

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