Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

sábado, 27 de maio de 2017

De Volta para o Futuro II. (Back to the Future Part II) Uma divertida sátira Escoteira plagiando o filme.


Conversa ao pé do fogo.
De Volta para o Futuro II.
(Back to the Future Part II)
Uma divertida sátira Escoteira plagiando o filme.

Algum tempo atrás resolvi escrever esta história. Eram tantos a falar do escotismo moderno que pensei com meus botões: – Porque não me adiantar a eles e ver o escotismo daqui a duzentos anos? – Bem vindo ao escotismo moderno. O escotismo do futuro! Espero que gostem e amem o que os de hoje planejam para nós!

                             - Não teve jeito. Não queria conhecer o futuro, mas ao sentar na poltrona do DeLorean do Doutor Emmett Brown me deixei seduzir como se fosse Marty MacFly investigando sua vida futura. No meu caso não era a minha vida. Já tinha voltado ao passado em “De Volta para o Futuro I” em 1954. Mostrei para alguns como era o escotismo naquele tempo. Os modernistas de hoje não gostaram. Porque não ver o escotismo deles no futuro? Afinal os tais Uebeanos defendem tanto o moderno que deveria ver o que fizeram. Fui direto ao ano estelar de 2217. Duzentos anos depois. Meus caros, que susto! Fui parar logo em uma reunião de Corte de Honra! Sabem onde estava sendo realizada? Na casa do Chefe da tropa Mac Beth. Ele de roupão pressurizado e chinelo voador (quando andava plainava no ar), tomava um uísque contrabandeado do planeta Uebaibe e através de um sistema holográfico lia o noticioso esportivo de um jornal de outro planeta de nome Bidypower.

                           Através do seu superpotente Smartphone tinha na sua frente uma enorme tela panorâmica que com um simples gesto colocava do tamanho que quisesse e onde apareciam os Monitores e subs. Claro cada um em suas casas. Eles pediram para evitar a holografia, achavam que não se sentiam bem assim. Como só colocavam o lenço e se diziam uniformizados, muitos ficavam pelados no quarto. Eles discutiam o porquê as patrulhas estavam diminuindo a cada ano (Ora, ora, a evasão não tinha desaparecido?). - Chefe disse um Monitor, a Zeta Leonis está com dois somente. Eu e mais um. Outro logo emendou – Chefe a Epsilon Tauri tinha quatro e agora três.  E assim foi a Kapa Can a Alpha Den Capricomi. Todos reclamando que quase nenhum jovem queria participar mais das patrulhas. – Olha Chefe, falou o Monitor da Epsilon Tauri, o Senhor sabe desde que as meninas se sublevaram para ter suas próprias patrulhas (meu Deus! Que bom! – palmas para elas) os meninos estão desistindo.

                       Uma pequena pausa para um CanDen a bebida da época e o Monitor continuou: - Quando elas participavam eles adoravam e o senhor sabe, podiam namorar vontade. O Senhor é testemunha, pois fez cursos institucionais através da técnica do pensamento e sabe que fora do escotismo a Lei é severa com quem fosse encontrado beijando. Já nos acampamentos tudo isto era normal, pois nós praticávamos o escotismo como em 2017. Agora estão com aquela conversa que acampamentos holográficos perderam a motivação. O Senhor sabe que o acampamento na Galáxia de Andrômeda e o da Grande Nuvem de Magalhães foi um fracasso. Eles querem acampamentos reais. Nada de holografias.

                       O Monitor da Épsilon Tauri comentou como foi boa a excursão feita pela nave Pioneer 2012 agora reformada na sede Nacional em Puritiba, até a magnetosfera de Galileu Gallilei. O ruim disseram foram os jogos de vídeo game espaciais na nave intergaláctica. Eu via aquilo embasbacado. Este era o futuro do escotismo? Um som de um apito em terceira dimensão se fez ouvir. Era o Diretor Técnico entrando na conversa. – Meus jovens a partir do mês que vem a sede Escoteira vai mudar. Compramos em Xangai um novo Site feito pelos chineses e montamos no espaço sideral um pequeno planeta que seria só do Grupo Escoteiro. Por decisão da diretoria o nome será “Projeto Avatar do escotismo espacial”. Seremos os primeiros a ter uma sede no espaço. Todos os sábados iremos abrir o sistema de Teletransporte do Computador CAN/DEN-88782343. Passagens podem ser adquiridas no ultrapassado SIGUE. Aceitam-se cartões e até mesmo bitcoin. Continuaremos com a sede aqui na terra e teremos atividades sempre por meio de holografias.

                      Ninguém disse nada. Lembraram quando eles puderam escolher livremente. Mais de duzentas patrulhas escolheram o Pico da Neblina no mesmo dia. A empresa Faxtorum quase explodiu. O Diretor Técnico completou: - Os pedidos para acampamentos sem holografia devem ser feitos no modelo Super Espaço ao Distrital Capitão Pikard. Ou ao seu Assistente o Chefe Doutor Spock. Se for difícil encontrá-los procurem o Capitão James T. Kirk que assumiu como Comissário Espacial internacional Escoteiro. O cara é bom e viaja para todo lado. No próximo sábado continuou o Diretor Técnico, irei participar de uma Reunião da OCBGDEF (os catorze bons gerais do escotismo do futuro) que agora estão liderando o movimento da UBEB (União Brasileira dos Escoteiros Brasileiros). Não tem mais outras organizações. Montaram um exército próprio de androides que usam a nova vestimenta só para “caçar” os tais escoteiros tradicionais.

                     Vocês sabem que eles estão na clandestinidade. Vários Robôs escoteiros estão à procura deles. Irão ser deportados para Hidra, uma Lua de Plutão situada no Cinturão de Kuiper. Jogaram lá uma bomba Genesis e a lua virou planeta. Só tem florestas. Os tradicionais adoram árvores e riachos de águas límpidas e céu estrelado. Dizem que são bons em pioneirias. Isto mostra como são atrasados. Estava estarrecido. Sai dali correndo. Pedi ao Doutor Emmett Brown que me levasse em seu DeLorean de volta ao passado. Então seria assim no futuro? Voltei pensando em Baden Powell. Esqueceram-se dele? Bem seu espírito deve estar vagando no Transvall junto aos seus oficiais de Mafeking. Ou eles acabam com a UBEB ou a UBEB acaba com eles! A era dos estafetas de Mafeking não existe mais.


                  Agradeci ao Doutor Brown pela carona. Pensei até em pedir a ele que me levasse ao passado como ele foi com o jovem Marty MacFly em 1954 e ao Velho Oeste. Mas fazer o que lá? Bem se fosse em 1954 seria “mais maiô de bão”, pois iria me encontrar lá. Eu adorava esta época que os Modernos não gostam. Mas em 1870 ainda não tinha escotismo. Eu não queria nunca me encontrar a mercê do famigerado bandido Biff Tannen e sua quadrilha. Ainda bem que não eram escoteiros. Melhor ficar por aqui. Que façam bom proveito do escotismo do futuro. Não estarei lá mesmo para ver e criticar. Risos. Que a UBEB seja muito feliz!

Você já pensou um dia fazer um passeio no futuro para ver o escotismo moderno? Como será daqui a duzentos anos? Afinal não dizem que temos de nos atualizar sempre? Pois é, fico pensando se os tais modernos da Corte Escoteira ainda irão existir com seus pragmáticos modelos que nunca dão certo. Bah! Não estarei lá para ver. Ainda prefiro o antigo ao moderno. Foi lá que fui feliz escoteirando!           

terça-feira, 23 de maio de 2017

O Pernilongo, a Muriçoca, o carrapato e outros bichos.


Conversa ao pé do fogo.
O Pernilongo, a Muriçoca, o carrapato e outros bichos.      .

           Isto é coisa do demônio, dizia a Chefe Mercedes. Chefe “gente boa” a Chefe Mercedes. Entrou com idade avançada e logo conseguiu sua Insígnia de Madeira. No entanto ela detestava estes insetos que ela chamava coisas do Demônio. No primeiro acampamento os pernilongos se deliciaram. Em outro uma “tropa de carrapatos fez dela seu ninho”! Risos. Eu dizia a ela que pernilongos muriçocas e maruins parecem ser da mesma família, mas não são. Risos. São escolados e cada um tem sua maneira própria de morder e chupar o sangue dos pobres dos escoteiros, escoteiras e lobinhos sem esquecer os pernudos chefes é claro. Coitada da Chefe Mercedes. Seu braço ficou todo mordido e suas pernas também, pois achou que podia usar calças curtas. Risos. Danado de insetos chupa sangue. Adoram o “sanguinho” escoteiros e escoteiras quando vão acampar. Dizem que os jovens ficam tão encantados com o campo que se esquecem de tudo e os pernilongos e carrapatos se deliciam.

          Acampei muito em minha vida. Sem falsa modéstia quase 800 noites de acampamento. Nunca gostei muito destes “bichos”. Insetos chupa sangue não é o meu forte. Mas fazer o que? Ainda bem que só fui chupado por um morcego em uma gruta próximo a Maquiné. Bebeu pouco sangue, menos de um litro! Eu sei que hoje a modernidade trouxe o repelente, e até um aparelhinho a pilha que emite um som e a pernilongada se manda. Ainda não vi. Na minha época não tinha nada disto. Dava cinco e meia da tarde e a gente via a direção do vento para fazermos um fogo cheio de folhas verdes ou quem sabe estrume de gado. Cuspindo fumaça e tossindo feio um peão danado ficávamos sempre a favor do vento para que a fumaça mandasse a mosquitada para o “raio que o parta”!

                 Uma vez descobri que existe diferença do pernilongo da cidade e o do acampamento. O do acampamento ataca morde e você sente logo. Nós os antigos os chamamos de maruins. Com um raminho na mão a gente os espanta, mas tem de ficar abanando sem parar. Os da cidade não. São covardões. Vivem escondidos em baixo da cama ou de um móvel qualquer.  Primeiro zumbem no seu ouvido e somem. Você acorda com uma coceira danada. Pronto, ele já encheu a pança do seu sangue e vai se refastelar na parece do quarto sala ou cozinha.

           Lembro-me de um acampamento sênior nas barrancas do Rio das Velhas, bem perto da Barra do Guaçuí onde se podia avistar o São Francisco. Lugar maravilhoso. Cheio de peixes e lindos pássaros migratórios a fazerem acrobacias fantásticas no rio e nas lagoas próximas.  Era uma fazenda enorme e tinha uma bela floresta nas suas margens. O local era de tirar o folego. Lindo mesmo. Perfeito para um grande acampamento.  O capataz da fazenda nos preveniu. Olhe Chefe, lá a noite é um inferno. De cinco e meia as sete ninguém aguenta, as muriçocas são sedentas de sangue. Rimos dele. Não sabia que éramos da tropa dos valentes e intrépidos seniores Escoteiros aqueles que cantam dizendo serem os tais etc. Primeiro dia, barraca, algumas pioneirias, uma mesa e deixamos do lado centenas de boas folhas verdes. Que venham estes malditos demônios, dissemos. Vão enfrentar uma tropa que não tem medo de nada! Quem vier morre!

           Seis horas o inferno desceu do céu e ficou entre nós. Não era um nem dois eram milhões deles. Você olhava e via aquela nuvem cinzenta e preta e não havia onde correr. Mas nós corremos. Primeiro pulamos no rio e não dava para cobrir o corpo todo, então corremos até a sede da fazenda, mais de quatro quilômetros. O capataz riu a valer. Voltamos ao campo lá pelas nove da noite. A paz desceu a terra! Mas desistimos de dormir ali. Procuramos uma área próxima à fazenda e lá ficamos. Mas querem saber de uma coisa? Pernilongo e muriçocas avisam quando vão atacar e quando não avisam pelo menos a gente só coça. Risos. Mas e o danado do carrapato? Este sim é o satã em pessoa. Não grita, não canta, não fala e procura o pior lugar no seu corpo para se esconder. Fica lá dias e dias sem dar bandeira. O danado sabe como chupar o sangue. A principio uma coceira gostosa. Até o dia que descobre o bicho gordo, cheio de sangue como a dizer a você – Seu Escoteiro idiota chupei seu sangue e você nem viu! Agora posso morrer feliz! Risos. E morre mesmo. Você tira o bicho gorducho, mete unha com unha o sangue espirra e o danado morreu. Você é sênior, não perdoa, mata!

             Para dizer a verdade nunca levei repelente. Achava que isto era coisa de civilização. Se os heróis da floresta, os índios os bravos sertanejos ou os mateiros não usavam eu também não o faria. E cá pra nós isto é coisa de escoteiros aventureiros? Quem ainda não enfrentou saudáveis pernilongos, alegres muriçocas, carrapatinhos gentis, e aranhas negras e lindas nas suas teias nas florestas à noite no rosto, dançando ou rindo de você? Se não aconteceu você não passa de um “Pata-tenra” noviço. Afinal não dizemos para nossos escoteiros que eles não andam voam? Que Escoteiro não ri, dá gargalhadas? Que Escoteiro não chora, dá pernadas na dificuldade? Que Escoteiro não tem medo e luta até a morte? Que Escoteiro não corre dos insetos ou animais peçonhentos, enfrenta-os com seus caratês e golpes mortais?  

              Não sei não. Pobre dos escoteiros se forem seguir estas máximas. Ele sabe que seus super heróis não são assim. Sabe que ele é humano como os outros. Eu prefiro dizer calmamente que ele não se preocupe com as dificuldades, elas passam e reafirmo a eles – Meu jovem ou minha jovem, isto são coisas da floresta. Esqueça as dificuldades e enfrente. Um dia vai descobrir que tem a pele curtida e vai gritar bem alto: - Que venham os malditos carrapatos e pernilongos filhos de Satã!


              Mas voltando a Chefe Mercedes hoje ela mora no céu. Contou para uma amiga que lá não tem destas coisas. Eu gostava de ver a noite chegar e ela dando tapas nas pernas no rosto nos braços e pescoço. Chegava em casa toda marcada. A gente oferecia um raminho e ela dizia que aquilo não era coisa de escoteiro. Então tá! Fico pensando o que são “coisas” de escoteiros. E viva os pernilongos! Viva as muriçocas! Bem vindos os carrapatinhos espertos! No fundo no fundo sou Escoteiro e adoro-os!  Bichinhos do Senhor. E quem vive sem eles?


Um dia me disseram que quem tem medo de pernilongos, muriçocas, carrapatos, aranhas negras e lindos morcegos negros não são Escoteiros. Sei não. Se for verdade acho que não sou, pois detesto estes insetos. Mas se Deus os criou deve ter um motivo e só pode ser pagar nossos pecados aqui na terra. Risos.