Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 3 de junho de 2017

Apenas um sábado para meditar.


Apenas um sábado para meditar.

Tem dia que fico a pensar se ainda estou praticando uma boa ação fazendo escotismo conforme aprendi por muitos anos. “Até mesmo procuro ver se a palavra ‘Servir” está sendo usada sem cerimonias ou cobranças. Costumo dizer que acredito no escotismo que pratiquei na minha jornada de vida. Muitas vezes me acho arrogante e dono da verdade. Preciso mudar? Será que não tenho este direito vez ou outra? Onde está a verdade da prática na filosofia escoteira? Seria a minha ou a do outro que tem opinião adversa? Cobrar resultados somente seria uma forma de garantir que tenho razão?

Olho dentro dos meus olhos e vejo centenas de corações escoteiros pulsando e acreditando. Fecham-se em si mesmo e em seus sonhos de verem seus jovens chegarem à vida adulta aceitos na sociedade como alguém em que acreditar. Não importam com os mandantes que estão no Olimpo e cá em baixo em terra firme fazem o melhor que sabem fazer. Isto não é o certo? Porque criticar então os cabeças da organização? Se muitos pensam diferente e se foram, se outros tantos estão chegando e aceitando e se daqui a algum tempo desacreditarem no que achavam ser o melhor para a nação e entrarem na fila dos iludidos, eles estarão errados?

Errado quem sabe sou eu a pensar que sou o profeta, o iluminado, o vidente que sabe qual trilha seguir. Nós já ouvimos centenas de vezes que o “tempo coloca tudo no seu devido lugar”. Será isto mesmo? Meu tempo finda e na minha concepção de dono da verdade não vejo um final feliz mesmo que a pratica de muitos sejam um mar de felicidade. Esperar que tudo seja dentro dos parâmetros imaginados seria uma forma de esconder que possamos estar errados. Muitas vezes achamos que estamos sendo vitimas de uma injustiça. Recorremos à ideia que o destino será o nosso justiceiro provando que a trilha se perdeu dentro da floresta de Mowgly.


Penitencio-me. Meu passado só a mim pertence. Digo sem pensar que este escotismo de hoje não é o meu. Mas isto importa? Acreditem ou não importa para muitos que sonham em ver coisas maravilhosas em seu país. Acredito que o importante é levar a todos um mundo real, onde a luta é constante e faz parte do que fazemos seja ou não uma boa ação dentro do tempo medido em que praticamos o escotismo. Alguém plagiou uma frase dizendo: - Meu jovem amigo, faça escotismo puro e gostoso, por favor, não faça a guerra!

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Sobre Monitores, especialidades programas e lobos.


Sobre Monitores, especialidades programas e lobos.
Por Chefe Walter Dohme.

Nota: O Chefe Walter Dohme já falecido, foi um marco no escotismo brasileiro, atuando na linha de frente em todas ás áreas onde foi convidado ou mesmo conforme programas que desenvolveu. DCIM teve em seu curriculum centenas de cursos. Fez milhares de amigos no escotismo e tinha um sorriso inigualável. Possuidor de muitas habilidades era escritor, ilustrador ecologista e um educador sem igual. Deixou uma lacuna enorme quando partiu. Insubstituível nunca foi esquecido e sempre lembrado. Passou-me este seu artigo que já publiquei e hoje dando uma busca no meu passado o encontre e resolvi publicar de novo.

Escoteiros. (Por Valter Dohme).

– O que os cursos de formação se prendem mais? Sistema de Patrulhas? Burocracias? Como é feito a palestra de Lei e Promessa? Outro dia me disseram que hoje as eleições para Monitores são feitas dentro de critérios. Que critérios são estes? Como é feito o desenvolvimento do programa para que o jovem atinja o Liz de Ouro?  E as especialidades? Elas são divididas por etapas ou logo após ter a promessa o jovem já pode receber dentro dos critérios exigidos?

Os cursos estão focando mais em Sistema de Patrulhas e Ciclo de Programa como ferramentas para desenvolver e provocar conhecimentos, habilidades e atitudes. O conceito é de que o conhecimento é passado, a habilidade deriva do conhecimento aplicado e a atitude surge daquele que realmente domina a habilidade e a emprega com naturalidade em sua vida (não daquele que aprendeu apenas para prestar uma prova). O objetivo do M.E. Hoje é alcançar em cada um e em todos a ATITUDE.

A Liz de Ouro, Escoteiro da Pátria e o Cruzeiro do Sul são basicamente para aqueles jovens mais ativos no movimento, que cumpriram todo o espectro de atividades que o seu ramo pode propiciar, & que buscaram várias especialidades de interesse pessoal e de serviço ao próximo (mostrando atitude, percebe?).

Os Primos e Segundos primos nos Lobinhos são indicados por critérios dos escotistas (creio...). Os Monitores são eleitos em Conselho de Patrulha ao término de cada Ciclo de Programa e nomeados pela Chefia. Monitores não devem ser reconduzidos por mais de dois ciclos (+/- um ano). Os Submonitores são indicados pelos Monitores e nomeados pela Chefia. Não conheço outros critérios para a seleção de monitores além do simples bom senso (e consenso...).

Especialidades são divididas em determinados conhecimentos (sempre um múltiplo de três) de tal forma que qualquer membro juvenil de Lobinho à Sênior possa realizar 1/3, 2/3 ou 3/3 das habilidades e portar um distintivo correspondente ao seu grau de habilidades naquele assunto.

Pioneiros não tiram especialidades, que eu saiba...


Simplesmente perfeito!

terça-feira, 30 de maio de 2017

Mitos, lendas verdades e inverdades do Uniforme Escoteiro.


Conversa ao pé do fogo.
Mitos, lendas verdades e inverdades do Uniforme Escoteiro.

                        Convenhamos que eu não seja um estudioso das tradições do uniforme Escoteiro brasileiro. Sei apenas o que vi e vivi com ele desde que iniciei em 1947. Não vou dar testemunho como foi em todo Brasil, pois não tive informações e nem aprofundei estudos a respeito. Este é um artigo que não pretende de maneira nenhuma provocar uma discussão. Sei que nosso uniforme ainda levanta duvidas e muitos novos simplesmente já encontraram como se trajar e pouco conhecem o passado. Sempre comento sem ter a pretensão de ser profundo conhecedor, que quase todos os uniformes, trajes, farda e vestimenta nunca tiveram o aval ou mesmo a sugestão dos escoteiros brasileiros, pois sempre foram decididos pela liderança composta de poucos membros. Devo tirar o chapéu para os escoteiros do Mar e do Ar que sempre mantiveram suas tradições e são impecáveis na sua uniformidade.

                        Em meados de 1959 em um bate papo gostoso em volta de um foguito no Bosque do Jardim Zoológico em Belo Horizonte, o Chefe Doutor Francisco Floriano de Paula contou para nós lá pelos idos de 1959 que no inicio do movimento escoteiro no Brasil usávamos o mesmo uniforme usado na Inglaterra. Era uma espécie de cor cinza e com meiões pretos. Com o passar de tempo e com a União dos Estados em uma só associação, em Minas Gerais surgiu à calça azul curta, camisa caqui e muitos usavam uma espécie de casquete até que o Chapéu se tornou um marco escoteiro. Entre a década de 40 e 50 o caqui começou a se tornar tradição. Quando o Governo Mineiro deu seu aval ao escotismo para sua expansão se fez realizar cursos escoteiros na Policia Militar Mineira. Em várias cidades surgiram os primeiros grupos e nem sempre com o uniforme tradicional ficando a cargo dos dirigentes militares decidirem.

                      Se no sul e no norte do país não foi assim fica o dito pelo não dito. Nem vou lembrar o saudoso caqui esverdeado implantado na Região de São Paulo em tempos idos. Quando entrei para o movimento em 1947 os lobos usavam o azulão. Os Escoteiros o caqui curto, chapéu de abas largas e nunca se via adultos trajando calça comprida. Era como se diz uma tradição iniciada na Inglaterra de B.P. O caqui, era considerado o uniforme oficial dos Escoteiros da modalidade básica no Brasil. Na década de sessenta muitos chefes e seniores discutiam abertamente um novo uniforme com opção da calça comprida. Diziam que o caqui não era bem aceito nas atividades sociais e os mais novos não se sentiam bem com a calça curta. Foi uma época que a apresentação não só dos jovens, mas de toda a liderança escoteira estarem sempre conforme a tradição do momento. Caqui e calça curta com o chapelão. Lembro com saudades quando o Trio Iraquitan surgiu com seu LP com músicas escoteiras portando em sua foto o caqui curto e o chapéu.

                       Entretanto a pressão era enorme para que fosse discutido uma nova uniformização. Assim em 1975/76 formalizou-se o Uniforme Social depois chamado de traje Azul mescla. De novo poucos decidiram esta nova escolha. A UEB enviou a todos os Grupos Escoteiros um ofício via correio explicando como ele seria confeccionado, quais as ocasiões para o uso e juntou-se um desenho e pasmem-se: - um pedaço do pano tanto da camisa como da calça comprida. Havia a preocupação do visual idêntico em todo Brasil. Para maior formalidade foi dado à possibilidade do uso do paletó e gravata.  No POR se sacramentou as normas e uso. Todos ficaram sabendo que o dirigente de qualquer atividade determinaria qual uniforme deveria ser utilizado. O Social ou o caqui. Interessante que em alguns cursos aconsenlhavam-se a levar os dois para que pudessem assimilar o uso e a apresentação. Era uma época onde o garbo era questão de honra. Isto mesmo. Fazíamos questão de estar bem uniformizados.

             Alguns anos mais tarde o Social já chamado de Traje passou a ser usado em muitos estados brasileiros desta vez com apresentações não condizentes pois o social de tecido de tergal passou ao Jeans simples, com calças de cores diversas. Isto desvirtuou por completo a ideia do Social para uso em atividades sociais. Em 1984/85 foi formalizado a Coeducação no Brasil e um novo uniforme foi determinado para as jovens. Isto durou até a década de noventa onde a maioria por autorização da UEB passou a se vestir com o caqui desde que decidido pelo Grupo Escoteiro. Durante anos a banalização foi completa. Sempre mudando alterando muitas vezes sob pressão e outras por decisão de um líder nacional. Até mesmo o chapéu que antes era encontrado nas lojas escoteiras foi descartado. Alguns disseram que a Prada maior fabricante não se interessou mais. A procura de outra não ouve e o chapéu foi substituído pelo Boné. Cada Grupo Escolhia o seu.

               Hoje a cobertura passou a ser uma escolha do grupo e muitas vezes pessoal mesmo que o POR tenha determinação para isto. A loja escoteira vende com o afã de faturar diversos tipos de cobertura e uma feita de brim ou similar copiada de outros países é usada por muitos seniores e chefes. É comum ver o dirigente com este tipo de cobertura e seus jovens sem nenhum. A banalização chegou a tal ponto que muitos consideram o lenço como uma maneira de se dizer escoteiro. Daí ao seu uso em muitas atividades sem o uniforme e até mesmo em reuniões se tornou um lugar comum. Nas atividades nacionais e regionais, via-se o lenço usado em atividades onde os jovens se apresentavam de short ou em trajes sumários. Sempre podemos afirmar que a culpa desta Torre de Babel foram dos dirigentes da UEB.

              A vestimenta foi implantada em nome de uma nova postura, uma nova maneira de garbo. Diziam que a intenção era de unificar o uniforme para todos os membros associados da UEB. Claro que os do Mar e do Ar não aceitaram e mantém suas tradições. Em vez de ter algum em que se basear como Marketing a vestimenta teve o privilégio de ter várias composições na sua forma e a escolha foi deixada para que os grupos escoteiros decidissem. O que nunca vimos em uma organização ou associação seja civil ou militar que preza sua apresentação foi autorizada no escotismo. O uso deixou a desejar como Marketing e pode-se ver que algumas tropas e alcateias destoam na apresentação onde cada membro usa como quer. Isto sem esquecer é claro a apresentação do seu líder que se apresenta de maneira inconveniente para servir de exemplo. Nota – Nem todos claro.


             Finalmente vemos que o Caqui e a Vestimenta estão lado a lado representando o escotismo básico brasileiro. Não discuto a validade da vestimenta desde que mostre realmente que somos um movimento onde o exemplo da apresentação do garbo da formação moral é levado a sério. Certo ou errado ainda teremos que esperar muito uma conjunção de fatores onde a escolha de uma vestimenta ou uniforme seja discutida e aprovada por todos associados. Decisões unilaterais, visando quem sabe o lucro nunca terá um final feliz. Posso estar enganado mas quem viver verá!

Não tenho a pretensão de fazer um histórico completo do uniforme escoteiro no Brasil. Não sou um estudioso no tema. O que escrevi faz parte da minha vivencia e de alguns fatos que fui testemunha ocular. Sempre defendi o caqui como o símbolo escoteiro em nosso Pais. A implantação da vestimenta benéfica ou não vai ter outro centenário para dizer se valeu a pena. Isto se outro dirigente não resolver mudar... De acordo com suas escolhas pessoais!